Por margem apertada, Senado aprova Dino para o STF; Gonet é novo PGR

Política
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O Senado aprovou nesta quinta-feira, 13, as indicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR). Flávio Dino, de 55 anos, foi confirmado na Corte máxima do Judiciário e Paulo Gonet, de 62, para a chefia do Ministério Público Federal. Escolha mais controversa de Lula, Dino foi aprovado com margem apertada de votos no plenário: 47 a favor, 31 contra e duas abstenções. O subprocurador-geral recebeu 65 votos favoráveis e 11 contrários.

O ministro da Justiça recebeu a mais baixa votação favorável desde a redemocratização, se igualando a Celso de Mello e André Mendonça. Há dois anos, o indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) obteve o menor número de apoio em uma indicação ao STF. Mendonça, na ocasião, teve 32 votos contrários, um mais que Dino. O futuro ministro do STF teve taxa de 60% de votos favoráveis, a segunda mais baixa na comparação com as votações dos outros dez ministros que estão na Corte. Até então, Mendonça tinha a pior taxa, com aprovação de 59% do senadores presentes no plenário.

As sabatinas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa ocorreram ao longo de 10 horas de forma simultânea - um formato comum no colegiado, mas inédito para indicações para os dois cargos. Na comissão, o placar para Dino foi apertado: 17 a favor e 10 contra.

Dino vai ocupar a vaga deixada por Rosa Weber, que se aposentou dias antes de completar 75 anos, a data-limite para ministros do Supremo. Gonet irá suceder Augusto Aras, cujo mandato na PGR terminou no fim de setembro.

Oposição

A sessão na CCJ começou com uma hora de atraso, depois que senadores de oposição tentaram, na última hora, impedir a sabatina simultânea. O modelo favoreceu Dino, que enfrentava mais resistência no Senado. O pedido partiu do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que argumentou que a sabatina conjunta é "açodada" e ficaria "malfeita". O procedimento também foi usado recentemente, por exemplo, com os três nomes indicados por Lula ao Superior Tribunal de Justiça.

O pedido de Vieira foi reforçado pelos oposicionistas Rogério Marinho (PL-RN), Magno Malta (PL-ES) e Eduardo Girão (PL-RO). O presidente da CCJ, David Alcolumbre (União Brasil-AP) rejeitou os apelos.

Quatro ministros foram exonerados antes de o Senado sabatinar os nomes escolhidos por Lula. Camilo Santana (Educação), Carlos Fávaro (Agricultura), Renan Filho (Transportes) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social) deixaram suas funções na Esplanada para participar da sessão do Senado.

Os cargos deles eram ocupados pelos suplentes Augusta Brito (PT-CE), Margareth Buzetti (PSD-MT), Fernando Farias (MDB-AL) e Jussara Lima (PSD-PI). Contatados pelo Estadão nesta quarta, 12, Augusta e Jussara disseram que aprovariam os dois nomes. Margareth optou por não responder e Fernando disse que estava indeciso.

'Colega'

Apesar da expectativa contrária, o clima entre Dino e a oposição foi, em grande parte da sessão, amistoso. No início da sessão ele conversou ao pé do ouvido com o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) brevemente. Eles se abraçaram e riram.

Durante a sabatina, sorridente, Moro alfinetou Lula por não ter escolhido uma mulher para substituir Rosa Weber no STF. Em seguida, porém, emendou: "Não é uma crítica direcionada a vossa excelência, mas a quem o indicou." Chamado por Dino de "meu colega", Moro também foi juiz federal e atuou na Operação Lava Jato, que atingiu Lula e a cúpula do PT.

Acusado de abuso do poder político e econômico na campanha eleitoral de 2022, Moro corre o risco de ser cassado pela Justiça Eleitoral do Paraná. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o líder da bancada petista na Câmara, Zeca Dirceu, estão de olho na possível vaga de Moro se ele perder o mandato, poderá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde Dino também terá uma cadeira, a partir de fevereiro de 2024.

DPU

O plenário também aprovou a indicação de Leonardo Cardoso de Magalhães para o cargo de defensor público-geral federal da Defensoria Pública da União (DPU), com 47 votos favoráveis, 30 contrários e uma abstenção. (COLABOROU GABRIEL DE SOUSA)

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Pelo menos 68 pessoas morreram e outras 47 ficaram feridas após um bombardeio dos EUA à província de Saada, no Iêmen, segundo os rebeldes Houthis afirmaram nesta segunda-feira, 28. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos não comentou o caso.

Imagens transmitidas pelo canal de notícias por satélite al-Masirah, controlado pelos rebeldes, mostram corpos e feridos no local, atingido no domingo, 27. O Ministério do Interior do país afirmou que havia cerca de 115 migrantes detidos no local, uma prisão de migrantes africanos.

Na mesma noite, ataques aéreos dos EUA dirigidos à capital do Iêmen, Sanaã, mataram ao menos outras oito pessoas, segundo os Houthis.

Em comunicado divulgado também na noite do domingo, o Departamento de Defesa dos EUA afirmou que a "Operação Roughrider" havia "eliminado centenas de combatentes Houthis e diversos líderes", inclusive associados a programas de mísseis e drones. Nenhum nome foi revelado.

O Exército americano reconheceu ter realizado mais de 800 ataques individuais durante a campanha de um mês.

Este é o mais recente episódio em uma guerra que já dura uma década e continua fazendo vítimas entre migrantes da Etiópia e de outras nações africanas que atravessam o país em busca de uma oportunidade de trabalho na vizinha Arábia Saudita.

Investida norte-americana

Os Estados Unidos têm atacado os Houthis em resposta aos ataques do grupo contra a navegação no Mar Vermelho - uma rota comercial crucial - e também contra Israel. Eles são o último grupo militante do chamado "Eixo da Resistência" do Irã que consegue atacar regularmente Israel.

Os ataques norte-americanos estão sendo conduzidos a partir de dois porta-aviões na região: o USS Harry S. Truman, no Mar Vermelho, e o USS Carl Vinson, no Mar Arábico. Em 18 de abril, um ataque americano ao porto de combustível de Ras Isa matou pelo menos 74 pessoas e feriu outras 171, sendo o ataque mais letal já conhecido da campanha americana.

A investida ao porto foi justificada pelos EUA como forma de "destruir a capacidade do porto de Ras Isa de receber combustível, o que começará a afetar a capacidade dos Houthis não apenas de realizar operações, mas também de gerar milhões de dólares para suas atividades terroristas", informou.

Enquanto isso, os rebeldes têm intensificado o controle da informação nos territórios sob seu domínio. No domingo, 27, emitiram um aviso determinando que todos os que possuírem receptores de internet via satélite Starlink "entreguem imediatamente" os dispositivos às autoridades.

"Uma campanha de campo será implementada em coordenação com as autoridades de segurança para prender qualquer pessoa que venda, negocie, use, opere, instale ou possua esses terminais proibidos", alertaram.

Os terminais Starlink têm sido fundamentais para a Ucrânia na luta contra a invasão russa em larga escala e também foram contrabandeados para o Irã durante protestos no país. (Com agências internacionais).

O provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, demonstrou nesta segunda-feira, 28, dúvidas sobre o futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Não sabemos se a Otan continuará existindo nas próximas décadas", disse. Ao discursar no Comitê Federal da União Democrata Cristã (CDU), ele acrescentou que "teremos que passar muitos anos construindo as capacidades de defesa práticas e mentais da Alemanha".

"Estamos diante do maior desafio que as sociedades livres enfrentaram nos últimos 75 anos. Não sabemos se a aliança permanecerá como é nas próximas décadas. Por isso, precisamos priorizar corretamente: a segurança externa é condição essencial para tudo o mais - política interna, economia, meio ambiente, política social. Mas os desafios internos também são imensos", afirmou.

Para Merz, o maior desafio é a guerra na Ucrânia. "Essa guerra não é apenas contra a Ucrânia, mas contra toda a ordem política da Europa. O combate da Ucrânia contra a agressão russa é, também, a defesa da paz e da liberdade em nosso país", declarou.

O líder da CDU também ressaltou que o apoio à Ucrânia é um esforço conjunto da Europa e dos EUA. "Não somos parte do conflito, mas também não somos neutros: estamos ao lado da Ucrânia." Merz ainda afirmou que não aceitará o que chamou de "paz ditada", nem a "legitimação de conquistas territoriais militares contra a vontade da Ucrânia". "Esperamos que a Europa e os EUA mantenham essa postura no futuro."

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, destacou que "não há indícios de qualquer ciberataque" sobre o apagão que afeta países da Europa nesta segunda-feira, 28, em especial Espanha e Portugal.

Em publicação no X, Costa afirmou que está em contato com o premiê espanhol, Pedro Sánchez, e com o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, "sobre as interrupções de energia generalizadas na Espanha e em Portugal hoje". Ele informou que as operadoras de rede dos dois países estão trabalhando para encontrar a causa do problema e restaurar o fornecimento de eletricidade.

A operadora de energia da Espanha disse que o restabelecimento do fornecimento de eletricidade pode levar de 6 a 10 horas. Enquanto isso, a distribuidora de Portugal fala em "até uma semana".