Autoridades estrangeiras tiveram perfis hackeados como Janja e reforçaram segurança

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O ataque hacker contra a conta do X (antigo Twitter) da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, na última segunda-feira, 11, não é um caso isolado no mundo. Nos últimos anos, as invasões em perfis de autoridades se tornou frequente, o que fez com que governos estrangeiros buscassem fortalecer a segurança virtual das pessoas no poder.

No caso de Janja, por cerca de uma hora, o invasor publicou mensagens de cunho sexual e ofensas contra ela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e políticos no geral. Para especialista, práticas de cibersegurança usadas no exterior poderiam ser aplicadas por autoridades brasileiras para evitar esse tipo de ataque.

De acordo com Caio Lima, especialista em Direito Digital e Cibersegurança do VLK Advogados, as autoridades estrangeiras e suas famílias são treinadas para que possam fazer o uso das redes sociais com segurança. Para que o controle contra hackers seja mais rígido, existem também equipes especializadas que cuidam das informações dos governos estrangeiros.

"Esses líderes mundiais fazem treinamentos sobre a gestão das redes sociais e a gestão da segurança das suas informações. Especialmente em aspecto sobre uso seguro de e-mails e questões sobre limites de uso de aplicações, porque somente podem ser utilizadas aquelas que passam por uma validação de segurança por um time de tecnologia", afirmou Lima.

Segundo o especialista, as práticas adotadas mundo afora podem servir de exemplo para o governo brasileiro após o ataque hacker sofrido pela primeira-dama. Entre os caminhos para o reforço da segurança do governo brasileiro, ele destaca o aperfeiçoamento das senhas utilizadas nas redes sociais.

"É fundamental que existam regras rigorosas de segurança da informação, seguindo essas boas práticas nacionais e internacionais. É preciso que elas sejam aplicadas e que não exista exceção. O grande risco é quando você começa a ter exceções e a partir dessas exceções é que podem existir essas fraudes como nós verificamos", destaca.

Ao longo da semana, a Polícia Federal fez buscas e apreensão em endereços localizados em Minas Gerais e no Distrito Federal para identificar os culpados pela invasão da conta de Janja. Um adolescente de 17 anos confessou aos policiais que teria participado do ataque.

Obama recebeu celular que não podia fazer ligações, tirar fotos e enviar mensagens

Com o surgimento das redes sociais e o aumento de invasões hackers, alguns chefes de Estado já tiveram que adotar alternativas para impulsionar a sua segurança. O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, costumava ser conhecido pelo seu telefone Blackberry, com o qual fazia postagens nas redes sociais.

Em uma entrevista ao reality show The Tonight Show Starring Jimmy Fallon em 2016, o ex-presidente disse que, depois de assumir, assessores trocaram o seu celular por outro mais moderno. Porém, o aparelho seguia normas de segurança da Defense Information Systems Agency, órgão de proteção cibernética da Casa Branca.

O novo aparelho de Obama era repleto de recursos e medidas de segurança próprios como restrições aos aplicativos Android, além de ausência de câmeras e de redes sociais. O smartphone do ex-presidente nem sequer podia fazer chamadas, tocar músicas ou enviar e receber mensagens de texto.

O receio da Casa Branca tinha seus motivos. Em 2013, o ex-analista de sistemas Edward Snowden tinha vazado informações confidenciais sobre programas de espionagem no País. Um dos documentos vazados por Snowden, relevou que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e seus assessores teriam sido grampeados pelo governo norte-americano.

Macron trocou de celular e Espanha fez comissão especial por conta de sistema de espionagem israelense

No ano de 2021, foi revelado que um sistema de espionagem israelense chamado Pegasus, que possibilita a invasão de celulares, teria invadido os aparelhos de milhares de pessoas, entre elas, líderes mundiais. Após o escândalo vir à tona, o presidente da França, Emmanuel Macron, trocou de aparelho celular e de número de telefone.

Na Espanha, oficiais afirmaram que o celular do primeiro-ministro Pedro Sanchéz também havia sido invadido pelo Pegasus. Em resposta, o país criou uma comissão parlamentar especial para discutir a segurança cibernética do alto escalão. Segundo o governo francês, foram feitas melhorias no sistema para impedir novos ataques.

A criação de colegiados para investigar espiões também foi a alternativa adotada pelo primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cujo filho teria sido um dos grampeados pelo Pegasus.

Hacker fez filho de Donald Trump 'anunciar' morte de pai no Twitter

Em setembro deste ano, a conta oficial do filho do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi hackeada e "anunciou" a morte do pré-candidato republicano à Casa Branca no ano que vem.

"Estou triste por anunciar que o meu pai Donald Trump faleceu. Vou candidatar-me a presidente em 2024", afirmou uma das postagens feitas pela conta no X de Donald Trump Jr. O ex-presidente utilizou a sua própria rede social para afirmar que estava vivo e que o perfil do filho havia sido alvo de um ataque hacker.

Primeiro-ministro da Índia sofreu ataque hacker e perfil declarou bitcoin como moeda oficial

Em dezembro de 2021, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, teve o perfil do X hackeado e uma postagem disse que o seu país iria adotar o bitcoin como moeda oficial. Na época, a conta de Modi tinha mais de 70 milhões de seguidores, fazendo dele um dos mais populares líderes mundiais na plataforma. Em comparação, atualmente Lula possui 8,4 milhões de seguidores.

A postagem foi rapidamente apagada do perfil do premiê indiano, e o seu gabinete afirmou que a conta havia sido "muito brevemente comprometida". Um ano antes, a conta de Modi também havia sido invadida para postar falsos anúncios de incentivo à criptomoeda no país.

De acordo com o jornal India Today, o Ministério de Eletrônica e Tecnologia da Informação do país criou uma comissão para identificar a origem dos ataques cibernéticos e criou novos mecanismos para impedir novas invasões. Nos dois anos depois do último incidente, nenhum outro ataque contra a conta de Modi foi registrado.

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O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou que vai solicitar a ajuda do Exército brasileiro, dos Estados Unidos e de países europeus para combater o crime organizado no país, considerado o mais violento da América Latina em 2024. A declaração foi dada em entrevista ao jornal britânico BBC nesta terça-feira, 18.

São Paulo, 19/03/2025 - Os exércitos fariam parte de uma força militar estrangeira, que Noboa propõe para ajudar no combate ao narcotráfico do país. Ele já havia falado sobre o plano antes, mas esta foi a primeira vez que o presidente nomeou países, incluindo o Brasil. "Setenta por cento da cocaína do mundo sai pelo Equador. Precisamos da ajuda de forças internacionais", disse à BBC.

Fontes do Exército brasileiro ouvidas pelo Estadão disseram que é improvável que tropas sejam enviadas. A atuação de forças estrangeiras costuma ser utilizado como recurso extremo em países com crises e tende a ser abordado no âmbito da ONU, que aprovam, por exemplo, as missões de paz. O Brasil liderou uma dessas missões no passado, no Haiti, mas esse não é o caso do Equador.

Noboa, que disputa o segundo turno das eleições presidenciais contra a candidata Luisa González no dia 13, afirmou que também quer que o presidente dos EUA, Donald Trump, passe a considerar as organizações criminosas do país como terroristas, a exemplo do que fez contra os cartéis de drogas do México.

Desde que assumiu o cargo em novembro de 2023, o governo Noboa enfrenta uma crise de segurança que o levou a declarar conflito armado interno em janeiro do ano passado e a alterar a legislação para endurecer as leis. O decreto autorizou o Exército equatoriano a atuar nas ruas do país.

Apesar disso, a violência no Equador continua em alta. Em janeiro, a polícia do Equador registrou o janeiro mais violento da história. Foram 600 homicídios, contra 479 no ano passado. Nos primeiros 50 dias deste ano, 1,3 mil homicídios foram registrados - uma média de um assassinato a cada hora.

Os homicídios estão relacionados, em sua maioria, ao narcotráfico. O Equador se tornou um dos principais exportadores de cocaína para os Estados Unidos nos últimos anos. O fluxo fortaleceu diferentes facções criminosas, que disputam territórios entre si e atuam em diversos negócios ilícitos além do narcotráfico, como mineração ilegal e tráfico de armas.

Segundo um relatório da Iniciativa Global Contra o Crime Transnacional Organizado de 2024, uma das facções presentes no Equador é o Primeiro Comando da Capital (PCC). Facções da Albânia, México e Itália também atuam no país, além de grupos locais como Los Choneros e Los Lobos.

Segundo a BBC, Noboa ordenou que o Ministério das Relações Exteriores busque acordos de cooperação com "nações aliadas" para apoiar a polícia e o exército do Equador e quer mudar a Constituição para permitir a instalação de bases militares estrangeiras no país.

Críticos do presidente afirmam que o plano, no entanto, tem um caráter eleitoral. Com a permanência da violência, esse é o tema de maior preocupação entre os equatorianos, de acordo com as pesquisas eleitorais. No primeiro turno, Noboa, que era o favorito, ficou à frente da adversária Luisa González, do Movimento pela Revolução Cidadã, por 0,5%.

Analistas de segurança afirmam que a estratégia adotada pelo presidente com relação a segurança é insuficiente, porque não englobam o fortalecimento de instituições. "São necessárias estratégias mais abrangentes para enfraquecer as estruturas e redes do crime organizado", disse Robert Muggah, diretor do Instituto Igarapé.

Israel disse nesta quarta-feira que suas tropas retomaram parte de um corredor que divide a Faixa de Gaza, e seu ministro da Defesa advertiu que os ataques se intensificarão até que o Hamas liberte dezenas de reféns e abandone o controle do território.

Os militares afirmaram que retomaram parte do Corredor Netzarim, onde haviam se retirado anteriormente como parte de um cessar-fogo iniciado em janeiro. Essa trégua foi rompida na terça-feira, 19, por ataques aéreos israelenses que mataram mais de 400 palestinos, a maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

Em Israel, a retomada de ataques aéreos e das manobras terrestres levantou preocupações sobre o destino de cerca de duas dúzias de reféns mantidos pelo Hamas que, acredita-se, ainda estejam vivos. Milhares de israelenses participaram de manifestações contra o governo em Jerusalém e muitos pediram um acordo para trazer os prisioneiros de volta para casa.

Um porta-voz do Hamas, Abdel-Latif al-Qanou, disse que as ações das forças terrestres em Gaza eram um sinal claro de que Israel havia desistido da trégua e estava reimpondo um "bloqueio".

Também hoje, as Nações Unidas declararam que um de seus funcionários foi morto em Gaza e outros cinco ficaram feridos em um aparente ataque a uma casa de hóspedes. Não ficou imediatamente claro quem estava por trás do ataque, de acordo com a ONU.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discutiu com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, o fornecimento de eletricidade e as usinas nucleares da Ucrânia em uma "muito boa" conversa telefônica realizada nesta quarta-feira, 19. Trump afirmou que "os EUA poderiam ser muito úteis na operação dessas usinas com sua expertise em eletricidade e utilidades", conforme comunicado assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e pelo enviado especial americano, Mike Waltz.

"O controle americano dessas usinas seria a melhor proteção para essa infraestrutura", acrescenta o texto. Durante a conversa, Trump e Zelensky discutiram e concordaram com a implementação de um cessar-fogo parcial no setor energético. Equipes técnicas se reunirão na Arábia Saudita nos próximos dias para discutir a expansão do cessar-fogo para o Mar Negro. "Zelensky reiterou sua disposição para adotar um cessar-fogo total", completa o comunicado.

Trump também atualizou Zelensky sobre sua conversa com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, realizada na terça-feira. "Eles concordaram em compartilhar informações de maneira estreita entre as equipes de defesa à medida que a situação no campo de batalha evolui", segundo o texto. O presidente ucraniano solicitou sistemas de defesa aérea adicionais para proteger seus civis, e Trump concordou em trabalhar com ele para "encontrar opções disponíveis, particularmente na Europa".

Os presidentes dos EUA e da Ucrânia concordaram que todas as partes devem continuar os esforços para implementar um cessar-fogo total. "Os líderes concordaram que Ucrânia e Estados Unidos continuarão trabalhando juntos para alcançar um fim real para a guerra, e que a paz duradoura sob a liderança do presidente Trump pode ser alcançada", pontua o comunicado.