PGR diz que ex-deputado Roberto Jefferson foi relevante para a 'engrenagem' do 8 de Janeiro

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O procurador-geral da República, Paulo Gonet Filho, defendeu nesta quinta-feira, 18, que uma ação onde o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) é acusado de crimes previstos na Lei de Segurança Nacional seja julgada no bojo dos processos dos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Gonet, o ex-parlamentar foi um "elo relevante" para a "engrenagem" dos ataques aos prédios dos Três Poderes.

 

Em 2022, o STF tornou Jefferson réu pelas supostas práticas de calúnia e racismo, além de incitação a crimes previstos na antiga Lei de Segurança Nacional. À época, a Corte determinou a remessa do caso para a Justiça Federal do Distrito Federal. Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), as denúncias vinculam o ex-parlamentar com os inquéritos do 8 de Janeiro.

"Os fatos imputados ao réu Roberto Jefferson podem ser vistos como elo relevante nessa engrenagem que resultou nos atos violentos de 8 de janeiro de 2023", afirmou Paulo Gonet.

 

O procurador-geral também afirmou que Jefferson utilizou a estrutura partidária do PTB, sigla presidida pelo ex-deputado entre 2016 e 2021, para atacar as instituições democráticas.

 

"Essa perspectiva se fortalece na consideração de que se atribui ao réu, além de haver utilizado parte da estrutura partidária financiada pelo erário para fragilizar as instituições da República, ter formulado publicamente túrbidos ataques verbais contra instituições centrais da República democrática, num esforço que a visão deste momento permite situar como estratégia dirigida a fomentar movimento de rompimento condenável da ordem política", pontuou o procurador-geral.

 

O Estadão procurou a defesa do ex-deputado Roberto Jefferson, mas ainda não obteve retorno.

 

'Vinculação direta'

 

No último dia 5, o ministro Moraes, que é o relator das ações referentes ao 8 de Janeiro no STF, protocolou um despacho questionando se a ação que julga Jefferson deve ser apreciada pela Corte Máxima. Segundo o magistrado, não restam dúvidas sobre a "vinculação direta" de Jefferson com "os atos criminosos que resultaram na invasão e depredação" dos prédios dos Três Poderes.

 

No documento, Moraes pontua que a determinação do Supremo que enviou a ação para a Justiça do DF foi feita antes de outra decisão da Corte. Após o 8 de Janeiro, foi fixada a competência do STF para conduzir os inquéritos sobre supostos crimes de atos terroristas, ameaça, perseguição, associação criminosa armada, golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito cometidos durante os ataques antidemocráticos.

Com a manifestação favorável da PGR, a competência do STF para julgar Jefferson será discutida pelo plenário da Corte. O Supremo está em recesso desde o dia 20 de dezembro e deve retornar às suas atividades no início de fevereiro.

 

Prisão preventiva

 

No dia 16 de dezembro, Moraes manteve a prisão preventiva de Jefferson. O ex-deputado está detido preventivamente desde outubro de 2022 quando recebeu a Polícia Federal com tiros de fuzil e granadas no Rio nas vésperas do segundo turno das eleições presidenciais. Desde março do ano passado, ele está internado em um hospital privado e a sua defesa alega que a sua saúde está debilitada.

 

Moraes declarou que as condutas imputadas a Jefferson são "gravíssimas" e que não houve um fato recente que pudesse "macular os requisitos e fundamentos da decisão que decretou a prisão preventiva". O magistrado também pontuou que a prisão do ex-deputado é necessária para a "garantia da ordem pública" e classificou que ele possui um "comportamento beligerante".

 

"Não há que dizer, ainda, que seu comportamento beligerante e avesso ao cumprimento de determinações judiciais cessou, tendo em vista que, atualmente, se encontra internado em estabelecimento hospitalar", destacou o ministro.

Em outra categoria

Depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, discutiu ao vivo com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, lideranças da União Europeia e o provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, foram às redes sociais para dizer que apoiam a Ucrânia.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, disseram que a dignidade de Zelensky "honra a bravura do povo ucraniano". A mesma mensagem foi publicada por ambos na plataforma X. "Seja forte, seja corajoso, seja destemido. Você nunca está só, caro presidente Zelensky. Continuaremos trabalhando com você por uma paz justa e duradoura", acrescentaram.

Friedrich Merz, por sua vez, disse que "nós apoiamos a Ucrânia tanto nos momentos bons quanto nos momentos difíceis". Ele prosseguiu: "Jamais devemos confundir o agressor e a vítima nesta terrível guerra."

Nesta tarde, Trump, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, e Zelensky estavam reunidos no Salão Oval da Casa Branca. Durante a transmissão ao vivo do encontro, eles começaram a discutir e o presidente americano chegou a acusar o líder ucraniano de estar "brincando com a terceira guerra mundial". Após isso, Zelensky deixou o local e um acordo para a exploração de recursos minerais da Ucrânia pelos EUA não foi assinado.

A planejada assinatura de um acordo entre os Estados Unidos e Ucrânia sobre minerais raros não aconteceu, segundo um assessor de imprensa da Casa Branca. O ucraniano Volodmir Zeleski viajou para Washington nesta sexta-feira, 28, justamente para assinar o acordo sobre extração de minerais na Ucrânia, mas o encontro com Donald Trump terminou com um bate-boca no Salão Oval da Casa Branca.

O acordo que seria assinado permitiria que os Estados Unidos tivessem acesso recursos do subsolo ucraniano, como exigiu Trump, em compensação pela ajuda militar e financeira desembolsada nos últimos três anos.

Mas, durante encontro entre os dois presidentes no Salão Oval, que também contou com a presença do vice JD Vance, Trump chamou Volodmir Zelenski de "desrespeitoso" e disse que ele deveria ser "mais grato" na frente da imprensa. Depois da discussão, a visita de Zelenski à Casa Branca foi encurtada e entrevista coletiva que estava prevista para esta tarde, cancelada. No local onde deveria ocorrer a assinatura do acordo havia apenas as cadeiras e os púlpitos vazios.

A discussão começou depois de Zelenski ter dito a Trump que não se pode confiar nas promessas de paz de Vladimir Putin, observando o histórico de promessas não cumpridas do líder russo. Trump se irritou e disse que Putin não quebrou acordos com ele.

Em meio à discussão Trump ameaçou Zelenski: "Ou você fecha o acordo ou estamos fora. O seu país está em apuros. Você não está vencendo", disse Trump ao que Zelenski respondeu: "Eu sei". "Você tem uma boa chance de sair bem por nossa causa", interrompeu Trump.

"Nós (os Estados Unidos) demos a você, através do presidente idiota, US$ 350 bilhões", disse referindo-se a Joe Biden e inflando o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia que, na verdade, foi de US$ 114 bilhões. "Nós demos a você equipamento militar... Se você não tivesse nosso equipamento militar, essa guerra teria acabado em duas semanas."

Depois da discussão, Trump disse que Zelenski poderia voltar quando estivesse pronto para a paz. "É incrível o que se revela por meio da emoção, e determinei que o presidente Zelenski não está pronto para a paz se os Estados Unidos estiverem envolvidos, porque ele acha que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações. Não quero vantagem, quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz", disse Trump em comunicado após o encontro

O presidente ucraniano viajou para Washington para assinar a resolução sobre extração de minerais na Ucrânia, mas o encontro com Trump terminou em bate-boca.

Após a reunião contenciosa, Zelenski e sua delegação foram para uma sala diferente e o líder ucraniano fez um esforço para tentar se recompor e colocar retomar a visita, de acordo com uma autoridade da Casa Branca. A fonte disse que o Conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz e o Secretário de Estado Marco Rubio comunicaram aos ucranianos que Trump queria que Zelenski deixasse a Casa Branca imediatamente.

Após a discussão, O ucraniano expressou gratidão ao povo americano, mas não abordou diretamente seu encontro com Trump e Vance em uma postagem no X. "Obrigado, América, obrigado pelo seu apoio, obrigado por esta visita. Obrigado presidente, Congresso e povo americano", escreveu Zelenski. "A Ucrânia precisa de uma paz justa e duradoura, e estamos trabalhando exatamente para isso."

O acordo que seria assinado hoje não previa garantias absolutas de segurança, como queria a Ucrânia, embora Trump tenha dito que a cooperação funcionaria como uma espécie de rede de segurança. "Não acredito que ninguém vá entrar em problemas se estivermos (na Ucrânia), com muitos trabalhadores para explorar minerais", disse o presidente americano.

A Ucrânia possui quase 5% dos recursos minerais do mundo, mas os que Trump cobiça não são explorados em sua maioria, são difíceis de extrair ou estão sob controle russo, em territórios ocupados.

O encontro ocorreu no momento em que Ucrânia e Europa acompanham com preocupação a aproximação entre Estados Unidos e Rússia, que deram início às conversas para encerrar a guerra sem que os ucranianos estivessem presentes.

Trump havia reiterado ontem que confia no presidente russo, apesar das repetidas advertências da Europa sobre a fragilidade de qualquer trégua que não esteja acompanhada por um sólido aparato de controle e segurança, garantido pelos Estados Unidos. Ele disse estar convencido de que Putin "cumprirá sua palavra" em caso de cessar-fogo.

Dmitri Medvedev, ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, chamou o bate boca televisionado de "uma repreensão no Salão Oval". Em seu canal no Telegram, Medvedev, o primeiro alto funcionário russo a opinar sobre a reunião entre Trump e Zelenski, elogiou o presidente dos EUA por "dizer a verdade" na cara de Zelenski e pediu que ele suspendesse a ajuda militar à Ucrânia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Após se retirar da Casa Branca, depois de discussão com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu ao republicano e aos EUA pelo "suporte e pela visita".

Em seu perfil no X, o ucraniano escreveu: "Obrigado, presidente Trump, Congresso e americanos. A Ucrânia precisa apenas de paz duradoura, e nós estamos trabalhando exatamente para isso."

O presidente da Ucrânia está em Washington para discutir um acordo de exploração de minerais em território ucraniano pelos EUA, mas que não chegou a ser assinado. Agora, ele deve seguir para o Reino Unido para um encontro com líderes europeus no domingo, que discutirão o conflito com a Rússia e o fortalecimento da defesa do continente.