Exonerado da Abin, Moretti diz que material sobre o software espião foi compartilhado com PF

Política
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Exonerado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nesta terça-feira, 30, Alessandro Moretti disse que compartilhou todas as provas coletadas e produzidas pela agência sobre o software espião FirstMile com a Polícia Federal (PF).

Segundo o ex-diretor adjunto da Abin, foi ele quem determinou que as investigações sobre a possível espionagem na agência fossem iniciadas, por meio de uma sindicância instaurada pela Corregedoria-Geral. Na época da determinação, Moretti era o diretor-geral em exercício.

"Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à agência. Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin", disse, por nota, nesta quarta-feira, 31.

Também delegado da PF, Moretti defendeu a continuidade da Abin e afirmou que o conhecimento estratégico difundido pela agência é "indispensável para o País" e "essencial para a proteção de nossa sociedade", qualificando os colegas que os produzem como "profissionais altamente capacitados e compromissados".

No relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) que serviu de base para a investigação, a PF diz que Moretti se reuniu com servidores, em março do ano passado, e afirmou que a investigação sobre a "Abin paralela" tinha "fundo político" e iria "passar".

Nesta terça, Lula admitiu que não haveria "clima" para a permanência de Moretti, chamado por ele de "cidadão", caso fosse provado o conluio com o hoje deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Ex-diretor da Abin que comandou a agência durante o governo Jair Bolsonaro (PL), Ramagem é um dos investigados na operação que apura possível espionagem ilegal na agência durante seu comando. Na segunda-feira, 29, um dos alvos foi o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho de Bolsonaro.

Com a exoneração de Moretti, o cientista político Marco Cepik, diretor da Escola de Inteligência da Abin, assumiu o posto. Lula também demitiu quatro chefes de departamentos da Abin. Mudou, ainda, outros sete diretores - um deles vai para o lugar de Cepik na Escola de Inteligência.

Leia a nota na íntegra:

"Ao deixar o cargo de Diretor-Adjunto da Agência Brasileira de Inteligência - Abin, venho a público para esclarecer que, após minha determinação, na época como Diretor-Geral em exercício, é que foram iniciados os trabalhos de apuração interna relacionados ao uso de ferramenta, com a instauração de sindicância investigativa pela Corregedoria-Geral.

Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à Agência. Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin.

Importante lembrar que a Abin se encontra em fase de transição, após deixar de ser subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional - GSI e passar a integrar a estrutura da Casa Civil da Presidência da República.

Diversas medidas foram adotadas e muitas outras estão sendo implementadas pela atual gestão para a modernização da gestão da Agência, o que garantiu, inclusive, a citada apuração ampla e independente.

Nenhum país, em especial uma nação continental como o Brasil, pode prescindir de uma Inteligência profissional e cumpridora dos princípios que regem o Estado Democrático de Direito. O conhecimento estratégico difundido pela Abin, indispensável para o país é essencial para a proteção de nossa sociedade, é produzido por profissionais altamente capacitados e compromissados.

O fortalecimento da Abin, como instituição de Estado, deve ser uma busca constante, e não dispensa o reconhecimento e respeito aos seus dedicados servidores.

Agradeço a oportunidade de trabalhar nesta Agência que tanto respeito e de ter podido contribuir com seu processo de modernização, do modo como sempre atuei nos meus 33 anos de serviço público, na proteção da sociedade brasileira, como servidor de Estado. Meu especial agradecimento ao Dr. Luiz Fernando Corrêa, Diretor-Geral da Abin, pela confiança e profissionalismo."

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Ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo disse nesta terça-feira, 25, que o presidente Donald Trump, após ouvir teorias, concluiu que os déficits bilaterais são ruins.

"Ele teve pessoas conversando com ele, ouviu todas as diferentes teorias e, no final, concluiu que déficits comerciais menores, bilaterais com as nações, seriam melhores para os Estados Unidos da América", disse o ex-secretário ao participar nesta terça-feira da CEO Conference, evento anual realizado pelo Banco BTG Pactual. Então ele irá nessa direção", disse Pompeo. "Não há dúvida sobre isso. Existem ideias compensatórias, certamente até dentro da administração", complementou o ex-secretário de Estado.

Para ele, Trump, durante os próximos quatro anos, irá abordar quase todos os países que tenham um déficit comercial material ou excedente comercial com os Estados Unidos, na perspectiva desse país, e procurará corrigi-lo através de alguns meios, sejam tarifas ou a redução de subsídios.

Comércio Norte-Sul

Na avaliação do ex-secretário, a criação de comércio "é realmente algo incrivelmente valioso". Ele disse ter falado sobre o comércio Norte-Sul quando era secretário, e no quanto a iniciativa faz a diferença. "Espero que o secretário Marco Rubio consiga, já que todos dizem que ele é o primeiro secretário de Estado de língua espanhola", afirmou.

Ele acrescentou que está feliz com isso, porque Rubio conhece a região e se preocupa com ela, assim como o presidente Trump.

Segundo ele, o comércio dos Estados Unidos com o México não é bom nem para um país, nem para o outro. "Espero que continue encontrando espaço para fazer o que fez nos primeiros dias. Que venha até a região, ouça, escute, envolva-se de maneira real. E então espero que possamos conseguir que o investimento do setor privado americano venha e faça parte disso. Na verdade, eu vejo isso", disse.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, espera a assinatura de acordo sobre minerais com a Ucrânia logo, disse a secretária de imprensa, Karoline Leavitt, em coletiva nesta terça-feira, 25, na Casa Branca, citando que não houve novidades em relação ao que o mandatário afirmou na véspera sobre as negociações sobre o tema.

"Um bom acordo significa que os dois lados deixam a mesa um pouco infelizes", disse Levitt, em resposta a uma pergunta sobre se as negociações para a paz na Ucrânia demandarão algum tipo de concessão do lado russo. Em encontro com Trump na véspera, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse, na segunda-feira, que a paz não pode significar rendição da Ucrânia.

Leavitt comentou ainda que o presidente está trabalhando em conjunto com o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), comandado por Elon Musk. "DOGE se mostrou bem sucedido em tornar o Executivo mais produtivo", salientou.

Leavitt disse que o pedido para que funcionários públicos listem cinco atividades que fizeram na semana passada em um e-mail para seus chefes serve para confirmar que estão executando o trabalho para o qual são pagos com dinheiro dos contribuintes. Musk ameaçou demitir funcionários que não prestarem conta de suas atividades.

A secretária afirmou ainda que o time de imprensa da Casa Branca definirá quem terá acesso aos briefings e coletivas com o presidente.

O comentário foi feito à luz do impedimento a um jornalista da Associated Press para que tivesse acesso a evento na Casa Branca após agência de notícias se recusar a usar o nome "Golfo da América" no lugar do Golfo do México.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira, 25, que o mundo testemunha um processo de desglobalização, políticas protecionistas, fragmentação comercial, barreiras não econômicas e a reconfiguração das cadeias de suprimentos ameaçam aprofundar as desigualdades globais. Ele fez a citação durante pronunciamento em inglês a sherpas dos 11 membros do Brics, que se reúnem nesta terça-feira e na quarta-feira, 26, em Brasília, conforme áudio obtido pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Os sherpas são os negociadores dos membros do bloco. O embaixador não cita em nenhum momento os Estados Unidos ou o presidente norte-americano, Donald Trump.

Para o chanceler, o Brics deve resistir a essa fragmentação e defender um sistema de comércio multilateral aberto, justo e equilibrado, que atenda às necessidades do Sul Global e promova uma ordem econômica multilateral genuinamente multilateral.

"Um aspecto fundamental dessa transformação é a reforma da arquitetura financeira", defendeu o ministro brasileiro. "O sistema existente foi projetado para uma era diferente e muitas vezes falhou em abordar as realidades enfrentadas pelas nações em desenvolvimento", continuou.

Banco dos Brics

Vieira também defendeu que o bloco continue a promover mecanismos financeiros alternativos, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês, mais conhecido como Banco dos Brics).

A instituição, segundo o chanceler, desempenha um papel vital no financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. "A resposta mais eficaz à crise do multilateralismo é mais multilateralismo."