J&F acusa transparência Internacional de se apropriar de acordos de leniência da Lava Jato

Política
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A J&F Investimentos, administrada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, acusou nesta segunda-feira, 5, a Transparência Internacional (TI) de ter se apropriado de recursos do acordo de leniência da empresa, firmado em 2017. Nesta segunda-feira, 5, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve abrir uma investigação sobre a participação da ONG na Operação Lava Jato.

 

Em nota enviada ao Estadão, a Transparência Internacional afirmou que as acusações da J&F são "falsas" e representam uma "atitude desonesta" do grupo empresarial. A ONG também afirmou que irá processar a empresa futuramente.

 

"A Transparência Internacional Brasil rejeita categoricamente as novas falsas acusações e denuncia, uma vez mais, a atitude desonesta do grupo empresarial J&F, em retaliação ao trabalho da organização. A verdade será resgatada nos autos e a TI Brasil acionará a empresa em foro adequado", disse a J&F.

 

A J&F disse, em nota publicada nesta segunda, 5, que a TI tentou se apropriar "insistentemente" dos recursos do acordo de leniência dela e de outras empresas. Segundo o grupo empresarial, o diretor da ONG, Bruno Brandão, indicou os dados da organização para receber o depósito das parcelas da multa, enquanto ainda era estruturada a fundação responsável para gerir os valores.

 

"O dever e o direito de executar os projetos sociais previstos no acordo de leniência eram da própria J&F. Um despacho do Ministério Público Federal, de abril de 2019, pressionou a empresa a aceitar as condições de governança impostas pela Transparência Internacional. Foi a resistência da J&F em desviar esses recursos que frustrou procuradores e seus parceiros e agravou a perseguição contra a companhia", afirmou a empresa em nota.

 

O grupo empresarial também afirmou que a reação da Transparência Internacional à decisão de Toffoli "demonstra que ela não está comprometida com os valores que prega".

 

A ONG nega ter recebido valores do acordo, direta ou indiretamente. A informação também foi desmentida, em 2020, pela subprocuradora Samantha Dobrowolski, que foi coordenadora da extinta comissão montada no Ministério Público Federal (MPF) para assessoramento de acordos de leniência e colaboração premiada.

 

Em uma nota publicada na tarde desta segunda, a ONG afirmou que nunca se apropriou dos recursos obtidos pela Lava Jato, chamando de "falsas" as acusações que motivaram a decisão de Toffoli. "Reações hostis ao trabalho anticorrupção da Transparência Internacional são cada vez mais graves e comuns, em diversas partes do mundo. Ataques às vozes críticas na sociedade, que denunciam a corrupção e a impunidade de poderosos, não podem, no enfatizar, ser naturalizados", disse

 

A decisão de Dias Toffoli ocorreu uma semana após o ministro ser citado nove vezes em um relatório de 27 páginas sobre a percepção da corrupção no Brasil em 2023. O nome do magistrado aparece em uma crítica às "reservas de autoridade" e "poderes exacerbados" do Judiciário.

 

Toffoli foi criticado também por ter anulado as provas de acordo de leniência da Odebrecht (atual Novonor) e suspendido o ressarcimento aos cofres públicos por parte da empreiteira. Na última terça-feira, 1º, ele estendeu o benefício para a J&F, dos irmãos Batista.

 

Entenda a participação da TI na Lava Jato

 

Em 2018, a Transparência Internacional assinou um memorando com o MPF e a J&F para ajudar na gestão e na execução de uma parcela da multa de R$ 2,3 bilhões, reservada para investimentos em projetos sociais.

 

O documento, anexado ao acordo de leniência, exalta a "notória experiência" da Transparência Internacional nas áreas de governança, transparência e anticorrupção e prevê que a ONG apoiará o "desenho e estruturação do sistema de governança do desembolso dos recursos" que seriam dedicados aos projetos sociais.

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A Casa Branca confirmou nesta quarta-feira, 5, que autoridades dos Estados Unidos estão envolvidas em "conversas e discussões contínuas" com o Hamas, rompendo com uma política de longa data da diplomacia americana de não manter negociações diretas com grupos que consideram terroristas.

Questionada sobre as conversas, que foram reveladas pelo site Axios, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, se recusou a fornecer detalhes sobre as negociações, mas disse que Donald Trump autorizou seus enviados a "falar com qualquer pessoa".

"Veja, dialogar e conversar com pessoas ao redor do mundo para fazer o que é do melhor interesse do povo americano é algo que o presidente... acredita ser um esforço de boa-fé para fazer o que é certo para o povo americano", disse.

De acordo com a porta-voz, Israel foi consultado sobre as tratativas. "Durante consultas com os Estados Unidos, Israel expressou sua opinião sobre negociações diretas com o Hamas ", disse o gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Autoridades do Hamas também confirmaram as reuniões.

De acordo com a Axios, o enviado especial dos EUA, Adam Boehler, se encontrou com membros do Hamas nas últimas semanas em Doha, no Catar, para discutir a libertação dos cinco reféns americanos ainda mantidos pelo grupo terrorista na Faixa de Gaza, quatro dos quais estão mortos.

As negociações também incluíram discussões sobre a libertação de todos os reféns que permaneceram em Gaza, bem como a possibilidade de um cessar-fogo permanente, acrescentou o Axios, citando duas fontes anônimas familiarizadas com as negociações.

A confirmação das negociações na capital do Catar acontece enquanto o cessar-fogo Israel-Hamas permanece em jogo. Este é o primeiro envolvimento direto conhecido entre os EUA e o Hamas desde que o Departamento de Estado designou o grupo como uma organização terrorista estrangeira em 1997.

Trump sinalizou que não tem intenções de afastar Netanyahu de um retorno ao combate se o Hamas não concordar com os termos de uma nova proposta de cessar-fogo, que os israelenses anunciaram como sendo elaborada pelo enviado dos EUA Steve Witkoff.

O novo plano exigiria que o Hamas libertasse metade dos reféns restantes - a principal moeda de troca do grupo terrorista - em troca de uma extensão do cessar-fogo e uma promessa de negociar uma trégua duradoura. Israel não fez menção de libertar mais prisioneiros palestinos, um componente-chave da primeira fase.

Trump ameaça Gaza

Trump ameaçou nesta quarta-feira a população de Gaza se os reféns restantes não forem libertados, e alertou os dirigentes do grupo terrorista para que deixem o território enquanto podem.

"Para a população de Gaza: um lindo futuro os espera, mas não se retiverem os reféns. Se o fizerem, estão MORTOS! Tomem uma decisão INTELIGENTE. LIBERTEM OS REFÉNS AGORA, OU HAVERÁ UM INFERNO A PAGAR DEPOIS!", escreveu o republicano em sua rede Truth Social.

Na mesma publicação, Trump exigiu ao Hamas que "devolva imediatamente todos os corpos das pessoas que assassinou" durante o ataque desse grupo contra Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra.

"Este é seu último aviso! Para os dirigentes [do Hamas], agora é a hora de sair de Gaza, enquanto ainda têm oportunidade", acrescentou. "Estou enviando a Israel tudo o que se necessita para terminar o trabalho, nem um único membro do Hamas estará a salvo." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Um caça sul-coreano lançou acidentalmente oito bombas em uma área civil durante um treinamento nesta quinta-feira, 6, ferindo sete pessoas. As bombas MK-82 lançadas "anormalmente" pelo caça KF-16 caíram fora do alcance de tiro, causando danos civis não especificados, disse a força aérea em comunicado.

A nota informa ainda que a força aérea estabelecerá um comitê para investigar por que o acidente aconteceu e examinar a escala dos danos. O jato estava participando de exercícios de tiro real conjuntos junto ao Exército.

A Força Aérea pediu desculpas por causar danos civis e expressou esperanças por uma rápida recuperação dos feridos além de oferecer ativamente indenização e outras medidas necessárias para as vítimas.

O comunicado não detalhou onde o acidente aconteceu, mas a mídia sul-coreana relatou que as bombas foram lançadas em Pocheon, uma cidade perto da fronteira com a Coreia do Norte.

A agência de notícias Yonhap relatou que cinco civis e dois soldados ficaram feridos. A agência disse que as condições de dois dos feridos eram sérias, mas não fatais.

A afirmação de Donald Trump, em seu discurso ao Congresso, na terça-feira, 4, de que a Groenlândia será dos EUA "de uma forma ou de outra", foi criticada ontem pelos líderes políticos groenlandeses. Naaja Nathanielsen, ministra de Recursos Naturais e Justiça da ilha, que pertence à Dinamarca, disse que as falas mostram uma "falta de respeito" com as pessoas.

O premiê Mute Egede voltou a dizer que a ilha não está à venda. "Os americanos e seu presidente deveriam entender isso", disse. De acordo com uma pesquisa encomendada pelo jornal dinamarquês Berlingske, em janeiro, 85% dos groenlandeses não querem que a Groenlândia faça parte dos EUA.