Saiba quais deputados assinam pedido de impeachment de Lula por declaração sobre Holocausto

Política
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Dois dias depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparar as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, um pedido de impeachment contra ele por essa declaração já conta com 114 assinaturas. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) encabeça a proposta e pretende protocolar o documento nesta terça-feira, 20, na Câmara.

No domingo, 18, durante entrevista coletiva em Adis Abeba, capital da Etiópia, Lula criticou a incursão de Israel em Gaza. O presidente fez um paralelo entre a morte de palestinos e o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler, líder da Alemanha Nazista.

"O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus", disse Lula, que respondia a uma pergunta sobre o aumento do montante destinado pelo Brasil à Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos. "Não é guerra, é genocídio", completou o presidente brasileiro.

Presidente expôs País a 'perigo de guerra', diz pedido

A declaração provocou uma crise diplomática e, em nível nacional, resultou em críticas da oposição. Para Zambelli, o chefe do Executivo incorreu em "crime de responsabilidade contra a existência política da União", nos termos da Lei 1.079/1950 - norma que regula o processo de impeachment no País.

O pedido argumenta que Lula, ao emitir a declaração, "cometeu hostilidade contra nação estrangeira", "comprometeu a neutralidade" do País e expôs o Brasil a "perigo de guerra", como define a Lei do Impeachment, no artigo 5º, inciso 3.

A maior parte dos deputados que aderiram ao pedido é filiada ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e principal legenda de oposição ao governo Lula, com 72 signatários. O Novo foi o primeiro partido a aderir oficialmente ao pedido nesta terça.

Até siglas com representação nos ministérios de Lula abrigam parlamentares que assinaram o requerimento. O União Brasil, que possui dois ministérios (Comunicação e Turismo), tem 12 deputados entre os signatários; o PSD, com três ministérios (Agricultura, Minas e Energia e Pesca), é a sigla de quatro parlamentares que assinaram o pedido; e o MDB, que também possui três pastas no governo federal (Cidades, Planejamento e Transportes), é a legenda de três signatários.

Processo depende do presidente da Câmara

Não existe um número mínimo de assinaturas para que um pedido de impeachment seja aceito pela Câmara. O protocolo é uma etapa formal do processo e não significa que o requerimento tenha sido julgado procedente. A análise para o prosseguimento da solicitação cabe ao presidente da Casa, posto hoje ocupado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL).

Para Flávio de Leão Bastos, doutor em Direito Constitucional e professor universitário da Mackenzie, o número absoluto de signatários, em si, "não é tão importante". Por mais que as assinaturas indiquem mobilização das forças políticas, a decisão de abrir um processo de impeachment, no fim das contas, cabe só a Lira, "havendo 50, 100 ou 1.000 assinaturas". "É um poder exclusivo, um 'superpoder', como alguns denominam, do presidente da Casa", disse.

Lira não é obrigado a analisar o requerimento em um prazo específico, e o pedido de impeachment pode permanecer sem avanço. Foi o caso de ações que pretendiam o afastamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar do número de solicitações contra o ex-chefe do Executivo, Lira não deferiu nenhum dos pedidos e o tema nem sequer foi apreciado pela Câmara durante a gestão passada.

Lula, inclusive, já é alvo de pedidos de impeachment que permanecem na "gaveta" de Arthur Lira. Durante os seis primeiros meses de mandato, o petista foi alvo de 11 requerimentos de impeachment, superando o recorde que, até então, pertencia a Bolsonaro.

Confira os deputados que assinaram o pedido de impeachment contra Lula

- Carla Zambelli (PL-SP)

- Julia Zanatta (PL-SC)

- Delegado Caveira (PL-PA)

- Mario Frias (PL-SP)

- Meira (PL-PE)

- Maurício Marcon (Podemos-RS)

- Paulo Bilynskyj (PL-SP)

- Sargento Fahur (PSD-PR)

- Delegado Fabio Costa (PP-AL)

- Carlos Jordy (PL-RJ)

- Gustavo Gayer (PL-GO)

- Sargento Gonçalves (PL-RN)

- Kim Kataguiri (União Brasil-SP)

- Bia Kicis (PL-DF)

- General Girão (PL-RN)

- Luiz Philippe (PL-SP)

- Nikolas Ferreira (PL-MG)

- Alfredo Gaspar (União Brasil-AL)

- Rosangela Moro (União Brasil-SP)

- Gilvan da Federal (PL-ES)

- Carol de Toni (PL-SC)

- Amália Barros (PL-MT)

- Domingos Sávio (PL-MG)

- Ramagem (PL-RJ)

- Nicoletti (União Brasil-RR)

- Messias Donato (Republicanos)

- André Fernandes (PL-CE)

- Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG)

- Eros Biondini (PL-MG)

- Junio Amaral (PL-MG)

- Coronel Telhada (PP-SP)

- Marcel Van Hattem (Novo-RS)

- José Medeiros (PL-MT)

- Zucco (PL-RS)

- Daniel Freitas (PL-SC)

- Zé Trovão (PL-SC)

- Daniela Reinehr (PL-SC)

- Capitão Alden (PL-BA)

- Filipe Martins (PL-TO)

- Bibo Nunes (PL-RS)

- Adriana Ventura (Novo-SP)

- Gilberto Silva (PL-PB)

- Cel Chrisóstomo (PL-RO)

- Sanderson (PL-RS)

- Giovani Cherini (PL-RS)

- Filipe Barros (PL-PR)

- Cristiane Lopes (União Brasil-RO)

- Capitão Augusto (PL-SP)

- Gilson Marques (Novo-SC)

- Coronel Fernanda (PL-MT)

- Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

- Any Ortiz (Cidadania-RS)

- Marco Feliciano (PL-SP)

- Adilson Barroso (PL-SP)

- Chris Tonietto (PL-RJ)

- Silvio Antonio (PL-MA)

- Ricardo Salles (PL-SP)

- Silvia Waiãpi (PL-AP)

- Abilio (PL-MT)

- Marcio Alvino (PL-SP)

- Jefferson Campos (PL-SP)

- Rodrigo Valadares (União Brasil-SE)

- Marcelo Moraes (PL-RS)

- Delegado Éder Mauro (PL-PA)

- Rodolfo Nogueira (PL-MS)

- Dr Frederico (PRD-MG)

- Clarissa Tercio (PP-PE)

- Evair Vieira de Melo (PP-ES)

- Eli Borges (PL-TO)

- Coronel Assis (União Brasil-MT)

- Luiz Lima (PL-RJ)

- Coronel Ulysses (União Brasil-AC)

- Dr. Jaziel (PL-CE)

- Capitão Alberto Neto (PL-AM)

- Mariana Carvalho (Republicanos-MA)

- Roberto Duarte (Republicanos-AC)

- Marcos Pollon (PL-MS)

- Magda Mofatto (PL-GO)

- Dayany Bittencourt (União Brasil-CE)

- Maurício Souza (PL-MG)

- Fernando Rodolfo (PL-PE)

- Roberta Roma (PL-BA)

- Alberto Fraga (PL-DF)

- Reinhold Stephanes Jr. (PSD-PR)

- Lincoln Portela (PL-MG)

- Miguel Lombardi (PL-SP)

- Dr. Zacharias Calil (União Brasil-GO)

- Professor Alcides (PL-GO)

- Rosana Valle (PL-SP)

- Hélio Lopes (PL-RJ)

- Pedro Lupion (PP-PR)

- Pastor Eurico (PL-PE)

- Delegado Palumbo (MDB-SP)

- Zé Vitor (PL-MG)

- Lucas Redecker (PSDB-RS)

- Dr Fernando Maximo (União Brasil-RO)

- Thiago Flores (MDB-RO)

- Dr Luiz Ovando (PP-MS)

- Roberto Monteiro (PL-RJ)

- General Pazuello (PL-RJ)

- Luciano Galego (PL-MA)

- Afonso Hamm (PP-RS)

- Osmar Terra (MDB-RS)

- Covatti Filho (PP-RS)

- Pedro Westphalen (PP-RS)

- Geovania de Sá (PSDB-SC)

- Nelsinho Padovani (União Brasil-PR)

- André Ferreira (PL-PE)

- Gerlen Diniz (PP-AC)

- Ana Paula Leão (PP-MG)

- Dilceu Sperafico (PP-PR)

- Vermelho Maria (PL-PR)

- Franciane Bayer (Republicanos-RS)

- Joaquim Passarinho (PL-PA)

Procurado pelo Estadão, o Palácio do Planalto não se manifestou. O deputado Odair Cunha (PT-MG), líder da Federação PT/PV/PCdoB na Câmara, também não retornou. No X, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, classificou o pedido de impeachment como "piada" da oposição. "Melhor se cuidarem porque aqui golpistas não se criam mais, temos leis e instituições atentas", afirmou nesta segunda, 19.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.