Bolsonaro aproveita crise de Lula com Israel e se diz aliado de judeus e adversário do Hamas

Política
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta aproveitar a crise diplomática entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Israel para se colocar como aliado do país do Oriente Médio. Nesta terça-feira, 20, ele publicou um vídeo em suas redes sociais com a legenda "Brasil, Israel, nações irmãs".

Na montagem, feita com pedaços de uma reportagem televisiva, o repórter narra momentos da viagem de Bolsonaro a Israel em abril de 2019. As imagens mostram o então presidente ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em que os dois visitam o Muro das Lamentações, local sagrado do judaísmo e situado em Jerusalém Oriental, no setor palestino anexado por Israel.

A ocasião foi a primeira em que o líder de Israel levou um chefe de Estado para o local. O vídeo relembra que o grupo terrorista Hamas, na época, emitiu uma nota de repúdio a visita de Bolsonaro ao local, pedindo que o Brasil apoiasse o fim da ocupação israelense nos territórios palestinos. Em seguida, na montagem publicada pelo ex-presidente, o repórter diz: "Mas Bolsonaro já havia deixado claro de que lado está".

"O que eu quero é que seja respeitada a autonomia de Israel, obviamente. Se eu fosse hoje, abrir negociações com Israel, botaria nossa embaixada onde? Seria em Jerusalém, tá certo?", disse o presidente na entrevista concedida na época. Ele acrescentou não querer ofender ninguém, mas solicitou "que respeitem 'a nossa' autonomia".

O Muro das Lamentações, localizado na parte oriental de Jerusalém, é reivindicado pelos palestinos e cercado de simbolismo. Barack Obama e Donald Trump, presidentes norte-americanos que já estiveram no local, visitaram o muro de maneira privada, por exemplo, para evitar confusão. Na época, Bolsonaro precisava do apoio da bancada evangélica para avançar sua agenda no Congresso. Portanto, a visita foi vista como estratégica nesse sentido.

Após a viagem, Bolsonaro se reuniu com o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben, que pediu para o Brasil "ficar longe" do conflito histórico com Israel. Enquanto presidente, ele também foi criticado por setores representativos da comunidade judaica, pela considerada crescente associação entre os símbolos do judaísmo e as alas mais conservadoras dos evangélicos.

A relação próxima entre Bolsonaro e Israel, porém, vem de antes de seu mandato presidencial. Em 2016, ele foi batizado no Rio Jordão, em Jerusalém, pelo evangélico Pastor Everaldo, passando de católico para evangélico. Uma das promessas de campanha de Bolsonaro, em 2018, foi de transferir a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém, que esbarrou na resistência de países islâmicos e nunca saiu do papel.

Declaração de Lula provoca crise diplomática

A declaração de Lula ocorreu em entrevista em Adis Abeba, capital da Etiópia, no domingo, 18. "O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus", disse Lula.

Ele também criticou Israel ao afirmar que Tel-Aviv não obedece a nenhuma decisão da ONU e disse que defende a criação de um Estado palestino. Segundo o presidente, o conflito "não é uma guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças". "Não é uma guerra, é um genocídio."

Além de repercutir internacionalmente, provocando críticas do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a fala foi repudiada por entidades judaicas no Brasil, como a Confederação Israelita do Brasil (Conib), e está movimentando um pedido de impeachment, que, nesta terça-feira, conta com a assinatura de 114 parlamentares. O requerimento ainda não foi protocolado na Câmara.

Para assistir ao vídeo, basta clicar aqui.

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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs nesta terça-feira, 4, um plano de 800 bilhões de euros, nomeado "REARM Europe", para fortalecer as defesas das nações da União Europeia (UE), visando diminuir o impacto de um possível "desengajamento" dos Estados Unidos e fornecer à Ucrânia força militar para negociar com a Rússia, após a pausa da ajuda americana aos ucranianos.

O pacote ainda será apresentado aos 27 líderes da união. Na quinta-feira, 6, os representantes europeus realizarão uma reunião de emergência em Bruxelas para tratar sobre o assunto. "Não preciso descrever a grave natureza das ameaças que enfrentamos", disse von der Leyen. Fonte: Associated Press.

O Ministério das Relações Exteriores, em nota divulgada nesta segunda-feira (3), lamentou a suspensão da entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza por Israel. "O governo brasileiro deplora a decisão israelense de suspender a entrada de ajuda humanitária em Gaza, que exacerba a precária situação humanitária e fragiliza o cessar-fogo em vigor", diz o texto do Itamaraty.

Israel interrompeu a entrada de todos os bens e suprimentos na Faixa de Gaza no domingo (2) e advertiu sobre "consequências adicionais" caso o Hamas não aceite uma nova proposta para estender o cessar-fogo.

O Itamaraty diz que o Brasil pede a "imediata reversão da medida", recordando que "Israel tem obrigação - conforme reconhecido pela Corte Internacional de Justiça em suas medidas provisórias de 2024 - de garantir a prestação de serviços básicos essenciais e assistência humanitária à população de Gaza, sem impedimentos". A nota afirma ainda que a obstrução deliberada e o uso político da ajuda humanitária constituem grave violação do direito internacional humanitário.

O governo brasileiro defende que as partes promovam o estrito cumprimento dos termos do acordo de cessar-fogo e o engajamento nas negociações "a fim de garantir cessação permanente das hostilidades, retirada das forças israelenses de Gaza, libertação de todos os reféns e estabelecimento de mecanismos robustos para ingresso de assistência humanitária desimpedida, previsível e na necessária escala."

A discussão entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodimir Zelenski, na última sexta-feira (28) na Casa Branca levou as relações entre os dois países a um conflito. Ele também causou sério dano a uma aliança no coração da ordem estabelecida depois da Segunda Guerra Mundial: a Otan, a Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Trump adotou uma posição que muitos aliados europeus viam como se ele estivesse do lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao ignorar as preocupações de segurança de um país amigo que precisa de ajuda do Ocidente. Ele disse que o presidente ucraniano estava perdendo a guerra e "não tinha cartas".

A Otan é baseada na ideia de que os EUA podem usar seu poderio militar, incluindo o arsenal de armas nucleares, para defender qualquer aliado que for atacado. Esta premissa fundamental agora está sendo questionada.

"Eu estou preocupado que estamos nos últimos dias da Otan", disse o almirante aposentado James Stavridis, ex-comandante aliado supremo da Otan. Ele destacou que a aliança "pode não entrar prestes a entrar em colapso, mas eu posso certamente ouvir o ranger mais alto do que em outros tempos em minha longa carreira militar."

No último domingo, 2, Trump publicou uma mensagem na sua plataforma Truth Social: "Devemos dedicar menos tempo nos preocupando com Putin e mais tempo nos preocupando sobre as gangues de imigrantes que cometem estupros, traficantes, assassinos e pessoas que vieram de instituições (de saúde) mental entrando em nosso país - Para que não acabemos como a Europa." A Casa Branca não fez comentários sobre a política do governo dos EUA sobre a Otan.

A força do apoio de Trump à Otan, que foi criticada no passado, continua incerta. Na Casa Branca na última sexta-feira, ele disse "estamos comprometidos com a Otan" e elogiou um país membro, a Polônia, que faz muitos gastos com defesa.

No sábado, dia 1º, Elon Musk, um assessor de Trump que lidera o departamento de eficiência do governo, endossou uma mensagem na plataforma X que defendia a retirada dos EUA da Otan e das Nações Unidas.

Líderes europeus, que confiam na Otan para a segurança de seus países, têm evitado falar publicamente sobre as ameaças à aliança, mas alguns começam a comentar planos alternativos. "Queremos preservar a parceria transatlântica e a nossa força conjunta", comentou no sábado a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock. "Mas ontem vimos uma vez mais que os europeus não devem ser ingênuos", disse, referindo-se aos eventos ocorridos na Casa Branca na sexta-feira: "Temos que assumir a responsabilidade pelos nossos próprios interesses, nossos próprios valores e nossa própria segurança, pelo bem do nosso povo na Europa."