Quem foi alvo de cada fase da Operação Lesa Pátria, que mira envolvidos nos ataques do 8/1

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A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira, 29, a 25ª fase da Operação Lesa Pátria, que investiga incentivadores, executores e financiadores dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, no 8 de Janeiro. A primeira fase da operação foi realizada 12 dias depois dos atos antidemocráticos em 2023. Até o momento, a polícia já empreendeu, em cada etapa, mandados de busca e apreensão e de prisão contra empresários, parlamentares, policiais e membros das Forças Armadas.

A Lesa Pátria apura supostos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime e destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

Nas 25 fases, a PF vasculhou 347 endereços e realizou 100 prisões preventivas. No último dia 8, quando o ataque aos prédios públicos completou um ano, a corporação divulgou que apreendeu bens estimados em R$ 11.692.820,29.

Nesta nova etapa, a PF prendeu três investigados de financiar o acampamento bolsonarista que se formou na frente do Quartel-General do Exército, em Brasília, após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. Entre os alvos estão dois sócios de uma rede de supermercados. Relembre todas as fases da operação.

1ª fase - Primeiros bolsonaristas presos após ataques

A primeira fase da Lesa Pátria foi deflagrada por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no dia 20 de janeiro do ano passado, duas semanas após os ataques golpistas. Naquela ocasião, oito pessoas suspeitas de participar, financiar ou incentivar o 8 de Janeiro foram presas preventivamente.

Entre os alvos que foram presos, estavam "Ramiro dos Caminhoneiros", Randolfo Antonio Dias, Renan Silva Sena e Soraia Baccio.

2ª fase - Homem que quebrou relógio de Dom João VI

Três dias depois da realização da primeira etapa, em 23 de janeiro de 2023, a PF prendeu Antônio Cláudio Alves Ferreira, extremista que destruiu o raríssimo relógio de pêndulo de Dom João VI. O vândalo foi encontrado pelos policiais em Uberlândia (MG).

3ª fase - Fátima de Tubarão e sobrinho de Bolsonaro

No dia 27 de janeiro, os investigadores prenderam 11 golpistas. Uma delas foi Maria de Fátima Mendonça, mais conhecida como "Fátima de Tubarão", de 67 anos, que viralizou ao dizer em um vídeo que ia "pegar o Xandão", em referência a Alexandre de Moraes.

Outros presos foram José Fernando Honorato de Azevedo, Claudio Mazzia, Valfrido Chieppe Dias, Eduardo Antunes Barcelos e Marcelo Eberle Motta. A etapa da operação também realizou buscas e apreensões nos endereços de Leonardo Rodrigues de Jesus, sobrinho de Bolsonaro que é conhecido como Léo Índio.

4ª fase - Primeiro policial preso

A quarta fase da operação foi deflagrada no dia 3 de fevereiro do ano passado e realizou três prisões. Um dos alvos foi o empresário Márcio Furacão, que participou da invasão do Palácio do Planalto e se filmou durante todo o trajeto. A etapa também prendeu o sargento da Polícia Militar de Rondônia William Ferreira da Silva, conhecido como "Homem do Tempo", que se tornou o primeiro policial a ser detido na Lesa Pátria. William fez vídeos subindo a rampa do Congresso Nacional e dentro do STF.

5ª fase - Cúpula da Polícia do DF na mira das investigações

No dia 7 de fevereiro, a quinta fase da operação focou em integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Quatro oficiais da corporação foram presos por suspeita de conivência com os invasores. Os detidos foram o capitão Josiel Pereira César, o major Flávio Silvestre de Alencar, o tenente Rafael Pereira Martins e o coronel Jorge Eduardo Naime Barreto.

Naime era o chefe do Departamento Operacional da corporação, setor responsável pelo planejamento da operação de segurança para o 8 de Janeiro. Em agosto do ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou que ele teria transportado R$ 1 milhão em espécie de São Paulo para Brasília, com indícios de lavagem de dinheiro e "escolta" da PMDF no trajeto.

6ª fase - Vereador e ex-candidato a prefeito presos

Uma semana após a realização da quinta fase, uma nova etapa da Lesa Pátria prendeu oito radicais. Também foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em Goiás, Minas Gerais, Paraná, Sergipe e São Paulo. Um dos presos foi o vereador de Inhumas (GO) José Ruy (Agir) e o professor Antônio Clésio Ferreira, que disputou a prefeitura de Ouro Preto (MG) pelo partido Democracia Cristã.

7ª fase - Bolsonaristas que se filmaram durante o 8 de Janeiro

A sétima fase da Lesa Pátria foi deflagrada em 7 de março do ano passado e prendeu três bolsonaristas que se filmaram durante a invasão dos prédios públicos. Os alvos foram Edmar Miguel, o "Miguel da Laranja", Kennedy de Oliveira Alves e Aline Cristina Monteiro Roque.

8ª fase - Mulher que pichou 'perdeu mané' na estátua do STF e homem que furtou bola autografada por Neymar

A oitava fase foi a maior de toda a Lesa Pátria até hoje. Ela foi realizada no dia 17 de março e prendeu 32 alvos. Uma delas foi Débora Rodrigues dos Santos, mulher que foi flagrada pichando "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF.

Outro capturado foi Nelson Ribeiro Fonseca Junior, que furtou uma bola autografada pelo jogador Neymar Júnior que ficava exposta no Congresso. O item foi recuperado três semanas após a invasão golpista, em Sorocaba (SP).

9ª fase - Major da PM do PF que ensinou 'táticas de guerrilha' a bolsonaristas

A nona fase mirou, no dia 23 de março, o major da PMDF Claudio Mendes dos Santos. Santos era suspeito de incitar os atos golpistas do 8 de Janeiro e administrar recursos que financiaram ações antidemocráticas. A PF também aponta que ele ensinava táticas de guerrilha para os participantes do acampamento do QG do Exército.

10ª fase - Operação chega às Forças Armadas

A décima fase da operação foi deflagrada no dia 18 de abril e prendeu 16 alvos. Entre os detidos, estava o tenente-coronel da reserva da Aeronáutica Euro Brasílico Vieira de Magalhães, que se tornou o primeiro integrante das Forças Armadas a entrar na mira da Lesa Pátria.

Euro Brasílico fez publicações de apoio aos atos antidemocráticos nas redes sociais, chamando o vandalismo de "manifestações pacíficas infestadas de infiltrados". Horas antes de ser preso pela PF, ele criticou o STF pelos julgamentos que estavam sendo feitos com os presos pelos atos golpistas e também as Forças Armadas por não terem apoiado uma intervenção militar.

Outros presos foram a professora Claudebir Beatriz da Silva Campos, suplente do PL na Assembleia Legislativa do Pará, e o empresário Leandro Muniz Ribeiro, que se candidatou a uma vaga na Assembleia Legislativa de Goiás pelo Democracia Cristã nas eleições de 2022.

11ª fase - Empresários, fazendeiros e CAC's

No dia 11 de maio, a 11ª fase da operação cumpriu 22 buscas e apreensões nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. Os alvos foram empresários, fazendeiros e pessoas com registro de colecionadores, atiradores e caçadores (CACs).

Entre os alvos, estavam o empresário Adoilto Fernandes Coronel, de Maracaju (MS), que já havia sido apontado como financiador dos protestos golpistas pela Advocacia-Geral da União (AGU), e o produtor rural Geraldo Cesar Killer, de Bauru (SP).

12ª fase - Major da PMDF que teria se omitido no 8 de Janeiro

O major da PMDF Flávio Silvestre de Alencar foi preso em 23 de maio na 12ª fase da Lesa Pátria. Alencar é suspeito de ter orientado a dissolução da barreira montada no topo da rampa de acesso que faz a ligação entre o Congresso e o Supremo. O obstáculo era o que estava impedindo o acesso dos extremistas à Praça dos Três Poderes no dia dos ataques. Após o bloqueio ser desfeito, os golpistas conseguiram marchar rumo ao STF, onde destruíram o plenário da Corte.

13ª fase - Radialista que admitiu ter financiado ataques golpistas em entrevista

No dia 27 de junho, a PF vasculhou os endereços do empresário e radialista Milton de Oliveira Júnior, que admitiu em uma entrevista para uma rádio de Itapetininga (SP), em abril do ano passado, que havia doado recursos para que "patriotas" pudessem ir para Brasília antes dos atos golpistas.

"Eu ajudei patriotas a irem para Brasília fazer protestos contra um governo ilegítimo. Eu não tenho medo da Justiça. Eu contribuí. Mando os recibos do Pix. Está lá, com o número do CPF", disse.

Apesar de ser alvo da operação, Milton divulgou para seguidores nas suas redes sociais o ato convocado por Bolsonaro na Avenida Paulista, que reuniu milhares de pessoas no último domingo, 25. O radialista estava entre os apoiadores presentes na manifestação.

14ª fase - A prisão dos integrantes da 'Festa da Selma'

No dia 17 de agosto, a PF prendeu dez pessoas suspeitas de incitar os atos golpistas a partir do codinome "Festa da Selma", usado para se referir à invasão dos prédios públicos.

Entre os alvos presos estavam os influenciadores Isac Ferreira e Rodrigo Lima, pastor Dirlei Paz, que nas redes sociais se identifica como "servo do senhor" e "patriota", e a cantora gospel Fernanda Oliver.

Ôliver ficou conhecida como a "musa" dos atos golpistas e por ter composto uma música que se tornou o "hino" dos bolsonaristas acampados em Brasília. Em novembro, ela foi solta por ordem de Moraes.

15ª fase - Deputado estadual de Goiás é alvo de busca e apreensão

No final de agosto, o deputado estadual de Goiás Amauri Ribeiro (União) foi alvo de busca e apreensão na 15ª fase da operação. Dois meses antes, ele havia dito que, no plenário da sede do Legislativo goiano, que "deveria estar preso" por ter ajudado, com dinheiro, comida e água, os radicais que estavam nos acampamentos em frente aos quartéis do Exército. Ribeiro também confessou ter acampado com os manifestantes e afirmou que "faria tudo de novo".

16ª fase - Socialite e suplente de deputado se tornam alvos

Mais suspeitos de financiar os atos golpistas de 8 de Janeiro foram alvos da PF na 16ª fase da Lesa Pátria, deflagrada no dia 5 de setembro. Os investigadores fizeram buscas em 53 endereços. Alvos de destaque foram Rodrigo Borini, filho do ex-prefeito de Birigui (SP) Wilson Borini, Rodrigo de Souza Lins, deputado estadual suplente do Mato Grosso do Sul pelo PRTB, e uma socialite de São Paulo chamada Marici Bernardes.

17ª fase - Homem que se filmou sentado na cadeira de Alexandre de Moraes

No dia 27 de setembro, a PF prendeu outros três bolsonaristas que invadiram os prédios públicos. Os alvos foram Aildo Francisco Lima, Basília Batista e a advogada Margarida Marinalva de Jesus Brito. Durante a depredação do STF, Aildo se filmou sentado na cadeira do ministro Alexandre de Moraes.

18ª fase - General do Exército tem endereço vasculhado e bens bloqueados

Dois dias depois, os investigadores realizaram busca e apreensão na casa do general da reserva do Exército Ridauto Lúcio Fernandes. Ridauto foi diretor de Logística do Ministério da Saúde durante o governo Bolsonaro e a PF suspeita que ele tenha sido um dos idealizadores da ofensiva antidemocrática.

19ª fase - Léo Índio tem endereço vasculhado novamente

Alvo da terceira fase da operação, Léo Índio voltou a ter o seu endereço vasculhado na 19ª etapa, deflagrada no dia 25 de outubro. Além do sobrinho de Bolsonaro, a PF fez busca e apreensão nas residências de outras 12 pessoas e prendeu preventivamente cinco. Os presos foram José Carlos da Silva, Walter Parreira, César Guimarães, Fabrízio Colombo e Luiz Antônio Vilarde.

20ª fase - Homem que incentivou ataques ao Planalto no 8 de Janeiro

Em 21 de novembro, a PF prendeu dois golpistas que se filmaram durante os atos antidemocráticos. Os alvos foram a advogada Edith Christina Medeiros Freire e um influenciador digital que não teve o nome divulgado pela corporação. Ele teria gravado vídeos durante a invasão do Palácio do Planalto, incentivando outros a "participarem do ataque às instituições".

21ª fase - Homem que incentivou atos golpistas nas redes sociais

Uma semana depois da 20ª fase, a PF prendeu em Goiás um homem, que não teve a identidade revelada pela corporação, por incentivar os atos golpistas nas redes sociais. Além dele, outras seis pessoas foram alvos de busca e apreensão da PF.

22ª fase - Três moradores de Uberaba são presos por financiar vandalismo

No dia 30 de novembro, a PF prendeu na 22ª fase três moradores de Uberaba (MG). Também foram realizados 25 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais e Santa Catarina. Os alvos, segundo a corporação, são supostos financiadores do 8 de Janeiro.

23ª fase - Preso um ano depois do 8 de Janeiro deixou digital no Congresso

A 23ª fase foi deflagrada simbolicamente no último dia 8 de janeiro, quando se completou um ano dos atos golpistas nos Três Poderes. Foram realizados 46 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva.

Um dos presos foi Wagner Freire Ferreira Filho que, segundo a PF, pagou R$ 24 mil para contratar um ônibus que transportou golpistas e teve uma impressão digital encontrada em um vidro do Congresso.

24ª fase - Líder da Oposição na Câmara dos Deputados vira alvo

No último dia 18 de janeiro, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) se tornou o primeiro parlamentar do Congresso Nacional a ser alvo da Lesa Pátria. Ele, que é líder da oposição na Câmara, teve o endereço vasculhado em Niterói (RJ).

O mandato de busca contra Jordy foi motivado por mensagens interceptadas pela PF que mostram o parlamentar conversando com uma liderança de extrema direita, responsável por organizar bloqueios de estradas no interior fluminense após as eleições de 2022.

25ª fase - Sócios de rede de supermercados que teriam financiado os ataques

Entre os três alvos da 25ª fase, deflagrada nesta quinta, estão Joveci Xavier de Andrade e Adalto Lúcio Mesquita, sócios da rede de supermercados Melhor Atacadista. Os dois são suspeitos de terem financiado o acampamento golpista em Brasília.

A PF também vasculhou 24 endereços em sete Estados e no Distrito Federal em busca de provas sobre a ligação dos alvos com a intentona golpista. Também foram cumpridas sete ordens de monitoramento eletrônico.

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A líder do partido de ultra direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou em segundo lugar na preferência dos alemães, com aproximadamente 20% dos votos, Alice Weidel, discursou após as pesquisas de boca de urna.

Weidel criticou o acordo de firewall que impede os partidos de centro de se aliarem com legendas de extrema-direita. Ela apontou que espera que as próximas eleições aconteceram mais cedo que o esperado e a AFD deve vencer a CDU. "Nas próximas eleições vamos derrotar a CDU. O governo do CDU não deve durar muito", disse em discurso transmitido pela CNN.

Boca de Urna

As pesquisas de boca de urna apontam que o chanceler alemão Olaf Scholz perdeu a eleição com seu partido, o SPD, ficando em terceiro com 16% dos votos. A aliança conservadora União Democrata Cristã (CDU)/União Social Cristã (CSU) foi a vencedora, rondando os 30% na sondagem. Desta forma, Friedrich Merz deverá assumir o cargo de chanceler.

O resultado da boca de urna segue a tendência das últimas pesquisas, com um avanço do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, que chegou em segundo lugar com aproximadamente 20% dos votos. A sigla é marginalizada pelo acordo de firewall, em que os partidos de centro decidiram não se aliar com as legendas de extrema-direita por conta da ascensão do nazismo após a Primeira Guerra Mundial.

O AFD fez sua campanha apostando principalmente em propostas contra imigração e foi apoiado pelo bilionário Elon Musk. Mais cedo o empresário fez publicações no X apoiando a sigla.

Com as urnas fechadas, a contagem de votos já se iniciou.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse neste domingo, 23, que está disposto a renunciar ao cargo se isso significar paz na Ucrânia. Seu comentário veio dias depois de o presidente americano, Donald Trump, questionar sua legitimidade e o chamar de "ditador sem eleições", ecoando um argumento do Kremlin.

Ao mesmo tempo, Zelenski continuou a se opor à insistência de Trump para que ele assinasse um acordo sobre minerais que a Ucrânia diz ser desfavorável. E anunciou uma reunião na segunda-feira, 24, com mais de 30 países, pessoalmente ou online, como uma espécie de coalizão de apoio ao esforço de guerra da Ucrânia.

Não ficou imediatamente claro se Zelenski havia considerado seriamente a opção de renunciar ou se estava apenas respondendo aos últimos ataques de Washington e Moscou.

Ele acrescentou que poderia trocar sua saída pela entrada da Ucrânia na OTAN - um cenário altamente improvável, dada a oposição de Trump à entrada da Ucrânia na aliança militar.

"Se isso trouxer paz à Ucrânia e se precisarem que eu renuncie, estou pronto", disse Zelenski em uma coletiva de imprensa no domingo, na véspera do terceiro aniversário da guerra. "Em segundo lugar, posso trocar isso pela OTAN".

Por enquanto, disse Zelenski, a Ucrânia e os Estados Unidos permanecem presos em negociações sobre um acordo para trocar os minerais e outros recursos naturais da Ucrânia por ajuda americana. O líder ucraniano disse que ainda não estava pronto para assinar a última proposta dos Estados Unidos, que exigiria que a Ucrânia pagasse aos Estados Unidos US$ 500 bilhões usando as receitas de seus recursos naturais.

"Não estou assinando algo que será pago por dez gerações de ucranianos", disse, observando que as negociações continuariam.

As conversas já haviam se estendido até a noite de sábado, 22, de acordo com duas autoridades ucranianas informadas sobre as negociações, e coincidiram com um grande ataque de drones russos às cidades ucranianas durante a noite. A Força Aérea Ucraniana disse que a Rússia havia lançado 267 drones, o que considerou um recorde desde o início da guerra, há três anos. Essa afirmação não pôde ser confirmada de forma independente.

O zumbido de drones de ataque sobrevoando edifícios ecoou durante a noite no centro de Kiev, a capital, seguido pelo som de metralhadoras pesadas tentando abatê-los. A Ucrânia disse que a maioria dos drones foi abatida ou desativada por interferência eletrônica, mas que os destroços dos drones destruídos danificaram casas e provocaram incêndios em partes da capital.

Na noite de sábado, o presidente Trump aumentou a pressão sobre a Ucrânia para assinar o acordo, que está sendo negociado há mais de 10 dias. Várias minutas de acordos já foram rejeitadas pelo lado ucraniano porque não continham garantias específicas de segurança dos EUA que protegeriam Kiev contra novas agressões russas.

"Acho que estamos bem perto de um acordo, e é melhor que estejamos perto de um acordo", disse Trump à Conferência de Ação Política Conservadora na noite de sábado, observando que ele queria uma retribuição pela assistência militar e financeira americana anterior ao país devastado pela guerra. Ele também disse: "Estamos pedindo terras raras e petróleo - tudo o que pudermos conseguir".

A frustração com as negociações prolongadas alimentou uma disputa crescente entre Zelenski e Trump. O líder ucraniano disse que Trump estava vivendo em uma "teia de desinformação".

Na sexta-feira, 22, os Estados Unidos propuseram um novo esboço de acordo, obtido pelo jornal New York Times, que ainda carecia de garantias de segurança para a Ucrânia e incluía termos financeiros ainda mais rígidos. As duas autoridades ucranianas, que falaram sob condição de anonimato para discutir as negociações, disseram que a Ucrânia enviou de volta as emendas na noite de sábado.

A nova minuta do acordo reiterou a exigência dos EUA de que a Ucrânia abrisse mão de metade de suas receitas provenientes da extração de recursos naturais, incluindo minerais, gás e petróleo, bem como os ganhos provenientes de portos e outras infraestruturas.

De acordo com o acordo proposto, essas receitas seriam direcionadas a um fundo no qual os Estados Unidos teriam 100% de participação financeira, e a Ucrânia deveria contribuir para o fundo até que ele atingisse US$ 500 bilhões. Essa soma é mais de quatro vezes maior do que o valor da ajuda dos EUA comprometida com a Ucrânia até o momento e mais de duas vezes o valor da produção econômica da Ucrânia em 2021, antes da guerra.

"É astronômico para nós, e não entendo por que impor tal ônus" a uma economia que já está sofrendo com a guerra, disse Victoria Voytsitska, ex-legisladora ucraniana e especialista em energia. "Parece que as próximas duas gerações terão que pagar reparações de acordo com esse esquema."

O acordo não compromete os Estados Unidos com garantias de segurança para a Ucrânia ou promete mais apoio militar para Kiev. A palavra "segurança" foi até mesmo excluída de uma formulação contida em uma versão anterior do acordo, datada de 14 de fevereiro e analisada pelo The Times, que afirmava que ambos os países tinham como objetivo alcançar "paz e segurança duradouras na Ucrânia".

Em vez disso, o acordo diz que uma parte das receitas coletadas pelo fundo será reinvestida na reconstrução da Ucrânia. Ele também afirma que os Estados Unidos pretendem fornecer apoio financeiro de longo prazo para o desenvolvimento econômico da Ucrânia, embora nenhum valor seja especificado.

Esse possível compromisso está alinhado com o argumento da Casa Branca de que a mera presença de interesses econômicos americanos na Ucrânia impedirá futuras agressões russas.

"Essa parceria econômica estabeleceria as bases para uma paz duradoura, enviando um sinal claro ao povo americano, ao povo da Ucrânia e ao governo da Rússia sobre a importância da futura soberania e do sucesso da Ucrânia para os EUA", escreveu Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, em um artigo de opinião no sábado, 22, para o The Financial Times.

Estados Unidos e Rússia estão acertando os detalhes para a realização de uma reunião presencial entre Donald Trump e Vladimir Putin, segundo disse o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, neste sábado, 22. As tratativas para o encontro marcam uma clara diferente da abordagem de Trump em relação ao seu antecessor, o ex-presidente Joe Biden, que optou por isolar Moscou após a invasão da Ucrânia.

"A questão é começar a avançar no sentido da normalização das relações entre os nossos países, encontrando formas de resolver as situações mais agudas e potencialmente muito, muito perigosas, das quais existem muitas, entre elas a Ucrânia", disse ele. De acordo com Ryabkov, os esforços para a organização da reunião estão em uma fase inicial e que sua realização exigirá "trabalho preparatório mais intensivo".

Representantes dos dois países se encontraram na terça-feira, 18, em Riad (Arábia Saudita), e concordaram em iniciar uma negociação para acabar com a guerra na Ucrânia e melhorar os laços diplomáticos e econômicos entre EUA e Rússia. Funcionários da administração Trump destacam que Kiev teria que desistir de seus planos de entrar na Otan e aceitar que não vai conseguir tomar 20% do seu território que foi ocupado pela Rússia.

Após a reunião na Arábia Saudita, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou à Associated Press (AP) que os dois lados concordaram amplamente em concluir três objetivos: aumentar o número de funcionários nas suas respectivas embaixadas; criar uma equipe de alto nível para apoiar as negociações de paz na Ucrânia; e explorar relações mais estreitas e cooperação econômica.

Ele sublinhou, no entanto, que as negociações, que contaram com a presença do seu homólogo russo, Sergei Lavrov, e de outros altos funcionários russos e americanos, marcaram o início de uma conversa e que é necessário fazer mais. Lavrov, por sua vez, saudou a reunião como "muito útil".

Nenhuma autoridade ucraniana esteve presente na reunião, que ocorreu em momento em que Kiev está perdendo terreno para as tropas russas. O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse que seu país não aceitaria qualquer resultado das negociações, uma vez que Kiev não participou.

Ucrânia

Na quarta-feira, 19, Trump culpou falsamente a Ucrânia por iniciar a guerra que custou dezenas de milhares de vidas ucranianas, causando indignação e alarme em um país que passou quase três anos lutando contra um Exército russo muito maior. O presidente americano também chamou Zelenski de "um ditador sem eleições" e afirmou que ele não tinha apoio entre os eleitores ucranianos.

Zelenski reagiu e afirmou que Trump estava reproduzindo uma campanha de desinformação russa. Na sexta-feira, 21, Trump pareceu retroceder em seus comentários anteriores que culpavam falsamente Kiev por iniciar a guerra, mas insistiu que Zelenski e o ex-presidente dos EUA Joe Biden deveriam ter feito mais para chegar a um acordo com Putin. "A Rússia atacou, mas não eles não deveriam ter deixado", disse ele durante uma entrevista a emissora americana Fox News. Mais tarde, no Salão Oval, Trump afirmou aos repórteres que a guerra "não afeta muito os Estados Unidos. Está do outro lado do oceano. Afeta a Europa". (COM INFORMAÇÕES DA AP)