Deputado bolsonarista vira réu por violência política de gênero e injúria racial

Política
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A Justiça Eleitoral aceitou a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) e o deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES) se tornou réu por violência política de gênero e injúria racial por ofensas proferidas contra a deputada estadual Camila Valadão (PSOL-ES). O caso ocorreu em dezembro de 2021, quando os dois eram vereadores da capital capixaba.

Em plenário da Câmara Municipal de Vitória, Gilvan chamou a então colega de plenário de "assassina de crianças" e "satanista", além de mandar que ela calasse a boca. Segundo a denúncia, o ataque ocorreu porque Camila defendeu professores da rede pública municipal, também presentes, que estavam sendo atacados pelo atual deputado, que os insultou de "canalhas" e "covardes". O parlamentar ainda disse que os servidores deveriam ser demitidos por serem "comunistas marxistas" que passam "dever de casa LGBT" aos alunos.

De acordo com a denúncia do MP-ES, o deputado menosprezou a condição de mulher de Camila "com a finalidade de impedir ou de dificultar o desempenho de seu mandato eletivo". O texto ainda reforça que a atual deputada estadual foi injuriada e teve sua dignidade e decoro ofendidos por causa da utilização de "elementos diferenciados, pejorativos, referentes à religião" por parte de Gilvan. Para o órgão, o deputado foi além das diferenças políticas e ideológicas e cometeu crime contra a deputada.

Também em 2021, no Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o parlamentar criticou a roupa que Camila estava usando por não considerá-la formal e disse que "quem quer respeito, se dá o respeito". A vereadora retrucou, dizendo que já tinha usado a vestimenta em outras sessões sem ser criticada e achou "curioso" o comportamento dele no Dia da Mulher.

Sobre a decisão da Justiça, a deputada disse que recebeu a notícia na terça-feira, 5, "com emoção". Em suas redes sociais, Camila afirmou que foi agredida durante dois anos no exercício de suas funções parlamentares na Câmara Municipal por Gilvan. "Fui interrompida, desqualificada, insultada, chamada de 'covarde', 'canalha', 'maquiavélica', entre outros", disse.

A deputada ainda afirmou que nunca se calou diante dessas violências pois sabe que os objetivos são criar um ambiente hostil e intimidador para excluir e silenciar as mulheres, "até desestimular a nossa participação política".

De acordo com a Câmara dos Deputados, a violência política de gênero pode ser caracterizada "como todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. As mulheres podem sofrer violência quando concorrem, já eleitas e durante o mandato".

Gilvan da Federal é réu pela segunda vez

Em 2022, Gilvan da Federal se tornou réu na Justiça por uma denúncia de transfobia recebida pela 10ª Vara Criminal de Vitória. O caso ocorreu após um embate em plenário entre o deputado e a ativista transexual Deborah Sabará.

Na sessão em que ocorreu, o então vereador disse que Deborah, uma mulher transgênero, não era mulher. "Pode ser outra coisa, mas não é mulher. Deus fez o homem e a mulher, o resto é jacaré" disse o parlamentar. Para o Tribunal de Justiça do Espírito Santo, Gilvan proferiu "discurso de ódio e falas preconceituosas", mas a defesa do deputado alegou que ele não havia cometido transfobia.

O Estadão tentou contato com o deputado Gilvan da Federal, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse neste sábado, 3, que o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs enviar tropas americanas ao México para ajudar seu governo a combater o tráfico de drogas, mas que ela rejeitou o plano.

As declarações de Sheinbaum foram feitas a apoiadores no leste do México, em resposta a uma reportagem do Wall Street Journal publicada na sexta, 2, descrevendo uma tensa ligação telefônica no mês passado na qual Trump teria pressionado ela a aceitar um papel maior para o exército dos EUA no combate aos cartéis de drogas no México.

"Ele disse, 'Como podemos ajudá-la a combater o tráfico de drogas? Eu proponho que o exército dos Estados Unidos venha e ajude você'. E você sabe o que eu disse a ele? 'Não, presidente Trump'", relatou a presidente do México. Ela acrescentou: "A soberania não está à venda. A soberania é amada e defendida".

"Podemos trabalhar juntos, mas vocês no território de vocês e nós no nosso", disse Sheinbaum. Com uma explosão de aplausos, ela acrescentou: "Nunca aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território".

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Sheinbaum. A postura firme de Sheinbaum neste sábado sinaliza que a pressão dos EUA por intervenção militar unilateral colocaria ela e Trump em atritos, após meses de cooperação em imigração e comércio. Fonte: Associated Press.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse estar pronto para um cessar-fogo com a Rússia a partir deste sábado, 3, caso o país rival aceite uma trégua de, pelo menos, 30 dias. "Esse é um prazo razoável para preparar os próximos passos. A Rússia precisa parar a guerra - cessar seus ataques e bombardeios", escreveu Zelenski em seu perfil da rede social X.

Na mesma publicação, o mandatário ucraniano disse estar se preparando para importantes reuniões e negociações de política externa. "A questão fundamental é se nossos parceiros conseguirão influenciar a Rússia a aderir a um cessar-fogo total - um silêncio duradouro que nos permitiria buscar uma saída para esta guerra. No momento, ninguém vê tal prontidão por parte da Rússia. Pelo contrário, sua retórica interna é cada vez mais mobilizadora", completou, pedindo sanções à energia e aos bancos russos para pressionar o país a parar os ataques.

Mais cedo neste sábado, 3, Zelenski negou a proposta de uma trégua de 72 horas proposta pela Rússia em virtude das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. Os ucranianos também se negaram a garantir a segurança das autoridades que forem a território russo para as celebrações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 para participar do evento. A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, já está em solo russo.

Na preparação para a eleição parlamentar nacional, o governo interino de Portugal anunciou que planeja expulsar cerca de 18 mil estrangeiros que vivem no país sem autorização.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse, neste sábado, 3, que o governo de centro-direita emitirá aproximadamente 18 mil notificações para que as pessoas que estão no país de maneira ilegal saiam.

O ministro afirmou que, na próxima semana, as autoridades começarão a emitir os pedidos para que cerca de 4,5 mil estrangeiros nesta situação saiam voluntariamente dentro de 20 dias.

A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.

Portugal realizará uma eleição geral antecipada em 18 de maio. O primeiro-ministro, Luis Montenegro, convocou a votação antecipada em março, depois que seu governo minoritário, liderado pelo Partido Social Democrata, conservador, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou.

Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.