O que está em jogo na disputa de Republicanos e PL por Tarcísio; veja raio x dos partidos

Política
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Nas últimas semanas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta convencer o governador de São Paulo e aliado, Tarcísio de Freitas, a deixar o Republicanos e embarcar nas fileiras do Partido Liberal (PL). Apesar da "pressão" pela mudança, como relatou o presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), Tarcísio afirmou em mais de uma ocasião que, "por ora", não tem planos de aceitar o convite.

O que está em jogo com a possível mudança, além da proximidade entre o governador e seu padrinho político, é uma insatisfação de Tarcísio com a direção da sua sigla. Além disso, com Bolsonaro inelegível até 2030 e Tarcísio sendo um dos principais cotados para herdar seu espólio em 2026, a migração proporcionaria acesso a uma maior fatia do Fundo Eleitoral, concorrendo à reeleição do Executivo estadual ou à Presidência da República.

Nesta quarta-feira, 13, Tarcísio afirmou que não vai se desfiliar do Republicanos. "Estou no Republicanos, estou bem. Estamos planejando o futuro e não tem nenhum movimento de mudança", disse o governador após reunião com líderes partidários na Câmara. Antes, ele já havia dito que os pedidos de Bolsonaro "tocam lá no fundo do coração", mas que não há movimento a ser feito no momento.

Como mostrou o Estadão, os motivos da possível migração de legenda contemplam fatores para além da aliança de Tarcísio com o ex-presidente. A proximidade do presidente do Republicanos com o governo de Lula vem provocando insatisfação no governador. O dirigente partidário quer o apoio do Palácio do Planalto para se eleger à presidência da Câmara. A Casa escolherá um deputado para suceder a Arthur Lira (PP-AL) em menos de um ano.

Fundo Eleitoral

De olho em 2026, a mudança para o PL favoreceria Tarcísio no acesso ao Fundo Eleitoral para a campanha. Aprovado pelo Congresso em dezembro do ano passado, o montante é de R$ 4,9 bilhões. A sigla do ex-presidente, que elegeu 99 deputados em 2022, é a que tem maior fatia do valor nas próximas eleições.

De acordo com uma projeção feita por cientistas políticos da Fundação 1º de Maio, o PL receberá, neste ano, R$ 863 milhões para financiar as campanhas eleitorais, enquanto o Republicanos, R$ 331 milhões, menos da metade, proporção que tende a se repetir nas eleições gerais em 2026.

Participação no Congresso e nos governos federal e estaduais

Na Câmara, a bancada do PL tem 96 deputados, a maior da Casa. Já o Republicanos, tem 25 membros. No Senado, o partido do ex-presidente tem 12 cadeiras, enquanto a sigla atual de Tarcísio tem quatro parlamentares.

O PL está na oposição ao governo Lula e não tem nenhum ministério. O Republicanos tem Silvio Costa Filho no comando do Ministério dos Portos e Aeroportos, em uma tentativa de Lula, em 2023, de se aproximar do Centrão e tentar garantir governabilidade. Apesar do gesto do petista, o Republicanos declarou na ocasião que se manteria independente até o final do governo.

Na última eleição, o Republicanos elegeu dois governadores - Tarcísio de Freitas, em São Paulo, e Wanderlei Barbosa, no Tocantins -, tornando-se o partido que governa o maior número de eleitores nos Estados, 35,2 milhões, somando as duas unidades da federação. Para as eleições municipais deste ano, a sigla pretende expandir o número de prefeitos de 215 para 300 e o de vereadores de 2,5 mil para 3 mil.

O PL também tem dois governadores, Cláudio Castro, no Rio de Janeiro, e Jorginho Melo, em Santa Catarina, com quase 18,5 milhões de eleitores somados.

Número de filiados e criação das siglas

A sigla do ex-presidente tem um número maior de filiados, 807.247, enquanto o Republicanos tem 503.891 filiações. A diferença vem de antes da chegada de Jair Bolsonaro ao PL, em 2022. Naquele ano, a sigla presidida por Valdemar Costa Neto acumulava 771.520 membros, ante pouco mais de 478 mil do Republicanos.

Outra distinção entre as legendas é o tempo de existência de cada uma. Enquanto o Republicanos foi fundado em 2005, com o nome de Partido Municipalista Renovador (PMR), o PL foi fruto da dissidência do então deputado federal Álvaro Valle do Partido da Frente Liberal (PFL), em 1985.

Em 2006, o PL incorporou o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (Prona), sigla de extrema direita cujo principal expoente foi Enéas Carneiro. Com a fusão, houve a mudança de nome para Partido da República (PR). Em 2019, o partido mudou de nome novamente e retornou à denominação original.

Ligação religiosa

Os dois partidos têm como fundamento de seus programas valores cristãos e a família como alicerce da sociedade. O Republicanos tem relação com a Igreja Universal, do bispo Edir Macedo. Marcos Pereira, além de presidente nacional do partido, é bispo licenciado da Universal. A cúpula do partido, porém, nega que a igreja tenha qualquer influência nas decisões do Republicanos. "A Igreja não interfere no partido e o partido não serve à igreja", afirmou Pereira em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, em setembro de 2023.

Até fevereiro deste ano, o partido esteve no comando da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso, que conta com 288 integrantes, com liderança do deputado Silas Câmara (AM). O PL ocupa a maior quantidade de cadeiras na frente, com 84 parlamentares. O Republicanos tem 34.N

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A Suprema Corte de Wisconsin suspendeu, nesta terça-feira, 29, a juíza de Milwaukee, que chegou a ser detida pelo FBI, acusada de obstruir os esforços para a prisão de um imigrante mexicano.

A Corte proibiu Hannah Dugan de exercer suas funções e poderes judiciais temporariamente. Nenhum dos integrantes da Suprema Corte do Estado - onde os progressistas têm maioria de 4 a 3 - manifestou discordância.

A decisão não assinada de duas páginas afirma que o tribunal agiu "para manter a confiança do público no Judiciário do Estado". A ordem permanecerá em vigor até que a Corte se pronuncie novamente.

Em nota, a defesa de Hannah Dugan disse estar decepcionada com a suspensão unilateral. "Continuamos a afirmar a inocência da juíza Dugan e aguardamos sua absolvição em tribunal", disseram os advogados.

A juíza foi detida pelo FBI na sexta-feira e acusada pelo Departamento de Justiça de obstruir a operação para prisão de um imigrante venezuelano. Ela teria orientado Eduardo Flores Ruiz, que estava em sua sala de audiências, a sair pela porta lateral após saber que agentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos EUA (ICE) estavam no tribunal e buscavam prendê-lo.

O imigrante foi detido logo em seguida.

A acusação apresentada pelo Departamento de Justiça contra Hannah Dugan indica que os agentes do ICE não apresentaram mandado de prisão para Eduardo Flores Ruiz. Ela então recomendou que procurassem o chefe do tribunal e, nesse meio tempo, dispensou o imigrante procurado.

O diretor do FBI, Kash Patel, acusou Hannah de "intencionalmente desviar" agentes federais que chegaram ao tribunal para prender o imigrante. Ela foi liberada logo após a acusação do Departamento de Justiça e responde em liberdade.

O processo contra Hannah Dugan ocorre no momento em que o governo Donald Trump pressiona os promotores a investigar e, potencialmente, indiciar as autoridades que impeçam ações para reprimir a imigração.

A Casa Branca entrou em embate com juízes que bloquearam seus esforços e desafiou decisões contrárias aos planos de deportação. No discurso em que celebrou os 100 dias de governo, Donald Trump se voltou contra juízes, que chamou de "comunistas" e "radicais de esquerda".

"Os juízes estão tentando tirar o poder dado ao presidente para manter o nosso país seguro", disse Trump a apoiadores no Michigan nesta terça-feira (29). Com agências internacionais.

O presidente dos EUA, Donald Trump, marcou nesta terça-feira, 29, os primeiros 100 dias de seu governo com um comício em Warren, no Estado de Michigan. O roteiro do discurso incluiu os melhores hits da campanha: ataques a juízes e oponentes, defesa dos poderes presidenciais e dos cortes de funcionários federais, eliminando o que ele chama de "burocratas incompetentes e desnecessários do estado profundo", além de se colocar como vítima da esquerda radical.

Durante mais de duas horas, Trump retomou uma linguagem incendiária para atacar os juízes federais que bloquearam seus decretos, considerando-os ilegais ou inconstitucionais. Após chamá-los de "comunistas", ele reclamou que os magistrados "estão tentando tirar os poderes presidenciais".

Outra coisa que não faltou na noite de ontem foram as distorções e desinformações. Trump disse que o preço dos ovos havia caído 87% e os da gasolina estavam abaixo de US$ 2 por galão em três Estados. Nenhuma das afirmações é verdadeira. Segundo o New York Times, o preço médio dos ovos no atacado caiu cerca de 50% desde a posse, mas o preço dos ovos no varejo subiu de US$ 4,95, em janeiro, para US$ 6,23 em março. Em nenhum Estado americano o preço médio da gasolina por galão está abaixo de US$ 2, de acordo com a AAA, que monitora o setor.

Imigração

O presidente americano aproveitou também para pintar os migrantes como "monstros" e criminosos violentos, exibindo vídeos que mostravam com orgulho a repressão à imigração. "Assinei a Lei Laken Riley (que facilita a deportação de imigrantes sem julgamento). Nas últimas semanas, os agentes prenderam milhares de estupradores, assassinos, sequestradores, traficantes de drogas e ladrões", disse.

Trump destacou ainda o acordo com o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, que possibilitou o envio de imigrantes para uma prisão de segurança máxima em El Salvador. E exibiu o vídeo que mostra um suposto integrante de gangue sendo deportado para o país da América Central, sob gritos e aplausos da multidão de apoiadores. "O Partido Democrata radical está correndo em defesa de alguns dos selvagens mais violentos da face da Terra", disse.

Ele aproveitou o discurso para reforçar o apoio ao secretário da Defesa americano, Pete Hegseth, pressionado a deixar o cargo após divulgar planos militares em grupos no aplicativo de mensagem Signal. Um deles incluiu por engano o editor-chefe da revista The Atlantic. O outro tinha sua mulher, seu irmão e o advogado pessoal do chefe do Pentágono.

"Tenho confiança nele. As notícias falsas o perseguem, mas ele é durão. Eles não sabem o quanto ele é duro", disse Trump, que tem se recusado a demitir o ex-apresentador da Fox e atribuído o escândalo a delatores insatisfeitos com as mudanças no Pentágono.

Decretos

O jornal Washington Post publicou ontem reportagem afirmando que funcionários do Departamento de Justiça estão discutindo maneiras de remover acampamentos de moradores de rua e aumentar hospitalizações involuntárias de pessoas com doenças mentais.

Membros do alto escalão do Departamento de Justiça enviaram a funcionários do Escritório de Programas de Justiça um e-mail com oito perguntas sobre o tema. "O que o Departamento de Justiça pode fazer para transferir com mais eficiência os moradores de rua do espaço público para um lugar mais concentrado, para que a ordem possa ser restaurada e os recursos e serviços possam ser implantados de forma mais eficaz?", dizia uma das perguntas.

Trump tem criticado moradores de rua e doentes mentais que vivem em vias públicas. O governo começou a desmontar políticas que priorizam a colocação de pessoas em moradias antes de tentar encaminhá-las para serviços de saúde mental ou tratamentos de dependência química. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dois dos dissidentes cubanos soltos em liberdade condicional em janeiro, sob um benefício concedido a mais de 500 prisioneiros como um gesto ao papa Francisco, foram presos novamente nesta terça, 29. Um comunicado do Supremo Tribunal Popular anunciou que as liberdades de Félix Navarro Rodríguez, de 72 anos, e José Daniel Ferrer, de 54, um histórico líder opositor, foram revogadas sob a alegação de que ambos não cumpriram as condições impostas.

Eles estavam em liberdade condicional desde janeiro, como parte de um acordo entre Cuba e o Vaticano, após a decisão do então presidente dos EUA, Joe Biden, de retirar a ilha da lista de países patrocinadores do terrorismo. Ao retornar à Casa Branca, Donald Trump voltou a incluir Cuba na lista.

Ao reagir ontem à revogação da liberdade condicional de ambos, o Departamento de Estado dos EUA condenou o "tratamento brutal e a detenção injusta de patriotas cubanos". "Pedimos a libertação imediata das centenas de presos políticos e de consciência detidos injustamente", disse a porta-voz Tammy Bruce.

Navarro foi condenado a 9 anos de prisão, em 2021, por desordem pública, desacato e agressão, e foi libertado em 18 de janeiro. Segundo o tribunal da cidade de Perico, na Província de Matanzas - a 200 quilômetros da capital -, ele saiu do município sete vezes sem autorização do juiz.

No caso de Ferrer, sua fiança foi revogada por ele não comparecer ao tribunal em diversas datas em que foi intimado. Ferrer cumpria uma pena de 4 anos e 6 meses, determinada em 2020, por agressão a outra pessoa. A sentença inicialmente não envolvia confinamento prisional, mas um tribunal ordenou sua reintegração em 2021.

Em 16 de janeiro, ele foi libertado pelo tribunal municipal de Santiago de Cuba - a cerca de 800 quilômetros de Havana -, mas não compareceu perante o juiz, conforme as instruções, diz o comunicado.

Manifestações

Tanto Navarro quanto Ferrer têm uma longa história de oposição política. As tentativas da agência Associated Press de contatá-los não tiveram sucesso. O Conselho para a Transição Democrática, um grupo de várias organizações de oposição, afirmou que uma "operação violenta" ocorreu ontem na sede da União Patriótica de Cuba, liderada por Ferrer, que o dissidente foi preso com outras três pessoas. O conselho também confirmou a prisão de Navarro em sua casa na cidade de Perico.

No início de janeiro, o próprio presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, divulgou uma carta ao papa Francisco na qual relatou a libertação gradual de 553 cidadãos por razões humanitárias, como um gesto para o ano jubilar - um momento de reconciliação na tradição católica.

A maioria dos 200 presos políticos registrados pelas ONGs está ligada às manifestações de julho de 2021, quando milhares foram às ruas para protestar contra as más condições de vida e a escassez de suprimentos, algumas exigindo mudanças no governo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.