Lula alimenta polarização em reunião do ministério e vê gestão aquém do esperado

Política
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Em uma reunião ministerial realizada após pesquisas indicarem a queda da popularidade do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a alimentar a polarização com o seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente foi tema de boa parte do discurso do petista na abertura do primeiro encontro do ano com os 38 ministros. No plano administrativo, Lula admitiu mais uma vez que seu governo está aquém do que foi prometido.

 

O presidente disse que o último ano foi de "recuperação" e sabe que ainda falta muito a fazer naquilo com que se comprometeu durante a campanha eleitoral. A retomada, conforme o discurso do petista, foi o gancho para os ataques a Bolsonaro, a quem Lula classificou como "covardão". O petista afirmou que o País "correu sério risco de ter um golpe" após as eleições de 2022.

 

"Não teve golpe não só porque algumas pessoas que estavam no comando das próprias Forças Armadas não quiseram fazer, não aceitaram a ideia, mas também porque o (ex-) presidente é um covardão", afirmou Lula, destacando que Bolsonaro "preferiu fugir" para o exterior e, de lá, acompanhar o desenrolar dos fatos no País.

 

Em fevereiro e neste mês, a Polícia Federal ouviu investigados e testemunhas no inquérito que apura suspeita de tentativa de golpe de Estado. Na última sexta-feira, 15, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo e os depoimentos se tornaram públicos. As declarações do ex-chefe da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior e do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes à PF narram detalhes das reuniões em que o ex-presidente teria tentado arregimentar as Forças Armadas em uma tentativa de se manter no poder.

 

Para aliados de Bolsonaro, Lula ataca o adversário político para tentar reverter a queda de popularidade de sua gestão. "Qual a surpresa? É isso que podemos esperar de um governo que não tem o que mostrar", afirmou o segundo-vice-presidente da Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), no X (antigo Twitter). O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da bancada do agronegócio, que conta com 374 parlamentares no Congresso, respondeu à postagem de Sóstenes, dizendo que "esperar uma autocrítica do líder do PT é ilusão sem final feliz".

 

Outros aliados de Bolsonaro contestaram a fala de Lula, comparando a popularidade do ex-presidente com a do atual chefe do Executivo. "Engraçado que o 'covardão' sai nas ruas, enquanto o outro...", disse o presidente da Comissão de Educação da Câmara, Nikolas Ferreira (PL-MG).

 

Crises

 

A reunião ministerial durou cerca de quatro horas e foi convocada em meio a uma sequência de crises no governo. Em fevereiro, Lula comparou o ataque de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler e as declarações desencadearam um abalo internacional. Depois, disse estar "feliz" com a escolha da data para a eleição na Venezuela, marcada para 28 de julho - dia do aniversário de Hugo Chávez -, criticou a oposição e pediu "presunção de inocência" contra irregularidades cometidas por Nicolás Maduro.

 

Recentemente, a decisão do Executivo de suspender a distribuição de dividendos extraordinários, no valor de R$ 43 bilhões, aos acionistas da Petrobras, provocou uma perda de mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado para a empresa. Além disso, escancarou a disputa interna pelos rumos do terceiro mandato de Lula.

 

A pesquisa Quaest divulgada no dia 6 preocupou o Palácio do Planalto. O levantamento mostra que a avaliação negativa do governo subiu cinco pontos porcentuais (34%), encostando na positiva (35%). A desaprovação do presidente, por sua vez, passou de 43% em dezembro para 46% agora. Entre os evangélicos, o índice de reprovação chega a 62%. Já o porcentual dos que aprovam o trabalho de Lula caiu de 54% para 51%. Outras pesquisas também identificaram problemas e fizeram acender o sinal amarelo no Planalto.

 

Recado

 

Na reunião ministerial, Lula avisou aos integrantes do primeiro escalão que não quer que novos programas sejam anunciados pelo governo. Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o presidente cobrou foco na concretização do que já foi divulgado.

 

Lula já havia dado recado semelhante a ministros ao longo de 2023. De acordo com Costa, a ideia é evitar a "pulverização" dos programas e garantir que não haja ações demais para que todas sejam executadas e divulgadas a contento. Ele deu as declarações no Planalto ao lado do ministro Paulo Pimenta (Secom). Pimenta disse que a reunião de ontem foi de alinhamento do governo.

 

Reuniões ministeriais costumam ser convocadas para o presidente alinhar ministros em torno dos discursos e prioridades da gestão. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, precisou desmarcar a viagem que faria à Alemanha, ontem, para participar da reunião. No ano passado, Lula realizou quatro reuniões com os chefes das pastas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O governo do Reino Unido anunciou nesta quarta-feira, 12, a expulsão de um diplomata russo e de seu cônjuge, em represália à expulsão de dois funcionários da embaixada britânica em Moscou no início desta semana.

O Ministério das Relações Exteriores britânico convocou o embaixador russo no Reino Unido, Andrei Kelin, para comunicá-lo sobre as expulsões, após o que descreveu como uma "campanha crescente e coordenada de assédio contra diplomatas britânicos". Algo que, segundo Londres, visa forçar o fechamento da embaixada britânica em Moscou.

"Não toleraremos a campanha implacável e inaceitável de intimidação do Kremlin, nem suas tentativas repetidas de ameaçar a segurança do Reino Unido", afirmou o secretário de Relações Exteriores, David Lammy, na rede social X.

Ainda não foi informado um prazo para a saída dos diplomatas expulsos.

Na segunda-feira, 10, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) afirmou que os dois diplomatas britânicos expulsos haviam fornecido dados pessoais falsos ao solicitar permissão para entrar no país e estavam envolvidos em atividades de inteligência e subversão que ameaçavam a segurança da Rússia. Não foram apresentadas evidências que comprovassem tais alegações.

"O alcance das ações da Rússia só pode ser enfrentado com força", disse o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido. "Este incidente está encerrado, e exigimos que a Rússia faça o mesmo. Qualquer ação adicional por parte da Rússia será considerada uma escalada, e responderemos de acordo."

As expulsões de diplomatas - tanto de enviados ocidentais trabalhando na Rússia quanto de russos no Ocidente - tornaram-se cada vez mais frequentes desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 2022.

No entanto, as expulsões entre o Reino Unido e a Rússia são tensas há mais tempo. As relações entre os dois países pioraram drasticamente em março de 2018, quando o ex-agente de inteligência russo Sergei Skripal e sua filha foram envenenados na cidade inglesa de Salisbury, em uma tentativa de assassinato atribuída pelas autoridades britânicas à Moscou, uma acusação que o Kremlin descreveu como absurda.

Um diplomata dos Emirados Árabes, anteriormente identificado por Teerã como portador de uma carta do presidente dos EUA, Donald Trump, para reiniciar as negociações sobre o programa nuclear do Irã, reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores iraniano nesta quarta-feira.

Não está claro como o Irã reagirá à carta, que Trump revelou durante uma entrevista televisiva na semana passada. Seu destinatário, o líder supremo Ayatollah Ali Khamenei, disse que não está interessado em negociações com um "governo abusivo".

No entanto, o país árabe enfrenta problemas econômicos exacerbados pelas sanções sobre seu programa nuclear e Trump impôs mais sanções desde que assumiu o cargo em janeiro. Essa pressão, aliada à turbulência interna do país e aos recentes ataques diretos de Israel, coloca Teerã em uma das posições mais precárias que sua teocracia já enfrentou desde a Revolução Islâmica de 1979.

Após vencer as eleições parlamentares da Groenlândia da terça-feira, 11, o Partido Demokraatit, de centro-direita, rejeitou nesta quarta, 12, as recentes pressões feitas pelo presidente americano, Donald Trump, para assumir o controle da ilha, que é um território autônomo da Dinamarca. Favorável a uma independência gradual de Copenhague, a legenda declarou que a Groenlândia não está a venda.

"Não queremos ser americanos. Também não queremos ser dinamarqueses. Queremos ser groenlandeses. E queremos nossa própria independência no futuro. E queremos construir nosso próprio país por nós mesmos, não com a esperança dele", disse o líder do partido Jens-Friederik Nielsen, à Sky News.

Trump tem mencionado abertamente o seu desejo de anexar a Groenlândia. Durante uma sessão conjunta no Congresso no dia 4 de março, o presidente americano afirmou que acreditava que Washington iria conseguir a anexação "de uma forma ou de outra".

Independência

Uma ruptura com a Dinamarca não estava na cédula, mas estava na mente de todos. A Groenlândia foi colonizada há 300 anos pela Dinamarca, que ainda exerce controle sobre a política externa e de defesa do país.

A ilha de 56 mil pessoas, a maioria de origem indígena, está caminhando para a independência desde pelo menos 2009, e os 31 legisladores eleitos moldarão o futuro da ilha enquanto o território debate se chegou a hora de declarar independência.

Quatro dos cinco principais partidos na corrida defendem a independência, mas discordaram sobre quando e como.

A legenda Naleraq ficou em segundo nas eleições. O partido deseja um processo mais rápido de independência, enquanto o Demokraatit favorece um ritmo mais moderado de mudança.

Uma vitória surpreendente

O Demokraatit ganhou quase 30% dos votos, em comparação com apenas 9% na eleição de quatro anos atrás, segundo a Greenlandic Broadcasting Corporation, enquanto Naleraq ficou em segundo lugar com quase 25%, acima dos quase 12% em 2021.

A vitória surpreendente do Demokraatit sobre partidos que governaram o território por anos indicou que muitos na Groenlândia se importam tanto com políticas sociais, como saúde e educação, quanto com geopolítica.

Nielsen, de 33 anos, pareceu surpreso com os ganhos de seu partido, com fotos mostrando-o ostentando um sorriso enorme e aplaudindo na festa eleitoral.

A emissora dinamarquesa DR relatou que Nielsen disse que seu partido entraria em contato com todos os outros partidos para negociar o futuro curso político para a Groenlândia.

A primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen parabenizou o Demokraatit e afirmou que o governo dinamarquês aguardaria os resultados das negociações de coalizão.

União

O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Bourup Egede convocou a votação em fevereiro, dizendo que o país precisava se unir durante um "momento sério" diferente de tudo que a Groenlândia já vivenciou.

Depois que os resultados foram conhecidos, Egede agradeceu aos eleitores em uma postagem no Facebook por comparecerem e disse que os partidos estavam prontos para recorrer às negociações para formar um governo.

Seu partido, o Inuit Ataqatigiit, ou United Inuit, recebeu 21% dos votos. Este é um declínio significativo em relação à última eleição, quando a legenda teve 36% dos votos, de acordo com a KNR TV.

O Inuit Ataqatigiit era amplamente esperado para vencer, seguido pelo Siumut. Os dois partidos dominaram a política da Groenlândia nos últimos anos.

O Siumut ficou em quarto lugar com 14% dos votos. (COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS)