Saúde nomeia para diretoria ex-deputada que já foi presa por boca de urna

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Maria Aparecida Diogo Braga, conhecida como Cida Diogo, é a nova diretora do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde, unidade da pasta responsável pela administração dos seis hospitais federais do Rio de Janeiro. A nomeação foi assinada por Nísia Trindade, ministra da Saúde, em edição do Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira, 18.

Cida é ex-deputada federal pelo PT e, em 2010, quando disputava o cargo de deputada estadual no Rio, foi detida no dia da eleição sob a acusação de fazer boca de urna. A gestora já ocupava a superintendência do Ministério no Estado e acumulará as funções de Alexandre Telles, exonerado após denúncias do programa Fantástico, da TV Globo, sobre as condições de atendimento na rede hospitalar do Rio administrada pelo governo federal.

O Ministério da Saúde foi procurado pelo Estadão, mas não havia dado um retorno até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.

Como mostrou a Coluna do Estadão, a denúncia levou a uma reprimenda de Lula a Nísia durante a reunião ministerial de segunda-feira, 18. Mesmo com a "bronca", o presidente reforçou seu apoio à ministra e disse que a gestora tinha seu aval para "trocar quem tiver de trocar" na resolução da crise nos hospitais do Rio. Desde então, Nísia exonerou Telles e Helvécio Magalhães, secretário de Atenção Especializada à Saúde.

Cida, nova diretora de hospitais federais do Rio, é médica e tem um amplo histórico político no PT. Iniciou a carreira pública em 1993, como Secretária Municipal de Saúde em Volta Redonda, no sul fluminense, permanecendo na função até 1996. Deixou o cargo para ser vice-prefeita da cidade na chapa que foi eleita. Em 1999, conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde permaneceu até 2006.

Em 2004, concorreu ao comando da prefeitura de Volta Redonda, mas não se elegeu e, em 2007, foi eleita deputada federal. Naquele ano, bateu boca com o então deputado Clodovil Hernandes (PTC-SP). Cida rebateu uma declaração sexista de Clodovil e o parlamentar, em réplica, disse que a deputada era "feia".

Ao fim do mandato na Câmara, em 2010, Cida tentou um retorno à Alerj, mas não obteve votos suficientes. No dia da eleição, a candidata foi detida sob a acusação de fazer boca de urna, como é conhecida a prática de atos de campanha no dia do pleito, o que é proibido pela legislação eleitoral.

Cida foi detida em flagrante por volta do meio-dia em frente ao Colégio João XXIII, em Volta Redonda. O candidato Zoinho, que disputava o cargo de deputado federal pelo PR (hoje, PL), também foi detido, sob a mesma acusação. O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) contabilizou que, naquele ano, mais de 100 autuações por boca de urna ocorreram no território fluminense.

Pressão na Saúde

A crise nos hospitais federais é mais um desgaste da gestão de Nísia Trindade na Saúde. A ministra tem sido cobrada pelo aumento de mortes de indígenas yanomami, pela condução de políticas públicas durante a epidemia de dengue e pela falta de traquejo político.

Nísia está na mira do Centrão, de olho no orçamento robusto reservado para a pasta da Saúde. Em fevereiro, Nésio Fernandes foi exonerado do cargo de secretário de Atenção Primária pela ministra por pressão de deputados descontentes com a distribuição de verbas da pasta.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."