Cronologia do caso Marielle: do assassinato à prisão dos suspeitos de mandar matar a vereadora

Política
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Seis anos depois do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a investigação se aproxima de um desfecho, a partir da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão e do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Domingos Brazão, suspeitos de serem os mandantes, e do delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio e teria atuado para proteger os irmãos.

Nos mais de dois mil dias após assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes, os mandantes e as motivações do crime eram os principais questionamentos, em uma investigação marcada por outros assassinatos e obstrução de Justiça.

A prisão dos suspeitos ocorreu após as delações premiadas dos ex-policiais Ronnie Lessa, apontado como responsável pelo disparos que mataram Marielle, e Élcio Queiroz, suspeito de estar dirigindo o carro usado no crime. Veja a cronologia do caso até o momento.

Marielle Franco e Anderson Gomes são executados

Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados na noite do dia 14 de março de 2018. O crime ocorreu quando o carro onde estavam foi alvo de disparos de criminosos no cruzamento das Ruas Joaquim Palhares e João Paulo I, na região central do Rio. A assessora da parlamentar, Fernanda Chaves, que também estava no carro, sobreviveu.

As primeiras suspeitas

Em maio de 2018, uma testemunha procurou a polícia para dizer que um policial militar e um ex-policial militar teriam participado do assassinato. A testemunha contou que os policiais estavam em Chevrolet Cobalt prata, que foi utilizado pelos assassinos.

Carro usado no crime foi para desmanche

Lessa e Élcio estavam no Cobalt e tentaram ocultar as provas da execução. O destino do veículo foi um desmanche, que seria de propriedade do dono de ferro-velho Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha.

No final do mês passado, Orelha foi preso em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, após ser denunciado pelo Ministério Público por impedir e embaraçar as investigações do caso.

Suspeitas de obstrução de Justiça dentro da investigação

No início de novembro de 2018, o então ministro da Segurança Pública Raul Jungmann anunciou que a PF passaria a investigar a existência de um grupo criminoso que estava articulado para atrapalhar e impedir as investigações do assassinato de Marielle. O ministro solicitou a instauração de inquérito policial para apurar o envolvimento de agentes públicos, milicianos e contraventores que estariam atuando em conjunto.

General diz que milicianos mataram Marielle por terras

Em dezembro de 2018, o general Richard Nunes, que atuava na equipe que liderou a intervenção federal do Rio, afirmou em uma entrevista ao repórter Marcelo Godoy, do Estadão, que Marielle havia sido morta porque porque milicianos acreditaram que ela podia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras na zona oeste do Rio. O militar também disse que o crime estava sendo planejado desde 2017.

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são presos

Em março de 2019, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos pela Polícia Civil do Rio. O delegado Giniton Lages, que então estava à frente do caso, afirmou que os mandantes e as motivações do crime seriam elucidados em breve.

Neste domingo, 24, Giniton também foi alvo de busca e apreensão neste domingo, sendo acusado de obstrução da Justiça. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também ordenou que ele seja afastado das funções públicas.

Descoberta dos 117 fuzis

Também em março, a Polícia Civil do Rio apreendeu o maior arsenal de fuzis já encontrado no Estado até então. Foram localizadas 117 armas modelo M-16, desmontadas, que estavam na casa de Alexandre Motta Souza, que era amigo de Ronnie Lessa.

PF vê Domingos Brazão como 'autor intelectual' dos assassinatos

Em setembro de 2019, um relatório da PF apontou Chiquinho Brazão como o "autor intelectual" do duplo assassinato. Na ocasião, o conselheiro do TCE-RJ também foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por obstrução de Justiça.

Laudo falso de porteiro que incriminou Bolsonaro

Em outubro de 2019, foi veiculada uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, que mostrava que um dos porteiros do condomínio Vivendas da Barra, onde morava Ronnie Lessa, afirmou em depoimento que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também tem uma residência no condomínio, havia liberado a entrada de Elécio Queiroz no dia da execução.

Posteriomente, o porteiro voltou atrás e disse que havia se enganado ao falar que telefonou para o "seu Jair". Em novembro, o funcionário foi alvo de uma investigação que concluiu, em fevereiro de 2020, que outro funcionário havia interfonado para Lessa e não o que tentou incriminar Bolsonaro.

Provas atiradas em alto-mar

Em junho de 2020, uma força-tarefa formada pela Polícia Civil do Rio, pelo MPRJ e pela Corregedoria do Corpo de Bombeiros do Estado prendeu um bombeiro acusado de obstruir as investigações dos assassinatos. O cabo Maxwell Simões Correa, conhecido como Suel, teria jogado armas e outras provas em alto-mar assim que os suspeitos pelo crime foram presos. A mulher de Lessa, Elaine Lessa, também foi presa.

O ex-bombeiro foi preso na residência dele no dia 24 de julho de 2023, e transferido para a Penitenciária Federal de Brasília no dia seguinte, dia 25.

Morte de envolvidos no assassinato

Em novembro de 2021, o sargento reformado da PM Edmilson da Silva de Oliveira, mais conhecido como Macalé foi morto a tiros na Zona Oeste do Rio. Segundo a delação de Élcio Queiroz, Macalé foi o responsável por contratar Ronie Lessa para o crime, sendo o intermediador entre os mandantes e o executor do assassinato.

Macalé não foi o único envolvido que foi morto após o crime. Menos de um mês após a morte de Marielle, Lucas do Prado Nascimento da Silva, conhecido como Todynho, foi assassinado em uma emboscada na Avenida Brasil. Ele é apontado como responsável por alterar o documento do veículo utilizado por Lessa e Élcio Queiroz.

Dino diz que investigação sobre o caso Marielle será 'intensificada'

Em fevereiro de 2023, o então ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino afirmou que a PF ia "intensificar" o apoio à investigação sobre a execução de Marielle e Anderson Gomes. Assim que tomou posse na Justiça, Dino, que atualmente é ministro do STF, afirmou que desvendar o assassinato da vereadora era "questão de honra do Estado brasileiro".

Élcio Queiroz faz delação premiada com a PF

Em julho do ano passado, o ex-policial Élcio Queiroz confessou, em uma delação premiada, que dirigia o veículo usado na execução e que participou do planejamento do crime. Queiroz também citou que Domingos Brazão era o mandante do crime, o que fez com que o caso fosse remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Dino diz que caso Marielle está próximo de ser elucidado

Em dezembro, Dino afirmou em uma coletiva onde apresentou um balanço sobre as ações do Ministério da Justiça, que o caso seria "elucidado em breve". O ministro declarou que o inquérito estava em sua fase final e criticou as investigações anteriores que, segundo ele, haviam desaguado em "apurações paralelas".

Ronnie Lessa é condenado

No mês passado, a Justiça do Rio condenou Ronnie Lessa a seis anos e oito meses de prisão em regime semiaberto por contrabando de peças e acessórios de armas de fogo. A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) indicou que, entre os anos de 2017 e 2018, o ex-policial fez dez importações ilícitas de peças e acessórios bélicos que poderiam ser usados para a montagem de fuzis e armas de airsoft.

Delação de Ronnie Lessa é homologada

Na última terça, 19, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou que o STF homologou uma delação premiada concedida por Lessa. Na colaboração, o deputado federal Chiquinho Brazão foi citado como um dos mandantes do crime, o que motivou o deslocamento do caso do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Suspeitos de serem os mandantes são presos

Cinco dias após a homologação da delação de Lessa, a PF deflagrou a Operação Murder Inc., que prendeu os três suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora. A ação também cumpriu 12 mandatos de busca e apreensão na capital carioca expedidos pelo STF.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou que o aumento nos gastos com defesa é um compromisso que ele assumiu "há muito tempo" e que a decisão foi apenas antecipada, em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 25.

O premiê disse concordar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que é preciso "aprender com a Ucrânia e fazer mais pela defesa".

Na ocasião, Starmer ressaltou que o apoio dos britânicos aos ucranianos acontecerá "pelo tempo que for necessário", já que se trata também sobre a soberania e segurança da Europa e do Reino Unido.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira, 25, que, além da reforma da governança global, a presidência brasileira do Brics se concentrará em duas áreas principais: a Cooperação Global do Sul e a parceria do bloco para o desenvolvimento social, econômico e ambiental. A Saúde estará no centro dos debates durante a presidência rotativa brasileira, como já tinha antecipado o embaixador Mauricio Lyrio, sherpa do País no grupo.

Vieira fez a declaração durante pronunciamento em inglês a sherpas dos 11 membros do Brics, que se reúnem hoje e amanhã em Brasília, conforme áudio obtido pelo Estadão/Broadcast. Os sherpas são os negociadores dos membros do bloco. "Organizaremos nosso trabalho em torno de seis prioridades: Cooperação Global em Saúde, Comércio, Investimento e Finanças, Combate às Mudanças Climáticas, Governança de Inteligência Artificial, Reforma do Sistema Multilateral de Paz e Segurança e Desenvolvimento Institucional do Brics".

O embaixador salientou que a pandemia de covid-19 expôs graves desigualdades no acesso a vacinas, tratamentos e suprimentos médicos essenciais e ressaltou a necessidade urgente de uma arquitetura de saúde global mais coordenada, resiliente e inclusiva, que atenda a todas as nações, e não apenas a um campo privilegiado. "O status econômico não deve ditar o acesso à assistência médica. Não podemos aceitar uma hierarquia internacional de doenças e tratamentos. O Brics deve liderar esforços para enfrentar doenças tropicais socialmente determinadas e negligenciadas e outros desafios de saúde que afetam desproporcionalmente o Sul Global", argumentou.

Por isso, de acordo com o chanceler, o bloco precisa defender uma agenda de saúde global que priorize as necessidades das nações em desenvolvimento e fortaleça o Sistema Nacional de Saúde. "À medida que navegamos pelas transformações do século 21, a inteligência artificial apresenta imensas oportunidades e riscos profundos. A IA tem o potencial de transformar drasticamente setores, da saúde à educação", pontuou.

No entanto, segundo ele, sem uma governança adequada, essa modernidade também apresenta desafios éticos, econômicos e de segurança. "A governança global da IA deve ser inclusiva e democrática e contribuir para o desenvolvimento econômico. Ela não pode ser ditada por um punhado de atores enquanto o resto do mundo é forçado a se adaptar a regras as quais não tiveram papel em sua formação."

O Brics, continuou Vieira, deve defender uma abordagem multilateral que garanta que o desenvolvimento da inteligência artificial seja ético, transparente e alinhado com o interesse coletivo da humanidade. "Nossa colaboração deve se concentrar em promover a pesquisa em inteligência artificial, abordar o viés do algoritmo, proteger a privacidade dos dados, mitigar os riscos de segurança cibernética e gerenciar os impactos socioeconômicos da automação", citou.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, alertou nesta terça-feira, 25, que a Ordem Internacional construída após a Segunda Guerra Mundial se baseou em duas grandes promessas: um sistema de segurança coletiva centrado nas Nações Unidas e a visão de prosperidade por meio de um sistema de comércio multilateral baseado em regras. "Hoje, as limitações dessas promessas são cada vez mais evidentes", afirmou durante pronunciamento em inglês a sherpas dos 11 membros do Brics, que se reúnem hoje e amanhã em Brasília, conforme áudio obtido pelo Estadão/Broadcast. Os sherpas são os negociadores de cada um dos membros do bloco.

Em segurança, conforme o chanceler, vê-se atualmente uma série de problemas, como crise humanitária, conflitos armados, deslocamento forçado, alimentos e segurança e instabilidade política. "No centro da nossa discussão hoje e amanhã está o imperativo de redefinir a governança global de uma forma que reflita as realidades do século XXI", avisou. Ele acrescentou que a instituição mundial deve evoluir para acomodar perspectivas diversas, garantindo que as nações em desenvolvimento não sejam "participantes passivas, mas arquitetas ativas do futuro".

Sem citar os Estados Unidos em nenhum momento e nem o presidente Donald Trump, Vieira salientou que o Brics representa uma nova visão para a governança global, que prioriza a inclusão, a justiça e a cooperação em vez de hegemonia, injustiça, desigualdade e unilateralismo. "As necessidades humanitárias estão crescendo, mas a resposta internacional continua fragmentada e, às vezes, insuficiente. Se quisermos enfrentar esses desafios, devemos defender uma reforma abrangente da arquitetura de segurança global, que reflita as realidades contemporâneas e defenda nossa responsabilidade moral compartilhada de agir", pontuou.

Para o embaixador, o Brics deve defender uma abordagem multilateral para a resolução de conflitos, enfatizando a diplomacia, a mediação, a prevenção de conflitos e o desenvolvimento sustentável. "Também devemos pressionar por um sistema humanitário que não esteja sujeito a pressões políticas, que seja neutro e verdadeiramente universal, garantindo que a ajuda chegue àqueles que precisam."