PL lança nome em Campo Grande e pode separar palanques de Bolsonaro e Tereza Cristina

Política
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Um movimento do PL em Mato Grosso do Sul pode colocar em palanques opostos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a senadora Tereza Cristina (PP), ex-ministra da Agricultura de seu governo. Depois dos embates envolvendo São Paulo e Curitiba (PR), Campo Grande tem causado preocupação em parte dos aliados do ex-presidente porque o cenário posto atualmente levaria à divisão da direita bolsonarista na cidade com candidaturas próprias tanto do PL como do PP, abrindo brecha para nomes de outros campos políticos conquistarem a prefeitura.

A atual prefeita da capital sul-mato-grossense é Adriane Freitas (PP). Ela disputará a reeleição com o apoio de Tereza Cristina. No mês passado, Bolsonaro disse, em uma entrevista à CBN Recife, que estava "acertando" a eleição em Campo Grande com a senadora. Uma possibilidade seria o PL indicar o vice de Adriane, a exemplo do que fará com Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo.

Porém, o PL lançou como pré-candidato o ex-deputado estadual Rafael Tavares, que se filiou à sigla no último dia 12 de março em Brasília. Ele afirma que, na ocasião, recebeu o aval de Bolsonaro para concorrer à prefeitura, e que o ex-presidente levantou a possibilidade de comparecer ao lançamento da pré-campanha programado para o mês de abril. O Estadão confirmou a informação com um aliado próximo do ex-presidente, que disse que a articulação "procede" e está "bastante avançada".

Tereza Cristina diz que os partidos têm direito de lançar candidatos e que isso é natural. "Mas nós, do PP, continuamos abertos. O presidente Bolsonaro até falou recentemente por telefone com a prefeita Adriane. Vamos continuar conversando, pois a política é arte do diálogo", disse ela, por meio da assessoria de imprensa.

Rafael Tavares afirma que Tereza Cristina tem muita credibilidade com o ex-presidente, mas que a eleição municipal é o momento de cada partido buscar o seu espaço. Também disse ter recebido apoio de eleitores mais identificados com o bolsonarismo. Ele é um dos fundadores do movimento "Endireita MS".

"Foi falado para o presidente e ele também compactua desse sentimento de que o PL precisa lançar candidaturas próprias, principalmente nas capitais. Foi isso que ficou decidido", disse o pré-candidato, que não descarta a possibilidade de uma composição em um eventual segundo turno. Tavares teve o mandato de deputado estadual após a Justiça Eleitoral considerar que o PRTB, partido pelo qual foi eleito, não cumpriu a cota de gênero.

Os principais defensores da pré-candidatura de Rafael Tavares são o deputado federal Marcos Pollon - próximo de Eduardo Bolsonaro (PL), ele fundou o movimento ProArmas e é o presidente do partido no Estado -, e Aparecido Andrade Portela.

Mais conhecido como Tenente Portela, ele serviu ao Exército junto com Bolsonaro em Nioaque (MS) e é o primeiro suplente de Tereza Cristina no Senado. Em um sinal de distanciamento do PL com a atual administração municipal, Portela pediu exoneração do cargo de coordenador da Defesa Civil municipal para assumir a presidência do partido em Campo Grande. A decisão foi tomada após a reunião com o ex-presidente.

Bolsonaro venceu Lula por 62% a 35% em Campo Grande no segundo turno em 2022. Um grupo de aliados do ex-presidente entende que Tereza Cristina é a principal liderança política junto ao agronegócio no Mato Grosso do Sul e que uma candidatura do PL torna mais difícil reeleger a prefeita apoiada pela senadora na capital de um Estado que também tem como liderança a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), embora o apoio a Lula tenha aumentado a rejeição dela entre os sul-mato-grossenses.

A ministra não tem falado sobre eleições. A Executiva do MDB ainda não se reuniu para discutir a estratégia em Campo Grande, onde o ex-governador André Puccinelli é pré-candidato. Caso os emedebistas desistam de candidatura própria, a tendência é que o partido apoie o deputado federal Beto Pereira (PSDB), que tem o respaldo do governador Eduardo Riedel (PSDB). Marido de Tebet, Eduardo Rocha (MDB) é secretário estadual de Casa Civil na administração do tucano.

O PT lançou a deputada federal Camila Jara. A ex-vice-governadora, Rose Modesto (União Brasil), também é pré-candidata.

Tereza Cristina foi alvo de críticas de bolsonaristas nas redes sociais por não ter ido ao ato convocado por Bolsonaro na Avenida Paulista em 25 de fevereiro. Dois dias antes, ela havia informado que não compareceria por problemas de saúde. Durante a manifestação, disse que era um "verdadeiro congraçamento verde-amarelo" e comemorou que a demonstração ocorreu com normalidade e segurança.

"Já manifestei a minha integral solidariedade ao ex-presidente Bolsonaro, que permanece como liderança nacional, que sabe valorizar a paz. E que ele possa exercer seu direito de defesa - como pretendeu fazer hoje", escreveu ela na rede social X (antigo Twitter).

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A pressão sobre a Rússia deve aumentar na próxima semana, numa tentativa de forçar um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia, revelou o presidente da França, Emmanuel Macron, em entrevista à revista Paris Match. O dirigente detalhou temas discutidos na reunião improvisada que teve com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, no Vaticano, durante o funeral do papa Francisco.

"Nos próximos oito a dez dias, vamos aumentar a pressão sobre a Rússia", declarou Macron. "Parte da equação depende de Moscou. Precisamos estar unidos e dissuasivos", acrescentou. Ele ainda sinalizou que os próximos 15 dias, no geral, serão decisivos. "Precisamos implementar este cessar-fogo e manter a pressão."

O presidente francês destacou que o diálogo entre Trump e Zelensky, mediado por ele e por Starmer, foi crucial para "restabelecer a confiança" entre as partes. Macron contou ter pressionado Trump a adotar uma postura mais firme contra Vladimir Putin. "Disse a ele: 'É preciso ser muito mais firme com os russos'", revelou. Ele também enfatizou que os EUA devem ir a Kiev "o mais rápido possível" para ajudar a consolidar as bases de um cessar-fogo duradouro.

Sobre a mudança de atitude de Trump, Macron atribuiu a virada a uma maior disposição do americano para ouvir. "Ele ouviu. Expliquei que os ucranianos já haviam cedido em garantias de segurança, algo inédito até março. Era preciso valorizar isso", disse.

Quanto ao possível local das negociações, Macron evitou especular, mas reafirmou o papel central da França: "O importante é estarmos envolvidos. Somos vistos como aliados da Ucrânia, e devemos defender os interesses europeus."

A tensão entre China e Filipinas no Mar do Sul da China se intensificou após relatos de atividades de ambos os países em um pequeno afloramento conhecido como Sandy Cay.

A China afirmou que seis filipinos desembarcaram no local, que é reivindicado por ambas as nações. Isso ocorreu poucos dias depois da divulgação de fotos mostrando oficiais da guarda costeira chinesa exibindo uma bandeira chinesa no mesmo conjunto de bancos de areia.

Essa troca de ações em Sandy Cay representa o mais recente acirramento em uma longa disputa territorial entre os dois países no Mar do Sul da China, área que a China reivindica quase em sua totalidade. Em comunicado, a guarda costeira chinesa classificou o desembarque filipino no domingo, 27, como "ilegal" e informou que seus oficiais foram ao local para realizar "verificações e medidas de fiscalização", sem especificar quais foram essas medidas.

Em resposta, as Filipinas emitiram uma declaração detalhando o envio de uma equipe conjunta da guarda costeira, marinha e polícia marítima em botes infláveis. Essa equipe desembarcou nos três bancos de areia que formam Sandy Cay, conhecido como Recife Tiexian pelos chineses.

O comodoro Jay Tarriela, porta-voz da guarda costeira filipina, divulgou a declaração no X (antigo Twitter) acompanhada de um vídeo e fotos, incluindo uma que mostrava o pessoal filipino exibindo sua bandeira em um dos bancos de areia.

"Esta operação reflete a dedicação inabalável e o compromisso do governo filipino em defender a soberania do país, direitos soberanos e jurisdição no Mar Ocidental Filipino", diz a declaração.

A ação das Filipinas ocorreu três dias após o Global Times, um jornal estatal chinês, publicar imagens de oficiais da guarda costeira da China no Recife Tiexian em meados de abril, segurando uma bandeira chinesa e realizando a limpeza de garrafas plásticas e outros detritos.

Na sua declaração sobre o subsequente desembarque filipino, a guarda costeira chinesa reiterou que a China mantém "soberania incontestável" sobre as ilhas Spratly, que incluem o Recife Tiexian e as águas circundantes. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O líder do Partido Conservador, Pierre Poilievre, disse ao presidente dos EUA, Donald Trump, que não se meta nas eleições do Canadá. Em meio às ameaças quem vêm do outro lado da fronteira, a eleição desta segunda-feira, 28, virou uma espécie de referendo sobre Trump e Poilievre viu suas chances de se tornar primeiro-ministro despencarem, alvo de críticas pela proximidade com o americano.

Às vésperas da eleição, Donald Trump retomou as ameaças à soberania canadense, sugerindo que ele próprio estaria nas cédulas.

"Elejam o homem que tem a força e a sabedoria para reduzir seus impostos pela metade, aumentar seu poder militar, gratuitamente, para o nível mais alto do mundo, quadruplicar o tamanho de suas empresas de automóveis, aço, alumínio, madeira, energia e todas as outras empresas, sem tarifas ou impostos, se o Canadá se tornar o estimado 51º estado dos EUA", escreveu na sua rede, a Truth Social.

"Não haverá mais uma linha artificialmente traçada há muitos anos. Veja como essa massa de terra seria linda. Acesso livre, sem fronteiras. Todos os aspectos positivos sem nenhum negativo. Era para ser assim!", seguiu com a provocação, alegando de incorretamente que os EUA subsidiam o Canadá. "Isso não faz sentido, a menos que o Canadá seja um estado!"

Prejudicado pela animosidade dos EUA, o conservador Pierre Poilievre reagiu dizendo: "Presidente Trump, não se meta em nossas eleições. As únicas pessoas que decidirão o futuro do Canadá são os canadenses nas urnas. O Canadá sempre será orgulhoso, soberano e independente e NUNCA seremos o 51º estado".

Poilievre parecia destinado a se tornar o primeiro-ministro do Canadá. O Partido Conservador chegou a liderar as pesquisas com 25 pontos de vantagem, após a renúncia de Justin Trudeau, que viu a sua popularidade desabar com a alta nos preços de alimentos e moradias.

Mas a guerra comercial de Donald Trump e seus ataques à soberania canadense impulsionaram o nacionalismo e mudaram o curso das eleições no país vizinho.

"Somos canadenses, somos fortes. E costumávamos poder dizer o que queríamos... Mas agora, é como se esse cara estivesse tentando nos enfiar coisas goela abaixo e não podemos tolerar isso", disse a aposentada Kike Folami, 68 anos, expressando sua preocupação com os impactos que as políticas de Trump podem ter no Canadá.

Reviravolta

Os liberais, que corriam o risco de sofrer uma derrota humilhante após dez anos no poder agora lideram as pesquisas. De acordo com as projeções, o partido poderia conquistar quase 200 cadeiras no Parlamento, acima da maioria necessária (172) para consolidar Mark Carney como primeiro-ministro.

O economista, de 60 anos, nunca havia ocupado um cargo eletivo até assumir a liderança do Partido Liberal - e consequentemente o governo do Canadá - após a renúncia de Justin Trudeau.

Com experiência no comando dos bancos centrais do Canadá e do Reino Unido, Mark Carney buscou se posicionar ao longo da campanha como o candidato ideal para defender o país da guerra tarifária de Donald Trump.

O Canadá enfrenta uma crise de custo de vida há algum tempo. E, com mais de 75% das suas exportações destinadas aos EUA, o país já começou a sentir os efeitos das tarifas em alguns setores cruciais para a sua economia, como o automotivo e o siderúrgico.

"No nível comunitário, temos muitas famílias lutando para sobreviver, e isso está influenciando a forma como elas votam", disse a terapeuta ocupacional Amanda Johnson-Dunbar, de 40 anos. Ela afirmou ter votado no Partido Liberal e expressou preocupação com a soberania do Canadá diante das declarações do presidente Trump sobre uma possível anexação.

Em meio à reviravolta nas pesquisas, o republicano chegou a amenizar a intimidação ao Canadá, até a semana passada, quando voltou a falar em 51º Estado americano. Trump sugeriu que não está apenas provocando quando defende a anexação do país vizinho aos EUA.

Com as ameaças renovadas, Carney pediu aos eleitores um mandato forte para enfrentar Trump. "O presidente Trump tem algumas ideias obsessivas, e essa é uma delas", disse sobre a ameaça de anexação. "Não é uma piada. É um desejo muito forte dele tornar isso realidade. É por isso que esta crise é tão séria." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)