Bolsonaro alega 'agenda política' em embaixada

Política
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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, 27, que a estadia dele na Embaixada da Hungria, em Brasília, entre os dias 12 e 14 de fevereiro, após ter o passaporte recolhido no inquérito que apura suspeita de tentativa de golpe de Estado, foi uma "agenda política".

 

"(Bolsonaro) Sempre manteve interlocução próxima com as autoridades daquele país, tratando de assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador", disseram os advogados.

 

Os esclarecimentos foram enviados ao ministro Alexandre de Moraes, que havia dado 48 horas para o ex-presidente se explicar. Foi ele quem mandou Bolsonaro entregar o passaporte, no mês passado.

 

Os advogados alegaram que não havia motivo para o ex-presidente tentar uma fuga, pois, naquele momento, sua prisão preventiva era "improvável". A defesa argumentou que, se fosse mandar prender Bolsonaro, Moraes não teria mandado recolher seu passaporte.

 

"Dias antes da visita à embaixada, foi proferida decisão pelo ministro-relator impondo medidas cautelares consistentes na apreensão do passaporte e a proibição de se ausentar do País, o que já indicava que a decretação de medida mais severa, como a prisão preventiva, não estava iminente", diz trecho do documento.

 

Nas redes sociais, o advogado Fábio Wajngarten disse que a defesa queria despachar pessoalmente com o ministro, "a fim de elucidar por completo toda e qualquer especulação fantasiosa sobre o tema", mas enviou o documento pelo sistema de processo eletrônico porque o STF está de recesso.

 

A passagem de Bolsonaro pela Embaixada da Hungria - que durou dois dias - foi revelada pelo jornal americano The New York Times. A Polícia Federal decidiu investigar se o ex-presidente tentou articular alguma manobra diplomática para evitar ser preso no inquérito que apura uma tentativa de golpe. Os policiais federais querem saber, por exemplo, se a visita à embaixada tem relação com algum pedido de asilo político, o que a defesa nega.

 

Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliaram que Bolsonaro pode ser preso preventivamente na investigação se ficar comprovado que o ex-presidente tentou se antecipar a um eventual mandado de prisão, o que poderia configurar uma tentativa de impedir a aplicação da lei penal.

 

As embaixadas têm o status de território diplomático, o que significa que qualquer decisão judicial, inclusive vinda do Supremo, precisa de uma autorização do país que representam para ser cumprida nos limites do prédio.

 

Câmara

 

O Grupo Parlamentar Brasil-Hungria da Câmara criticou o governo Lula por convocar o embaixador húngaro, Miklós Halmai, para prestar esclarecimentos sobre a estadia de Bolsonaro na embaixada. Halmai foi ouvido nesta semana. Em nota, o presidente do grupo, o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), disse que a postura do Itamaraty infringe "os princípios de respeito à soberania e à autonomia diplomática".

 

"Atos que questionam a autonomia das representações diplomáticas estrangeiras em nosso país podem afetar negativamente as relações bilaterais", afirmou Gaspar.

 

Os grupos parlamentares são representações da Câmara destinadas a fortalecer laços diplomáticos entre congressistas brasileiros e determinada nação estrangeira. Atualmente, 68 grupos do gênero estão ativos na Casa. O Grupo Parlamentar Brasil-Hungria possui nove integrantes.

 

'Nada de mais'

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), minimizou ontem o episódio. Ele disse que não vê "nada de mais" no fato de o padrinho político ter passado duas noites na embaixada. (COLABORARAM JULIANO GALISI, MATHEUS DE SOUZA E PEDRO AUGUSTO FIGUEIREDO)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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As Forças de Defesa de Israel (IDF) e a Agência de Segurança Israelense (ISA) atingiram "dezenas de alvos terroristas" em toda a Faixa de Gaza, incluindo comandantes do Hamas, segundo informações divulgadas por Israel nesta quarta-feira, 19, via Telegram.

"Os ataques foram conduzidos para danificar as capacidades militares e governamentais das organizações terroristas e para remover ameaças ao Estado de Israel e seus cidadãos", menciona o comunicado.

De acordo com a mensagem, foram mortos o chefe do governo do Hamas, Essam Al-Da'alis, o chefe de segurança interna do grupo, Muhammad Al-Jamasi, o responsável por assuntos de interiores, Mahmoud Abu-Wutfa, o ministro da Justiça, Ahmed Alhata, o chefe das Forças de Segurança, Bahajat Abu-Sultan, e o responsável por assuntos de segurança, Yasser Mousa.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a ligação telefônica realizada na manhã desta quarta-feira, 19, com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky. "Concluí uma excelente ligação com Zelensky. A conversa durou cerca de uma hora", afirmou o republicano em seu perfil no Truth Social.

E destacou: "Grande parte da discussão foi baseada na ligação de ontem com o presidente Vladimir Putin, para alinhar as demandas e necessidades tanto da Rússia quanto da Ucrânia."

Trump acrescentou que está tudo "muito bem encaminhado" após a conversa com Zelensky.

O presidente norte-americano informou que "uma descrição precisa dos pontos discutidos" será compartilhada em breve pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e pelo conselheiro de Segurança Nacional, Michael Waltz.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) negaram nesta quarta-feira, 19, que Tel-Aviv tenha bombardeado um armazém da Organização das Nações Unidas (ONU) na Faixa de Gaza. O ministério da Saúde do enclave palestino, que é controlado pelo Hamas, acusou Israel de bombardear o local e alegou que um funcionário da ONU morreu em decorrência do bombardeio, que também teria deixado quatro feridos.

"Ao contrário dos relatos, as FDI não atacaram um complexo da ONU em Deir el Balah. O Exército pede que os meios de comunicação tenham cautela em relação a relatos não verificados", disse a Unidade de Porta-vozes das FDI em uma declaração. A ONU ainda não comentou o episódio.

Na noite de segunda-feira, 17, Israel voltou a bombardear a Faixa de Gaza após afirmar que o grupo terrorista Hamas não está disposto a seguir negociando a continuidade do cessar-fogo e a libertação de reféns. De acordo com o ministério da Saúde de Gaza, que não diferencia civis de terroristas, mais de 400 pessoas morreram por conta dos bombardeios.

'Apenas o começo'

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que o ataque foi "apenas o começo" e que Israel seguirá com a campanha militar.

O Hamas disse que pelo menos seis oficiais foram mortos nos ataques ao longo da terça-feira, 18. Entre os mortos estão o chefe do governo civil do Hamas, um funcionário do Ministério da Justiça e dois chefes de agências de segurança.

O Exército de Israel também ordenou o deslocamento da população que mora no leste de Gaza, indicando que Israel poderia iniciar novas incursões terrestres no território. O retorno aos bombardeios impulsionou Netanyahu politicamente, já que o partido de extrema direita liderado por Itamar Ben-Gvir retornou ao governo com a quebra da trégua.

Um alto funcionário do Hamas afirmou a Associated Press (AP) que o retorno de Israel a guerra equivale a uma "sentença de morte" para os reféns israelenses. 59 sequestrados permanecem no enclave palestino, sendo que o governo israelense acredita que apenas 24 estão vivos.

Por meio de relatos de reféns libertados, famílias de pelo menos 13 sequestrados receberam informações de que seus entes queridos estão vivos desde o inicio do cessar-fogo em janeiro. Alguns reféns apareceram em vídeos publicados pelo Hamas, como Evyatar David e Guy Gilboa-Dalal, que foram levados a "cerimônia" de libertação de outros sequestrados durante a primeira fase da trégua, em um sinal claro de tortura psicológica.

O grupo terrorista também publicou um vídeo de despedida dos irmãos argentinos Eitan e Yair Horn antes da libertação de Yair no dia 15 de fevereiro. O Estadão entrevistou o pai dos argentinos, Itzik Horn, para uma reportagem especial de um ano da guerra entre Israel e Hamas. (Com informações da Associated Press).