Lula sugere que 'candidato como ele' teria vencido em 2018 se tivesse no lugar de Haddad

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu nesta quinta-feira, 28, que o PT poderia ter vencido o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se um "candidato como ele" tivesse competido na eleição à Presidência em 2018 no lugar de Fernando Haddad, seu atual ministro da Fazenda.

Haddad é criticado por ala do partido pela condução da política econômica, inclusive em manifestações públicas, e já era visto com desconfiança no passado, pelo desempenho quando concorreu a prefeito da capital paulista.

"Sinceramente, não sei se aqui no Brasil a gente tivesse um Lula para indicar no meu lugar, e não um Haddad para indicar, se a gente teria ganhado", afirmou Lula em entrevista a jornalistas ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, que visita o País.

Quase seis anos atrás, Haddad teve 44,87% dos votos válidos ante 55,13% de Bolsonaro e foi derrotado no segundo turno. Foi o próprio Lula quem orientou o PT a escolher o atual ministro como candidato à Presidência da República em 2018. Ele era o plano B caso Lula, àquele momento condenado e preso na Operação Lava Jato, não pudesse ser o nome para a eleição presidencial.

Um grupo do partido se opôs ao nome dele, mas quando a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, anunciou no dia da convenção nacional do partido, em agosto de 2018, que ele comporia a chapa de Lula como vice e virtual substituto de Lula, Haddad foi aclamado e discursou em tom de agradecimento.

A decisão foi confirmada um mês depois, em 11 de setembro daquele ano. O aval de Lula para o nome de Haddad só ocorreu no último dia do prazo dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o partido definir o substituto do então ex-presidente na disputa.

Na ocasião, o TSE, com base na Lei da Ficha Limpa, barrou a candidatura de Lula por causa de sua condenação em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro - julgamento posteriormente anulado, em 2021.

Haddad era alvo de críticas internas por ter perdido a eleição para prefeito de São Paulo no primeiro turno, em 2016, mas ele foi empoderado por Lula como coordenador do programa de governo petista.

O atual ministro da Fazenda conseguiu receber, parcialmente, a transferência de voto do eleitor que desejava optar por Lula no pleito e ir ao segundo turno, mas Bolsonaro sagrou-se vencedor.

Uma revanche entre Bolsonaro e o PT ocorreu em 2022 - dessa vez, Lula pôde disputar a eleição e venceu com 50,83% dos votos válidos ante 49,17% do seu rival.

Haddad continua alvo de críticas do PT por trabalho no ministério da Fazenda

Gleisi, presidente nacional do PT, e Haddad trocaram farpas em 2023 em razão da condução da política econômica nacional. A divergência continua em 2024. No episódio mais recente, já em janeiro, Gleisi disse, ao jornal O Globo, que criticar as decisões do ministro da Fazenda é "um dever" e faz parte da tradição do partido.

A postura provocou críticas de um dos quadros mais importantes e principais analistas do PT, o ex-ministro José Dirceu. Ele disse que foi "quase uma covardia" não ter havido total apoio às propostas econômicas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

"Outro papel do partido é sustentar o governo, apoiar o governo. Quando o governo apresenta uma política, nosso papel é apoiar", afirmou. "No caso do Haddad, é quase uma covardia não dar apoio total a ele para aprovar todas as medidas que ele queria. Porque todas as medidas que ele queria, transforma o déficit zero num mal menor."

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."