Nísia diz ter 'boa relação' com Congresso apesar das críticas de parlamentares

Política
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Alvo de críticas no Congresso e com o posto cobiçado por parlamentares do chamado Centrão, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta segunda-feira, 8, que não tem qualquer problema de relacionamento com o Legistativo. Nas últimas semanas, congressistas de várias legendas vêm demonstrando descontentamento com a gestão dela, principalmente em relação à destinação de verbas para Estados e municípios. Os parlamentares reclamam da falta de transparência nos critérios usados pelo Ministério para definir para onde vai o dinheiro.

 

O Estadão mostrou que a liberação das verbas atendeu a pedidos de congressistas e do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e ignorou critérios técnicos do próprio ministério.

 

"Com relação ao Congresso, considero que tenho uma relação boa. Me reuni e recebo deputados, individualmente e em bancadas. Bancadas de Estados governados por partidos da base e de oposição. Senadores, igualmente. Então, vejo que não há nenhum problema na relação com o Congresso", disse Nísia Trindade em entrevista no Palácio do Planalto, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta (PT), e de secretários do Ministério da Saúde.

 

"O que houve são mudanças na dinâmica orçamentária. Não vejo nada disso personalizado em mim ou em nenhum parlamentar. No caso das emendas, a gente fez a execução de 98% delas (em 2023). Além disso, nós estabelecemos um diálogo com as lideranças, mostrando as ações que são prioritárias no PAC e chamando os parlamentares (a participar)", disse ela. Como mostrou o Estadão, a iniciativa mencionada pela ministra para atrair congressistas para o PAC fracassou: só 22 dos 6.365 foram escolhidos por deputados ou senadores, ou 0,3%.

 

Nísia alega que não houve descontrole na destinação de recursos para municípios por meio de uma portaria editada em maio do ano passado liberando os limites de transferência de recursos. Por conta dessa portaria, ao menos 651 municípios receberam mais que o teto de recursos de média e alta complexidade estabelecido pelo próprio Ministério da Saúde; e em 20 deles o limite foi ultrapassado em mais de 1.000%. Enquanto isso, outros com rede hospitalar e capacidade para usar os recursos ficaram sem nada.

 

Isso significa que municípios que sequer possuem hospitais receberam recursos para tratamentos de média e alta complexidade, que eles não têm capacidade de realizar. Segundo Nísia, porém, as regras foram aprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e o teto não era "cabível" em alguns casos.

 

"Não houve descontrole. Nós seguimos estritamente o que estava inclusive em apontamentos do Tribunal de Contas da União. Em alguns casos de destinação, o teto para média e alta complexidade, ou mesmo o teto para a atenção primária, ele não era algo cabível, em alguns casos", disse ela. "E todos esses critérios nós apresentamos com bastante transparência. Seja em relação à Portaria 544, seja em relação a tudo que eu falei de incremento de recursos que houve, da parte discricionária do nosso orçamento, a estados e municípios", acrescentou.

 

Para evitar desperdícios, o Ministério da Saúde estabelece um limite de quanto cada cidade pode receber, tanto para procedimentos da média e alta complexidade (Teto MAC), quanto na atenção básica. Ao alegar "emergência", o Ministério da Saúde dispensou o cumprimento do Teto MAC na destinação dos recursos da Portaria 544.

 

 

 

"Ela (Portaria 544) é fruto dessa destinação, desses recursos de R$ 3 bilhões (de recursos do orçamento secreto, proibido pelo STF em 2022). Mas (é) um grande volume de demandas não atendidas. Eu diria que a portaria nos mostrou algo que eu vi na prática no gabinete e busquei corrigir: a grande demanda represada, o grande subfinanciamento do SUS, a pressão sobre os municípios. Tanto é que a demanda foi da ordem de R$ 30 bilhões", disse a ministra. Ela se equivocou em relação ao montante: as demandas apresentadas passaram de R$ 100 bilhões.

Criada inicialmente para destinar pouco mais de R$ 3 bilhões, ao longo de 2023 a Portaria 544 foi recebendo mais recursos, como cerca de R$ 4 bilhões destinados à Saúde pelo Congresso por meio da Lei Complementar 201, em outubro. Ao fim, o montante disponibilizado por meio da Portaria chegou a pouco mais de R$ 8 bilhões.

Ela também negou que a priorização dos recursos tenha sido feita por indicação de congressistas, embora os encontros para tratar da liberação do dinheiro estejam na agenda oficial do ministério. Ao Estadão, congressistas falaram abertamente sobre o "apadrinhamento" do dinheiro.

"Quem tem esse controle, que faz o acompanhamento das indicações desses recursos todos (da Portaria 544), é a assessoria do presidente da Câmara (Arthur Lira, do PP de Alagoas). Esse levantamento (de Lira) é que, digamos, provocou esse início de indagação, do pedido de informação para o Ministério da Saúde (em fevereiro)", disse o líder do PDT, Afonso Motta (RS).

 

Na Secretaria de Relações Institucionais, quem toca o dia a dia da relação com o Ministério da Saúde é o médico pernambucano Mozart Sales, amigo de Padilha desde os tempos de movimento estudantil e hoje assessor especial do ministro. Do lado do Ministério da Saúde, a relação é com o secretário-executivo Swedenberger Barbosa, o Berge, quadro histórico do PT, ligado a Lula e ao ex-ministro José Dirceu.

Na entrevista, Nísia apresentou um novo programa do ministério, o Mais Acesso a Especialistas, que tem por objetivo reduzir o tempo de espera necessário para acessar serviços do SUS. A ministra também defendeu a manutenção do atual piso da saúde, isto é, o valor mínimo que o Orçamento precisa destinar à área todos os anos. Hoje, este piso está fixado em 15% da Receita Corrente Líquida (RCL). A RCL é a receita da União menos as transferências obrigatórias aos Estados e municípios. Há uma discussão em curso na equipe econômica sobre a possibilidade de diminuir este piso, tanto para a saúde quanto para a educação. Segundo Nísia, o assunto terá de ser discutido na Junta de Execução Orçamentária (JEO).

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Um apagão sem precedentes na Espanha e em Portugal tirou do ar aviões, parou trens e metrô e desligou semáforos. A imagem de milhões sem transporte na Europa foi uma das mais inusitadas decorrentes do corte de luz, mas seus efeitos foram além e impediram ações mais simples, como telefonar, usar internet e sacar dinheiro.

As autoridades não revelaram a causa da interrupção, embora uma autoridade portuguesa tenha dito que o problema parecia estar na rede de distribuição de eletricidade na Espanha. Na noite desta segunda-feira, 28, o primeiro-ministro português, Luis Montenegro, disse que a origem do apagão estava "provavelmente na Espanha".

O Centro Nacional de Inteligência (CNI) espanhol afirmou que o apagão pode ser resultado de um ataque cibernético. No entanto, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que não havia "informações conclusivas". As autoridades não disseram exatamente quantas pessoas foram atingidas, mas a estimativa era de dezenas de milhões de afetados.

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Internet

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Logo após o apagão, imagens da mídia espanhola mostraram cenas de confusão em Madri. Sem semáforos funcionando, veículos bloquearam as largas e arborizadas avenidas da cidade, e a polícia improvisou, fazendo o possível para manter o trânsito fluindo. No fim da tarde, passageiros abandonaram seus veículos e optaram por caminhar.

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Voos

Os aeroportos espanhóis operaram com sistemas elétricos de reserva e voos foram atrasados e cancelados, segundo a Aena, empresa que administra 56 aeroportos na Espanha, incluindo Madri e Barcelona.

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Em Lisboa, os terminais fecharam e muitos turistas sentaram-se do lado de fora esperando notícias sobre seus voos. Pessoas correram para os supermercados para se abastecer de água e produtos secos, mas encontraram muitas lojas fechadas. Mercearias menores tiveram dificuldade para reabastecer as prateleiras, que se esvaziavam rapidamente.

A falta de acesso à informação deixou muitos desamparados. "Não saber o que está acontecendo é a pior parte", disse Lucia Prisco, de 57 anos. Na loja em que ela trabalha, as garrafas de água se esgotaram.

Eduardo Prieto, chefe de operações da Red Eléctrica, disse a jornalistas que o evento foi inédito, chamando-o de "excepcional e extraordinário". É raro ocorrer uma interrupção de energia tão ampla na Península Ibérica. Os países têm uma população combinada de mais de 50 milhões. As redes elétricas na Europa são interconectadas, e uma sobrecarga ou problema em uma área pode se espalhar para outro país.

Segunda falha

O apagão é a segunda grave queda de energia na Europa em menos de seis semanas, depois que um incêndio em 20 de março fechou o Aeroporto de Heathrow, no Reino Unido, e ocorre enquanto autoridades em toda a Europa se preparam contra sabotagens possivelmente apoiadas pela Rússia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O fornecimento de energia foi quase totalmente restabelecido na Espanha na manhã desta terça-feira, 29, após o apagão que deixou milhões de pessoas às escuras desde o início da tarde da véspera. A Red Elétrica, que opera o sistema de energia espanhol, informou que 99% da demanda já havia sido restabelecida.

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O Partido Liberal, do primeiro-ministro Mark Carney, venceu as eleições no Canadá na segunda-feira, 28, e coroou uma reviravolta impulsionada pelas ameaças à soberania e à economia do país lançadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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