Eleição do MP de São Paulo tem início; cinco disputam Procuradoria-Geral de Justiça

Política
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O Ministério Público de São Paulo define no sábado, 13, a lista tríplice para procurador-geral de Justiça. O cargo foi ocupado nos últimos quatro anos pelo procurador Mário Luiz Sarrubbo que, após dois mandatos consecutivos, se aposentou em março para assumir a Secretária Nacional de Segurança Pública no Ministério da Justiça.

A votação foi aberta às 9 horas. Em menos de duas horas, 74% promotores e procuradores já tinham votado. O sistema é eletrônico. A eleição vai até 17 horas e, em poucos minutos, o resultado é anunciado. A lista com os três candidatos mais votados será encaminhada, ainda hoje, ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ele tem 15 dias para anunciar sua escolha.

Tarcísio não é obrigado a nomear o primeiro colocado. Ou seja, na prática, quem ganha a eleição interna não necessariamente leva o cargo.

A Associação Paulista do Ministério Público, que representa os promotores e procuradores de Justiça do Estado, enviou um ofício ao governador pedindo que ele escolha o candidato mais votado.

Cinco procuradores disputam o topo da instituição. Paulo Sérgio de Oliveira e Costa e José Carlos Cosenzo são apoiados pelo ex-procurador-geral. Sarrubbo foi reeleito com a maior votação da história das eleições do MP e reconduzido em 2022. Depois de uma sequência de disputas marcadas por embates acirrados, a oposição abriu mão de uma candidatura, e o procurador venceu sem sequer enfrentar candidatos competitivos, o que o torna um importante cabo-eleitoral, com grande chance de emplacar o sucessor.

Já os procuradores José Carlos Bonilha e Antonio Da Ponte concorrem na oposição e a procuradora Tereza Exner, ex-corregedora-geral do Ministério Público, se coloca como uma candidata "independente".

Além de administrar o Ministério Público, o procurador-geral de Justiça tem a atribuição de investigar deputados estaduais, prefeitos e até o governador que o nomeia.

Conheça os candidatos

O Estadão entrevistou os cinco concorrentes à sucessão da Procuradoria. Todos eles declaram que vão agir com isenção e independência. Até mesmo se, eventualmente, cair no colo investigação que envolva o ex-presidente Jair Bolsonaro, amigo de Tarcísio.

"Cabe ao procurador-geral de Justiça agir com independência e imparcialidade", afirma José Carlos Bonilha, 60 de idade, 34 de carreira. Conservador e muito religioso, Bonilha tem um perfil bolsonarista, segundo adversários. "Quero libertar a Procuradoria-Geral de pautas ideológicas. Quero um Ministério Público de São Paulo sem militância político-partidária."

Bonilha diz que constatou na campanha, quando percorreu as Promotorias, 'falta de estrutura e apoio, inquietação e desejo de que haja correção de rumos na PGJ'.

"Os promotores querem melhores condições de trabalho e valorização da atividade-fim, recuperação da autoestima, arranhada por equivocadas posturas adotadas pela chefia da instituição, ao se aproximar inadequadamente da política partidária", afirma Bonilha.

Antonio Da Ponte, 59 anos, 35 na instituição, defende uma batalha sem tréguas contra o PCC. Ele dá a receita: "Não se combate o crime organizado com flores e nem com discurso vazio, mas inclusive com flexibilização de garantias em alguns momentos."

José Carlos Cosenzo, da situação, 71 anos, mais de 40 de MP, também afirma prezar pela independência de sua instituição. "Atos do governo terão a atuação profissional que se espera. Não há meia independência."

Cosenzo prega bastante conversa com outras instituições e instâncias do poder. "Precisaremos dialogar com a Assembleia para alterações legislativas, com o Executivo para que nos ajude a realizar investimentos, com tribunais superiores para que teses institucionais sejam acolhidas."

Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, de 63 anos, 38 de MP, declara intenção de reforçar a autonomia dos promotores. Como seus concorrentes, ele também defende que os promotores devem se candidatar a procurador-geral. Em São Paulo e em Rondônia os promotores não podem entrar no embate pela PGJ, privilégio só de procurador. "Se nomeado enviarei proposta nesse sentido ao nosso Órgão Especial para a autorização de encaminhamento de projeto de lei à Assembleia Legislativa."

A procuradora Tereza Exner, 60 anos, 37 de carreira, única mulher no embate, idealiza um Ministério Público "bem estruturado e bem organizado, com recursos humanos e materiais suficientes, e dotado de instrumental tecnológico mais avançado para possibilitar o adequado exercício das suas atribuições funcionais".

"A instituição cresceu muito nas últimas décadas, especialmente pelas múltiplas atribuições que lhe foram conferidas pela Constituição Federal. Esse crescimento gerou desigualdades na estrutura dos diferentes órgãos de execução."

Ela promete "aplicação de critérios objetivos e transparentes na destinação de cargos".

Sobre o enfrentamento do PCC que avança como um trator e se infiltra em órgãos públicos, Tereza Exner avalia: "Não existe receita mágica para a solução da criminalidade."

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como "grotesca" a cena em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bate boca com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, no Salão Oval da Casa Branca. Segundo o petista, o ucraniano foi humilhado. Lula falou a jornalistas em Montevidéu, no Uruguai, onde foi acompanhar a posse do novo presidente do país, Yamandú Orsi.

"Desde que a diplomacia foi criada não se via uma cena tão grotesca, tão desrespeitosa como aquela que aconteceu no Salão Oval da Casa Branca. Eu acho que há uma parcela da sociedade que vive do desrespeito aos outros, e não é possível a gente falar em democracia se não há respeito aos outro ser humano. Acho que o Zelenski foi humilhado. Acho que na cabeça do Trump o Zelenski merecia isso", declarou o petista.

Na sexta-feira, 28, Zelenski foi até a Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, se reunir com Donald Trump. No único momento televisionado da agenda, Zelenski demonstrou incômodo com fala do vice-presidente americano, JD Vance, que criticou o apoio dado por Joe Biden à Ucrânia e defendeu diálogo com o presidente russo, Vladimir Putin. A conversa esquentou e Trump levantou a voz.

"Você não sabe disso. Não nos diga o que vamos sentir. Estamos tentando resolver um problema. Não nos diga o que vamos sentir. Porque você não está em posição de ditar isso", declarou o presidente americano depois de Zelenski sugerir que a Rússia poderia entrar em conflito com os Estados Unidos no futuro. Vance cobrou gratidão aos Estados Unidos de Zelenski, que foi interrompido diversas vezes.

Zelenski disse que a Ucrânia estava lutando sozinha, e Trump declarou que não era verdade. Afirmou que o país recebeu dos Estados Unidos um "presente estúpido" de US$ 350 bilhões em ajuda na guerra. "Você tem que ser grato. Você não tem as cartas, está encurralado, seu povo está morrendo. Você está ficando sem soldados", declarou Trump. Em determinado momento, Donald Trump tirou os jornalistas do Salão Oval. Depois, foi Zelenski quem saiu.

"Conversei com o presidente da Alemanha sobre a situação da Europa, sobre a visão que eles têm do comportamento do Trump com relação ao Zelenski e sobre o futuro da guerra da Rússia e da Ucrânia", disse Lula, que mais cedo neste sábado teve uma reunião com o político europeu, Frank-Walter Steinmeier.

"Durante muito tempo a União Europeia defendia que era preciso conversar só com o Zelenski e não com o Putin. Agora que o Trump conversou com o Putin, a União Europeia quer que o Zelenski participe. Eu acho que não tem paz se não tiver a participação dos dois presidentes que estão em conflito", disse Lula.

"E eu disse ao presidente da Alemanha: é bem possível que a Europa fique responsável pela reconstrução da Ucrânia. É bem possível que a Europa fique responsável pela manutenção da Otan. É bem possível que a Europa seja responsabilizada pelo desastre que está acontecendo. Quando na verdade não é um problema de nenhum país, é um problema de responsabilidade de gente que não quer discutir a paz e quer discutir guerra", declarou o presidente brasileiro.

A Rússia disse neste sábado, 1, que abateu três drones ucranianos que miravam parte da infraestrutura do gasoduto TurkStream, que transporta gás pelo Mar Negro até a Turquia e a Europa. O Ministério da Defesa russo afirmou que os drones tinham como alvo uma estação de compressão na região de Krasnodar, no sul do país. Em janeiro, as Forças Ucranianas tentaram atingir a mesma estação, segundo as autoridades russas. As alegações não puderam ser confirmadas de forma independente, e não houve comentário imediato da Ucrânia.

Em chamada telefônica entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Turquia, Sergey Lavrov e Hakan Fidan, respectivamente, o russo pediu ao colega o uso das "capacidades disponíveis de Ancara nas negociações com Kiev para impedir tais tentativas", de acordo com um comunicado. Hakan Fidan garantiu que as ações necessárias seriam tomadas, segundo a nota.

Antes da invasão russa, 40% do gás natural da União Europeia era fornecido pela Rússia por meio de gasodutos. Grande parte desses fluxos foi interrompida desde então, com as exportações da Noruega e dos Estados Unidos suprindo a lacuna deixada. O gasoduto TurkStream continua enviando gás para a Hungria, membro da União Europeia, além de Turquia e Sérvia.

*Com informações de Associated Press.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve encontros com dois líderes internacionais neste sábado, 1, no Uruguai, de acordo com duas notas divulgadas pela assessoria de comunicação do Palácio do Planalto. Ele se reuniu com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier e com a candidata a presidente do Equador Luisa González, ambos de partidos de esquerda.

"Discutimos a importância dos países da América Latina e da União Europeia atuarem em defesa da democracia e do multilateralismo. A Alemanha é um parceiro essencial do Brasil na promoção do acordo Mercosul - União Europeia, no esforço de combate à mudança do clima e em prol do sucesso da COP30", disse Lula, em nota, sobre a conversa com o alemão.

"Tratamos do contexto político na América do Sul. Expressamos nossa concordância na importância do fortalecimento da democracia e da justiça social no continente. Desejo que as eleições no segundo turno no Equador transcorram de forma pacífica e dentro da normalidade, e que a vontade do povo equatoriano prevaleça", afirmou o petista, também em nota, sobre o encontro com Luisa González. Neste caso, a nota também diz que a reunião foi realizada a pedido da equatoriana.

Lula está no Uruguai para acompanhar a posse do novo presidente do país, Yamandú Orsi. A cerimônia está marcada para 14h na Assembleia Geral do Poder Legislativo uruguaio, em Montevidéu. Orsi é da Frente Ampla, coalizão de esquerda e centro-esquerda cujo líder mais conhecido é o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica.