Novo premiê busca papel global contra Trump após vencer eleição no Canadá

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Após derrotar os conservadores em uma arrancada surpreendente, o novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, se colocou como líder de um movimento global anti-Trump. No discurso da vitória, ele defendeu o multilateralismo como antídoto ao protecionismo americano e disse que a velha relação com o país vizinho acabou. "Trump está tentando nos dividir para que os EUA possam nos conquistar. Isso nunca vai acontecer."

O Partido Liberal, de Carney, caminhava a passos largos para uma derrota humilhante na eleição de segunda-feira, 28. De acordo com o agregador de pesquisa da emissora CBC, ele tinha apenas 22% das intenções de voto no dia 20 de janeiro, quando Donald Trump tomou posse em Washington. O Partido Conservador, chefiado por Pierre Poilievre, tinha mais que o dobro, 45%.

As ameaças de Trump, que impôs tarifas aos produtos canadenses e falou em transformar o país no 51.º Estado americano, provocaram um tsunami nacionalista, catapultando a candidatura de Carney. Nesta terça, 29, o resultado final da apuração mostrou uma vitória dos liberais sobre os conservadores (44% a 41%).

O partido de Carney elegeu 169 deputados - ficou a 3 da maioria absoluta de 172 e terá de fazer um governo de minoria, que significa negociar constantemente apoio no Parlamento. Os conservadores elegeram 144 deputados, mas Poilievre perdeu sua cadeira para o liberal Bruce Fanjoy, no distrito de Carleton, nos arredores da capital, Ottawa.

Sem um mandato parlamentar, Poilievre não pode atuar como líder do Partido Conservador e deve perder o direito de morar em Stornoway, residência oficial do líder da oposição - uma reviravolta extraordinária para uma estrela em ascensão da política canadense que, três meses atrás, já era tido como o futuro primeiro-ministro.

Anti-Trump

Carney foi a primeira pessoa a chefiar dois bancos centrais de países do G-7 - ele foi presidente do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra. Durante a campanha, ele usou o currículo para convencer os eleitores de que ele tinha a experiência necessária para conquistar credibilidade internacional e resistir à pressão de Trump.

O discurso duro contra o presidente americano rendeu votos. Ontem, falando a apoiadores após a confirmação da vitória, Carney não se esqueceu disso. "Vamos apoiar países amigos e vizinhos que estão na mira de Trump em uma crise que não criamos", disse. "Como venho avisando, os EUA querem nossas terras, nossos recursos, nossa água e nosso país."

Agora, com um mandato na mão - ele vinha atuando como premiê interino, após a saída de Justin Trudeau -, Carney indicou como pretende enfrentar a guerra comercial com os EUA. "Nosso velha relação com os EUA, baseada na integração, chegou ao fim. O sistema de comércio global aberto, ancorado pelos EUA, acabou." De acordo com o novo premiê, a saída para o Canadá será buscar novas parcerias na Europa, na Ásia e em outras partes do mundo. "Traçaremos um novo caminho, pois somos nós que decidimos o que acontece no Canadá."

Reação

Trump não comentou a vitória dos liberais. Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado, emitiu um comunicado protocolar. "Os EUA parabenizam o primeiro-ministro Mark Carney e seu partido pela vitória nas recentes eleições federais do Canadá."

O gabinete do premiê disse que ele conversou ontem com Trump por telefone. De acordo com relato do governo canadense, os dois concordaram em se encontrar em breve e o premiê avisou que vai adotar tarifas retaliatórias a produtos americanos. A Casa Branca não comentou a ligação. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Após uma intervenção do presidente Donald Trump, a Amazon recuou da iniciativa de informar em seus produtos o custo das novas tarifas para itens importados.

A informação sobre a medida foi divulgada pelo site Punchbowl News. Na sequência, em uma entrevista coletiva conjunta com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que havia acabado de falar ao telefone com Trump sobre os planos relatados da Amazon e criticou a empresa. "Esse é um ato hostil e político da Amazon", disse Karoline.

Segundo o jornal Washington Post, Trump ligou para Jeff Bezos, dono do jornal e fundador da Amazon, para se queixar da medida. Mais tarde, o porta-voz da companhia, Tim Doyle, disse que a equipe da Haul - empresa de comércio eletrônico criada pela Amazon para concorrer com a Temu - "considerou a possibilidade", que não atingiria a Amazon. Na sequência, ele disse que essa medida também estava descartada. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, propôs nesta terça-feira, 29, o fim dos descontos diretos nos benefícios de aposentados e pensionistas. Lupi sugeriu que o Congresso elabore uma nova legislação sobre o assunto. Ao participar de audiência na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara, Lupi afirmou que, na sua opinião, o governo não deveria se meter na relação entre o trabalhador e uma associação.

Ele previu novos casos suspeitos se não houver mudança na lei. "Se não, daqui a algum tempo, e não vai demorar muito, você vai ter novamente denúncia que isso acontece. Daqui a pouco, se a gente não extinguir o câncer, a obrigatoriedade do desconto da folha. Por que o INSS tem que fazer isso, se tem duas instituições que podem se acordar? Essa, para mim, é a melhor solução", disse o ministro

"O trabalhador tem que se entender com a associação. A associação quer fazer cobrança, que se resolva entre eles. Resolveram colocar o INSS para fazer esse trabalho (de intermediação), como se tivéssemos pouco trabalho. Qual o papel da previdência de intermediar nesse processo?", questionou.

'Faz um pix aí, vovô'

"Se eu sou uma entidade representativa, eu busco testar serviço, busco aposentado e faço a cobrança diária com ele. Faz um boleto, faz um Pix, como diz aqui meu neto sempre: 'Faz um Pix aí, vovô'. Por que o INSS tem que cuidar disso? Acho que não é a função principal do Instituto Nacional de Seguridade Social", completou Lupi. Ele disse que vai conversar com a Casa Civil e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o fim do intermédio do INSS.

O ministro enfrenta forte desgaste em razão das investigações que apontam para um esquema de desvios de recursos de aposentados e pensionistas. Ontem ele voltou a se defender, afirmando que não demorou em determinar a apuração das suspeitas.

'Ira santa'

O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) levou à comissão uma idosa que disse ter sido alvo de descontos indevidos em sua aposentadoria. Van Hattem chegou a embargar a voz para falar da senhora, que sentou ao seu lado no plenário do colegiado.

Parlamentares questionaram a conduta do deputado do Novo. Lupi cobrou respeito de Van Hattem. "Eu enfrentarei (injustiças) com tranquilidade, com a lucidez dos justos, mas cuidado, a minha ira é santa", afirmou.

A mulher contestou o ministro: "E nós aposentados não merecemos respeito?" Em resposta, Lupi disse que "não tem quem defenda mais aposentado" do que ele.

Van Hattem questionou sobre uma eventual ameaça durante a discussão. "Não sei o que o ministro quis dizer com ira santa, se quis, de alguma forma, ameaçar, mas eu não me sinto amedrontado por vossa excelência", afirmou o deputado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A vereadora Cris Monteiro (Novo) afirmou nesta terça-feira, 29, durante discurso na tribuna da Câmara Municipal de São Paulo, que "mulher branca, bonita e rica incomoda". A declaração foi dirigida a sindicalistas que acompanhavam a votação do reajuste dos servidores municipais e gerou forte reação da plateia e de parlamentares.

Durante sua fala, Cris repreendeu a vereadora Luana Alves (PSOL), que tentava confrontá-la, e disse: "Por favor, Luana, calada. Pode me devolver o tempo. Eu escutei todos vocês calados (...) Agora, quando vem uma mulher branca aqui, falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês".

Ela completou dizendo que representa uma parcela da população que a elegeu e criticou os grevistas. "Eu não vou defender essas pessoas que deixam as nossas crianças na sala de aula fazendo greve."

A vereadora Luana Alves, que é negra, classificou a fala como racista e pediu a suspensão da sessão. Segundo ela, Cris Monteiro teria direcionado suas palavras diretamente a ela enquanto discursava.

O áudio da transmissão oficial da sessão pela Rede Câmara, canal da Casa no YouTube, chegou a ser interrompido por alguns minutos, mas foi restabelecido em seguida. Após o retorno, a vereadora do Novo pediu desculpas.

"Lamento profundamente se alguém em particular se sentiu ofendido com a minha fala, não foi minha intenção. Faço uso da tribuna, como qualquer parlamentar, para defender minhas ideias e falar o que penso".

O presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União), disse que a Casa "não permite racista" e mencionou o caso do ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante), cassado em 2023 por fala racista. No entanto, após rever o vídeo da declaração de Cris, avaliou que não houve racismo.

"Nós vimos e revimos várias vezes o vídeo. Na nossa opinião, não houve racismo", afirmou o presidente da Câmara. Segundo ele, a Corregedoria da Câmara acompanhará o caso. "Esse fato será analisado com sangue tranquilo, temperatura normal, pressão também".

A vereadora do PSOL, no entanto, reforçou a acusação. Para ela e outros vereadores, se tratou de um ato de racismo evidente.

"A vereadora Cris irá responder na Corregedoria. Fico muito triste que uma cassação não tenha sido suficiente para aprenderem que não se pode desrespeitar a população negra nessa Câmara", disse. Ela espera que o desfecho seja semelhante ao do caso Cristófaro.

Essa não foi a primeira polêmica envolvendo a vereadora Cris Monteiro. Em 2021, ela se envolveu em um episódio de agressão com a então vereadora Janaína Lima, à época também filiada ao Novo. Na ocasião, Cris afirmou esperar que Janaína fosse cassada.

Um relatório da Corregedoria da Câmara Municipal recomendou a suspensão das funções legislativas de ambas - Janaína e Cris - após a briga ocorrida no banheiro ao lado do Plenário, durante a votação da reforma da Previdência. No entanto, a ação disciplinar não avançou.