Pastor Silas Malafaia, organizador do ato de Bolsonaro no Rio, recebe condecoração militar

Política
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O pastor evangélico Silas Malafaia, um dos organizadores do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o domingo, 21, no Rio, foi condecorado com a mais alta honraria dada pelo Superior Tribunal Militar (STM) no último dia 10 de abril. Ao lado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o pastor foi homenageado por "reconhecidos serviços e apreço" à Justiça Militar.

Malafaia, que preside a Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, recebeu a Ordem do Mérito Judiciário Militar. O grau recebido pelo pastor foi o "Distinção" que, segundo um regulamento da Justiça Militar sobre o prêmio, datado de 2020, é concedido a pessoas que prestam "reconhecidos serviços" ou demonstram "excepcional apreço à Justiça Militar da União". O Estadão procurou o STM para mais informações sobre a justificativa da honraria, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Além do pastor evangélico, foram agraciados com a Ordem do Mérito Judiciário Militar o ministro do STF indicado por Lula, Cristiano Zanin, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

Próximo de Bolsonaro, Malafaia foi o organizador e o financiador da manifestação que reuniu milhares de apoiadores do ex-presidente na Avenida Paulista, em fevereiro. O pastor está à frente da nova manifestação convocada pelo ex-chefe do Executivo, marcado para este domingo, 21, na Praia de Copacabana.

Na Paulista, Malafaia fez um discurso inflamado com ataques ao STF. Ao lado de Bolsonaro no trio elétrico pago pela igreja Vitória em Cristo, o pastor declarou aos manifestantes que, se a Corte ordenar a prisão do ex-presdiente, será "será para a destruição deles".

Em uma entrevista concedida para uma rádio nesta quinta-feira, 18, Malafaia disse que o discurso em São Paulo será "água com açúcar" comparado com o que ele fará no ato em Copacabana. "O que eu vou falar nesse dia 21 de abril não vai ser brinquedo não. Eu vou botar para quebrar", afirmou.

O pastor disse que não vai cometer calúnia, difamação ou injúria, mas será "duríssimo com o que está acontecendo". O objetivo, segundo Malafaia, é "desnudar" o que chamou de "safadeza que está acontecendo no País".

Assim como na manifestação de fevereiro, o ato em Copacabana foi organizado para que Bolsonaro se defenda de investigações da Polícia Federal (PF) em que ele é alvo. Os policiais apuram a participação do ex-presidente em uma suposta tentativa de um golpe de Estado após as eleições de 2022, na venda ilegal de joias da Presidência da República no exterior, caso esse revelado pelo Estadão, e a espionagem de ministros do STF e opositores por uma "Abin paralela".

O ato no Rio, porém, contará com um novo elemento. Bolsonaro e os seus aliados devem citar em seus discursos as críticas do empresário Elon Musk ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Em um vídeo publicado nesta quinta, 18, onde pediu que apoiadores não levassem faixas contra a Corte, o ex-presidente disse que o mundo viu que o País está "perto de uma ditadura".

A manifestação convocada por Bolsonaro já tem a presença confirmada de familiares, parlamentares e governadores aliados do ex-chefe do Executivo. Entre os políticos que estarão em Copacabana, estão os governadores do Rio e de São Paulo, Cláudio Castro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). O evento também servirá como estratégia para impulsionar a pré-candidatura do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) à Prefeitura do Rio.

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Pelo menos 68 pessoas morreram e outras 47 ficaram feridas após um bombardeio dos EUA à província de Saada, no Iêmen, segundo os rebeldes Houthis afirmaram nesta segunda-feira, 28. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos não comentou o caso.

Imagens transmitidas pelo canal de notícias por satélite al-Masirah, controlado pelos rebeldes, mostram corpos e feridos no local, atingido no domingo, 27. O Ministério do Interior do país afirmou que havia cerca de 115 migrantes detidos no local, uma prisão de migrantes africanos.

Na mesma noite, ataques aéreos dos EUA dirigidos à capital do Iêmen, Sanaã, mataram ao menos outras oito pessoas, segundo os Houthis.

Em comunicado divulgado também na noite do domingo, o Departamento de Defesa dos EUA afirmou que a "Operação Roughrider" havia "eliminado centenas de combatentes Houthis e diversos líderes", inclusive associados a programas de mísseis e drones. Nenhum nome foi revelado.

O Exército americano reconheceu ter realizado mais de 800 ataques individuais durante a campanha de um mês.

Este é o mais recente episódio em uma guerra que já dura uma década e continua fazendo vítimas entre migrantes da Etiópia e de outras nações africanas que atravessam o país em busca de uma oportunidade de trabalho na vizinha Arábia Saudita.

Investida norte-americana

Os Estados Unidos têm atacado os Houthis em resposta aos ataques do grupo contra a navegação no Mar Vermelho - uma rota comercial crucial - e também contra Israel. Eles são o último grupo militante do chamado "Eixo da Resistência" do Irã que consegue atacar regularmente Israel.

Os ataques norte-americanos estão sendo conduzidos a partir de dois porta-aviões na região: o USS Harry S. Truman, no Mar Vermelho, e o USS Carl Vinson, no Mar Arábico. Em 18 de abril, um ataque americano ao porto de combustível de Ras Isa matou pelo menos 74 pessoas e feriu outras 171, sendo o ataque mais letal já conhecido da campanha americana.

A investida ao porto foi justificada pelos EUA como forma de "destruir a capacidade do porto de Ras Isa de receber combustível, o que começará a afetar a capacidade dos Houthis não apenas de realizar operações, mas também de gerar milhões de dólares para suas atividades terroristas", informou.

Enquanto isso, os rebeldes têm intensificado o controle da informação nos territórios sob seu domínio. No domingo, 27, emitiram um aviso determinando que todos os que possuírem receptores de internet via satélite Starlink "entreguem imediatamente" os dispositivos às autoridades.

"Uma campanha de campo será implementada em coordenação com as autoridades de segurança para prender qualquer pessoa que venda, negocie, use, opere, instale ou possua esses terminais proibidos", alertaram.

Os terminais Starlink têm sido fundamentais para a Ucrânia na luta contra a invasão russa em larga escala e também foram contrabandeados para o Irã durante protestos no país. (Com agências internacionais).

O provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, demonstrou nesta segunda-feira, 28, dúvidas sobre o futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Não sabemos se a Otan continuará existindo nas próximas décadas", disse. Ao discursar no Comitê Federal da União Democrata Cristã (CDU), ele acrescentou que "teremos que passar muitos anos construindo as capacidades de defesa práticas e mentais da Alemanha".

"Estamos diante do maior desafio que as sociedades livres enfrentaram nos últimos 75 anos. Não sabemos se a aliança permanecerá como é nas próximas décadas. Por isso, precisamos priorizar corretamente: a segurança externa é condição essencial para tudo o mais - política interna, economia, meio ambiente, política social. Mas os desafios internos também são imensos", afirmou.

Para Merz, o maior desafio é a guerra na Ucrânia. "Essa guerra não é apenas contra a Ucrânia, mas contra toda a ordem política da Europa. O combate da Ucrânia contra a agressão russa é, também, a defesa da paz e da liberdade em nosso país", declarou.

O líder da CDU também ressaltou que o apoio à Ucrânia é um esforço conjunto da Europa e dos EUA. "Não somos parte do conflito, mas também não somos neutros: estamos ao lado da Ucrânia." Merz ainda afirmou que não aceitará o que chamou de "paz ditada", nem a "legitimação de conquistas territoriais militares contra a vontade da Ucrânia". "Esperamos que a Europa e os EUA mantenham essa postura no futuro."

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, destacou que "não há indícios de qualquer ciberataque" sobre o apagão que afeta países da Europa nesta segunda-feira, 28, em especial Espanha e Portugal.

Em publicação no X, Costa afirmou que está em contato com o premiê espanhol, Pedro Sánchez, e com o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, "sobre as interrupções de energia generalizadas na Espanha e em Portugal hoje". Ele informou que as operadoras de rede dos dois países estão trabalhando para encontrar a causa do problema e restaurar o fornecimento de eletricidade.

A operadora de energia da Espanha disse que o restabelecimento do fornecimento de eletricidade pode levar de 6 a 10 horas. Enquanto isso, a distribuidora de Portugal fala em "até uma semana".