Edge Group, gigante do setor militar dos Emirados Árabes, compra segunda empresa no Brasil

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A Edge Group, estatal do setor de defesa dos Emirados Árabes, assinou nesta terça-feira, 30, em São Paulo, a compra de 51% da Condor, empresa sediada no Rio de Janeiro. Presente em mais de 85 países, a Condor é a principal produtora mundial de gás lacrimogêneo e líder em outros produtos não letais militares, de defesa civil e segurança pública. A Condor é também a empresa com maior portfólio mundial de NTL, sigla em inglês para tecnologias não letais, com mais de 160 produtos como munições de borracha, granadas de fumaça, sprays e câmeras corporais com reconhecimento facial.

Com a aquisição, a Edge, que vem ampliando participação no Brasil, pretende se tornar líder global no segmento de segurança e defesa e entrar em novos mercados, especialmente nos Estados Unidos. Esta é a segunda empresa brasileira comprada pela Edge, que tem mantido conversas com ao menos outras duas companhias no País. A intenção da estatal árabe é transformar o Brasil em um polo de exportação de armamentos.

Criada em 2019, a companhia tem um plano agressivo de crescimento e internacionalização, na qual coloca o Brasil como essencial. Desde sua criação, a Edge aumentou suas exportações em 300%, tem US$ 5 bilhões em negócios, presença em 30 países e fica entre as 25 maiores do setor. A meta da empresa árabe é figurar entre as 5 maiores do setor.

"Ao longo dos anos, o Brasil estabeleceu uma indústria de alta tecnologia muito boa. A Condor fez um trabalho muito bom, mas tem a desvantagem de ter outras regiões muito distantes", afirma Hamad Al Marar, diretor geral e CEO do Grupo EDGE, em entrevista ao Estadão.

Ele cita, por exemplo, o Oriente Médio e a África na dificuldade logística da Condor, sediada no Brasil. Por isso, diz ele, a parceria com a Edge é uma maneira de fazer a empresa alcançar novos mercados.

"Entendemos que essa parceria com o grupo EDGE vai impulsionar as duas empresas a expandir a participação de mercado em diferentes segmentos de NLT e entrar em novos mercados estrategicamente importantes, como os Estados Unidos", afirma Carlos Erane de Aguiar, fundador da Condor.

O mercado de armas não letais, que valia US$ 6 bilhões em 2023, é considerado por ele como "bastante promissor".

Ele afirma que a companhia não deixará de ser uma empresa estratégica de defesa nacional, pois vai manter a governança brasileira. Aguiar será o presidente da Condor após o negócio com a Edge. "Isso por si só não se configura como uma compra tradicional. Entendemos que essa parceria marca uma busca conjunta por inovação contínua e novos mercados na América Latina, EUA e outras partes do mundo", diz Aguiar.

A Edge Group, estatal de tecnologia avançada para o setor de defesa, mira uma expansão, através do País, de sua participação na América Latina e também na África. Atualmente, o Brasil investe cerca de 1,2% do seu PIB em defesa. O número é considerado baixo por especialistas da área.

Em setembro do ano passado, a Edge comprou pouco menos de metade do capital da brasileira Siatt (Sistemas Integrados de Alto Teor Tecnológico). Quatro meses depois, a empresa brasileira do setor de defesa anunciou investimentos de R$ 3 bilhões para a montagem de uma fábrica de 7 mil metros quadrados, próxima à Rodovia Dutra, em São José dos Campos (SP), para a produção de armamentos de alta complexidade. A Edge firmou acordo com a Marinha brasileira para produzir mísseis anti-navio de longo alcance. A partir da parceria com a Marinha e da compra da Siatt, a ideia do grupo árabe é competir com os franceses, que produzem mísseis com alcance de 200 quilômetros. O governo dos Emirados Árabes já encomendou US$ 350 milhões em mísseis, que devem ficar prontos a partir de 2026.

A previsão da Edge é de que o míssil brasileiro seja mais barato do que o francês e conquiste mercados como Peru, Equador, Egito, Indonésia e Angola. Com isso, o potencial de faturamento anual da SIATT, na leitura de executivos do grupo Edge, deve chegar a algo entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões.

A empresa abriu, em Brasília, o primeiro escritório para América Latina, chefiado por Marcos Degaut, que foi secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa do governo Bolsonaro. O CFO Global da Edge é também um brasileiro, Rodrigo Torres. Fundada em 2019, a empresa tem avançado na estratégia de internacionalização nos últimos dois anos. No início, a Edge Group tinha 25 empresas. Hoje, tem 42. Nos últimos 12 meses, o grupo adquiriu 13 empresas fora dos Emirados.

O setor de defesa dos Emirados Árabes vê no País o potencial de adquirir empresas com tecnologia e operação já avançada e sem entraves existentes para exportação em outros locais. O grupo Edge também avalia nos bastidores que produzir no Brasil é interessante também pela "independência tecnológica" do País, que não estabelece o mesmo nível de controle para produção e exportação como outros países, como a França.

Aguiar, da Condor, afirma que o setor de defesa brasileiro precisa de suporte governamental e privado. "Já é uma discussão antiga a necessidade de rever a folha de pagamento do Brasil com defesa e o baixo investimento em tecnologia e inovação. Portanto, entendemos que essa união com os Emirados Árabes e o Grupo EDGE beneficiará todo o ecossistema de defesa e segurança pública no Brasil", diz.

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Os Estados Unidos interromperam grande parte de seu compartilhamento de inteligência com a Ucrânia, reduzindo o fluxo de informações vitais que Kiev tem usado para repelir as forças russas invasoras e atacar alvos selecionados dentro da Rússia, de acordo com autoridades norte-americanas e ucranianas. O rompimento do compartilhamento de informações de inteligência inclui a interrupção dos dados de alvos que as agências de espionagem dos EUA fornecem a Kiev para que ela possa lançar armas fornecidas pelos EUA e drones de longo alcance fabricados na Ucrânia contra alvos russos, disseram autoridades ucranianas.

Alguns operadores de mísseis ucranianos dizem que não estão mais recebendo as informações necessárias para atingir alvos dentro da Rússia.

A pausa segue a decisão do presidente Donald Trump, no início da semana, de congelar futuras entregas de armas à Ucrânia, para pressionar o presidente ucraniano Volodmir Zelenski a iniciar negociações de paz com a Rússia.

O diretor da CIA, John Ratcliffe, confirmou a última medida nesta quarta-feira, 5, dizendo à Fox News que os Estados Unidos suspenderam tanto o compartilhamento de inteligência quanto os sistemas de armas após uma reunião controvertida no Salão Oval na semana passada entre Trump e Zelenski. Ratcliffe disse que as pausas "desapareceriam" quando ficasse claro que Zelenski estava comprometido com a paz.

A medida é outra grande reviravolta em relação à abordagem do governo Biden, que estabeleceu sistemas especiais para compartilhar grandes quantidades de inteligência sobre as forças militares russas com a Ucrânia, segundo as autoridades - praticamente sem precedentes para um país que não pertence à Otan.

Um oficial militar ucraniano familiarizado com as operações do sistema de lançamento múltiplo de foguetes de longo alcance, conhecido como HIMARS, que falou sob condição de anonimato, disse que, aproximadamente no último mês, pelo menos um dos grupos ucranianos responsáveis pelo lançamento de foguetes dos sistemas dos EUA não recebeu coordenadas para atacar a mais de 64 quilômetros além da linha de contato.

Tal inteligência permitiu que a Ucrânia usasse os sistemas HIMARS fornecidos pelos EUA para lançar ATACMS, um sistema de mísseis guiados de longo alcance dos EUA, e atingir alvos bem no interior do território ucraniano ocupado ou dentro da Rússia.

Os ataques desabilitaram alguns sistemas de defesa aérea russos e forçaram Moscou a mover seus centros logísticos centenas de quilômetros das linhas de frente, o que desacelerou as operações de reabastecimento russas.

O oficial disse que limitar repentinamente essa inteligência à Ucrânia claramente ajudará Moscou e permitirá que as tropas russas se reagrupem. "O que estávamos fazendo com o HIMARS - é doloroso para eles, é problemático. Eles sofrem baixas ou perdem suas armas", disse o oficial sobre a Rússia. Essa pausa "acelerará as operações de assalto porque a logística pode estar muito, muito mais próxima da linha de contato."

No entanto, na medida em que a pausa afeta os ataques ATACM de longo alcance, o impacto pode ser limitado, já que a Ucrânia provavelmente tem apenas um pequeno número desses mísseis em mãos e os estava economizando, dizem analistas. Mas o movimento pode encorajar a Rússia e levá-la a mover suas próprias armas para mais perto da frente, dizem eles. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira, 4, que vai "construir uma cúpula dourada para proteger o território dos Estados Unidos", a exemplo da que existe em Israel. "Agora temos a tecnologia para fazê-la."

Trump também destacou, em discurso no Congresso, que o governo pretende "criar um departamento para construir navios nos Estados Unidos". O país ainda vai "recuperar o Canal do Panamá", disse o presidente.

Ainda de acordo com Trump, a Groenlândia é necessária para a segurança dos Estados Unidos, e o país assumirá o território dinamarquês "de uma forma ou de outra".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira, 4, em discurso no Congresso, que o governo fará os imigrantes ilegais deixarem o país rapidamente. Trump afirmou ainda que quer que "Canadá e México façam muito mais para conter a exportação de fentanil" ao país.

Trump afirmou, também, que "vamos derrotar a inflação, proteger idosos e colocar mais dinheiro no bolso de cidadãos" e que o orçamento federal será equilibrado "no futuro próximo".

Trump destacou, em discurso no Congresso americano, que o "gold card estará à venda logo por US$ 5 milhões" para investidores que quiserem viver nos Estados Unidos. A iniciativa, segundo o presidente, ajudará a equilibrar o orçamento federal.

"Vamos aprovar corte de impostos logo no Congresso. Não vamos cobrar impostos para quem recebe gorjetas e aposentados idosos", disse Trump. "O pagamento de juro de financiamento de carro poderá ser deduzido [de impostos] para quem comprar carros fabricados nos EUA. A indústria automotiva nos Estados Unidos vai crescer muito e teremos um grande boom. A Honda acabou de anunciar uma fábrica para produzir carros em Indiana." O presidente ressaltou ainda que seu governo vai cortar taxas para a produção doméstica de manufaturados.