Após virar ré no STF, Zambelli compartilha post que chama apoiadores para ato contra Moraes

Política
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) compartilhou nesta segunda-feira, 3, uma postagem que conclama apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a pedirem o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na manifestação que vai ocorrer neste domingo, 9, na Avenida Paulista. No último dia 21, o STF aprovou a abertura de um processo criminal contra a parlamentar por suposta participação na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O Estadão procurou Carla Zambelli, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Zambelli compartilhou um vídeo do blogueiro Paulo Figueiredo Filho, que é investigado pela Polícia Federal (PF) por incitar militares a aderirem à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Na gravação, Figueiredo Filho diz que a parlamentar é uma das congressistas que apoiam o ato, previsto para ocorrer a partir das 14 horas do domingo.

"Essa manifestação é com cartaz, é com pauta. A foto é do Alexandre e do Lula. É fora esses dois. Não é em apoio ao Bolsonaro, não é apoio ao raio que o parta", afirmou Paulo Figueiredo Filho.

No último dia 27, Zambelli convocou o ato pelas redes sociais. Na postagem, porém, a parlamentar declara que a manifestação vai pedir apenas o impeachment do presidente da República.

A deputada também disse que os cartazes permitidos são os que se referem ao impeachment do petista, apoio ao Rio Grande do Sul e a defesa da liberdade de expressão e manifestação. Zambelli também delimitou que faixas que pedem o fim de instituições constitucionais e golpe de Estado não serão admitidas.

STF tornou Zambelli ré por invasão do sistema do CNJ que incluiu mandado de prisão 'fake' de Moraes

No último dia 21, Zambelli e o hacker Walter Delgatti, o "Vermelho", se tornaram réus pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, após uma decisão unânime da Primeira Turma do STF.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou a denúncia para o STF após a Polícia Federal (PF) apontar, no relatório final do inquérito que apurou a invasão ao sistema do CNJ, que documentos apreendidos com Zambelli correspondem, integral ou parcialmente, aos arquivos inseridos por Delgatti no sistema do órgão.

Para os investigadores, isso comprova que ela participou do ataque, planejado para colocar em dúvida a credibilidade do Poder Judiciário.

Em nota, a defesa de Zambelli informou que vai recorrer da decisão no plenário do STF: "A deputada não praticou qualquer ilicitude e confia no reconhecimento de sua inocência porque a prova investigação criminal evidenciou que inexistem elementos de que tenham contribuído, anuído e ou tomado ciência dos atos praticados".

Durante a apreciação da denúncia da PGR, a ministra do STF Cármen Lúcia usou a expressão "desinteligência natural" ao falar sobre um mandado falso onde Moraes determina e assina a própria prisão. O documento foi incluído durante a invasão hacker no CNJ.

"Eu começo a não me preocupar mais só com a inteligência artificial, mas com a desinteligência natural de alguns que atuam criminosamente, além de tudo sem qualquer tracinho de inteligência. Porque aí Vossa Excelência se auto prender por uma falsificação num órgão que é presidido por um colega de Vossa Excelência é um salto triplo carpado criminoso impressionante. Só para acentuar a minha preocupação com a desinteligência natural ao lado da inteligência artificial", disse Cármen Lúcia.

"Vossa Excelência, sempre muito educada, disse 'desinteligência natural', eu diria 'burrice' mesmo, natural", respondeu o ministro Alexandre de Moraes.

Em resposta, Zambelli pediu a suspeição de Moraes e Cármen Lúcia. "A postura relatada não corresponde àquilo que se espera de julgadores imparciais, de modo que entende estar caracterizada a suspeição dos ministros", disse a parlamentar em nota.

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A agência de espionagem da Coreia do Sul disse nesta quinta-feira, 27, que a Coreia do Norte parece ter enviado mais tropas para a Rússia, depois que seus soldados posicionados no front entre Rússia e Ucrânia sofreram pesadas baixas. O Serviço Nacional de Inteligência (NIS) disse em uma breve declaração que estava tentando determinar exatamente quantos soldados a mais a Coreia do Norte enviou para a Rússia.

O NIS também avaliou que as tropas norte-coreanas foram realocadas em frentes na região russa de Kursk na primeira semana de fevereiro, após uma retirada temporária da área. O presidente ucraniano Volodmir Zelenski, em um discurso no dia 7 de fevereiro, confirmou uma nova ofensiva ucraniana em Kursk e disse que as tropas norte-coreanas estavam lutando ao lado das forças russas no local.

A Coreia do Norte tem fornecido uma grande quantidade de armas convencionais para a Rússia e, no fim de 2024, enviou cerca de 10 mil a 12 mil soldados para a Rússia também, de acordo com autoridades de inteligência dos EUA, da Coreia do Sul e da Ucrânia. Os soldados norte-coreanos são altamente disciplinados e bem treinados, mas os observadores dizem que eles se tornaram alvos fáceis para ataques de drones e artilharia nos campos de batalha entre a Rússia e a Ucrânia devido à sua falta de experiência em combate e à falta de familiaridade com o terreno.

Em janeiro, o NIS disse que cerca de 300 soldados norte-coreanos haviam morrido e outros 2.700 haviam sido feridos. Zelenski anteriormente estimou o número de norte-coreanos mortos ou feridos em 4.000, embora as estimativas dos EUA fossem menores, em torno de 1.200.

A Coreia do Sul, os EUA e seus aliados temem que a Rússia possa recompensar a Coreia do Norte transferindo tecnologias de armas de alta tecnologia que possam aprimorar consideravelmente seu programa de armas nucleares. Espera-se que a Coreia do Norte também receba assistência econômica da Rússia.

Durante conversas na Arábia Saudita na semana passada, a Rússia e os EUA concordaram em começar a trabalhar para acabar com a guerra e melhorar seus laços diplomáticos e econômicos. As autoridades ucranianas não estavam presentes nas conversas. Isso marcou uma mudança extraordinária na política externa dos EUA sob o comando do presidente Donald Trump e um claro afastamento dos esforços liderados pelos EUA para isolar a Rússia de sua guerra na Ucrânia.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reafirmou a disposição do país em buscar uma solução pacífica para a crise ucraniana e destacou o papel crucial das Forças Armadas russas na criação das condições para um diálogo produtivo. "Foram eles, com sua bravura e vitórias diárias, que criaram as condições para o início de um diálogo sério sobre a resolução fundamental da crise ucraniana, claro, nunca abrimos mão disso, de forma pacífica", afirmou Putin durante uma reunião com o Serviço Federal de Segurança (FSB) russo.

Putin também ressaltou a importância da cooperação internacional e observou que os primeiros contatos com o novo governo dos Estados Unidos geram "certas esperanças". "Há uma disposição mútua para trabalhar na restauração das relações intergovernamentais, na resolução gradual de um enorme volume de problemas sistêmicos e estratégicos na arquitetura mundial", disse ele. Para Putin, esses problemas, incluindo o conflito na Ucrânia, estão ligados a questões mais amplas no cenário global.

Além disso, o presidente russo abordou a necessidade de proteger a soberania e os interesses da Rússia, deixando claro que "não há como a segurança de um país ser garantida à custa ou em detrimento da segurança de outro, e certamente não à nossa custa, não à custa da Rússia". Ele também enfatizou a importância de fortalecer as defesas da fronteira russa, sugerindo que "medidas adicionais sérias devem ser tomadas para proteger a fronteira do estado" e destacando a necessidade de intensificar a cobertura nas áreas mais vulneráveis.

Putin alertou sobre o aumento da atividade das agências de inteligência estrangeiras e sublinhou a necessidade de aprimorar a segurança cibernética. Ele afirmou que o governo russo está comprometido em enfrentar esses desafios, ressaltando o papel das agências de segurança, como a FSB, na proteção dos interesses nacionais.

O presidente dos EUA, Donald Trump, recebe nesta quinta-feira, 27, no Salão Oval o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para uma reunião bilateral que deve abordar o fim da guerra na Ucrânia. Assim como o presidente francês, Emmanuel Macron, fez na segunda-feira, Starmer deve reafirmar seu apoio a Kiev enquanto Trump busca uma solução negociada com Moscou.

Antes do encontro, o premiê britânico divulgou um comunicado em que destacou a importância da aliança entre os países ocidentais. "O mundo está se tornando cada vez mais perigoso, e é mais importante do que nunca que estejamos unidos com nossos aliados", afirmou. Segundo o texto, Starmer vai reforçar o compromisso britânico com a "paz justa e duradoura" na Ucrânia.

"O primeiro-ministro deixará claro que não pode haver negociações sobre a Ucrânia sem a Ucrânia e reconhecerá a necessidade de a Europa desempenhar seu papel na defesa global, fortalecendo a segurança coletiva europeia", diz o comunicado. Na terça-feira, Starmer anunciou um plano para elevar gastos militares a 2,5% do PIB.

Outro tema central do encontro será a cooperação tecnológica entre os dois países. O governo britânico destacou que as conversas terão "foco especial nas oportunidades que uma maior parceria em tecnologia e IA pode proporcionar", incluindo computação quântica, inteligência artificial e exploração espacial.

A reunião ocorre na véspera da visita de Volodimir Zelenski a Washington, onde o líder ucraniano deve discutir e possivelmente assinar um acordo para a exploração de minerais ucranianos pelos EUA. Na sequência, ele segue para o Reino Unido para um encontro com líderes europeus no domingo, que discutirão o conflito e o fortalecimento da defesa do continente, segundo o Politico. Macron e o premiê da Polônia, Donald Tusk, também estarão no país no domingo, além de líderes da Itália, Alemanha e de outros países.

O encontro entre Trump e Starmer acontece um dia depois de o republicano atacar a União Europeia (UE), alegando que o bloco foi criado para "ferrar" os EUA. Trump também ameaçou impor tarifas de 25% sobre importações europeias.

Mais cedo, nesta quibna, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, publicou em seu perfil no X que a UE "não foi criada contra ninguém", mas sim fundada em favor do multilateralismo, da paz e do desenvolvimento econômico. "Diante da ameaça de retrocesso e do fechamento das economias, apostamos no progresso e na abertura ao mundo."