Partidos aliados a Nunes aceitam indicado de Bolsonaro para a vice

Política
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Depois de engatilhar o nome do coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo de Mello Araújo (PL) como vice de Ricardo Nunes (MDB), a pré-campanha do prefeito de São Paulo recebeu o endosso dos principais partidos que formam a coligação. A escolha do coronel seria selada em um jantar, na noite desta quarta-feira, 19, organizado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O Estadão apurou que o militar sugerido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para compor a chapa de Nunes não encontra resistência no comando de siglas como PSD, Republicanos, PP, Podemos, PRD e Avante nem no núcleo duro do prefeito, que busca em outubro novo mandato.

Ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e ex-diretor da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), o coronel é bolsonarista e costuma reproduzir o discurso do ex-presidente nas redes sociais, como ataques ao Judiciário e defesa da pauta conservadora de costumes.

A indicação do ex-chefe da Rota encontrava resistência entre caciques partidários de legendas mais ao centro, mas ganhou força com a "dobradinha" recente feita entre Bolsonaro e Tarcísio - os dois principais aliados do prefeito na disputa de outubro.

A costura pela indicação do nome do coronel passou a ser encarada pelo entorno de Nunes como inevitável depois da entrada do coach Pablo Marçal (PRTB) na disputa. Marçal se aproximou de deputados do PL e do próprio Bolsonaro.

Ex-presidente

Na sexta-feira passada, 14, em nova demonstração de força de Bolsonaro, Nunes teve almoço com o ex-presidente, Tarcísio e o coronel no Edifício Matarazzo. Na ocasião, o prefeito evitou chamar Mello Araújo de favorito para a vice, mas disse que o escolhido de Bolsonaro tinha "argumentos fortes".

Publicamente, o tempo de propaganda gratuita em rádio e TV fornecido pelo PL tem sido apontado como o motivo da preferência. Nos bastidores, aliados também citam a necessidade de "amarrar" Bolsonaro na campanha, evitando a dispersão dos votos do eleitorado no campo da direita.

PP

Um dos focos de resistência era o PP. Integrantes da sigla criticaram publicamente a escolha do coronel. Contudo, na última segunda-feira, o presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), se encontrou com Nunes e afirmou que, se a indicação fosse oficializada, a legenda acataria e caminharia com Nunes em qualquer hipótese.

"É muito importante que o governador Tarcísio e o presidente Bolsonaro façam essa indicação (...) Se ela vier a acontecer, vai contar com nosso apoio e nosso entusiasmo", afirmou o senador sobre o nome de Mello Araújo.

O União Brasil, por sua vez, mantém a pré-candidatura do deputado Kim Kataguiri, mas pode retirá-la em julho. O presidente da Câmara Municipal, vereador Milton Leite (União Brasil), sempre defendeu o acerto com Nunes, mas reivindicava a vaga de vice. "A análise básica do União é a seguinte: o Ricardo é muito ligado à Igreja Católica. Nós precisamos de um evangélico, bem caracterizado. O coronel não preenche esse requisito", disse Leite ao Estadão. Para ele, Mello Araújo "não tem voto".

'Viajando'

Ontem, Tarcísio minimizou as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre sua relação com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Depois de dizer que não queria falar a respeito do tema, o governador se limitou a responder que o petista pode citá-lo "à vontade", mas que ele está "viajando" ao imaginá-lo já como um adversário na eleição presidencial de 2026. (COLABOROU MATHEUS DE SOUZA)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Autoridades informaram na última sexta-feira, 28, que um homem ficou em estado grave após ser mordido por um tubarão na Flórida, nos Estados Unidos. A vítima foi encontrada em um barco, perdendo muito sangue devido a uma lesão grave no antebraço, por agentes da unidade marítima do Gabinete do Xerife do condado de Nassau (NCSO, na sigla em inglês).

Um agente aplicou um torniquete para estancar o sangramento. "A vítima foi transportada de helicóptero para um hospital próximo em estado crítico, mas a expectativa é de que ele se recupere", escreveu o órgão em um publicação no X (antigo Twitter).

A BBC aponta que o incidente ocorreu após outros dois ataques de tubarão separados que ocorreram também em junho na costa da Flórida, machucando três pessoas: uma mulher teve parte do braço amputada e "ferimentos críticos" no quadril em um ataque; o outro ataque foi contra duas adolescentes, em que uma teve lesões "significativas" na parte superior das pernas e em uma das mãos, enquanto a outra teve ferimentos leves no pé.

Recentemente, outro caso teve repercussão nos Estados Unidos: o ator Tamayo Perry, que fez parte do elenco de um dos filmes da franquia Piratas do Caribe, morreu no dia 22 de junho após ser atacado por tubarões no Havaí. Segundo informações do serviço de emergência de Honolulu, o artista, que também trabalhava como salva-vidas, estava praticando surfe. Ele chegou a ser socorrido e foi levado às pressas para a costa, mas não resistiu aos ferimentos.

Segundo a BBC, os ataques de tubarão são mais comuns na Flórida do que em outras partes do mundo: em 2023, o estado registrou 16 incidentes não provocados com mordidas de tubarão, segundo o Arquivo Internacional de Ataques de Tubarão da Universidade da Flórida, o que representa 44% do total dos Estados Unidos e 23% a nível mundial. Não houve ataques fatais no estado no ano passado. Dados da universidade também apontam que há de 70 a 100 ataques de tubarão por ano em todo o mundo, que matam cerca de cinco pessoas, diz a emissora.

As juízas que compõem a minoria liberal na Suprema Corte dos Estados Unidos divergiram veementemente da decisão que garantiu imunidade parcial a Donald Trump. O voto contrário afirma que a maioria conservadora transformou a figura do presidente em "rei acima da lei".

Por seis votos a três, a corte determinou nesta segunda-feira, 1, que ex-presidentes têm imunidade absoluta nos atos oficiais, mas podem responder por suas ações pessoais. A decisão, vista como uma vitória para Trump, na prática, posterga processos no momento em que o líder republicano tenta voltar à Casa Branca.

Sonia Sotomayor escreveu que a maioria estava profundamente equivocada e que a decisão terá consequências severas para o futuro da democracia americana. A opinião foi compartilhada pelas juízas Elena Kagan e Ketanji Brown Jackson, todas indicadas por presidentes do Partido Democrata.

"Ordena que o Seal Team Six (unidade especial) da Marinha assassine um rival político? Imune. Organiza um golpe militar para manter o poder? Imune. Aceita um suborno em troca de um perdão? Imune. Imune, imune, imune", criticou Sotomayor.

As teses foram levantadas quando a Suprema Corte ouviu o pedido de Donald Trump por imunidade absoluta. Na ocasião, a defesa alegou que os presidentes precisavam dessa garantia para governar com independência e sustentou argumento ao ser confrontada com hipóteses extremas, da venda de segredos nucleares a assassinatos e golpes de Estado.

"Mesmo que esses cenários de pesadelo nunca se concretizem, e eu rezo para que nunca se concretizem, o dano já foi feito", escreveu a juíza. "Em cada uso do poder oficial, o Presidente é agora um rei acima da lei".

Sotomayor acusou a maioria de ignorar precedentes legais e argumentou que o parecer favorece apenas a defesa de Trump. Ela criticou, entre outras coisas, a decisão de que os promotores não poderiam usar os atos oficiais como evidência em um julgamento - mesmo que esses atos oficiais estejam relacionados a ações pessoais, passíveis de responsabilidade.

A acusação contra Trump, por exemplo, alega que ele explorou o poder do Departamento de Justiça para pressionar Estados a aceitar listas com eleitores falsos. Os juízes decidiram que as conversas de Trump com os funcionários do Departamento se qualificariam como atos oficiais e não poderiam ser usadas como evidência.

"Argumento por argumento, a maioria inventa imunidade por meio da força bruta", escreveu Sotomayor, acrescentando que a decisão estreita tanto a linha entre atos oficiais e não oficiais que torna quase impossível processar um ato não oficial.

Ela concluiu seu posicionamento de forma dura. No lugar do "respeitosamente, discordo" que frequentemente encerra os votos de divergência na Suprema Corte, escreveu: "Com medo por nossa democracia, eu discordo."

O voto da maioria, escrito pelo presidente da Suprema Corte John Roberts, afirma que a divergência da ala liberal tem um tom desproporcional. As dissidentes, por outro lado, afirmam que a preocupação é justificada.

Além de seguir a opinião de Sonia Sotomayor, a juíza Ketanji Brown Jackson, indicada de Joe Biden para Suprema Corte, apresentou uma divergência separada.

"A maioria dos meus colegas parece ter confiado na capacidade da Corte de impedir que os presidentes se tornem reis por meio da avaliação caso a caso do novo paradigma de responsabilidade presidencial", escreveu. "Temo que eles estejam errados. Mas, para o bem de todos nós, espero que eles estejam certos."

Trump alegou imunidade presidencial ao recorrer das acusações do procurador especial Jack Smith, que miram nos esforços do líder republicano para reverter a derrota na última eleição. O pedido chegou à Suprema Corte depois de ser rejeitado por tribunais inferiores.

O resultado da votação por seis votos a três reflete a divisão do tribunal, que tem seis juízes conservadores, sendo três deles indicados pelo próprio Donald Trump, e três liberais.

Na prática, a decisão atrasa o processo e torna improvável que o ex-presidente seja julgado antes das eleições. Isso porque caberá a juíza Tanya Chutkan convocar novas audiências para traçar a linha entre o que são atos oficiais e o que são ações pessoais de Trump no caso apresentado por Jack Smith. Se eleito, Trump poderia ordenar que o Departamento de Justiça encerre as acusações ou conceder perdão a si mesmo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, dia 1º, que o debate presidencial nos Estados Unidos mostrou o atual presidente Joe Biden muito fragilizado na TV e sugeriu a substituição dele por outro candidato. Apoiador declarado de Biden, Lula afirmou que é melhor que o Partido Democrata e o presidente americano tomem uma decisão sobre a candidatura dele.

Lula disse que Biden vem demonstrando problemas e defendeu que ele seja transparente sobre sua saúde e possa opinar sobre a eventual substituição por outro candidato. Depois de reiterar apoio ao atual presidente, ele disse que somente Joe Biden tem condições de relevar seu estado de saúde e sugeriu que o Partido Democrata troque de candidato caso Biden desista.

O presidente americano sofre intensa pressão, dentro e fora do partido, para desistir e abrir caminho para uma substituição, mas não deu sinais de que o fará.

Manifestações como as de Lula são desaconselhadas na diplomacia. Conselheiros do presidente entendem que elas podem ser vistas como interferência em assuntos internos da maior potência do planeta e abrir brecha para mais divergências com o ex-presidente Donald Trump, caso ele vença e retorne ao poder.

"Uma pessoa pode mentir para si mesmo, pode mentir para todo mundo, mas não pode mentir a vida inteira para ele mesmo. Ele tem que avaliar. Se está bem, ele é candidato, se acha que está em condições, ótimo. Mas se não está, é melhor eles tomarem uma decisão. O que foi chato e desagradável foi que no debate expuresam muito a fragilidade do Biden", afirmou Lula, em entrevista à rádio Princesa, da Bahia.

"O Biden tem que contar até dez e saber: vou ou não vou, posso ou não posso, estou em condições ou não estou. Só ele pode dizer."

Lula calculava as palavras para opinar sobre a disputa nos EUA, mas voltou a dizer que torce pela reeleição do democrata. Biden enfrenta o ex-presidente Donald Trump, candidato do Partido Republicano, a quem o petista chamou de "mentiroso", enquanto comentava o debate na CNN, da última quinta-feira.

"Primeiro, do outro lado (estava) um cidadão mentiroso, porque segundo o (jornal) New York Times ele contou 101 mentiras no debate. E do outro lado o Biden com certa morosidade para responder as coisas, mas quem sabe da saúde dele é ele", disse Lula. "Eu acho que o Biden tem um problema. Ele está andando mais lentamente, está demorando mais para responder as coisas. Mas quem sabe da condição do Biden é o Biden. Ele que sabe."

Lula comparou Joe Biden a ex-presidentes nonagenários com os quais conversa sobre a situação interna do Brasil, como José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, que continuam a refletir sobre política. Segundo Lula, são pessoas com "saúde precária", mas com a cabeça ativa politicamente.

A saúde física e mental do incumbente nos EUA, de 81 anos, é uma das principais questões da disputa pela Casa Branca. A substituição de Biden domina os debates no país depois de o presidente ter fracassado, durante o debate na CNN, em demonstrar vigor, com momentos de perda de raciocínio, travamentos e voz rouca expostos na TV. O debate era visto como um teste de fogo para Biden, que já vinha sendo questionado por quedas, dificuldades de discursar e seguir protocolos.

"Eu fico torcendo pelo Biden. Deus queira que ele esteja bem de saúde, que ele possa concorrer. Se não o Partido Democrata pode indicar outra pessoa", disse o petista, lembrando que saiu de cena em 2018 às vésperas da votação no Brasil - Lula foi impedido de concorrer em decorrência de processos por corrupção na Operação Lava Jato. "Aqui eu estava preso e indiquei o Haddad, faltavam poucos meses para a campanha."

"As eleições nos Estados Unidos são muito importantes para o resto do mundo, porque a depender de quem ganha e de que política externa querem ter os EUA a gente pode melhorar ou piorar o mundo", afirmou o pestita, defendendo uma visão mais "humanista" e "fraterna". "É muito difícil dar palpite num processo eleitoral de outro país, porque depois do resultado eleitoral a gente tem que conviver com quem ganhou as eleições então tem que tomar cuidado para não criar animosidade."