Caso Marielle: Ronnie Lessa é transferido de Campo Grande para penitenciária de Tremembé, em SP

Política
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O ex-policial militar Ronnie Lessa, denunciado pelo assassinado da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018, foi transferido na manhã desta quinta-feira, 20, da Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, para a Penitenciária de Tremembé, um presídio de segurança máxima no interior de São Paulo.

A transferência de Lessa foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após um pedido da defesa do ex-PM. Assassino confesso de Marielle, Lessa foi beneficiado com a mudança de presídio após fechar um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal (PF).

"Os benefícios previstos na colaboração premiada dependem, obviamente, da eficácia das informações prestadas, uma vez que trata-se de meio de obtenção de prova, a serem analisadas durante a instrução processual penal. Isso, entretanto, não impede que, no presente momento, seja realizada, provisoriamente, a transferência pleiteada - enquanto ainda em curso a instrução processual penal; medida possível e previamente acordada por esse juízo com a Chefia do Poder Executivo bandeirante e com a Corregedoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo", decidiu Moraes.

Os relatos de Ronnie Lessa, que revelaram os supostos mandantes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foram colhidos por investigadores da PF em uma série de encontros na Superintendência da Polícia Federal em Mato Grosso. Os dois anexos da colaboração que versam sobre a morte de Marielle e Anderson revelam não só o planejamento do assassinato, mas os meandros e a lógica do crime no Rio de Janeiro, assim como a ligação com milicianos.

No mesmo despacho, Moraes retirou o sigilo de parte da colaboração premiada do ex-PM. Segundo Moraes, a Polícia Federal concordou com a retirada do sigilo de dois anexos da delação de Lessa, apontando 'não existir mais necessidade' do segredo para as investigações.

Já a ordem de transferência atende um benefícios previstos no acordo de delação do ex-PM. Lessa apontou os irmãos Brazão - Chiquinho, deputado federal, e Domingos, conselheiro afastado do Tribunal de Contas.

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O general boliviano Juan José Zúñiga, acusado de liderar um golpe fracassado no País, foi enviado neste sábado, 29, para uma prisão de segurança máxima. Ele é acusado de terrorismo e de iniciar um levante armado.

"Em algum momento a verdade será conhecida", disse aos jornalistas, algemado, enquanto era escoltado por dois guardas até o carro que o levou para a prisão de segurança máxima de Chonchocoro, nos arredores de La Paz.

"Os demais são inocentes. São pessoas inocentes", acrescentou. Dois outros ex-chefes militares, incluindo o ex-vice-almirante da marinha Juan Arnez Salvador, também foram levados para a mesma prisão.

Zúñiga, que foi preso na quarta-feira, 26, após a rebelião, disse antes de ser levado sob custódia, sem fornecer provas, que o presidente Luis Arce ordenou que ele realizasse a rebelião, algo que o líder boliviano e seu governo negaram vigorosamente.

Arce disse à AP na sexta-feira, 28, que Zúñiga planejava "assumir o controle" do governo e se tornar presidente, e negou mais uma vez que o ataque de quarta-feira, 26, ao palácio do governo tenha sido um "autogolpe" destinado a ganhar pontos políticos.

As autoridades prenderam 21 pessoas, incluindo Zúñiga, que estavam sob custódia em instalações policiais em La Paz. Todas elas enfrentam acusações de levante armado e terrorismo.

Quatorze dos detidos compareceram neste sábado perante um juiz. Familiares de alguns dos detidos disseram na sexta-feira que não sabiam de nenhum complô, e alguns dizem que seus entes estavam simplesmente "cumprindo ordens" ou foram informados de que estavam realizando um "exercício militar".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, busca retomar seu encanto e garantir a doadores que está totalmente capacitado para o desafio de derrotar Donald Trump, durante encontros com doadores neste sábado, 29. O desempenho preocupante do político de 81 anos no primeiro debate presidencial, na quinta-feira, atemorizou muitos no Partido Democrata, que veem o ex-presidente Donald Trump como uma ameaça à democracia do país, após o levante de 6 de janeiro de 2021.

As respostas com idas e vindas e dificuldades para Trump levaram o conselho editorial do jornal The New York Times a declarar na sexta-feira que Biden deveria deixar a corrida presidencial, dizendo que seguir seria "uma aposta irresponsável". Biden e sua mulher, Jill, participaram de um evento na tarde deste sábado em East Hampton, Nova York a praia de Long Island onde o preço médio das residências segundo a empresa do setor Zillow era US$ 1,9 milhão. Baseando-se em registros públicos, o evento fechado à imprensa foi na casa de Avram Glazer, proprietário do time de futebol americano Tampa Bay Buccaneers.

O casal foi ainda a um segundo evento em East Hampton, na residência do investidor Barry Rosenstein, e ainda teria outro evento para arrecadar fundos em Red Bank, Nova Jersey.

Após o debate da noite da quinta-feira, Biden mostrou mais vigor em discursos na Carolina do Norte e em Nova York, na sexta-feira, ao dizer que acredita "com todo meu coração e minha alma" que pode desempenhar o papel de presidente.

A campanha do democrata disse que levantou mais de US$ 27 milhões na quinta-feira e na sexta-feira, sendo US$ 3 milhões em um evento na cidade de Nova York com foco na comunidade LGBTQ+.

O presidente ainda precisa dissipar temores, após o debate, em meio a clipes e memes disseminados na internet e à pressão pública para que ele saia da disputa. Doadores democratas por Nova York, o sul da Califórnia e no Vale do Silício demonstraram em privado grande preocupação sobre a viabilidade de Biden na campanha, após o debate. Em uma série de mensagens em grupos e conversas privadas, eles discutiam uma lista de possíveis nomes para substituí-lo, entre eles a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, o da Califórnia, Gavin Newsom, e a vice-presidente Kamala Harris.

Mas não houve, na sexta-feira, nenhuma pressão formal para pressionar Biden a sair da disputa. Alguns suspeitam que isso nunca ocorrerá, diante dos desafios logísticos associados a substituir o virtual candidato apenas quatro meses antes do dia da votação. Alguns doadores notaram que fariam uma pausa em suas contribuições e disseram que a receita dos eventos deste fim de semana seriam quase certamente fortes pois as entradas já estavam vendidas e pagas antes do debate.

O frustrante desempenho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no primeiro debate contra o ex-presidente Donald Trump fez Wall Street reforçar o coro pela desistência do democrata nas eleições presidenciais americanas. Investidores já começam a pensar em como posicionar os seus portfólios para capturar ganhos em uma eventual vitória do republicano, considerando suas principais estratégias econômicas, de redução de impostos, desregulamentação e aumento de tarifas.

Os pedidos para Biden largar a corrida à Casa Branca começaram de forma instantânea ao fim do debate, que aconteceu na quinta-feira, 27, em Atlanta, na Geórgia. Foi a primeira vez que Trump e Biden se enfrentaram desde 2020, sem público ou assessores.

O megainvestidor de Wall Street Bill Ackman, da gestora Pershing Square, puxou a fila ao defender que Biden deve abandonar a tentativa de reeleição neste ano. Em seu lugar, ele voltou a citar o maior banqueiro do mundo, Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, como o candidato que o partido Democrata deveria escolher para duelar com Trump.

"O fato é que Biden não pode ser nosso próximo presidente. Se o partido Democrata fosse inteligente, Jamie Dimon seria o candidato. Jamie disse que não concorreria a menos que fosse ungido presidente. Esta seria a sua unção", escreveu Ackman, em seu perfil no X (antigo Twitter).

O fundador do Venture for America e empresário americano Andrew Yang também pediu a retirada de Biden da corrida à Casa Branca. Ele afirmou que "Biden é uma boa pessoa e que deve fazer o que é certo para o país". Yang foi candidato nas primárias democratas de 2020.

A consultoria inglesa TS Lombard considera "difícil" trocar Biden no contexto atual. Mas o democrata pode sofrer pressão para abandonar o posto, seja através de aliados ou do ponto de vista financeiro. "Se todos os grandes doadores começarem a reter doações para pressionar o presidente a desistir em favor de um candidato mais viável, isso será um sinal importante", diz a diretora geral de pesquisas políticas da TS Lombard, Grace Fan.

De acordo com ela, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, encabeça a lista de possíveis substitutos para disputar a corrida à Casa Branca do lado do partido democrata. Outros nomes de possíveis candidatos seriam os dos governadores da Califórnia, Gavin Newsom; de Illinois, J.B. Pritzker; de Michigan, Gretchen Whitmer; e da Pensilvânia, Josh Shapiro.

Apesar do coro generalizado para Biden abandonar a tentativa de uma reeleição, o britânico Barclays considera como "improvável" que o democrata abandone a corrida à Casa Branca. O banco, assim como a consultoria Capital Economics, veem chances de o atual presidente dos EUA se recuperar até as eleições americanas, que acontecem em novembro.

O analista do Barclays Michael McLean diz que outros políticos americanos passaram por turbulências em suas candidaturas, mas conseguiram se reerguer e acabaram vencendo as eleições. Como exemplo mais recente, cita o senador democrata John Fetterman, casado com a brasileira Gisele Barreto Fetterman. Ele sofreu um derrame em 2022, mas acabou garantindo o assento na Pensilvânia ao partido Democrata após a sua mulher entrar em cena e conduzir a campanha enquanto o democrata se recuperava.

"Tal como as condenações criminais de Trump não se revelaram um golpe fatal, Biden pode se recuperar de um debate sem brilho", diz o economista-chefe para as Américas da Capital Economics, Paul Ashworth.

O primeiro debate foi marcado por ataques pessoais e mútuos, iniciados já na primeira pergunta, sobre economia. Temas como inflação, imigração, guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, além de políticas comerciais estiveram no centro dos debates.

Pesquisa de opinião da CNN apontou que 67% dos espectadores elegeram Trump, de 78 anos, como o vencedor do debate, enquanto 33% classificaram a desenvoltura de Biden como a melhor da noite. A imprensa americana repercutiu as várias mentiras do republicano durante o debate. Foram 26, contabilizou o The New York Times. Mas as manchetes dos jornais americanos também evidenciaram a fraqueza de Biden, de 81 anos, e que terá 86 anos ao final de um eventual segundo mandato.

A reação levou os investidores a começarem a se preparar para uma possível administração Trump. "É provável que [os investidores] aumentem a exposição às ações dos EUA, com foco em setores que provavelmente se beneficiarão da desregulamentação e de impostos mais baixos, como tecnologia, energia e serviços financeiros", afirma o CEO do deVere Group, Nigel Green.

Em termos de política monetária, o banco americano Brown Brothers Harriman (BBH) avalia que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode ser restritivo por mais tempo em Trump II. "Trump planeja reduzir impostos e aumentar tarifas se for eleito. Esta combinação é inflacionária e poderá forçar o Fed a manter uma política restritiva por mais tempo", conclui. (COLABOROU GABRIEL TASSI LARA)