Anistia, regulação das redes, ativismo judicial: os recados de ministros do STF ao Congresso

Política
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Os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandaram uma série de recados ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Congresso Nacional em declarações no Fórum Jurídico de Lisboa, evento realizado na capital de Portugal. Entre os pontos abordados pelos ministros estão desde a possibilidade de anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro a regulação das redes sociais e das big techs.

Batizado de "Gilmarpalooza" por ser organizado pelo instituto de ensino superior de Gilmar Mendes, o fórum reúne representantes dos Três Poderes do Brasil, empresários do País e figuras notáveis lusitanas em painéis variados para discutir temas pertinentes ao Direito entre os dois países. Os ministros participam como convidados.

Em um recado ao Congresso, Moraes indicou, nesta sexta-feira, 28, que o Poder Judiciário dará a última palavra caso prospere a proposta de anistia aos presos e envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro do ano passado.

"Quem admite anistia ou não é a Constituição Federal, e quem interpreta a Constituição é o Supremo Tribunal Federal", disse Moraes.

A anistia é defendida por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tem sido citada nos bastidores do Congresso como moeda de troca pelo apoio do campo bolsonarista nas eleições pelas Presidências da Câmara e do Senado, em 2025.

"O Supremo Tribunal Federal é uma instituição centenária. Obviamente que quando a democracia é mais atacada e a Constituição é mais atacada o Supremo Tribunal Federal tem a missão de defendê-la e assim o fez", disse Moraes em alusão às eleições de 2022.

Moraes volta a defender regulação de big techs

Moraes ainda reforçou a necessidade de regular a atuação das big techs donas das redes sociais, sob o argumento de que outros países não permitem a existência de setores sem regulação. "É um absurdo que as big techs queiram continuar sendo uma terra sem lei, sendo instrumentalizadas contra a democracia", afirmou.

"Não existe mais nenhuma dúvida de que as redes sociais, as big techs, precisam ser regulamentadas e responsabilizadas. Não há dúvida disso", completou.

Descriminalização do porte de maconha

Outro assunto que veio à tona entre os ministros foi a decisão do STF pela descriminalização do porte de maconha. O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, afirmou na quinta-feira, 27, que a Corte cumpriu o seu papel ao decidir pela descriminalização e que o presidente Lula tem "liberdade de expressão" para discordar da decisão.

Lula afirmou na quarta, 26, que o STF não tem que se "meter em tudo" e que decisões como a desta semana sobre maconha geram "rivalidade" com outros poderes. Ainda de acordo com Lula, o STF não pode "pegar qualquer coisa" para julgar.

"Não sou sensor do que fala o presidente e menos ainda fiscal do salão. O que posso dizer é que o Supremo julga as ações que chegam ao plenário, inclusive os habeas corpus e recursos extraordinários de pessoas que são presas com pequenas quantidades de drogas", rebateu Barroso ao ser questionado sobre as declarações de Lula.

Dino rebate Lula

O ministro Flávio Dino também respondeu às críticas feitas pelo presidente à decisão da Corte. O magistrado argumentou que o tribunal é instado a decidir sobre temas polêmicos por causa da "conflagração" social.

Dino argumentou nesta sexta que temas em conflito na sociedade brasileira têm desaguado no Poder Judiciário, o que obriga os magistrados a agir.

"Quando as situações conflituosas caminham por aquela praça (dos Três Poderes) e não encontram outra porta, acham o prédio do Supremo mais bonito, a rampa é menor, e lá elas entram. Lá chegando, nós (ministros) não podemos jogar os problemas no mar ou no Lago Paranoá, e nós não podemos prevaricar", afirmou Dino.

"É por isso que o Supremo Tribunal Federal 'se mete em muita coisa'. Nós somos metidos em muita coisa justamente em face dessa conflagração que marca a sociedade brasileira", completou o ministro.

A posição do ministro se alinha a de outros integrantes da Corte. Dias Toffoli afirmou na última quinta-feira, 27, que "se tudo vai parar no Judiciário, é falência dos outros órgãos decisórios".

Em outra categoria

A cratera "Voragine" do vulcão Etna, o mais ativo da Europa, voltou a entrar em erupção na última terça-feira, 2. As novas explosões foram vigorosas, com fragmentos incandescentes irrompendo com força do topo do vulcão, que fica na Sicília, no sul da Itália, e tem aproximadamente três mil metros de altitude. As informações são do jornal italiano La Repubblica.

O vulcão exibiu uma cascata de lava com magma no interior da "Bocca Nuova", com um brilho que chegou a iluminar o rosto e os olhos de quem observava, afirma o jornal.

Considerado patrimônio mundial da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) desde 2013, o Etna não apresenta perigos, pois a sua lava desce em direção a uma área desabitada há anos. No entanto, o guia vulcanológico Francesco Ciancitto disse ao La Repubblica que observações podem ser arriscadas se não forem acompanhadas por um especialista, devido às imprevisibilidades do vulcão.

Centenas de milhares de residências na Jamaica estão sem energia elétrica, depois que o furacão Beryl passou pela costa sul da ilha na noite de quarta-feira. A tempestade de categoria quatro - uma das mais poderosas que já atingiu o país - trouxe mais de 12 horas de chuva forte, causando preocupações com inundações repentinas, segundo informações da BBC.A costa sul da Jamaica, na tarde de quarta-feira, derrubou a energia elétrica e arrancou telhados de casas.

O primeiro-ministro Andrew Holness disse que a Jamaica não tinha visto o "pior do que poderia acontecer". "Podemos fazer o máximo que pudermos, o que for humanamente possível, e deixamos o resto nas mãos de Deus", disse Holness.

Várias estradas no interior da Jamaica foram afetados por árvores caídas e postes de serviços públicos, enquanto algumas comunidades na seção norte ficaram sem eletricidade, de acordo com o Serviço de Informações do governo.

A JPS, provedor de energia na Jamaica, informou que 65% - ou cerca de 400.000 de seus clientes - estavam sem energia na manhã de quinta-feira, segundo a BBC.

Venezuela, Caribe, México

Classificado como um furacão de categoria 4, Beryl já causou pelo menos sete mortes e danos significativos no sudeste do Caribe e na Venezuela.

Na última segunda-feira, 1º, ventos de 148 quilômetros por hora atingiram as ilhas Granadinas e Carriacou, em Granada. De acordo com o New York Times, cerca de 98% dos edifícios nas ilhas, onde vivem cerca de 6 mil pessoas, foram danificados ou destruídos, incluindo a principal unidade de saúde de Carriacou, o Hospital Princess Royal, bem como seu aeroporto e marinas. Houve devastação nas colheitas, queda de árvores e destruição de postes de energia. As ilhas ficaram sem luz até a noite da última terça-feira, 2.

O Beryl deve atingir o México nesta quinta-feira, 4, após passar próximo ou sobre as Ilhas Cayman. Na Península de Iucatã, as autoridades fecharam escolas e prepararam centenas de abrigos. Soldados e técnicos foram mobilizados para garantir a segurança das linhas de energia./ Com informações de agências internacionais

A divisão de computação em nuvem da Amazon construirá um serviço ultrassecreto para o governo da Austrália, a fim de melhorar a capacidade desse importante aliado de compartilhar e analisar informações e impulsionar a resiliência de suas comunicações no setor de defesa.

A Austrália informou que investirá ao menos 2 bilhões de dólares australianos, ou US$ 1,3 bilhão, ao longo da próxima década para estabelecer e operar o serviço. O acordo envolve uma parceria estratégica entre o Australian Signals Directorate (ASD), o serviço de inteligência encarregado da cibersegurança, e a Amazon Web Services.

O serviço em nuvem secreto "proverá um espaço colaborativo de último tipo para nossa comunidade de inteligência e defesa para armazenar e acessar dados ultrassecretos", afirmou Rachel Noble, diretora-geral do serviço de inteligência do país. O modelo apoiará uma maior colaboração com os Estados Unidos e auxiliará operações militares australianas, enquanto incorpora novas tecnologias, como inteligência artificial e aprendizado de máquina, disse o governo.

Órgãos do país têm sido alvos de vários ataques cibernéticos importantes nos últimos anos, entre eles um em 2019 contra o Parlamento. Os EUA já apontaram a China como maior ameaça nessa frente, mas Pequim tem negado envolvimento em episódios do tipo.

Em outubro, a Microsoft informou que investiria 5 bilhões de dólares australianos nos próximos dois anos na Austrália, para expandir seus serviços de computação em nuvem e a infraestrutura de IA, enquanto também manteria uma parceria com o serviço de inteligência do país.