Estilo discreto de Nunes incomoda aliados, que cobram posições mais enfáticas na campanha em SP

Política
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), enfrenta pressões tanto de bolsonaristas quanto de uma ala de sua própria campanha para deixar de lado seu estilo discreto - ou, nas palavras de um aliado, "apagado" - e se posicionar mais na campanha eleitoral. As críticas ao jeito do prefeito, muitas vezes comparado ao do ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB), têm origens distintas nos dois grupos.

Para os bolsonaristas, o prefeito precisa adotar uma postura mais à direita e demonstrar um alinhamento mais claro com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), especialmente em relação a temas conservadores como o aborto e a legalização das drogas. Segundo um aliado, Nunes precisa "sair do muro" e deixar de ser ambíguo.

Um aliado próximo de Bolsonaro diz que a falta de posicionamento do prefeito pode fazer dele o "Rodrigo Garcia" desta eleição. O ex-governador, que hoje está à frente do plano de governo de Nunes, se colocou como um candidato de centro, fora da polarização, e terminou a corrida eleitoral de 2022 em terceiro lugar, atrás de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT), representantes de Bolsonaro e Lula (PT), respectivamente. Garcia tinha o controle da máquina pública e apoio majoritário dos prefeitos do Estado, situação similar à de Nunes, que acumula um exército de vereadores para fazer campanha à sua candidatura nas ruas.

Já a pré-campanha do prefeito pensa um pouco diferente: Nunes tem que se manter ao centro, mas dar um jeito de ser menos "apagado". Embora tenha elevado a avaliação de seu governo ao maior patamar na última pesquisa Datafolha, Nunes é descrito pelos eleitores paulistanos em pesquisas qualitativas como um prefeito que "não fede e nem cheira" e, por vezes, parece mais um "síndico" do que o governante da maior cidade da América Latina.

Na semana passada, a campanha passou a discutir a necessidade de o chefe do Executivo Municipal aparecer mais, especialmente nas redes sociais, onde o empresário e influenciador Pablo Marçal, pré-candidato do PRTB, lidera em número de seguidores e em engajamento. O prefeito paulistano tem usado as plataformas de maneira institucional, raramente abordando temas que envolvem seus adversários políticos. Os números ilustram essa diferença: enquanto Nunes soma 829 mil seguidores no Instagram, Marçal conta com 11,3 milhões.

A ala que prega por mais posicionamentos argumenta que o prefeito, embora bem colocado nas pesquisas, não tem conseguido liderar as discussões que dominam o ambiente digital. Como resultado, ele frequentemente se vê na defensiva, a reboque dos adversários, em especial Guilherme Boulos (PSOL-SP), com quem compartilha a liderança no Datafolha, e Marçal, que busca conquistar o apoio da direita com um discurso mais alinhado ao de Bolsonaro. Por outro lado, outros membros da pré-campanha discordam, argumentando que a maior parte dos eleitores procura um candidato moderado que não represente rupturas na cidade.

Ideia geral na campanha é evitar guinada à direita

Mais posicionamento não deve significar, porém, uma guinada à direita, como querem os bolsonaristas, mesmo com a recente indicação do ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo para o posto de vice, por recomendação de Bolsonaro. Segundo correligionários de Nunes, o foco da campanha está em apresentar as realizações do prefeito na cidade, a partir de marcas como o Domingão Tarifa Zero, o programa de recapeamento e o faixa azul, relegando o debate ideológico para o fim da lista de prioridades. Ao falar sobre seu posicionamento político, o prefeito tem delimitado distância em relação a Bolsonaro, reiterando ser um político de centro.

Ao tuitar sobre os resultados do Datafolha, o deputado federal Baleia Rossi (MDB), coordenador da campanha de Nunes e presidente do MDB, disse que a performance do prefeito reforça a tese da campanha de que é preciso "discutir os problemas reais, e não focar em disputas ideológicas que só fomentam discórdia".

Em uma recente declaração ao portal Jota, Nunes se descreveu como um "defensor do direito às diferenças e da democracia". E, apesar de afirmar que sua relação com o Bolsonaro é de "respeito", destacou que "padrinho político não governa". Ainda que Nunes queira atrair os votos da direita, há um receio de que a alta rejeição do ex-presidente em São Paulo contamine a sua candidatura.

Aliados de Bolsonaro têm se incomodado com falta de espaço

Não é só a falta de acenos à direita que tem irritado os bolsonaristas, que mesmo após a escolha de Mello Araújo continuam insatisfeitos com o prefeito. Parlamentares e pessoas do círculo íntimo do ex-presidente Jair Bolsonaro têm manifestado incômodo com a falta de prestígio na pré-campanha do emedebista.

A bancada aliada ao ex-presidente na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) é uma das fontes de insatisfação. Deputados contaram ao Estadão que, além de não serem procurados pelo prefeito para discutir as demandas da cidade, não costumam receber convites para participar das agendas da prefeitura. A atitude, dizem alguns parlamentares, contrasta com a abordagem do ex-coach Pablo Marçal, que recentemente fez uma visita à Casa Legislativa para conversar com os deputados de direita.

Quando questionados sobre a demanda bolsonarista por mais posicionamentos do prefeito à direita, correligionários de Nunes negam haver pressão e afirmam que o chefe do Executivo paulistano já se declarou publicamente contra a legalização das drogas e o aborto. No mês passado, no entanto, o Estadão questionou o prefeito sobre o seu posicionamento a respeito do PL do aborto, mas ele não se pronunciou sobre o assunto.

Aliados do emedebista asseguram que Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro estão empenhados na reeleição do prefeito, embora ainda não esteja claro qual será o nível de envolvimento do ex-presidente na campanha - se ele participará ou não das inserções de televisão, por exemplo. Até agora, o casal tem sido discreto nas manifestações de apoio a Nunes nas redes sociais, principal meio de comunicação do bolsonarismo com a militância.

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O Hezbollah disparou cerca de 250 foguetes e outros projéteis contra Israel neste domingo, 24, ferindo sete pessoas em um dos maiores ataques do grupo militante em meses, em resposta aos ataques israelenses mortais em Beirute, enquanto os negociadores prosseguiam com os esforços de cessar-fogo para interromper a guerra total.

Alguns dos foguetes atingiram a área de Tel Aviv, no coração de Israel.

Enquanto isso, um ataque israelense a um centro do exército matou um soldado libanês e feriu outros 18 no sudoeste do país, entre Tyre e Naqoura, informaram os militares libaneses. O exército israelense lamentou o ocorrido, dizendo que o ataque ocorreu em uma área de combate contra o Hezbollah e que as operações militares são direcionadas exclusivamente contra os militantes.

Ataques israelenses mataram mais de 40 soldados libaneses desde o início da guerra entre Israel e o Hezbollah , mesmo com o exército libanês se mantendo à margem.

O primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, condenou o último ataque como uma agressão aos esforços de cessar-fogo liderados pelos EUA, chamando-o de "mensagem direta e sangrenta que rejeita todos os esforços e contatos em andamento" para acabar com a guerra.

O Hezbollah começou a disparar foguetes, mísseis e drones contra Israel depois que o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 na Faixa de Gaza deu início à guerra no país. O Hezbollah retratou os ataques como um ato de solidariedade com os palestinos e o Hamas. O Irã apoia os dois grupos armados.

Israel lançou ataques aéreos de retaliação contra o Hezbollah e, em setembro, o conflito se transformou em uma guerra total quando Israel lançou ondas de ataques aéreos em grande parte do Líbano e matou o principal líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e vários comandantes importantes.

Os militares israelenses disseram que cerca de 250 projéteis foram disparados neste domingo, sendo que alguns foram interceptados.

O serviço de resgate israelense Magen David Adom disse que tratou sete pessoas, incluindo um homem de 60 anos em estado grave devido ao disparo de foguetes no norte de Israel, um homem de 23 anos que foi levemente ferido por uma explosão na cidade central de Petah Tikva, perto de Tel Aviv, e uma mulher de 70 anos que sofreu inalação de fumaça de um carro que pegou fogo lá. Em Haifa, um foguete atingiu um prédio residencial que, segundo a polícia, corria o risco de desabar.

O Crescente Vermelho Palestino relatou 13 feridos que, segundo ele, foram causados por um míssil interceptador que atingiu várias casas em Tulkarem, na Cisjordânia. Não ficou claro se os ferimentos e danos em outros lugares foram causados por foguetes ou interceptores.

Horas depois, as sirenes voltaram a soar no centro e no norte de Israel.

Ataques aéreos israelenses sem aviso prévio no sábado, 23, atingiram o centro de Beirute, matando pelo menos 29 pessoas e ferindo 67, de acordo com o Ministério da Saúde do Líbano.

No domingo, a fumaça voltou a pairar sobre Beirute com novos ataques. Os militares israelenses disseram que o alvo eram os centros de comando do Hezbollah nos subúrbios de Dahiyeh, ao sul, onde os militantes têm uma forte presença.

Os ataques israelenses já mataram mais de 3,7 mil pessoas no Líbano, de acordo com o Ministério da Saúde. Os combates desalojaram cerca de 1,2 milhão de pessoas, ou um quarto da população do Líbano.

Do lado israelense, cerca de 90 soldados e quase 50 civis foram mortos por bombardeios no norte de Israel e em combate após a invasão terrestre de Israel no início de outubro. Cerca de 60 mil israelenses foram deslocados do norte do país.

Enviado da UE pede pressão para chegar a uma trégua

O governo Biden passou meses tentando intermediar um cessar-fogo, e o enviado dos EUA, Amos Hochstein, esteve na região na semana passada.

O principal diplomata da União Europeia pediu no domingo mais pressão sobre Israel e o Hezbollah para que cheguem a um acordo, dizendo que um acordo final do governo israelense estava "pendente".

Josep Borrell falou após se reunir com Mikati e com o presidente do parlamento libanês, Nabih Berri, um aliado do Hezbollah que tem feito a mediação com o grupo.

Borrell disse que a UE está pronta para alocar 200 milhões de euros (US$ 208 milhões) para ajudar o exército libanês, que enviaria forças adicionais para o sul.

O acordo emergente abriria caminho para a retirada dos militantes do Hezbollah e das tropas israelenses do sul do Líbano abaixo do rio Litani, de acordo com a resolução do Conselho de Segurança da ONU que encerrou a guerra de 2006, que durou um mês. As tropas libanesas patrulharão com a presença de forças de paz da ONU.

O exército do Líbano reflete a diversidade religiosa do país e é respeitado como instituição nacional, mas não tem capacidade militar para impor sua vontade ao Hezbollah ou resistir à invasão de Israel.

Um ano desde o único acordo de libertação de reféns

Com a paralisação das negociações para um cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns em Gaza, os reféns libertados e as famílias dos que ainda estão presos marcaram um ano desde o único acordo de libertação de reféns naquela guerra.

"Há um ano estamos esperando por outro acordo que traga todos de volta", disse Yifat Zailer, prima de Shiri Bibas, que ainda está presa com seu marido e dois filhos pequenos. "É difícil manter a esperança, certamente depois de tanto tempo e quando outro inverno está prestes a começar."

Cerca de 100 reféns ainda estão em Gaza, e acredita-se que pelo menos um terço esteja morto. A maioria dos 250 restantes sequestrados no ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 foi libertada no breve cessar-fogo do ano passado.

As conversações para outro acordo sofreram recentemente vários reveses, incluindo a demissão do Ministro da Defesa israelense Yoav Gallant, que havia pressionado por um acordo, e a decisão do Qatar de suspender sua mediação.

Os esforços estão paralisados há meses, em grande parte devido à exigência do Hamas de que Israel encerre a guerra e retire todas as tropas de Gaza como parte de um acordo de reféns. Israel ofereceu apenas uma pausa em sua ofensiva. (Com agências internacionais)

O Paquistão suspendeu neste domingo, 24, os serviços de celular e internet "em áreas com preocupações de segurança", conforme apoiadores do ex-premiê preso, Imran Khan, se preparavam para um protesto na capital. O governo do país e o Ministério do Interior postaram o anúncio na rede social X, proibida no Paquistão. Eles não especificaram as áreas, nem disseram por quanto tempo a suspensão estaria em vigor.

"Os serviços de internet e celular continuarão a operar normalmente no restante do país", afirmaram.

Enquanto isso, a empresa de telecomunicações Nayatel enviou e-mails oferecendo aos clientes "um serviço de telefonia fixa confiável" como alternativa nas áreas afetadas pela suspensão do serviço de celular.

Khan está preso há mais de um ano e tem mais de 150 casos criminais contra ele, mas ele permanece popular e o seu partido político, o Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), afirma que os casos têm motivação política. Os apoiadores do ex-premiê dependem fortemente das redes sociais para exigir sua libertação e usam plataformas de mensagens como o WhatsApp para compartilhar informações, incluindo detalhes de eventos.

O Paquistão já isolou a capital Islamabad com contêineres de transporte e fechou grandes estradas e rodovias que conectam a cidade com os redutos do PTI nas províncias de Punjab e Khyber Pakhtunkhwa.

Os candidatos à presidência do Uruguai, Alvaro Delgado e Yamandú Orsi, votaram neste domingo, 24, no segundo turno das eleições em Montevidéu. Delgado, apoiado pelo atual presidente Luis Lacalle Pou, e Orsi, aliado do ex-presidente Pepe Mujica, estão em empate técnico, de acordo com as pesquisas mais recentes.

Analistas dizem que as campanhas sem brilho dos candidatos e o amplo consenso sobre questões-chave ajudaram a gerar uma extraordinária indecisão e apatia dos eleitores. A campanha foi dominada por discussões sobre impostos e gastos sociais, mas amplamente livre da fúria anti-establishment que impulsionou outsiders populistas ao poder em outros lugares.

Os resultados devem ser conhecidos a partir das 20h30 (horário de Brasília).

Delgado e Orsi saíram de casa cedo e entregaram biscoitos à imprensa, de acordo com o jornal uruguaio El País. Antes de votar, o candidato de centro-direita visitou a casa do atual presidente acompanhado de sua filha mais velha, Agustina, e de sua cachorra, Karla. Delgado disse à imprensa local que a militância estava muito animada e entusiasmada. Lacalle Pou declarou que recebeu o aliado político em casa como um "amigo".

Orsi, por sua vez, saiu de casa tomando chimarrão - ele comemorou com jornalistas que a campanha eleitoral ocorreu "sem incidentes". "A democracia tem que ser uma festa", disse ele, de acordo com o El País.

Mujica também votou pela manhã, no bairro Cerro. O líder de esquerda chegou antes da abertura das urnas. Ele disse à imprensa que era importante criar esperança entre os eleitores mais jovens. "Meu futuro mais próximo é o cemitério, mas me interessa a sorte de vocês, dos jovens que quando tiverem minha idade vão viver em um mundo muito distinto", disse, de acordo com o El País. (Com agências internacionais)