Divisão no PSDB põe em xeque articulação de Doria

Política
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As articulações em torno das eleições para a Mesa Diretora da Câmara e do Senado colocaram em xeque o futuro do projeto que vinha sendo traçado por setores do PSDB para viabilizar a candidatura à Presidência do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por meio de uma aliança da legenda com o DEM e o MDB. A ofensiva do Palácio do Planalto para eleger o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) presidente da Câmara fez a bancada federal do PSDB hesitar no apoio formal a Baleia Rossi (MDB-SP), candidato que reunia a oposição a Bolsonaro.

Oficialmente, integrantes do PSDB refutam a palavra "racha" para descrever a situação do partido. Entretanto, nos bastidores, dirigentes tucanos falam em "bagunça" e "falta de direção" para descrever o momento, embora considerem que há tempo para reorganizar a casa.

Tucanos mais próximos do governador avaliam que Doria tem ganhado espaço com DEM e MDB ao agir para manter o alinhamento do PSDB com as siglas. "O governador João Doria sai fortalecido", disse o presidente estadual do PSDB, Marcos Vinholi. Para ele, Doria deu "apoio claro à construção do centro democrático fundamental para o futuro do País".

Outros dirigentes paulistas ouvidos pelo Estadão, entretanto, disseram que o apoio do MDB a Doria vinha sendo garantido por nomes como o de Rodrigo Maia (RJ) e do vice-governador Rodrigo Garcia, ambos do DEM - partido que desembarcou na última hora da campanha de Baleia - e não por ação própria dos emedebistas.

Entre aliados, há queixas de falta de empenho de Doria na eleição. Há duas semanas, Maia ficou dois dias seguidos no Palácio dos Bandeirantes despachando ao lado de Garcia em busca de votos para Baleia. Na ocasião, Doria organizou um almoço com 25 deputados paulistas em apoio a Baleia e convocou entrevista coletiva após o evento. Mas, na ocasião, no lugar de um discurso focado na candidatura de Baleia, Doria preferiu puxar um movimento pelo impeachment de Bolsonaro, dizendo que a população e o Congresso deveriam "reagir". Ocorre que o impeachment não estava na pauta dos deputados.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que recebeu os dois candidatos à presidência da Câmara em seu Estado e declarou apoio em Baleia, avalia que o fator "anti-Bolsonaro" não foi ponto de definição dos votos dos deputados. "Fazer uma divisão de adesões a uma agenda ideológica ou não me parece correto pelo que conversei com os deputados".

Leite disse que a decisão dos deputados se deu por uma série de fatores, e citou até o fato de que Baleia tinha apoio de partidos como o PT. "Não acho que o partido se fragilize, e não acho que o bolsonarismo saia fortalecido", disse. Para o governador, o resultado também não terá interferência em alianças da legenda no futuro.

Fora de São Paulo, até o projeto "Doria-MDB-DEM versus Bolsonaro" não é consenso. "Doria não pode achar que o que é bom para ele é bom para os outros", disse o senador Plínio Valério (PSDB-AM), que, no Senado, declarou voto em Rodrigo Pacheco (DEM), contra a orientação do partido. O parlamentar disse que "as divergências nos levarão a conversar", mas discorda de que o PSDB deva ser claramente adversário do presidente.

Nesta segunda-feira, 1, diante da possibilidade de o partido deixar o bloco de apoio a Baleia para adotar posição neutra, Doria teria dito que o PSDB não poderia "virar um DEM" - que rachou quando a maior parte dos deputados da legenda declarou intenção de votar em Lira - nem poderia "ser comandado" pelo candidato do Progressistas. Procurado, Doria orientou a reportagem a contatar o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, que não respondeu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."