Ala pró-Nunes no PSDB estuda lançar pré-candidato contra Datena, mas Perillo banca apresentador

Política
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A declaração do apresentador José Luiz Datena (PSDB) de que pode desistir de disputar a eleição e sequer ir à convenção que confirmaria sua candidatura a prefeito de São Paulo no próximo sábado, 27, estimulou uma ala do PSDB que defende que o partido apoie o prefeito Ricardo Nunes (MDB) a reagir. O grupo caminha para lançar o ex-presidente municipal, Fernando Alfredo (PSDB), como pré-candidato e disputar no voto a indicação contra Datena na convenção.

A articulação ganhou força após Alfredo chamar Datena para um debate na semana passada e o apresentador responder que ele deveria se candidatar a prefeito em 2028 caso queira debater, conforme mostrou a Coluna do Estadão. O grupo avalia que lançar um nome contra Datena evitará arrastar Nunes para a briga interna do PSDB ao mesmo tempo que poderia ajudar o prefeito ao barrar a candidatura do apresentador ou levá-lo a desistir.

O presidente nacional da sigla, Marconi Perillo (PSDB), porém, diz que o jornalista tem todo respaldo e segurança do partido. "Não há qualquer risco da candidatura não ser homologada pelas Executivas da federação e do partido. O Datena terá apoio integral nos dois colegiados, que são quem vão escolher o candidato. Isso elimina qualquer possibilidade de sacanagem. Entre desistir e ser prefeito, ele está muito mais próximo de ser prefeito", afirmou.

Datena disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo na segunda-feira, 22, que pode desistir a qualquer momento, reclamou que integrantes do PSDB agem nos bastidores para atrapalhar sua candidatura, inclusive na convenção, mas projetou que seu nome será aprovado.

"Se sábado eu sentir que os caras vão me encher o saco na convenção, eu não vou. Acabou", declarou, antes de acrescentar o desejo de ser aclamado pelos tucanos como Guilherme Boulos (PSOL) foi na convenção que confirmou sua candidatura no sábado e como Nunes será na convenção que organiza para o próximo dia 3 de agosto.

Integrantes do partido pontuam que o auditório na Assembleia Legislativa de São Paulo onde ocorrerá a convenção é pequeno e pode dar margem para tumulto durante o evento.

Fernando Alfredo afirma que o movimento por uma candidatura para rivalizar com Datena surgiu da militância e de fundadores que estão preocupados com a imagem do PSDB e a ausência de discussões internas sobre o rumo da legenda.

Ele defende o apoio a Nunes, que foi alçado ao cargo de prefeito após ser vice de Bruno Covas, morto vítima de um câncer em 2021. "Lançar candidato pela conveniência momentânea não vai fazer com que o PSDB se reconstrua, ainda mais sendo o Datena", diz Alfredo.

Aliado de Datena, o presidente do PSDB paulistano, José Aníbal, trata o movimento apenas como "provocação" e diz que quem apoia o atual prefeito "nada tem a ver com o PSDB e hoje são bolsonaristas". "São lacaios do Nunes. Não tem potencial para coisa nenhuma no PSDB e na candidatura do Datena", afirmou.

O PSDB realizou mudanças na composição da federação com o Cidadania e também no diretório paulistano para dar respaldo político a Datena e minimizar eventual oposição interna ao jornalista. Alfredo, um dos líderes do movimento pró-Nunes, foi retirado da federação, onde era suplente, enquanto Mario Covas Neto (PSDB), aliado do apresentador, foi alçado ao cargo de presidente do colegiado. Mesmo assim, Datena demonstrou insatisfação por não ter sido avisado das alterações.

Alfredo protagonizou um embate com Datena na sexta-feira, 19, como mostrou a Coluna do Estadão. Ele cobrou Datena a participar de um debate para que a militância tucana saiba o que o pré-candidato pensa sobre os governos do PSDB e a social-democracia.

"Estou louco para marcarem uma reunião pública, mas eles não têm coragem. Meu grupo iria em peso", disse Alfredo. "Sem chance. Se ele quer debate, que se candidate na próxima eleição", respondeu o apresentador.

Outro ponto do qual Datena se queixou foi a entrevista de um representante de sua pré-campanha à rádio CBN. O engenheiro Paulo Lourenço disse que é fundamental aumentar a quantidade de radares em São Paulo. Um dia antes, o pré-candidato do PSDB disse que não ampliaria o número de radares se eleito porque eles são uma "grande sacanagem" com o objetivo de aumentar a arrecadação da Prefeitura por meio de multas.

É a quinta vez que Datena se lança como pré-candidato. Nas quatro anteriores, ele recuou sob a justificativa de ter sido vítima de "sacanagens" de integrantes dos partidos onde estava filiado. Fora da televisão desde o final de julho, como exige a legislação eleitoral, ele realizou a primeira agenda de pré-campanha de sua vida ao caminhar pelo Mercadão Municipal na semana passada.

O PSDB também tem lhe dado estrutura: alugou uma nova sede para o diretório municipal, que se transformará no comitê de campanha e contratou o marqueteiro Felipe Soutello para realizar a campanha eleitoral do apresentador.

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O Kremlin rejeitou nesta quarta, 12, se comprometer com um cessar-fogo imediato de 30 dias na guerra com a Ucrânia, afirmando que Vladimir Putin deveria primeiro ser informado pelos EUA dos detalhes do acordo antes de decidir se a proposta é aceitável para a Rússia.

Steve Witkoff, enviado da Casa Branca, deve chegar à Rússia nos próximos dias. Donald Trump disse ontem que outros negociadores já estavam a caminho de Moscou. "Esperamos obter o cessar-fogo", afirmou o presidente americano, que prometeu telefonar para Putin ainda esta semana.

Em Moscou, porém, o clima é de cautela. Dmitri Peskov, porta-voz de Putin, disse ontem que o Kremlin estava "estudando cuidadosamente" a proposta americana. Segundo ele, a Rússia aguarda nos próximos dias "os detalhes do acordo alcançado".

Pessimismo

Algumas autoridades russas mostraram pessimismo, dizendo que a Rússia não estaria disposta a interromper os combates, uma vez que suas forças vêm obtendo ganhos significativos nos últimos dias, recuperando parte da região russa de Kursk, onde a Ucrânia lançou uma incursão no ano passado.

"A Rússia está avançando no campo de batalha. Qualquer acordo deve ser feito em nossos termos, não nos termos americanos", escreveu o senador Konstantin Kosachev, no Telegram. O deputado Mikhail Sheremet disse à mídia estatal russa que o Kremlin não estava interessado em continuar a guerra, mas também não pode tolerar a pressão americana.

Alguns especialistas disseram que a Rússia, provavelmente, exigiria certas garantias antes de aceitar o cessar-fogo. Ontem, Fiodor Lukianov, analista de política externa que dirige um conselho que assessora o Kremlin, escreveu que um acordo de cessar-fogo "contradiz" a posição de Putin de que nenhuma trégua será declarada até que as bases de uma paz duradoura sejam determinadas. "Em outras palavras, lutaremos até que uma estrutura de acordo permanente seja elaborada", disse.

Putin rejeitou várias vezes a possibilidade de um cessar-fogo temporário, dizendo que uma trégua curta não resolveria o que ele chama de "causas fundamentais" do conflito. No início do ano, ele disse ao Conselho de Segurança da Rússia que só aceitaria um acordo de paz de longo prazo.

Desde então, o presidente russo estabeleceu uma lista de exigências cada vez maiores para pôr fim à invasão, incluindo uma garantia de que a Ucrânia não entrará na Otan, a desmilitarização parcial do Exército ucraniano e a anexação total das quatro regiões reivindicadas pela Rússia no leste do país.

Risco

No entanto, a rejeição do cessar-fogo também apresenta um risco para Putin. O maior deles é irritar Trump e minar o relacionamento caloroso entre os dois presidentes, o que levou o governo dos EUA a dar um cavalo de pau na sua diplomacia e adotar uma abordagem amistosa em relação a Moscou.

Por isso, a proposta americana de cessar-fogo coloca uma tensão entre dois objetivos de Putin: uma vitória total sobre a Ucrânia e estreitar laços com Trump. Para analistas, a oposição do Kremlin a um cessar-fogo temporário vem do simples cálculo de que, com suas forças avançando no campo de batalha, uma interrupção dos combates faria com que a Rússia abrisse mão de sua influência sem obter concessões.

Telefonema

Mas esse cálculo mudou após o telefonema com Trump, em fevereiro, e o realinhamento da Casa Branca com o Kremlin, que teriam tornado Putin mais tentado a cair nas graças do presidente americano. Segundo o analista Ilya Grashchenkov, a Rússia poderia até mesmo aceitar uma trégua "taticamente desfavorável, mas estrategicamente favorável", se for para Putin mostrar que está do lado de Trump.

"Certamente, não é impossível que os russos aceitem a trégua", disse Samuel Charap, analista da Rand Corporation. "Não porque eles queiram um cessar-fogo incondicional e temporário, mas porque agora eles têm interesse nas relações com Washington." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O governo do Reino Unido anunciou nesta quarta-feira, 12, a expulsão de um diplomata russo e de seu cônjuge, em represália à expulsão de dois funcionários da embaixada britânica em Moscou no início desta semana.

O Ministério das Relações Exteriores britânico convocou o embaixador russo no Reino Unido, Andrei Kelin, para comunicá-lo sobre as expulsões, após o que descreveu como uma "campanha crescente e coordenada de assédio contra diplomatas britânicos". Algo que, segundo Londres, visa forçar o fechamento da embaixada britânica em Moscou.

"Não toleraremos a campanha implacável e inaceitável de intimidação do Kremlin, nem suas tentativas repetidas de ameaçar a segurança do Reino Unido", afirmou o secretário de Relações Exteriores, David Lammy, na rede social X.

Ainda não foi informado um prazo para a saída dos diplomatas expulsos.

Na segunda-feira, 10, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) afirmou que os dois diplomatas britânicos expulsos haviam fornecido dados pessoais falsos ao solicitar permissão para entrar no país e estavam envolvidos em atividades de inteligência e subversão que ameaçavam a segurança da Rússia. Não foram apresentadas evidências que comprovassem tais alegações.

"O alcance das ações da Rússia só pode ser enfrentado com força", disse o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido. "Este incidente está encerrado, e exigimos que a Rússia faça o mesmo. Qualquer ação adicional por parte da Rússia será considerada uma escalada, e responderemos de acordo."

As expulsões de diplomatas - tanto de enviados ocidentais trabalhando na Rússia quanto de russos no Ocidente - tornaram-se cada vez mais frequentes desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 2022.

No entanto, as expulsões entre o Reino Unido e a Rússia são tensas há mais tempo. As relações entre os dois países pioraram drasticamente em março de 2018, quando o ex-agente de inteligência russo Sergei Skripal e sua filha foram envenenados na cidade inglesa de Salisbury, em uma tentativa de assassinato atribuída pelas autoridades britânicas à Moscou, uma acusação que o Kremlin descreveu como absurda.

Um diplomata dos Emirados Árabes, anteriormente identificado por Teerã como portador de uma carta do presidente dos EUA, Donald Trump, para reiniciar as negociações sobre o programa nuclear do Irã, reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores iraniano nesta quarta-feira.

Não está claro como o Irã reagirá à carta, que Trump revelou durante uma entrevista televisiva na semana passada. Seu destinatário, o líder supremo Ayatollah Ali Khamenei, disse que não está interessado em negociações com um "governo abusivo".

No entanto, o país árabe enfrenta problemas econômicos exacerbados pelas sanções sobre seu programa nuclear e Trump impôs mais sanções desde que assumiu o cargo em janeiro. Essa pressão, aliada à turbulência interna do país e aos recentes ataques diretos de Israel, coloca Teerã em uma das posições mais precárias que sua teocracia já enfrentou desde a Revolução Islâmica de 1979.