Desembargadores sob suspeita de corrupção têm contracheque de R$ 140 mil líquido/mês em média

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, afastados de suas funções no Tribunal de Justiça de Mato Grosso por suspeita de ligação com um esquema de venda de sentenças, receberam contracheques da Corte que, somados, chegam a R$ 1,66 milhão nos primeiros seis meses do ano - em valores líquidos, já descontado imposto na fonte.

A reportagem do Estadão pediu manifestação dos desembargadores, via assessoria do TJ de Mato Grosso. O espaço está aberto.

As informações sobre os subsídios dos desembargadores estão no Portal da Transparência do Tribunal.

Em média, cada um deles recebeu em torno de R$ 140 mil livres por mês, ou três vezes o teto do funcionalismo público, que é de R$ 44 mil brutos, segundo estabelece a régua do Supremo Tribunal Federal. No período apurado, de janeiro a junho, Ferreira Filho recebeu salários de R$ 840.920,93 limpos. Seu colega, R$ 823.280,33.

O ápice de Ferreira foi no mês de maio, quando seu holerite bateu em R$ 162.676,54 limpos. Em junho, a performance salarial do magistrado se repetiu - assim, nesses meses, o estouro do teto chegou a quatro vezes o limite do STF.

Em valores brutos, João Ferreira recebeu em maio R$ 186.175,21. Em junho também.

Para Sebastião, o pagamento mais encorpado ocorreu em janeiro e fevereiro, meses em que o Tribunal depositou em sua conta R$ 159.646,48 líquidos - ou R$ 186 mil brutos.

O contracheque dos magistrados de Mato Grosso, como de resto de todos os tribunais estaduais, é robustecido por 'direitos eventuais'. 'direitos pessoais', 'indenizações', 'auxílio-alimentação', 'gratificação por exercício cumulativo', 'auxílio-saúde' e 'outros'.

Em maio e em junho, João Ferreira foi contemplado com R$ 135.025,27 sob a rubrica 'direitos eventuais'. A mesma quantia paga a Sebastião.

Os pagamentos - sempre em montante líquido - ao desembargador João Ferreira foram um pouco mais acanhados em janeiro (R$ 126.708,23), fevereiro (R$ 129.686,54), março (R$ 129.686,64) e abril (R$ 129.686,54).

A rotina dos contracheques mais bem remunerados foi retomada no segundo semestre do ano. Em julho, João Ferreira teve rendimento líquido de R$ 131.419,50.

Para Sebastião de Moraes Filho, março (R$ 126.657,55), abril (R$ 126.646,48), maio (R$ 126.646,48) e junho (124.036,86) foram os meses de rendimentos inferiores aos depositados em janeiro e em fevereiro.

O Imposto de Renda na fonte não atinge a totalidade dos subsídios dos juízes. Em janeiro, João Ferreira recebeu R$ 149.356,89 em montante bruto - o IR pegou R$ 9.452,28. Em junho, o magistrado teve contracheque de R$ 186.175,21 (brutos), o Leão mordeu R$ 10.026,36.

Em julho, o desembargador Sebastião de Moraes Filho teve subsídio líquido de R$ 128.389,44. Em cifras brutas, R$ 154.710,76 - o IR ficou com R$ 10.026,36.

Os subsídios dos magistrados têm suporte na Lei Orgânica da Magistratura, em regimentos internos dos tribunais e legislações específicas.

Cenário de graves faltas funcionais'

Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados do TJ de Mato Grosso por ordem do ministro Luís Felipe Salomão, corregedor nacional de Justiça, na última quinta-feira, 1º. Os dois desembargadores estão sob suspeita de envolvimento com um esquema de venda de sentenças.

Os magistrados também são investigados por supostamente atuarem em casos patrocinados por um advogado - assassinado no ano passado - com o qual mantinham "amizade íntima", recebendo presentes e propinas em vez de se declararem impedidos para julgarem os processos de interesse do causídico amigo.

Salomão ainda determinou a abertura de reclamações disciplinares sobre a conduta atribuída aos magistrados. O ministro quebrou o sigilo bancário e o fiscal dos desembargadores e de servidores da Corte matogrossense, referente aos últimos cinco anos.

O corregedor consultou o presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, sobre os afastamentos, que foram determinados "considerando a premente necessidade de prevenir situações futuras em caso de permanência dos desembargadores na jurisdição, com condutas reiteradas".

Ao determinar a investigação sobre os desembargadores, Salomão destacou indícios de que os magistrados mantinham "amizade íntima" com o advogado Roberto Zampieri, falecido.

A relação impediria os magistrados de atuarem em processos patrocinados por Zampieri. No entanto, segundo investigações preliminares, Sebastião e João Ferreira recebiam propinas e presentes para julgarem recursos de acordo com o advogado.

"As investigações acenam para um cenário de graves faltas funcionais e indícios de recebimento de vantagens indevidas", indicou Salomão.

Os magistrados têm 15 dias, a contar da citação da decisão do corregedor, para apresentar defesa prévia à eventual abertura de Processo Administrativo Disciplinar.

O ministro ainda anotou que as apurações apontam para a "existência de um esquema organizado de venda de decisões judiciais, seja em processos formalmente patrocinados por Zampieri, seja em processos em que o advogado não atuou com instrumento constituído, mas apenas como uma espécie de lobista no Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso".

Roberto Zampieri foi assassinado em dezembro do ano passado, aos 59 anos, em frente ao seu escritório, em Cuiabá.

Segundo o Ministério Público de Mato Grosso, que investiga o caso, o crime pode ter relação com decisões da Justiça do Estado.

A Corregedoria Nacional de Justiça já havia determinado, em maio último, o compartilhamento de provas apreendidas pela Polícia Civil de Mato Grosso, especialmente o conteúdo extraído do celular do advogado.

Em outra categoria

O magnata da tecnologia Elon Musk, que é a pessoa mais rica do mundo, investiu mais de US$ 70 milhões (o equivalente a R$ 400 milhões) na campanha do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e de outros republicanos, tornando-se um dos maiores doadores das eleições americanas, de acordo com informações de financiamento divulgadas nesta semana.

Desde o meio do ano, Musk fez uma doação para o America PAC, um super comitê de ação política que ele lançou em maio para ajudar Trump na disputa pela Casa Branca. Rapidamente, o bilionário se tornou um ator central no esforço eleitoral de Trump.

"O America PAC está apenas buscando o senso comum e valores centristas", disse Musk, que é o fundador da Space X e da Tesla, na última terça-feira em sua rede social X, logo após a quantia de dinheiro que ele contribuiu ser tornada pública em um registro de financiamento de campanha.

Super comitês como o America PAC de Musk podem arrecadar e gastar quantias ilimitadas de dinheiro, mas são normalmente proibidos de coordenar seus esforços com os candidatos que apoiam. Uma decisão recente da Comissão Eleitoral Federal, que regula campanhas políticas federais, permitiu que candidatos e esses grupos de grandes gastos trabalhem juntos em chamadas operações de "campo", que são os exércitos de pessoas enviados para bater de porta em porta e ajudar a mobilizar os eleitores.

Embora os candidatos e partidos políticos tradicionalmente organizem e paguem por tais esforços, a campanha de Trump tem lutado para arrecadar dinheiro este ano e recorreu a alguns grupos externos para realizar o trabalho, com o America PAC de Musk sendo o principal deles.

Mas, ao fazer isso, a campanha terceirizou uma função central para um grupo de organizações inexperientes que operam de forma independente. A decisão do governador da Flórida, Ron DeSantis, de contar com um grupo externo para fazer a campanha de porta em porta é apontada como uma das razões para o fracasso de sua candidatura presidencial.

Até agora, o America PAC gastou mais de US$ 38 milhões (R$ 215 milhões) em esforços de campanha de porta a porta, de acordo com divulgações de financiamento de campanha.

Grande parte do dinheiro do America PAC foi pago a um punhado de empresas de consultoria, incluindo várias ligadas a Phil Cox, ex-assessor de campanha presidencial de Ron DeSantis e ex-diretor executivo da Associação de Governadores Republicanos. Empresas sob o guarda-chuva das diversas companhias de Cox já receberam pelo menos US$ 21 milhões (R$ 119 milhões) desde agosto, mostram os registros.

O fato de Trump terceirizar grande parte de seus esforços para mobilizar eleitores não é a única estratégia não convencional que sua campanha adotou este ano. Sua campanha e aliados também abandonaram a abordagem tradicional de conquistar eleitores independentes ou moderados. Em vez disso, estão tentando impulsionar a participação de apoiadores de Trump que raramente votam, uma abordagem nova, mas arriscada.

Os Estados Unidos e um grupo de dez países planejam estabelecer uma equipe de monitoramento de sanções multilaterais para acompanhar e relatar violações e evasões das medidas de sanções estipuladas contra a Coreia do Norte.

"Estamos alinhados em nosso compromisso de manter a paz e a segurança internacionais e de salvaguardar o regime global de não proliferação, além de enfrentar a ameaça decorrente dos programas de armas de destruição em massa e mísseis balísticos da República Popular Democrática da Coreia, que violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU", diz um comunicado conjunto divulgado nesta quarta-feira, 16.

O texto foi elaborado em conjunto com a Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, República da Coreia e Reino Unido.

A intenção de estabelecer uma equipe de monitoramento ocorre à luz do veto que dissolveu o painel de peritos do Comitê 1718 do Conselho de Segurança da ONU este ano, segundo o comunicado.

A campanha da vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata, Kamala Harris, disse que os programas listados na "Agenda para Homens Negros" estarão abertos a todos os americanos em uma base racialmente neutra.

A vice-presidente tem "percepção clara sobre como há muito que são negadas aos homens negros as ferramentas que lhes permitiriam aumentar a sua riqueza, conseguir um emprego bem remunerado e apoiar os seus entes queridos - ela está defendendo soluções que beneficiarão todos os americanos e abordar essas barreiras específicas às oportunidades econômicas", disse um assessor de campanha não identificado.

Embora os programas da "Agenda para Homens Negros" sejam abertos a todos, a campanha de Harris insistiu que não estava enganando o público-alvo.

A vice-presidente reuniu as ideias depois de ouvir "histórias potentes de homens negros sobre os maiores obstáculos que ainda lhes dificultam o lançamento dos seus negócios", diz um folheto de campanha. Algumas propostas certamente beneficiarão o grupo, como o aumento dos esforços federais para combater a doença falciforme. De acordo com os Institutos Nacionais de Saúde, 90% dos afetados são negros.