Barroso defende Moraes; ala bolsonarista no Congresso articula pedido de impeachment

Política
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O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, o decano da Corte, Gilmar Mendes, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, saíram nesta quarta-feira, 14, em defesa do ministro Alexandre de Moraes durante sessão do tribunal. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo mostrou que o gabinete de Moraes encomendou, de forma não oficial, a produção de relatórios sobre bolsonaristas. No Congresso, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) articulam uma ofensiva contra o ministro que inclui um pedido de impeachment e a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso.

 

"A ideia de que foram iniciativas tomadas à margem da lei é completamente equivocada. É uma desinformação jurídica", afirmou Barroso ao defender o colega, durante a abertura da sessão plenária do Supremo. O presidente da Corte sustentou ainda que "não houve nenhuma circulação de dados e informações que não estivesse documentada adequadamente no processo".

 

Barroso também destacou que todas as informações foram solicitadas quanto a pessoas que já eram investigadas, para instruir apurações que estavam em curso. "Em nenhuma hipótese, em nenhum caso, houve fishing expediction personalizada a qualquer pessoa aleatória", disse.

 

De acordo com a reportagem da Folha, diálogos mostram o uso do setor de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como um braço investigativo do gabinete de Moraes no Supremo. Na época das trocas de mensagens, entre auxiliares do ministro, Moraes presidia a Corte Eleitoral.

 

O jornal afirmou também na reportagem que a equipe de Moraes pediu a produção de relatórios para embasar descrições envolvendo bolsonaristas que estão sendo investigados nos inquéritos das fake news e das milícias digitais. Disse ainda que as mensagens revelam um fluxo fora do rito, com um órgão do TSE sendo usado para abastecer o STF.

 

Formalizadas

 

Barroso indicou ontem que, no caso em questão, o condutor do inquérito do STF era "por acaso" o presidente do TSE (Moraes). "A alegada informalidade é porque ninguém geralmente oficia para si próprio. Como as informações eram do presidente do TSE para o relator, elas não eram formalizadas no momento da solicitação, por isso havia algumas solicitações informais. Mas quando elas chegavam eram formalizadas e inseridas nos processos dada vista ao Ministério Público", frisou o presidente do STF.

 

Outro ponto destacado por Barroso foi o fato de todas as informações solicitadas por Moraes serem públicas e requeridas ao órgão do TSE que fazia o acompanhamento de redes sociais. "Não houve aqui nenhum tipo de investigação de natureza policial ou que dependesse sequer de reserva judicial. Era o acompanhamento de dados e informações, notícias e postagens em redes sociais, para verificar se havia alguma conduta criminosa ou alguma conduta que estava sendo investigada no âmbito dos inquéritos", ponderou

 

Ecoando nota divulgada pelo gabinete de Moraes nesta terça, 13, Barroso destacou o poder de polícia do Tribunal Superior Eleitoral, indicando que basta o indício de "alguma coisa errada" para que a Corte o exerça. Segundo o ministro, a Corte Eleitoral tem o dever jurídico de atuar sempre que houver circulação de desinformação com risco ao sistema eleitoral e à democracia. Além disso, o presidente da Corte quis destacar o contexto dos inquéritos em curso no STF, "para que não se faça um revisionismo histórico abstraindo do que estávamos vivendo naquela conjuntura de risco grave para a democracia".

 

'Abertura'

 

Gonet seguiu a linha da manifestação de Barroso e afirmou que, onde era cabível a intervenção do órgão ou da Procuradoria-Geral Eleitoral, "houve a abertura de oportunidade para atuação" do Ministério Público. "Nessas oportunidades, pude verificar as marcas de coragem, diligência, assertividade e retidão nas decisões e no modo de Moraes conduzir os inquéritos", declarou o procurador-geral.

 

Logo após o pronunciamento de Barroso, Gilmar Mendes afastou qualquer comparação do caso com os métodos da Operação Lava Jato, classificando tal paralelo como "irresponsável e sem a menor correlação fática". Segundo o decano, tal comparação é "uma tentativa desesperada de desacreditar o Supremo, em busca de fins obscuros relacionados à impunidade dos golpistas".

 

Já Moraes disse que "não há nada a esconder". "Seria esquizofrênico eu, como presidente do TSE, me auto-oficiar. Até porque, como presidente do TSE, no exercício do poder de polícia, eu tinha o poder, pela lei, de determinar a feitura dos relatórios."

 

Legislativo

 

Ontem, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) anunciou o início da coleta de assinaturas para um pedido de impeachment de Moraes. Ele disse que irá reunir apoios até o dia 7 de setembro e apresentará o requerimento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no dia 9 do mesmo mês.

 

"Não vivemos uma democracia na nossa Nação, infelizmente. Vivemos numa ditadura da toga", disse Girão. O senador lembrou que já existe um requerimento de CPI contra ministros do Supremo na Câmara dos Deputados, e defendeu a criação de uma nova comissão para investigar os fatos agora revelados.

 

OAB vai pedir acesso a casos sob relatoria de ministro

 

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que vai pedir acesso aos inquéritos que tramitam sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão da entidade foi costurada pelos conselheiros federais, presidentes das seccionais e pelo presidente nacional da Ordem, Beto Simonetti, na manhã de ontem, e é tratada como urgente.

 

Esse é um primeiro passo para a entidade analisar se há outras medidas cabíveis. O objetivo é verificar se servidores do gabinete do ministro cometeram irregularidades.

 

Em nota, a OAB afirmou que é preciso "esclarecer, com urgência, se houve ou não a atuação de servidores ou de gabinetes do Supremo Tribunal Federal para produzir provas ilegais para sustentar decisões judiciais desfavoráveis a pessoas específicas ou se a atuação se restringiu aos limites do exercício do poder de polícia da Justiça Eleitoral". "A Justiça deve ser imparcial e respeitar os direitos e garantias estabelecidos pela Constituição. Fora do devido processo legal não há atuação legítima do Judiciário", diz o comunicado.

 

Moraes afirmou que todas as investigações conduzidas por ele seguiram as normas previstas em lei.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Após vencer as eleições parlamentares da Groenlândia da terça-feira, 11, o Partido Demokraatit, de centro-direita, rejeitou nesta quarta, 12, as recentes pressões feitas pelo presidente americano, Donald Trump, para assumir o controle da ilha, que é um território autônomo da Dinamarca. Favorável a uma independência gradual de Copenhague, a legenda declarou que a Groenlândia não está a venda.

"Não queremos ser americanos. Também não queremos ser dinamarqueses. Queremos ser groenlandeses. E queremos nossa própria independência no futuro. E queremos construir nosso próprio país por nós mesmos, não com a esperança dele", disse o líder do partido Jens-Friederik Nielsen, à Sky News.

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Independência

Uma ruptura com a Dinamarca não estava na cédula, mas estava na mente de todos. A Groenlândia foi colonizada há 300 anos pela Dinamarca, que ainda exerce controle sobre a política externa e de defesa do país.

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Uma vitória surpreendente

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União

O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Bourup Egede convocou a votação em fevereiro, dizendo que o país precisava se unir durante um "momento sério" diferente de tudo que a Groenlândia já vivenciou.

Depois que os resultados foram conhecidos, Egede agradeceu aos eleitores em uma postagem no Facebook por comparecerem e disse que os partidos estavam prontos para recorrer às negociações para formar um governo.

Seu partido, o Inuit Ataqatigiit, ou United Inuit, recebeu 21% dos votos. Este é um declínio significativo em relação à última eleição, quando a legenda teve 36% dos votos, de acordo com a KNR TV.

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O ex-presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, foi entregue à custódia do Tribunal Penal Internacional (TPI) nesta quarta-feira, 12, informou o órgão. Duterte tinha uma ordem de prisão emitida pelo TPI por supostos crimes durante sua campanha contra o tráfico de drogas.

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Duterte é investigado pelos assassinatos em massa que aconteceram durante seu governo em meio à repressão contra o comércio de drogas ilegais no país. O TPI começou a investigar o papel de Duterte na repressão violenta aos filipinos ainda em novembro de 2011, quando ele era prefeito da cidade de Davao. Duterte foi presidente do país entre 2016 e 2022.

O TPI vem investigando assassinatos em massa em repressões supervisionadas por Duterte desde que ele serviu como prefeito de Davao, uma cidade no sul das Filipinas. As estimativas do número de mortos na repressão sob Duterte como presidente variam, de mais de 6 mil que a polícia nacional relatou até 30 mil reivindicados por grupos de direitos humanos.

O mandado de prisão contra Duterte aponta que "há motivos razoáveis para acreditar que o ataque às vítimas foi generalizado e sistemático".

A prisão de Duterte foi necessária "para garantir seu comparecimento ao tribunal", de acordo com o documento de 7 de março.

Jurisdição

Duterte se tornou o primeiro ex-presidente asiático a ser preso pelo TPI. Advogados do ex-presidente questionam o mandado porque as Filipinas não fazem parte do tratado que permite a jurisdição do Tribunal.

O TPI extrai sua jurisdição do Estatuto de Roma, um documento atualmente assinado por 125 países. Logo após o anúncio do inquérito, Duterte afirmou que as Filipinas se retirariam do tratado, e o país deixou oficialmente o Tribunal em março de 2019.

O TPI alega que tem jurisdição porque as acusações datavam de quando as Filipinas ainda eram signatárias do tratado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que "espera que possamos obter um cessar-fogo da Rússia". "E se conseguirmos, acho que isso seria 80% do caminho para acabar com esse horrível banho de sangue" , disse Trump em entrevista concedida na Casa Branca, onde recebeu o primeiro-ministro da Irlanda, Micheal Martin, nesta quarta-feira, 12. O presidente dos EUA novamente fez ameaças veladas de atingir a Rússia com novas sanções. "Podemos, mas espero que não seja necessário", acrescentou Trump. Fonte: Associated Press.