Lula rebate acusações de Leite e diz que irá conversar com governador e mostrar números

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu cobranças e críticas feitas pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ao governo federal. O petista disse não disputar com o tucano e que irá conversar com o chefe do Executivo estadual para mostrar o apoio já dado pelo governo federal ao Estado.

"Eu duvido que, na história da República brasileira, houve um governo, além de Lula e Dilma Rousseff, que cuidou do Rio Grande do Sul como nós cuidamos daqui", disse Lula, durante anúncio da aceleração das obras do Minha Casa, Minha Vida, no Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira, 16.

"Eduardo, toda vez que você olhar para o governo federal, saiba que você tem um amigo. Eu não disputo com você. Eu não disputo popularidade com você. Eu não sou gestor, sou político", comentou. "Nunca tive nenhum problema com nenhum governador. Trato todos com muito respeito, com muita delicadeza."

Desde o início do dia, Lula e Leite trocam indiretas. Na manhã desta sexta, o presidente reclamou da distância que o governador mantém do governo federal no processo de reconstrução do Estado depois da destruição causada pelas enchentes. A fala ocorreu em entrevista à Rádio Gaúcha. O petista disse que Leite "nunca está contente".

Após isso, Lula e Leite chegaram juntos ao evento desta tarde. No início da cerimônia, o governador foi alvo de vaias, o que fez o petista quebrar o protocolo e defendê-lo das críticas, pedindo respeito do público local. Apesar da defesa, o governador aproveitou o espaço de seu discurso, durante a cerimônia, para rebater a reclamação de Lula feita mais cedo.

"Eduardo, se o outro presidente da República trazia claque para te vaiar, quem está aqui são trabalhadores", respondeu Lula. "Estou com uma relação com muitos números aqui e não vou utilizar, porque isso vai ser resultado de uma conversa minha com o governador em algum momento", comentou.

Durante sua fala, Lula elencou alguns episódios que o governo federal já deu suporte ao Rio Grande do Sul. Segundo o presidente, a gestão federal está dando suporte à população gaúcha não só por causa das enchentes. "Quando teve seca nesse Estado em 2023, o governo federal esteve aqui com seis ministros e duvido que, em algum momento antes, algum governo federal tivesse dado atenção para combater a seca nesse Estado."

O chefe do Executivo federal também rebateu a fala de Leite de que alguns benefícios e promessas de suporte da gestão ainda não chegaram à ponta. "Se eu pudesse, já tinha feito todas as casas, mas não é assim que acontece, a gente não inventa casa. Já mandei olhar casa da China, da Suécia, porque quero encontrar um jeito de fazer a maior quantidade possível", comentou.

Lula prometeu que o governo irá cuidar do Estado, mas fez ponderações. A primeira é a de que, além do Rio Grande do Sul, a gestão também precisa cuidar de mais 26 entes da federação. Outra ponderação foi sobre as enchentes.

"É verdade que choveu, mas é verdade que a cheia que deu não foi por causa da chuva, mas porque não tinham cuidado das bombas", acusou. "Nós não estamos procurando culpados, nosso papel é ajudar."

O presidente também respondeu sobre a economia do Estado. "Contra sua tese, de que ia cair o ICMS desse Estado, você teve uma surpresa esse mês com o crescimento do ICMS que ninguém esperava que ia acontecer", comentou.

Diante da divergência entre os governos federal e estadual, Lula pediu para que o ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, divulgue todas as ações que a gestão fez de suporte ao Estado.

Na esteira das críticas que a gestão federal vem sofrendo, o presidente também comentou as do agronegócio. "Duvido que agro mostre que em algum momento alguém trata eles com a decência que eu e a Dilma tratamos", afirmou. "Nunca pedimos um favor e não vou pedir. Eles que falem o que quiserem, façam o que quiserem. Eu vou ajudar porque a agricultura é importante para o Brasil."

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O número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos subiu 18 mil na semana encerrada em 26 de abril, para 241 mil, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Trabalho do país nesta quinta-feira. O resultado ficou bem acima da expectativa de analistas da FactSet, que previam 225 mil solicitações no período.

O total de pedidos da semana anterior foi levemente revisado para cima, de 222 mil a 223 mil.

Já o número de pedidos contínuos teve alta de 83 mil na semana até 19 de abril, a 1,916 milhão, atingindo o maior nível desde 13 de novembro de 2021. Esse indicador é divulgado com defasagem de uma semana.

Lilian Moreno Cuéllar, juíza distrital de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, anulou nesta quarta, 30, a ordem de captura contra o ex-presidente Evo Morales por estupro e tráfico de pessoas, em um caso relacionado ao abuso de uma menor durante seu mandato. "Fica sem efeito qualquer mandado de rebeldia e ordem judicial de apreensão", diz a decisão judicial.

Lilian também determinou a suspensão de qualquer investigação sobre o caso, que corre em Tarija, no sul da Bolívia, e ordenou que o processo seja enviado para Cochabamba - onde Evo tem forte respaldo político e social.

Em outubro, o Ministério Público havia pedido a prisão do ex-presidente boliviano, de 65 anos, que desde então se refugiou em seu bastião político na região cocaleira do Chapare. De acordo com o MP, Evo começou um relacionamento com uma jovem de 15 anos em 2015, quando ele era presidente, e os pais dela consentiram com a união em troca de benefícios. A relação resultou no nascimento de uma filha, um ano depois. A jovem foi posteriormente identificada como Noemí Meneses, que hoje estaria com 25 anos.

Reação

A ordem judicial provocou reação dos críticos de Evo, em razão do histórico de Lilian, que entre 2012 e 2016 trabalhou no Serviço Nacional de Impostos e depois na Companhia Ferroviária Nacional (Enfe).

Lilian foi nomeada juíza pouco antes de Evo deixar o poder, em 2019, o que acabou levantando questionamentos sobre um conflito de interesses e acusações de proteção política ao ex-presidente boliviano.

Evo está inelegível desde 2023, quando a Justiça eleitoral vetou a reeleição indefinida - Evo foi presidente por quatro mandatos. Em fevereiro, no entanto, ele desafiou a sentença e anunciou sua candidatura presidencial nas eleições de 17 de agosto.

Ele se tornou opositor do atual presidente Luis Arce, transformado em desafeto e chamado de "traidor", depois que ambos desataram uma guerra pelo controle do partido Movimento ao Socialismo (MAS). Em março, o ex-presidente fundou seu próprio partido, o Evo Povo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O jornalista sueco Joakim Medin, preso em março após sua chegada à Turquia, foi condenado ontem a 11 meses de prisão por "insultar o presidente" turco, Recep Tayyip Erdogan, durante um protesto ocorrido em Estocolmo. A condenação foi suspensa logo em seguida, mas ele continuará detido por outra acusação, a de "pertencer a uma organização terrorista".

O repórter do jornal sueco Dagens ETC participou da audiência por videoconferência de sua cela na prisão de Silivri, oeste de Istambul. A Justiça turca o acusa de ter participado, em janeiro de 2023, de uma manifestação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em Estocolmo, capital sueca, durante a qual foi pendurado um boneco de Erdogan de cabeça para baixo, algo que o jornalista nega desde o início.

Medin reafirmou nesta quarta, 30, "não ter participado desse evento". "Eu estava na Alemanha a trabalho. Nem sabia dessa manifestação", declarou. Durante a audiência, o tribunal exibiu fotos tiradas em outra reunião, em agosto de 2023, em Estocolmo, quando a Turquia ainda bloqueava a entrada da Suécia na Otan.

"Nunca tive a intenção de insultar o presidente. Eu tinha a tarefa de escrever os artigos, e foram meus editores que escolheram as fotos", disse o repórter, destacando que Erdogan é "uma figura central" exibida nesses protestos.

Medin, de 40 anos, foi preso em 27 de março ao chegar à Turquia, onde iria cobrir as manifestações desencadeadas pela prisão, em 19 de março, do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal adversário político do presidente.

Violações

O jornalista relatou múltiplas violações de seus direitos básicos durante os estágios iniciais de sua detenção, incluindo o direito de acesso a um tradutor, a um advogado e a serviços consulares. Medin foi acusado de pertencer a uma organização terrorista, crime que poderia lhe render até nove anos de prisão e será julgado posteriormente, em data a ser definida.

Essa acusação baseia-se em publicações nas redes sociais, artigos e livros escritos "unicamente no âmbito de seu trabalho jornalístico", disse Baris Altintas, diretora da ONG turca de direitos humanos MLSA, que o representa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.