CNJ afasta juíza por 60 dias, com vencimentos, por ataques a Lula nas eleições

Política
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O Conselho Nacional de Justiça decidiu colocar em disponibilidade por 60 dias - com proventos proporcionais ao tempo de serviço - a juíza do Tribunal de Justiça de São Paulo Ana Cristina Paz Neri Vignola. Por unanimidade, o colegiado concluiu que Ana Vignola fez manifestações de cunho político-partidário durante as eleições 2022 por meio de 'postagens com conteúdo preconceituoso, racista e homofóbico'.

Os conselheiros seguiram o voto de João Paulo Schoucair, relator. Ele leu algumas publicações compartilhadas pela magistrada: "Essa gente que gosta de viver de assistencialismo e que vota no PT, quero distância desses preguiçosos"; "que sociedade doente o maior corrupto do País volta para governar o Brasil"; "Bora afastar quem quer sombra e água fresca quem quer assistencialismo".

O subprocurador-geral da República José Adonis Callou de Araújo Sá também destacou postagens e comentários de Ana Vignola. "As minhas famílias nunca usarão banheiro de todes"; "Lula é a maior vergonha do Brasil, a primeira é você. Bandido sai da prisão e vai para a Presidência"; "Supremo é o povo".

Ao CNJ, a magistrada alegou que em nenhum momento teve a intenção de agredir ou descumprir orientações do colegiado. Ela fez um pedido formal de desculpas destacando que, na época das postagens, passava por um tratamento oncológico.

A defesa da juíza, a cargo do advogado Júlio César de Macedo, pediu a negociação de um Termo de Ajustamento de Conduta ou a aplicação de censura à magistrada.

A avaliação do CNJ é a de que Ana Vignola incidiu em dois tipos de conduta vedada à classe: emitir opinião nas redes que demonstre atuação em atividade político-partidária ou apoio e crítica a lideranças e partidos políticos; e compartilhar opiniões que caracterizem discurso discriminatório ou de ódio.

Em seu voto, Schoucair assinalou que a juíza tinha "plena capacidade cognitiva e discernimento para compreender a magnitude de seu cargo e as expressões que foram usadas".

Schoucair ponderou que a magistrada fez 12 publicações mesmo ciente das restrições, "inclusive em juízo depreciativo de decisões judiciais e com frases que poderiam configurar racismo".

Para o relator do caso, as publicações de Ana Vignola revelam sua "percepção homofóbica e discriminatória da vida". O subprocurador-geral indicou que as postagens são "completamente incabíveis, especialmente no contexto eleitoral em que foram realizadas, de polarização e até radicalização, culminando no 8 de janeiro".

COM A PALAVRA, O ADVOGADO JÚLIO CÉSAR MACEDO, QUE REPRESENTA A JUÍZA ANA VIGNOLA

"Respeitamos a decisão colegiada do CNJ, mas sem razão objetiva, o plenário se divorciou do seu posicionamento até então remansoso de que em questões envolvendo manifestações por magistrados em redes sociais, com teor político/partidário, vez que a pena de disponibilidade é aplicável apenas para desembargadores. Não houve nenhuma razão objetiva nos autos que ensejasse uma reprimenda maior que a censura, como sempre aplicado pelo CNJ em casos análogos."

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse neste sábado, 3, que o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs enviar tropas americanas ao México para ajudar seu governo a combater o tráfico de drogas, mas que ela rejeitou o plano.

As declarações de Sheinbaum foram feitas a apoiadores no leste do México, em resposta a uma reportagem do Wall Street Journal publicada na sexta, 2, descrevendo uma tensa ligação telefônica no mês passado na qual Trump teria pressionado ela a aceitar um papel maior para o exército dos EUA no combate aos cartéis de drogas no México.

"Ele disse, 'Como podemos ajudá-la a combater o tráfico de drogas? Eu proponho que o exército dos Estados Unidos venha e ajude você'. E você sabe o que eu disse a ele? 'Não, presidente Trump'", relatou a presidente do México. Ela acrescentou: "A soberania não está à venda. A soberania é amada e defendida".

"Podemos trabalhar juntos, mas vocês no território de vocês e nós no nosso", disse Sheinbaum. Com uma explosão de aplausos, ela acrescentou: "Nunca aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território".

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Sheinbaum. A postura firme de Sheinbaum neste sábado sinaliza que a pressão dos EUA por intervenção militar unilateral colocaria ela e Trump em atritos, após meses de cooperação em imigração e comércio. Fonte: Associated Press.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse estar pronto para um cessar-fogo com a Rússia a partir deste sábado, 3, caso o país rival aceite uma trégua de, pelo menos, 30 dias. "Esse é um prazo razoável para preparar os próximos passos. A Rússia precisa parar a guerra - cessar seus ataques e bombardeios", escreveu Zelenski em seu perfil da rede social X.

Na mesma publicação, o mandatário ucraniano disse estar se preparando para importantes reuniões e negociações de política externa. "A questão fundamental é se nossos parceiros conseguirão influenciar a Rússia a aderir a um cessar-fogo total - um silêncio duradouro que nos permitiria buscar uma saída para esta guerra. No momento, ninguém vê tal prontidão por parte da Rússia. Pelo contrário, sua retórica interna é cada vez mais mobilizadora", completou, pedindo sanções à energia e aos bancos russos para pressionar o país a parar os ataques.

Mais cedo neste sábado, 3, Zelenski negou a proposta de uma trégua de 72 horas proposta pela Rússia em virtude das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. Os ucranianos também se negaram a garantir a segurança das autoridades que forem a território russo para as celebrações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 para participar do evento. A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, já está em solo russo.

Na preparação para a eleição parlamentar nacional, o governo interino de Portugal anunciou que planeja expulsar cerca de 18 mil estrangeiros que vivem no país sem autorização.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse, neste sábado, 3, que o governo de centro-direita emitirá aproximadamente 18 mil notificações para que as pessoas que estão no país de maneira ilegal saiam.

O ministro afirmou que, na próxima semana, as autoridades começarão a emitir os pedidos para que cerca de 4,5 mil estrangeiros nesta situação saiam voluntariamente dentro de 20 dias.

A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.

Portugal realizará uma eleição geral antecipada em 18 de maio. O primeiro-ministro, Luis Montenegro, convocou a votação antecipada em março, depois que seu governo minoritário, liderado pelo Partido Social Democrata, conservador, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou.

Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.