Nunes tem mais da metade do tempo de propaganda eleitoral de rádio e TV; Marçal fica de fora

Política
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Na próximo dia 30, o popularmente conhecido "horário político" tem início no rádio e na televisão. O tempo destinado aos candidatos nas emissoras é uma das portas de entrada para que eles apresentem propostas para quem vai definir o novo prefeito e os novos vereadores de São Paulo nas urnas em outubro deste ano.

No rádio e na TV, o prefeito Ricardo Nunes terá vantagem. O candidato do MDB à reeleição terá, sozinho, mais de 60% do tempo diário reservado para a propaganda eleitoral gratuita nos veículos de massa, conforme divulgou o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) nesta quinta-feira, 22. O deputado Guilherme Boulos (PSOL), o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e a deputada Tabata Amaral (PSB) ficam com os quase 40% restantes do horário por dia. Os outros seis candidatos ao cargo, como o influenciador Pablo Marçal, do PRTB, e a empresária Marina Helena, do Novo, ficarão de fora.

Especialistas ouvidos pelos Estadão afirmam que, mesmo com a relevância assumida pelas redes sociais e a diminuição do tempo gasto pelos eleitores brasileiros em frente à televisão ou ouvindo o rádio, a propaganda eleitoral obrigatória ainda tem papel decisivo. A estratégia, principalmente televisiva, pode ser determinante sobretudo para os eleitores que não sabem em quem votar.

Os candidatos de partidos e federações partidárias com representantes na Câmara de Deputados que atingiram a cláusula de barreira tem direito ao tempo de rádio e TV. O mecanismo é utilizado pela Justiça Eleitoral para comprovar a representatividade dos partidos no País. As siglas precisam ter 12 deputados federais ou terem atingido 2% dos votos válidos em pelo menos nove unidades da federação na eleição de 2022.

O horário eleitoral gratuito será veiculado até 3 de outubro, de segunda a sábado, com 20 minutos diários em rede (divididos em dois blocos de 10 minutos) no rádio e na TV. Além disso, serão destinados 70 minutos em inserções diárias de 30 e 60 segundos, de segunda a domingo, entre 5 horas e meia-noite.

Tempo em cada uma das edições diárias (segunda a sábado)

- Ricardo Nunes: 6 minutos e 30 segundos

- Guilherme Boulos: 2 minutos e 22 segundos

- José Luis Datena: 35 segundos

- Tabata Amaral: 30 segundos

Tempo de inserções diárias (segunda a domingo)

- Ricardo Nunes: 27 minutos e 20 segundos

- Guilherme Boulos: 10 minutos

- José Luis Datena: 2 minutos e 29 segundos

- Tabata Amaral: 2 minutos e 10 segundos

A influência da propaganda política televisionada tem perdido espaço diante do avanço das redes sociais pela população, segundo a cientista política e assessora do Gabinete Compartilhado da Câmara dos Deputados, Paula Trindade. "Não podemos negar que a influência da TV está cada vez menor. Em 2018, o Brasil elegeu Bolsonaro com um tempo mínimo de televisão. À época, o partido que o abrigava era o PSL, que tinha alguns segundos na propaganda eleitoral gratuita, enquanto outros adversários tinham muito mais que isso", exemplificou.

Nas eleições daquele ano, o então candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, era quem tinha a maior fatia do horário eleitoral: o tucano teve 5 minutos e 32 segundos em cada bloco de propaganda, além de 434 inserções. Já o líder das intenções de voto à época, Jair Bolsonaro, teve apenas 8 segundos em cada bloco de propaganda e 11 inserções ao longo do primeiro turno da campanha eleitoral. Naquele ano, cada um dos dois blocos tinha 12 minutos e meio de duração no total.

"O prefeito Nunes terá muito mais tempo, mas vimos na eleição presidencial de 2018 que o (Geraldo) Alckmin tinha um tempo estrondoso de horário eleitoral gratuito e perdeu a eleição para (Jair) Bolsonaro, que tinha pouquíssimo tempo", disse professor de pós-graduação em direito eleitoral da Escola Judiciária Eleitoral Paulista, do TRE-SP, Alexandre Rollo.

No primeiro turno daquele pleito, Bolsonaro se alçou ao segundo turno com 46,03% dos votos. Alckmin, por sua vez, teve 4,76%. O candidato que disputou a segunda etapa da votação contra Bolsonaro foi Fernando Haddad, com 29,28% dos votos. Haddad teve, no total, dois blocos diários de 2 minutos e 23 segundos cada, além de 188 inserções ao longo do primeiro turno, mais uma inserção extra de 30 segundos definida por sorteio.

Paula Trindade ressalta, porém, que a televisão ainda é a maior fonte de conteúdo audiovisual dos brasileiros. Por isso, a influência da TV não foi substituída pela internet, mas adaptada à ela. "As peças publicitárias televisivas alcançam, até mesmo, os espectadores que não assistem TV. Elas circulam e chegam no YouTube, no WhatsApp. Então, é como se até a propaganda eleitoral fosse sob demanda", afirmou a especialista.

Para ela, o mesmo ocorre com os debates, porque à medida que a presença dos políticos leva seus seguidores das redes sociais à TV, o prestígio da televisão traz recortes do debate aos vídeos que circulam em grupos de mensageria e nas próprias redes sociais.

O assessor legislativo do Senado e cientista político Murilo Medeiros afirma ainda que, apesar da emergência das mídias digitais, a TV e o rádio ainda são preponderantes na estratégia de impulsionar candidaturas no Brasil. "Nas eleições municipais de 2020, por exemplo, cerca de 80% dos candidatos que possuíam maior tempo no rádio e TV saíram vitoriosos nas disputas para o cargo de prefeito."

Segundo ele, a propaganda eleitoral televisiva é particularmente eficaz diante de eleitores indecisos. "O bom uso do espaço televisivo é um trunfo para dar competitividade às candidaturas, principalmente para diminuir rejeições", explicou.

Candidatos sem tempo de TV

O especialista em marketing político e propaganda eleitoral pela Universidade de São Paulo (USP), Paulo Henrique Tenório, diz que para candidatos sem tempo de TV, como Marina e Marçal, "as redes sociais passam a ser a base fundamental deste candidato. Agora, não importa se o candidato seja grande ou não dentro de uma disputa: é preciso estar fortemente presente e ativo nas redes sociais para engajar o público de forma contínua".

Os veículos de comunicação em massa, como rádio e TV, consegue tornar um candidato mais conhecido. No entanto, explica Tenório, as mídias sociais conseguem propagar de maneira muito mais veloz, os planos e as propostas de um concorrente. "Os dois formatos permitem que o candidato expresse seus pensamentos de maneira indireta, com a presença de um entrevistador, utilizando uma linguagem informal e acessível ao público. A televisão ainda é vista como um fórum formal e tradicional para avaliar candidatos, oferecendo uma plataforma de credibilidade e visibilidade ampla", disse.

"O que as boas campanhas estão fazendo é conectar as duas coisas", afirmou o cientista político do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ) Bruno Schaefer. (COLABOROU PEDRO AUGUSTO FIGUEIREDO)

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A Suprema Corte dos EUA rejeitou nesta quarta-feira, 5, o pedido de Donald Trump para congelar US$ 2 bilhões em ajuda externa, parte dos esforços do governo para cortar gastos. Foi a primeira grande decisão do tribunal contra a Casa Branca desde a volta do presidente ao poder. Isso ocorreu apesar de Trump ter indicado três dos nove juízes, formando uma maioria conservadora de 6 a 3.

Ontem, o recurso de Trump foi negado por 5 votos a 4 - os conservadores John Roberts e Amy Coney Barrett se juntaram às três magistradas progressistas para manter a decisão de uma instância inferior exigindo que o governo fizesse pagamentos em contratos que já foram concluídos, invalidando o decreto assinado em 20 de janeiro, que suspendia a ajuda internacional por 90 dias.

Na decisão, a Suprema Corte determina que o juiz federal Amir Ali, que ordenou o restabelecimento dos pagamentos pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e pelo Departamento de Estado, esclareça "quais obrigações o governo deve cumprir".

"Um único juiz de um tribunal distrital, que provavelmente não tem jurisdição, tem o poder irrestrito de obrigar o governo dos EUA a pagar (e provavelmente perder para sempre) US$ 2 bilhões dos contribuintes?", argumentou o conservador Samuel Alito, na declaração dissidente, assinada pela minoria. "A resposta a essa pergunta deveria ser um enfático 'não', mas a maioria deste tribunal, aparentemente, pensa o contrário. Estou chocado."

Cortes de gastos

O governo suspendeu a ajuda externa no dia da posse de Trump. Beneficiários e ONGs entraram com duas ações judiciais contestando o congelamento dos fundos, alegando inconstitucionalidade - as dotações orçamentárias são um poder do Congresso e cabe ao Executivo apenas cumpri-las.

Os grupos que contestaram o governo argumentaram que os fundos congelados causariam uma série de crises, ameaçando cuidados médicos essenciais ao redor do mundo, deixando alimentos apodrecendo em armazéns, arruinando negócios, colocando em risco a propagação de doenças e causando instabilidade política.

"É devastador o impacto dessa conduta ilegal em empresas grandes e pequenas, forçadas a encerrar seus programas e demitir funcionários; em crianças famintas ao redor do mundo que ficarão sem nada; em populações ao redor do mundo enfrentando doenças mortais; e em nossa ordem constitucional", escreveram os advogados do Global Health Council, organização que representa grupos de saúde, em um dos processos.

O juiz Amir Ali, do Tribunal Distrital Federal em Washington, nomeado pelo presidente Joe Biden, emitiu uma ordem de restrição temporária, em 13 de fevereiro, proibindo funcionários do governo de suspender os pagamentos alocados antes de Trump assumir o cargo. Na decisão, ele disse que o governo não ofereceu nenhuma explicação para a suspensão total da ajuda que o Congresso havia determinado.

A Casa Branca alegou que tinha o direito de analisar caso a caso as doações e contratos de ajuda e interromper ou aprovar os gastos. Em uma decisão de 25 de fevereiro, o juiz Ali ordenou que o governo pagasse US$ 1,5 bilhão em trabalhos de ajuda já concluídos. Ele estabeleceu um prazo até meia-noite do dia seguinte. Em resposta, o Departamento de Justiça entrou com um recurso de emergência na Suprema Corte, alegando que o juiz havia excedido sua autoridade - argumento rejeitado ontem.

Campanha

O presidente está decidido a cortar gastos do governo federal com a ajuda do homem mais rico do mundo e maior doador de sua campanha, Elon Musk. Um dos seus objetivos é cortar a ajuda da Usaid, que tem programas de saúde e emergência em cerca de 120 países e é responsável por mais de 40% da ajuda humanitária mundial.

Em decreto assinado em 20 de janeiro, Trump suspendeu temporariamente milhares de programas para avaliar se eles estão "totalmente alinhados com a política externa do presidente dos EUA". No passado, ele já disse que a Usaid é "administrada por lunáticos radicais", enquanto Musk descreveu a agência como uma "organização criminosa". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (6) que está trabalhando com o Partido Republicano da Câmara em uma resolução contínua para financiar o governo até setembro e dar o "tempo necessário" para trabalhar a agenda do governo.

"Os conservadores vão adorar esse projeto de lei, pois ele nos prepara para cortar impostos e gastos na conciliação, ao mesmo tempo em que efetivamente CONGELA os gastos neste ano e nos permite continuar nosso trabalho. Vamos aprovar esse projeto de lei!", escreveu Trump na rede Truth Social.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve assinar nesta quinta-feira, 6, um decreto com o objetivo de eliminar o Departamento de Educação. Um rascunho do documento, obtido pelo Wall Street Journal, ordena que a secretária de Educação, Linda McMahon, "tome todas as medidas necessárias para facilitar o fechamento do Departamento de Educação".

O fim do Departamento de Educação está em discussão desde a transição da gestão de Joe Biden para o governo Trump. Segundo especialistas, porém, a eliminação completa da pasta depende da aprovação do Congresso. Fonte: Dow Jones Newswires.