Elon Musk acatou em outros países ordens que descumpriu no Brasil

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O empresário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), já cumpriu ordens judiciais de outros países sem alegar cerceamento da liberdade de expressão. No ano passado, a plataforma obedeceu a determinações da Turquia e da Índia. No Brasil, o bilionário protagoniza uma queda de braço com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e diz que o País se tornou uma ditadura.

Nesta sexta-feira, 30, Moraes ordenou que os provedores de internet que funcionam no Brasil suspendam, em até 24 horas, o acesso à rede social de Musk. A medida ocorreu após o empresário ignorar uma intimação do magistrado, que exigiu que ele apresentasse um representante legal do País.

Em maio de 2023, o perfil institucional do X, responsável pelas relações internacionais, informou que estava cumprindo as determinações do governo de Recep Tayyip Erdogan, líder da Turquia desde 2003. Nas vésperas da eleição presidencial no País, que garantiu a Erdogan o poder até 2028, o empresário aceitou um pedido para restringir contas e limitar postagens.

Os pedidos feitos por Erdogan são similares aos feitos por Moraes que, no bojo do inquérito das fake news e das milícias digitais, solicitou ao X para suspender contas e limitar publicações de perfis acusados de propagar fake news e incitar discurso de ódio.

"Em resposta ao processo legal e para garantir que o Twitter continue disponível para o povo da Turquia, tomamos medidas para restringir o acesso a alguns conteúdos na Turquia hoje", disse a conta institucional do X ao anunciar as restrições ordenadas pela Justiça turca.

Na época, Musk respondeu a um jornalista que questionou as limitações feitas por Musk durante o período eleitoral no país. Pelo X, o bilionário afirmou que tinha duas escolhas: "restringir totalmente o Twitter ou limitar o acesso a alguns tuítes".

O segundo turno da eleição turca ocorreu 15 dias após o anúncio das restrições e Erdogan teve uma vitória apertada com uma vantagem de 2,5 milhões de votos. O pleito foi questionado pela Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE), entidade responsável pela promoção da democracia na região, que atestou que o líder turco detém uma "vantagem injustificada" sobre partidos de oposição.

Em janeiro do ano passado, o X removeu postagens que divulgavam conteúdos de um documentário da BBC, estatal de comunicação britânica, que denunciava a repressão do primeiro-ministro indiano Narendra Modi quando ele governava uma província do país.

Na época, um assessor do Ministério das Comunicações indiano declarou à imprensa internacional que o documentário era uma "propaganda de ódio disfarçada" e nenhum trecho poderia ser exibido em território indiano.

"Gravações compartilhando propaganda hostil e lixo anti-Índia da BBC, revestidos como documentário no YouTube e em tuítes que compartilham links para a produção foram bloqueados pelas leis soberanas da Índia", disse o assessor na ocasião.

Em abril do ano passado, Musk explicou para a própria BBC os motivos pelo qual decidiu acatar as determinações indianas. Segundo o empresário, as regras de lá são "bastante rígidas" e o X não poderia "ir além das leis do país". "As regras na Índia para o que pode aparecer nas redes sociais são bastante rigorosas e não podemos ir além das leis do país. Se tivermos a opção de ir para a prisão ou cumprirmos as leis, iremos cumprir as leis", disse Musk à BBC.

Na quarta-feira, 28, Moraes intimou Musk pelo próprio X, obrigando o empresário a indicar o representante legal da plataforma no Brasil para responder decisões judiciais. Desde o último dia 17, a rede social não tem advogados no País após o bilionário contestar ações do STF.

Na quinta, 29, Moraes suspendeu as contas bancárias da Starlink, outra empresa do bilionário, para quitar dívidas do X com a Justiça brasileira.

Essa não é a primeira vez que Musk e Moraes trocam farpas públicas nas redes sociais. Desde abril, quando Moraes começou a investigar possíveis propagações de fake news pelo X, o empresário afirma que o magistrado infringe os princípios da liberdade de expressão e o compara a um ditador.

Musk é alvo da investigação nº 4.957, que apura supostos crime de obstrução à Justiça, organização criminosa e incitação ao crime. O bilionário foi incluído no inquérito das milícias digitais após o X se negar a cumprir ordens de Moraes referentes a suspensão de perfis.

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O jornal Washington Post noticiou nesta terça-feira, 22, que a Casa Branca propôs reconhecer a Crimeia como parte da Rússia e congelar a linha de frente, como forma de facilitar a negociação de um acordo de paz na Ucrânia, que será realizada amanhã em Londres. Europeus e ucranianos esperam obter garantias de segurança e planos de reconstrução para o país em troca de concessões territoriais.

A proposta dos EUA, apresentada à Ucrânia em Paris, na semana passada, inclui o reconhecimento formal da anexação da Crimeia como território russo e, eventualmente, o levantamento das sanções à Rússia em um futuro acordo. Moscou, por sua vez, encerraria as hostilidades no momento em que suas tropas avançam no campo de batalha.

Um assessor do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse que a proposta americana incluía algumas ideias com as quais Kiev concorda. Uma autoridade ocidental afirmou que os termos do acordo proposto e as concessões da Ucrânia eram "surpreendentes". Todos falaram sob condição de anonimato, para poder discutir temas sensíveis.

Um funcionário do Departamento de Estado dos EUA minimizou o fato de o plano ter sido apresentado como um pacote fechado. Os ucranianos, no entanto, temem novos atritos com Donald Trump, cada vez mais frustrado com o ritmo das negociações.

Franceses, britânicos e alemães, que estão organizando o encontro em Londres, pedem que qualquer acordo inclua garantias de segurança e programas de reconstrução pós-guerra, possivelmente pagos em parte com ativos russos congelados.

Nos bastidores, autoridades europeias e ucranianas reconhecem que é improvável a retomada dos territórios ocupados pela Rússia. Na melhor das hipóteses, eles esperam atrasar qualquer acordo que levante as sanções aos russos antes obter alguma vantagem para a Ucrânia.

O Financial Times publicou nesta terça que a Rússia aceitaria manter os territórios que já ocupa dentro das quatro províncias que pretende anexar. O que, dentro dessas províncias, estiver em controle ucraniano, permaneceria assim. A proposta teria sido feita por Putin ao enviado de Trump Steven Witkoff.

"Existe a preocupação de que Trump não tenha sido suficientemente duro com a Rússia", disse Mujtaba Rahman, diretor do Eurasia Group, uma consultoria de risco político. "A questão agora é o que a Ucrânia receberá em troca de abrir mão de parte de seu território."

Os EUA apresentaram o esboço a proposta à Ucrânia em Paris. Na ocasião, o secretário de Estado, Marco Rubio, ameaçou se retirar da mediação caso não houvesse progresso em breve. Como sinal da frustração dos EUA, Rubio cancelou sua participação na negociação de Londres.

A proposta dos EUA veio depois que o enviado de Trump, Steve Witkoff, visitou Moscou para uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, no dia 12. Espera-se que volte à Rússia no fim de semana. Um dos diplomatas informados sobre a negociação descreveu o plano como "a ideia de Witkoff".

A proposta será difícil de ser digerida pela Ucrânia. A anexação da Crimeia, em 2014, foi o alvo de abertura da guerra e foi seguida da separação arquitetada pelos russos das regiões orientais de Donetsk e Luhansk, que precederam a invasão em grande de 2022.

"Se o que está relatando for verdade, é triste e perigoso", disse a deputada ucraniana Ivanna Klympush-Tsintsadze. "Isso significa que os EUA não estão buscando uma paz justa e duradoura, mas sim algum tipo de trégua temporária às custas de concessões ao agressor - e apresentar isso como uma grande conquista dos EUA."

Zelenski nunca desistiu da meta de um dia retomar a Crimeia, mas admitiu suas limitações militares. "Não temos forças suficientes", disse o ucraniano, no ano passado. "Precisamos buscar meios diplomáticos."

Os líderes europeus tentar usar sua influência em favor da Ucrânia. A Europa tem poder de influência, incluindo bilhões em ativos russos congelados que poderiam ser devolvidos ou usados para financiar programas de reconstrução pós-guerra. "Os europeus têm cartas reais para jogar", disse Rahman. "Se não houver alívio das sanções por parte da UE, apenas dos EUA, os benefícios econômicos para a Rússia serão marginais."

Um diplomata da UE, familiarizado com a proposta dos EUA, disse que as expectativas permanecem baixas para a rodada de negociações em Londres. "Cabe aos ucranianos decidir se esses termos são razoáveis", disse.

Sob pressão dos EUA, tanto a Rússia quanto a Ucrânia sugeriram que estariam abertas a negociações diretas enquanto Donald Trump cobra um acordo. Embora tenham mantido contato nos bastidores, por meio de intermediários, Moscou e Kiev não discutem diretamente o fim do conflito desde que os esforços iniciais para a paz foram abandonados, ainda no começo da guerra.

Zelenski disse nas redes sociais que a Ucrânia está pronta para qualquer conversa sobre um cessar-fogo que interrompa os ataques à infraestrutura civil. Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, afirmou que havia nuances na proposta ucraniana que fazem sentido discutir com Kiev.

Peskov disse que ainda não há planos concretos para negociações diretas entre Moscou e Kiev, mas a incomum troca pública indica que os dois lados estariam interessados em pelo menos parecer dispostos a negociar, especialmente diante da insistência de Trump.

No domingo, 20, o presidente americano disse esperar que a Rússia e a Ucrânia fechassem o acordo esta semana, acrescentando que os Estados Unidos poderiam lucrar muito com isso.

A Ucrânia havia concordado com a pausa de 30 dias nos ataques proposta por Donald Trump, mas a Rússia negou, apresentando novas exigências. O resultado desses esforços foi uma trégua frágil e limitada. Mais recentemente, Vladimir Putin anunciou um cessar fogo de Páscoa, que os dois lados se acusaram mutuamente de violar. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O CEO da Tesla, Elon Musk, afirmou que, a partir de maio, o seu tempo gasto à frente do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) cairá significativamente.

"A partir de maio, eu me dedicarei mais à Tesla", disse Musk em webcast para comentar o resultado da montadora. A empresa divulgou nesta terça-feira, 22, resultado líquido de US$ 934 milhões no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 39% na comparação anual. O lucro diluído atribuído aos acionistas detentores de ações ordinárias, pelo padrão US GAAP, caiu 71%, a US$ 409 milhões.

Musk, que comanda o Doge desde que foi escolhido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a companhia tem sido atacada por sua ligação com o departamento.

"Temos sido atacados pela minha associação com o Doge", afirmou.

'Tarifas mais baixas são, no geral, uma boa ideia'

Musk afirmou que acredita que tarifas mais baixas são, no geral, uma boa ideia. Esses comentários foram feitos durante webcast para discutir o resultado da montadora, que mostrou tombo em seu lucro líquido.

"A incerteza nos mercados automotivo e de energia continua aumentando à medida que a política comercial em rápida evolução impacta negativamente a cadeia de suprimentos global e a estrutura de custos da Tesla e de nossos pares", citou a empresa em seu balanço.

No início de abril, Musk fez enxurrada de postagens nas redes sociais criticando um dos principais conselheiros da Casa Branca e um dos artífices do agressivo plano de tarifas de Donald Trump - o conselheiro comercial Peter Navarro.

A Ucrânia está aberta a negociar o fim da guerra com a Rússia "em qualquer formato", desde que haja um cessar-fogo efetivo, afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nesta terça-feira, 22. "Se os russos amanhã não apenas estiverem prontos para um cessar-fogo, mas se cessarem o fogo, estamos prontos para sentar e conversar", declarou.

Segundo Zelensky, a delegação ucraniana tem mandato para discutir um acordo de cessar-fogo total ou parcial. "Estamos prontos para essa etapa", disse, destacando o apoio de Kiev à proposta de trégua incondicional apresentada pelos Estados Unidos. Ele alertou, no entanto, que Moscou ainda não sinalizou disposição concreta. "Putin mostrou na Páscoa que, se querem reduzir ataques, reduzem. Mas até um cessar-fogo incondicional está muito longe", afirmou.

Ao comentar um possível acordo de paz, Zelensky foi taxativo: "É impossível acertar todos os termos rapidamente". Ele comparou o processo a "tentar ler um livro pelo meio" e criticou a pressa em discutir temas como soberania territorial antes do fim dos combates. "Se queremos realmente avançar para o fim da guerra, o primeiro passo é o cessar-fogo incondicional", reforçou.

A Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, continua sendo um dos principais impasses. Zelensky reiterou que o país não aceitará a ocupação. "Não podemos simplesmente dizer 'por que não?'. Isso está fora da nossa Constituição. É nosso território." Questionado sobre rumores de pressão americana por concessões, respondeu: "Se houver uma proposta oficial, reagiremos. Até agora, são apenas sinais na imprensa".

Na agenda internacional, Zelensky confirmou que está disposto a se encontrar com Donald Trump durante a ida do presidente americano ao Vaticano para o funeral do papa Francisco. Sobre o apoio militar, disse que a Ucrânia ainda aguarda resposta formal de Washington à solicitação por novos sistemas de defesa aérea Patriot. "Esta guerra é algo muito mais sério do que um jogo de pressão", concluiu.