Prefeito do interior do CE usa 'equipamento incendiário' em campanha e vira alvo da PF

Política
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O prefeito de Baturité (CE) foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 3, após utilizar um "equipamento incendiário" durante um evento de campanha. De acordo com a corporação, Hérberlh Mota (Republicanos) colocou em risco a integridade física dos habitantes do município, que fica a 95 quilômetros de Fortaleza.

Na última quinta-feira, 29, Hérberlh usou o equipamento que dispara chamas enquanto estava em carreata em um bairro do município. O momento em que ele usa o artefato foi divulgado nas redes sociais por portais de comunicação locais.

De acordo com Edson Lucas, advogado do prefeito de Baturité, a peça utilizada pelo prefeito para disparar fogo é um artefato de pirotecnia utilizado por artistas em shows. A defesa de Hérberlh afirmou que pretende comprovar para a PF que ele não cometeu irregularidades durante o ato de campanha.

"O prefeito fez uso de um artefato de pirotecnia para animar o evento. Este artefato não é um lança-chamas tal qual o estatuto do desarmamento prevê como de uso restrito. É um item que é utilizado por vários cantores. O equipamento se chama bazuca de fogo e foi utilizado sob toda a supervisão de uma empresa", afirmou o advogado ao Estadão.

Nesta terça, a PF cumpriu quatro mandados de busca e apreensão, sendo um em Fortaleza e três em Baturité. Segundo a corporação, a ação se deu após uma notícia crime que acusa Hérberlh de usar o equipamento incendiário para "simbolizar poder" e colocar em risco a população e os bens de Baturité.

"Foi apurado que essa ação temerária está diretamente relacionada ao contexto eleitoral, em que o uso do equipamento incendiário parece simbolizar poder e representar uma afronta à estabilidade pública, que deve ser preservada durante a propaganda política", disse a PF em nota.

O nome da operação desta terça é Protocolo III, em referência a um documento da Organização das Nações Unidas (ONU), elaborado em Genebra no ano de 1980, que proíbe armas com efeitos traumáticos excessivos.

Hérberlh Mota é prefeito desde 2021 e busca o segundo mandato neste ano. Em 2020, ele foi eleito pelo PL após obter 7.419 votos (36,7% dos votos válidos). Antes de ocupar a prefeitura do município, ele foi vereador entre 2009 e 2016.

Prefeito está inelegível e candidatura foi indeferida pela Justiça Eleitoral

Em maio deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou Hérberlh inelegível por oito anos por cinco votos a dois. Ele foi condenado por abuso do poder político por utilizar as redes sociais da prefeitura de Baturité para exaltar a imagem de dois parlamentares que disputaram as eleições de 2022, desequilibrando o pleito, segundo denúncia do Ministério Público Eleitoral.

Neste sábado, 31, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) indeferiu a candidatura de Hérberlh devido à inelegibilidade declarada pelo TSE. Nesta terça, a defesa do prefeito entrou com recurso na Corte alegando que a Justiça Eleitoral não anexou a decisão de maio do tribunal superior para decretar a nulidade da participação dele na eleição.

Caso a decisão do TRE-CE seja confirmada após a apreciação do recurso, o único candidato da disputa na cidade será Ivo Júnior (PSD). Dessa forma, Ivo dependerá apenas de um voto válido para ocupar a prefeitura do município até 2028.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."