Quem é Macaé Evaristo, nova ministra dos Direitos Humanos do governo Lula

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu a deputada estadual do PT de Minas Gerais Macaé Evaristo para assumir o Ministério dos Direitos Humanos. A parlamentar mineira entra para o governo após o chefe do Executivo demitir o advogado Silvio Almeida, envolvido em acusações de assédio sexual.

Mineira de São Gonçalo do Pará, no centro-oeste mineiro, Macaé Maria Evaristo dos Santos tem 59 anos, é formada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Atualmente, exercia o primeiro mandato de deputada estadual na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) após dois anos como vereadora de Belo Horizonte. Foi eleita em 2020 para a Câmara Municipal, e em 2022, para a Assembleia. Com um histórico de atuação na área da educação, Macaé Evaristo foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária municipal da capital mineira, entre 2005 e 2012, e do Estado, entre 2015 e 2018, nas gestões de Fernando Pimentel (PT) e Marcio Lacerda (PSB).

Entre 2013 e 2014, foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC) durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Coordenou a implantação de programas de inclusão de indígenas na rede municipal de Belo Horizonte e as cotas para ingresso de estudantes de escolas públicas, negros e indígenas no ensino superior, quando esteve no governo federal.

O histórico de atuação na educação começou em 1984, quando iniciou a carreira pedagógica como professora da rede municipal de Belo Horizonte. Filha de professora, Macaé Evaristo aliou a luta pelo acesso de crianças e adolescentes à discussão sobre o racismo.

"Eu cheguei em Belo Horizonte e fui trabalhar no bairro Tupi, que é um bairro da região norte que, ainda hoje, é a região com o menor IDH da cidade. Quando eu cheguei na primeira que eu trabalhei, que é a escola Sebastião Novaes, as famílias dormiam na fila para ter uma vaga para as crianças aos sete anos de idade. É uma coisa que me motivou muito. Imediatamente, eu fui trabalhar nessa escola e comecei a participar do movimento popular junto à associação de bairro. Era uma luta por moradia associada a uma luta por acesso à educação. As famílias não tinham educação para todos. Ainda estávamos na ditadura militar", contou Macaé Evaristo em entrevista ao projeto "Campanha de Mulher", desenvolvido em 2018 pela Mídia Ninja e Ella (Rede Internacional de Feminismos).

Durante o mandato como deputada estadual, Macaé foi crítica ao governador Romeu Zema (Novo), aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista à Fundação Perseu Abramo, ligada ao Partido dos Trabalhadores, ela criticou a política de implantação de escolas cívico-militares, uma das bandeiras bolsonaristas na educação.

"Em Minas Gerais, o atual governador, que foi reeleito, tem um pensamento bem distinto. Ele é privatista. Mas, para além de querer privatizar a educação, é um governo também que compactuou com cortes na educação e que compactuou com essa ideia de uma escola cívico-militar, que, para mim, é uma ideia autoritária. Uma escola construída em uma égide autoritária, repressora, para as camadas populares, que inclusive atenta contra meninas negras que não podem usar o cabelo black", afirmou, em abril de 2023.

Macaé Evaristo é prima da escritora Conceição Evaristo, de 77 anos, ocupante da cadeira de nº 40 da Academia Mineira de Letras. A nova ministra dos Direitos Humanos publicou um vídeo nas redes sociais, em dezembro de 2023, em que brinca com a confusão causada pelo parentesco entre as duas.

"Eu realmente vi a Macaé nascer. Vi a Macaé na barriga da mãe dela, Maria Antônia. Mas ela é minha prima, e não minha filha", disse Conceição Evaristo no vídeo publicado pelas duas no Instagram.

Macaé teve o nome apresentado a Lula pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. A expectativa era que o petista nomeasse uma mulher negra para o cargo. Ela aceitou o convite do presidente com o compromisso de ficar no cargo até o fim do governo, abrindo mão do cargo de deputada estadual e de disputar a renovação do mandato, já que teria que deixar o ministério até abril de 2026 para participar das eleições gerais.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."