Por que os candidatos aparecem em posições diferentes nas pesquisas para prefeito de SP?

Política
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As duas pesquisas mais recentes para a Prefeitura de São Paulo mostram variações nas posições dos três principais candidatos - Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB)- na corrida pelo comando da capital paulista. No levantamento da Quaest, divulgado nesta quarta-feira, 11, há um empate técnico, com o atual prefeito (24%) numericamente à frente, seguido pelo ex-coach e influenciador (23%) e pelo líder sem-teto (21%). Já na pesquisa AtlasIntel, também publicada na quarta, Boulos lidera com 28%, empatado tecnicamente com Marçal (24,4%), enquanto Nunes aparece mais atrás, com 20,1%.

 

Mas por que as pesquisas apresentam os candidatos em posições diferentes?

 

Raphael Nishimura, diretor de amostragem da Universidade de Michigan, aponta que as discrepâncias entre as pesquisas podem ser resultado das diferentes metodologias utilizadas pelos institutos. Enquanto a Quaest realiza entrevistas presenciais domiciliares, a Atlas utiliza coleta por meio de questionários online. Ambas ajustam a amostra para refletir as características do eleitorado de São Paulo.

 

"Minha hipótese é que uma pesquisa online tende a ter uma cobertura mais restrita da população, já que só pessoas com acesso à internet participam dela", explica o especialista ao Estadão. "No caso da Atlas, o questionário é acessado por meio de anúncios no Google e em redes sociais, o que limita ainda mais a amostra, já que depende de quem vê e clica no anúncio. Outro problema é que as pessoas que tendem a responder a pesquisa da Atlas são mais engajadas politicamente, enquanto a Quaest é menos sujeita a esse viés", afirma Nishimura.

 

Ele explica ainda que há dificuldades específicas para cada abordagem. "A pesquisa domiciliar, como a da Quaest, teoricamente pode alcançar qualquer pessoa, mas no Brasil há dificuldades em recrutar certos respondentes, especialmente em áreas com condomínios fechados e prédios, onde os entrevistadores não conseguem entrar. Já a Atlas enfrenta mais obstáculos com eleitores de baixa renda ou idosos, que não estão tão conectados à internet", diz o diretor.

 

Nishimura ressalta que ambos os institutos ajustam suas amostras para lidar com essas limitações: a Atlas, por exemplo, tende a atribuir mais peso aos eleitores de menor renda, compensando o fato de que eles tendem a capturar menos desse perfil em suas pesquisas. E a Quaest tende a compensar a sub-representação de eleitores com poder aquisitivo mais elevado.

 

Hipótese do 'eleitor envergonhado' pode impactar resultados

 

Nishimura menciona ainda a hipótese do "eleitor envergonhado", popularizada nas eleições dos Estados Unidos em 2016, mas que até hoje carece de comprovação científica. "A ideia por trás dessa hipótese é que alguns eleitores, em entrevistas presenciais, podem se sentir constrangidos em declarar seu voto em determinados candidatos, enquanto em pesquisas online, sem a presença de um entrevistador, tendem a ser mais sinceros. No entanto, essa hipótese nunca foi respaldada por evidências sistemáticas sólidas", ressalta Nishimura.

 

Sobre o impacto do voto envergonhado no cenário de São Paulo, ele sugere que essa diferença pode afetar candidatos como Pablo Marçal, mais associado a um eleitorado extremista.

 

O registro das duas pesquisas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta outras diferenças que também podem acabar impactando os resultados. A Atlas fez 2.200 entrevistas entre 5 e 10 de setembro, enquanto a Quaest foi a campo entre 8 e 10 de setembro, ouvindo 1.200 pessoas em seus domicílios.

 

Embora as pesquisas sejam úteis para diagnosticar a conjuntura política e até mesmo orientar as campanhas em suas estratégias, elas não devem ser vistas como uma tentativa de prever o resultado final das urnas, pois o contexto político é dinâmico e o voto dos eleitores é influenciado por fatores que as pesquisas muitas vezes não conseguem captar, especialmente aqueles que surgem nos momentos finais do pleito. A única pesquisa que tem o objetivo de alcançar o resultado das urnas é a de boca de urna.

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Uma passageira a bordo de um voo da Southwest Airlines que realiza o trajeto entre Houston para Phoenix, nos Estados Unidos, tirou a roupa e começou a gritar antes mesmo da aeronave decolar do aeroporto Aeroporto Hobby, em Houston.

O avião foi obrigado a voltar para o portão de embarque para que a passageira pudesse ser retirada, segundo a NBC News.

O caso ocorreu no dia 3 deste mês, segunda-feira da semana passada, e provocou muito tumulto e confusão, segundo a emissora.

A passageira foi retirada da aeronave por policiais e encaminhada para avaliação médica no Centro Neuropsiquiátrico do Hospital Harris Health Ben Taub.

O nome da passageira não foi relevado e ela não sofreu acusações formais. A companhia aérea emitiu uma nota dizendo se tratar de "problema com passageiro a bordo". "Nossas equipes entraram em contato com os clientes a bordo do voo para se desculpar pelo atraso em suas viagens", informa o comunicado da Southwest.

A reportagem da NBC News diz ainda que passageiros do voo relataram que a mulher começou a gritar e dizia ser bipolar antes de tirar toda a sua roupa. Ela batia com suas mãos em partes do avião, o que causou alvoroço dentro da aeronave.

A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou nesta segunda-feira uma ação judicial movida por procuradores-gerais republicanos de 19 estados, que tentava bloquear processos sobre mudanças climáticas contra a indústria de petróleo e gás em estados governados por democratas.

Os juízes atuaram em resposta a um esforço incomum dos republicanos para questionar, no Supremo Tribunal, o uso de tribunais estaduais pelos estados democratas para processar empresas de combustíveis fósseis, acusadas de enganar o público sobre os riscos de seus produtos, que contribuem para as mudanças climáticas.

Embora o Supremo Tribunal normalmente só ouça apelações, a Constituição concede ao tribunal a autoridade para julgar processos originais entre estados. Os juízes Clarence Thomas e Samuel Alito disseram que permitiriam que a ação seguisse adiante, por enquanto. Segundo Thomas, os juízes não têm discrição para rejeitar a queixa nesta fase, em um desacordo que não abordou o mérito da reclamação.

A queixa republicana, liderada pelo procurador-geral do Alabama, Steve Marshall, argumenta que os estados democratas estão tentando impor uma política nacional de energia, o que, segundo eles, elevaria o custo da energia em todo o país. O Supremo também rejeitou até agora apelações das empresas de energia que buscavam envolver os juízes na questão.

As ações movidas por dezenas de governos estaduais e locais alegam que as empresas de combustíveis fósseis enganaram o público sobre como seus produtos podem contribuir para a crise climática, e buscam bilhões de dólares em danos por fenômenos como tempestades severas, incêndios florestais e o aumento do nível do mar.

A ação republicana tinha como objetivo especificamente interromper processos movidos por Califórnia, Connecticut, Minnesota, New Jersey e Rhode Island. Somente o governo federal tem autoridade para regulamentar as emissões de gás interestaduais, e os estados não podem aplicar suas próprias leis a uma atmosfera global que ultrapassa suas fronteiras.

A delegação ucraniana liderada pelo presidente Volodmir Zelenski, chegou, nesta segunda-feira, 10, à Arábia Saudita, para uma cúpula com os Estados Unidos sobre futuras negociações para encerrar a guerra com a Rússia. Segundo membros do governo ucraniano, Kiev deve sugerir no encontro uma proposta para uma trégua no ar e no mar. O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, considerou a proposta promissora.

"São opções de cessar-fogo fáceis de implementar e monitorar", indicou um funcionário ucraniano de alto escalão à AFP.

Rubio, por sua vez, disse que a concessão, caso se concretize, será bem-vinda. "Não digo que seja suficiente, mas é o tipo de concessão que se necessita para pôr fim ao conflito", declarou.

Desde que o presidente Donald Trump retornou à Casa Branca em janeiro, os EUA têm se reaproximado da Rússia de Vladimir Putin. Como parte de sua agenda para pôr fim à guerra, o republicano abriu negociações com o Kremlin sem incluir ucranianos e europeus e pressionou Kiev a ceder direitos de exploração sobre suas riquezas minerais para custear a ajuda militar americana ao país.

Antes do carnaval, Trump e Zelenski se reuniram na Casa Branca para assinar o acordo mineral, mas os dois se desentenderam sobre o papel da Rússia no conflito e bateram boca em pleno Salão Oval. Após a reunião, Washington suspendeu a ajuda militar e parou de compartilhar dados de inteligência com Kiev. Nos últimos dias, já sem essas informações, a Ucrânia sofreu pesados ataques russos dentro do país e na área que ocupa em Kursk, dentro da Rússia.

Segundo uma fonte do governo ucraniano, se os Estados Unidos continuarem omitindo as informações de inteligência de Kiev, a Rússia ganhará uma "vantagem significativa" no campo de batalha. O chefe das Forças Armadas ucranianas, Oleksandr Sirski, anunciou nesta segunda-feira que Kiev vai "reforçar" o contingente militar que luta na Rússia.

Enquanto isso, no front de batalha, forças russas estão tentando cruzar a fronteira e se firmar na província ucraniana de Sumy, à medida que avançam em uma contraofensiva com o objetivo de eliminar a última posição de Kiev na região russa de Kursk. Andrei Demchenko, porta-voz da guarda de fronteira do estado ucraniano, disse à televisão nacional que as forças russas estavam tentando avançar em torno da aldeia ucraniana de Novenke e cortar as linhas de abastecimento.

"Essas são pequenas unidades de assalto, compostas por poucas pessoas. Eles tentam penetrar em nosso território, acumular forças e avançar ainda mais na Ucrânia, provavelmente para cortar as rotas logísticas", disse ele.

Embora Moscou esteja tentando expulsar as forças ucranianas desde agosto, depois que Kiev tomou cerca de 1.000 km² do território russo em um ataque surpresa, um grupo de especialistas observou que sua taxa de sucesso melhorou drasticamente nos últimos dias.

Na arena diplomática, Zelenski ainda tenta reatar os laços com Trump. O mandatário ucraniano, que também se encontrará com o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, acrescentou que a Ucrânia busca "a paz desde o primeiro segundo da guerra". "Sempre dissemos que a única razão da guerra continuar é a Rússia", disse ele em seu canal no Telegram.

De acordo com o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, a reunião deve definir uma estrutura para um acordo de paz e um cessar-fogo inicial entre Rússia e Ucrânia, após mais de 3 anos de conflito.

Segundo com a revista britânica The Economist, a Ucrânia provavelmente avisará que não aceitará nenhum acordo que limite sua capacidade de rearmamento, que a force a reconhecer os territórios ocupados por Moscou como parte da Rússia ou que interfira na política interna ucraniana. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)