Musk dribla bloqueio determinado por Moraes e x volta a funcionar no Brasil

Política
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O Supremo Tribunal Federal (STF) pediu que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) explique a volta não autorizada do X (antigo Twitter), iniciada na manhã desta quarta-feira, 18. Ao longo do dia, usuários afirmaram ter conseguido acessar normalmente a plataforma pelos celulares, após quase 20 dias de bloqueio determinado pelo STF.

 

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), que representa o setor, afirmou que a companhia burlou a ordem judicial por meio de uma técnica que adota IPs dinâmicos. Em comunicado, a Abrint disse que a manobra do X para driblar o bloqueio se deve à adoção de endereços de IP dinâmicos fornecidos pela plataforma Cloudflare, serviço de proxy reverso em nuvem que atua como intermediário entre usuários e servidores do X.

 

O IP é o número único de cada máquina ou servidor na internet, como se fosse o número de uma casa em uma rua. O proxy permite que esse número seja "escondido", o que dificulta o bloqueio. Ou seja, ao adotar o Cloudfare, o X passa a ter acesso a uma rede de IPs dinâmicos que mudam constantemente. Isso torna o bloqueio por parte dos provedores de internet muito mais difícil, já que os IPs utilizados pelo aplicativo agora são compartilhados com outros serviços legítimos, como bancos e grandes plataformas, que também utilizam o Cloudfare.

 

A Anatel afirmou que não houve alteração na decisão e que mantinha a fiscalização. Já o Supremo, cujos funcionários relataram a possibilidade de acessar a plataforma pelo servidor da Corte, alegou que a liberação era resultado de uma "instabilidade".

 

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, deve expedir nova decisão contra o X por burlar a ordem do próprio magistrado que bloqueou o seu uso no País. Ele aguardava a Anatel enviar ao seu gabinete as informações técnicas sobre uso de IPs dinâmicos fornecidos pela Cloudflare.

 

Com os dados da Anatel, o ministro vai mensurar o grau de violação de suas determinações para decidir como enquadrar a nova conduta do X. Interlocutores de Moraes afirmaram que uma nova sanção não deve atingir outras empresas e instituições que utilizam os serviços da Cloudflare.

 

Serviços

 

A Abrint alertou para a complexidade de tentar bloquear o Cloudflare, já que esse fato poderia afetar o funcionamento de outros serviços que utilizam a mesma infraestrutura. A associação aguardava orientações da Anatel sobre como proceder, buscando garantir o cumprimento da decisão judicial sem prejudicar o acesso a outros serviços essenciais. Bloquear o Cloudflare significaria bloquear não apenas o X, mas uma série de serviços que dependem dessa infraestrutura.

 

A associação pediu aos provedores de internet regionais, que representam mais de 53% do mercado de banda larga no Brasil, que não tomassem medidas individuais de bloqueio até uma orientação oficial da Anatel. Um bloqueio inadequado poderia afetar negativamente empresas e serviços essenciais que compartilham os mesmos IPs utilizados pelo X. Procuradas pela reportagem, as operadoras não haviam se manifestado sobre o assunto até a noite de ontem.

 

O acesso ao X está bloqueado no Brasil desde 30 de agosto. Moraes ordenou que os serviços da rede social fossem suspensos após o empresário Elon Musk, dono da plataforma, ter se recusado a nomear um representante no País. A Primeira Turma do STF confirmou a decisão do ministro.

 

No último dia 13, Moraes determinou a transferência de R$ 18,35 milhões das contas da Starlink e do X no Brasil para os cofres da União. Os valores foram destinados para o pagamento das multas aplicadas à rede social e à empresa de internet via satélite do bilionário sul-africano. Apesar da quitação das dívidas, a rede social continua oficialmente bloqueada no País por descumprir outras ordens judiciais. Desde o bloqueio, em posts no próprio X, Musk acusou Moraes de desrespeitar a liberdade de expressão e agir por "motivos políticos".

 

De acordo com o STF, o X não cumpriu o bloqueio de perfis que divulgavam mensagens criminosas e de ataque à democracia e ainda não instituiu representantes legais no País. Dessa forma, por ainda não ter obedecido a outras determinações, a rede continua formalmente bloqueada no Brasil.

 

Publicação

 

Aproveitando a "janela" de publicação, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) postou ontem na plataforma texto no qual ataca decisões de Moraes. Bolsonaro parabenizou as pessoas que pressionaram pela volta da rede. "Desistir não é uma opção e os senhores alimentam um futuro próspero para nosso país."

 

Sem citar nominalmente o ministro, o ex-presidente criticou a suspensão do X e o bloqueio de contas da Starlink. Ainda questionou a proibição ao jornal Folha de S.Paulo de publicar entrevista com Filipe Martins - seu ex-assessor -, preso durante a investigação da tentativa de golpe. Bolsonaro classificou as atitudes de Moraes como "retrocessos à liberdade no Brasil".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

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Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

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"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

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Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

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A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.