Belo Horizonte vai às urnas com empate triplo entre candidatos de Zema, Bolsonaro e Pacheco

Política
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Na eleição mais acirrada em Belo Horizonte desde a redemocratização, três candidatos chegam às vésperas do primeiro turno empatados na disputa pela Prefeitura da capital mineira. Na liderança isolada na maioria das pesquisas durante toda a campanha, o apresentador de televisão e deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) perdeu força na reta final, enquanto o atual prefeito, Fuad Noman (PSD), e o deputado estadual Bruno Engler (PL) cresceram ao longo das últimas semanas, embolando a disputa.

Fragmentada, a esquerda não conseguiu viabilizar uma candidatura competitiva e, ao que tudo indica, ficará de fora do segundo turno. Parte das lideranças do campo progressista defende voto útil em Fuad, que, embora seja de centro, apoiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022 e tem como principal aliado o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que mantém boa relação com o governo petista.

O objetivo da estratégia é evitar um tira-teima entre Engler, apoiado por Jair Bolsonaro (PL), e Tramonte, que, embora diga ser de centro, é o candidato do governador Romeu Zema (Novo). Na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira, 3, Tramonte caiu sete pontos percentuais (p.p.), para 21%, enquanto Engler e Fuad oscilaram positivamente três p.p., no limite da margem de erro, e chegaram aos mesmos 21%.

"Tramonte foi favorecido pela boa relação com Zema e conseguiu outro importante cabo eleitoral, o ex-prefeito Alexandre Kalil. Engler é o candidato do bolsonarismo, que se mostrou muito forte nas últimas eleições presidenciais em Belo Horizonte. E Fuad é o incumbente que tem a máquina e serviços para mostrar, além de ter conseguido apoios importantes, sobretudo de financiadores", analisou Dawisson Belém Lopes, professor do Departamento de Ciência Política da UFMG.

Lopes avalia que a principal virtude de Tramonte foi conseguir o apoio simultâneo de Zema e Kalil, rivais que se enfrentaram na eleição para governador em 2022. Aos 63 anos, o candidato do Republicanos se tornou conhecido em Belo Horizonte por apresentar o programa Balanço Geral na Record e adotou a estratégia de passar ao largo da polarização entre direita e esquerda na campanha dizendo que o que importa "é cuidar de gente".

Ele entrou na política em 2018, quando se elegeu deputado estadual, cargo que ocupa até hoje. A atuação parlamentar de Tramonte é o principal ponto explorado pelos adversários, que o acusam de faltar a grande parte das reuniões plenárias da Assembleia Legislativa para apresentar o programa televisivo, que vai ao ar no mesmo horário. O candidato responde elencando projetos propostos por ele que viraram leis e seu trabalho como presidente da Comissão de Turismo e Gastronomia.

Com 27 anos de idade, Bruno Engler disputa a Prefeitura de Belo Horizonte pela segunda vez. Ele ficou na segunda colocação em 2020, com 10% dos votos, em uma campanha baseada no apoio de Bolsonaro e na defesa da gestão dele na pandemia.

Quatro anos depois, o deputado estadual se apresenta novamente como o candidato do ex-presidente, que venceu na capital mineira nas eleições presidenciais de 2018 e de 2022, mas ampliou o discurso buscando apresentar propostas concretas para a cidade. Engler tem o apoio de Nikolas Ferreira (PL), deputado federal mais votado da história do Brasil, e do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos).

Fuad busca voto útil da esquerda, mas escorrega e chama ditadura de 'revolução'

Apesar de ocupar o cargo atualmente, esta é a primeira eleição de Fuad Noman como cabeça de chapa. Economista que ocupou cargos em governos do PSDB no passado, como os de Aécio Neves e Antonio Anastasia, ele foi escolhido como vice de Kalil em 2020 e ascendeu ao posto de prefeito após o aliado sair para disputar o governo de Minas.

A relação entre os dois ficou estremecida depois que Fuad não fez campanha para Kalil ser governador e trocou parte dos secretários escolhidos pelo ex-prefeito. Em julho, o candidato do PSD revelou que luta contra um câncer no sistema linfático aos 77 anos de idade.

Fuad faltou a todos os debates, com exceção do primeiro, organizado pela Band, e dos organizados pela rádio Itatiaia e pela TV Globo já na reta final. Neste último, fez acenos à esquerda para tentar convencer os eleitores a encampar a tese do voto útil, mas escorregou ao chamar a ditadura militar de "revolução" após ser pressionado por Duda Salabert (PDT).

A deputada disse que ele serviu ao Exército durante o período do regime. O atual chefe do Executivo minimizou o tempo que passou no Exército, rebateu que muitas pessoas trabalharam nas Forças Armadas e afirmou que nunca se envolveu na prática de tortura.

Como incumbente, Fuad tem sido alvo de críticas dos adversários em temas que se repetem na eleição belo-horizontina, como a baixa qualidade do transporte público, a eterna promessa de despoluir a lagoa da Pampulha, principal cartão-postal do município, o aumento da população em situação de rua e as filas para atendimento na rede municipal de saúde.

O principal desafio dele durante a campanha era se tornar mais conhecido entre os eleitores, objetivo que alcançou quando o horário eleitoral gratuito começou. Ele formou uma ampla coligação, com sete partidos, entre eles o PSDB de Aécio, e dominou a propaganda no rádio e na televisão.

A estratégia de Duda contra Fuad tem como objetivo neutralizar o voto útil a favor do prefeito, movimento que pode levar à desidratação da candidatura dela, que atualmente tem 9% das intenções de voto, e da do deputado federal Rogério Correia (PT), com 6%.

"Tem sido difícil a vida das candidaturas à esquerda em Belo Horizonte, particularmente daquelas mais vinculadas ao PT, desde a experiência do governo Fernando Pimentel em Minas Gerais. Esse é um dos elementos que justificam essa perda de fôlego, mas os candidatos e as candidatas também não têm se mostrado particularmente populares e capazes de alavancar o voto", disse Dawisson Belém Lopes.

Eleição é prévia de disputa para governador em 2026

Como ocorre em outras capitais, a eleição de Belo Horizonte também antecipa a disputa pelo governo de Minas Gerais em 2026. Quatro grupos políticos estão de olho no resultado porque querem um aliado no comando da capital mineira para impulsionar as candidaturas a governador daqui a dois anos.

Zema pretende lançar o vice-governador, Mateus Simões (Novo) como candidato. Por isso, fechou com Tramonte e indicou sua secretária de Planejamento, Luísa Barreto (Novo), para vice, em uma tentativa de garantir o apoio do apresentador de TV no futuro. Kalil, que foi para o Republicanos, partido de Tramonte, também almeja o apoio do aliado para se candidatar a governador.

Fuad Noman integra o mesmo grupo político de Pacheco e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que também disputará o governo em 2026. Embora os três pertençam ao PSD, tudo indica que é desse grupo que sairá o palanque de Lula em Minas para a próxima eleição, diante do enfraquecimento do PT no Estado.

Uma vitória de Engler fortaleceria a candidatura de Nikolas Ferreira a governador. O deputado federal foi incentivado por aliados a disputar a Prefeitura, mas optou por cumprir um acordo em que apoia Engler agora em troca da garantia do PL mineiro de que ele será o candidato ao governo estadual na próxima eleição, se assim desejar.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.