Anielle Franco sobre importunação sexual de Silvio Almeida: 'Foi escalando para desrespeito'

Política
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A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, concedeu neste domingo, 6, uma entrevista ao Fantástico em que detalhou a denúncia de importunação sexual que levou à demissão de Silvio Almeida, ex-titular da pasta de Direitos Humanos. Anielle prestou depoimento à Polícia Federal sobre o caso no dia 1º de outubro. Almeida nega as acusações.

 

Durante a entrevista, a ministra se emocionou e explicou as razões que a levaram a não tornar público, de imediato, o episódio de importunação sexual. Segundo Anielle, relembrar o caso a deixava "culpada, insegura e vulnerável".

 

"Nenhuma situação de violência é fácil, né? Ainda mais para quem vive, para quem está ao redor. No primeiro momento, eu optei pelo silêncio. A exposição indevida faz com que a gente repense, pense. Então, tem uns estágios ali que fazem você se sentir culpada, insegura, vulnerável, e eu decidi que falaria primeiro nas instâncias devidas", disse Anielle Franco.

 

Ao Fantástico, Anielle afirmou que, antes de trabalharem juntos no governo federal, nunca havia tido contato próximo com Silvio Almeida e que, mesmo em Brasília, não desenvolveram "nenhum tipo de intimidade" para dar "qualquer tipo de condição para ele fazer o que ele fez". A ministra disse que passou a perceber algo de errado no relacionamento do ministro com ela ao "sentir maldade" em atitudes e momentos específicos, além de "intenções desrespeitosas".

 

"A gente também nunca teve nenhum tipo de intimidade para que eu desse qualquer tipo de condição para ele fazer o que ele fez. Nenhuma", disse a ministra. "A gente sabe quando a pessoa vem de uma maneira ingênua ou de uma maneira respeitosa, ou não."

 

Segundo a ministra, os assédios foram escalonando ao longo de um período de "alguns meses". "Durou alguns meses, assim, mais de ano, na verdade. Começa com falas e cantadas mal postas, eu diria. E vai escalando para um desrespeito pelo qual eu também não esperava. Até situações que mulher nenhuma precisa passar, merece passar ou deveria passar."

 

Questionada pela jornalista Sônia Bridi se teria havido toque de Silvio Almeida em Anielle por baixo de uma mesa durante uma reunião, a ministra respondeu: "É. Desculpa, gente". A reunião foi no dia 16 de maio de 2023.

 

"Nenhuma violência cometida por um indivíduo pode resumir ou diminuir a luta e a conquista do movimento negro. Uma luta que é histórica, uma luta que é de resistência. Assédio é assédio, violência é violência, importunação é importunação. Isso precisa ser combatido, independente de quem faça, independente de questão social ou racial. Isso precisa ser combatido. Isso não é tolerável. Não pode ser", disse Anielle.

 

Relembre o caso

 

A denúncia contra Silvio Almeida foi divulgada pela organização Me Too Brasil, que luta contra o abuso de mulheres. A entidade divulgou um comunicado no dia 5 de setembro confirmando o teor de uma reportagem do site Metrópoles sobre as acusações de assédio moral e sexual contra então ministro. No dia seguinte, Almeida foi demitido do cargo de ministro dos Direitos Humanos e Cidadania pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

O ex-ministro nega as acusações, qualificando-as como "mentiras e falsidades" e "ilações absurdas". "Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país", reagiu ele, em nota, no dia em que a denúncia veio à tona. "Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro", completou.

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A primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, a Janja, xingou neste sábado, 16, o bilionário Elon Musk, que rebateu dizendo que o atual governo vai "perder a próxima eleição'. A mulher do presidente Luiz Inácio Lula da Silva hostilizou o empresário no Rio, onde participa de atividades relacionadas ao G-20. A reportagem fez contato com a assessoria de Janja para comentar o assunto, mas ainda não recebeu resposta.

Janja participava de uma mesa de debates com o influenciador Felipe Neto sobre combate à desinformação no Cria G-20, um dos eventos paralelos à Cúpula de Líderes, que ocorre nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio.

Ao fim do painel, ela pediu a palavra para destacar a dificuldade de aprovação de leis para regulamentar plataformas de mídias sociais e reforçou seu impacto em tragédias climáticas por causa da disseminação de informações falsas.

Então, sem razão aparente, abaixou-se por causa do que parecia ser um ruído no ambiente onde estava. Ela interrompeu o discurso e disparou: "Acho que é o Elon Musk. Eu não tenho medo de você. Inclusive, fuck you, Elon Musk", disse Janja.

O bilionário reagiu em seu perfil no X momentos depois, indicando por meio da sigla "lol" que estava dando risadas do ocorrido. Ao comentar outro post na plataforma, Musk afirmou que "eles", em indicação ao governo atual, vão perder as próximas eleições.

Musk é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e travou em embate com o Supremo Tribunal Federal sobre desrespeito a ordens legais no Brasil. Ele associava o tribunal ao governo Lula, mas, no evento, Janja afirmou que Moraes é um "grande parceiro" no combate à desinformação.

O ex-presidente Jair Bolsonaro também tentou explorar politicamente a declaração, afirmando em post no X que o Brasil tem novo problema diplomático.

Lula já mandou uma série de indiretas a Musk antes, sobretudo criticando suas operações da SpaceX. Ele foi agora apontando recentemente para integrar o futuro governo Donald Trump, como chefe do departamento de eficiência.

Nesta semana, Janja também criticou a Argentina de Javier Milei por se opor ao avanço de pautas de gênero, no momento em que a diplomacia brasileira e até a francesa se esforçam para convence-lo a ceder e aprovar um resultado final no G-20.

O bilionário norte-americano Elon Musk reagiu neste sábado, 16, ao xingamento feito contra ele pela primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, a Janja. O empresário, dono do X, compartilhou uma publicação do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) na rede social e escreveu "lol", um símbolo usado na internet equivalente a uma risada.

Nikolas, um dos principais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, postou o vídeo de Janja durante um painel de debates no G-20 e escreveu "Essa é a esquerda tolerante". "Eles vão perder a próxima eleição", escreveu Musk, ao comentar outra publicação que reproduzia o vídeo de Janja.

No evento, Janja disse: "Eu não tenho medo de você. Inclusive, fuck you, Elon Musk". Outros bolsonaristas, como os deputados Carla Zambelli (PL-SP) e Carlos Jordy (PL-RJ), também se manifestaram nas redes sociais.

"Esse é o nível da primeira-dama do Brasil", escreveu Jordy. Zambelli, por sua vez, chamou Janja de "irresponsável". "Lula já quer confusão com @realdonaldtrump? Quem vai pagar é o Brasil! Casal de irresponsáveis!", disse a parlamentar, ao mencionar o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que indicou Musk para um cargo no novo governo.

Ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten foi outro que se manifestou. "Se o Brasil sofrer sanções por parte dos EUA por conta dessa fala irresponsável e absolutamente gratuita o que vai acontecer? Tá xingando um Ministro de Estado Americano. E a tal promoção do discurso de ódio? O @ItamaratyGovBr já se manifestou?", disse, em referência ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Musk travou recentemente um embate com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O X chegou a ficar suspenso no Brasil por cerca de 40 dias após o empresário, que também é dono da Tesla e da Space X, recusar-se a cumprir decisões da Corte sobre remoção de conteúdo da rede social.

Em um evento paralelo ao G-20 neste sábado, 16, a primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, Janja, fez referência à morte de Tiu França na explosão em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última quarta-feira, 13, afirmando que o "bestão acabou se matando com fogo de artifício". A declaração foi feita durante uma mesa de debates com o influenciador Felipe Neto sobre combate à desinformação, e provocou risos entre a plateia. A assessoria da primeira-dama não comentou o assunto.

"O ministro Alexandre de Moraes tem sido um grande parceiro nessa questão das fake news, por mais que seja difícil, ele está enfrentando... E por conta do que aconteceu em Brasília, inacreditavelmente aconteceu em Brasília essa semana, o bestão lá acabou se matando com fogo de artifício", disse Janja, provocando reações na plateia. "A gente ri, mas é sério gente. Olha só o que faz as redes sociais na mente das pessoas, né?".

Na quarta-feira, 13, Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiu França, morreu em um atentado com bombas, provocado por ele mesmo, na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), e nas proximidades da Câmara dos Deputados.

Horas antes de morrer, Tiü França, fez publicações nas redes sociais que indicavam pretensões terroristas, além de criticar os chefes dos Três Poderes. Em 2020, ele foi candidato pelo PL a vereador de Rio do Sul, cidade no oeste catarinense.

No mesmo evento deste sábado, a primeira-dama xingou o empresário Elon Musk. "Fuck you, Elon Musk, eu não tenho medo de você", disse Janja. O bilionário respondeu no X, dizendo que o atual governo vai perder as próximas eleições.