Fernanda Torres explica recusa para interpretar vilã Odete Roitman em 'Vale Tudo'

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Nesta sexta-feira, 1º, Fernanda Torres comentou pela primeira vez sobre sua decisão de recusar o papel de Odete Roitman, uma das personagens mais icônicas da novela Vale Tudo.

O remake da trama está programado para ir ao ar em 2025, e o papel acabou sendo oferecido a Deborah Bloch. Em entrevista ao jornal O Globo, a atriz explicou que não pôde aceitar o convite devido à falta de tempo para se dedicar à personagem, que foi originalmente interpretada por Beatriz Segall em 1988.

"Houve o convite lá atrás, mas fui percebendo que o filme Ainda Estou Aqui estava crescendo. Liguei e disse que não conseguiria, pois começaria em dezembro. Me informaram que talvez fosse possível adiar até março. Com o sucesso em Veneza, a situação mudou bastante. É tudo muito cansativo, e não me parecia viável começar um trabalho tão exigente já exausta", revelou.

Sobre Ainda Estou Aqui, Fernanda conta que tem se dedicado à campanha do filme. Atualmente, ela está em Los Angeles promovendo a produção de Walter Salles, que estreia nos cinemas no dia 7 de novembro. "Ter feito este filme foi um divisor de águas para mim. Sou uma atriz diferente após interpretar Eunice e vivenciar os sentimentos que ela trouxe, além de voltar a trabalhar com o Walter e atuar em um registro que há muito tempo não explorava", completou.

O enredo do filme acompanha Eunice Paiva (Fernanda Torres), mulher do deputado Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello, que foi assassinado durante a ditadura militar.

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O Brasil emitiu 2,3 bilhões de toneladas brutas de gases de efeito estufa em 2023. O número representa queda de 12% em relação ao ano anterior, quando foram emitidas 2,6 bilhões de toneladas.

Apesar da redução, o resultado deste ano se mantém em um patamar elevado, que coloca o Brasil na posição de quinto maior emissor de gases estufa do mundo.

As emissões dos países estarão em pauta na Cúpula do Clima (COP-29), que acontece em Baku, no Azerbaijão, a partir de segunda-feira, 11, com objetivo de discutir estratégias e financiamento para a descarbonização.

O dado foi divulgado nesta quinta-feira, 7, pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima, rede de organizações ambientais voltadas ao combate da mudança climática.

- Com emissões em alta em outros setores, a queda em 24% nas emissões globais por desmatamento foi a responsável pela redução, puxada pelo corte de emissões por desflorestação da Amazônia em 37%, a partir da intensificação de ações de fiscalização pelo governo federal

- À exceção da Amazônia e do Pampa - que também registrou queda de 15% nas emissões por desmatamento em 2023 -, porém, todos os biomas tiveram alta nesse setor, com aumento de 86% no Pantanal, 23% das emissões no Cerrado, 11% na Caatinga e 4% na Mata Atlântica;

- O aumento do desmatamento no Cerrado levou o Maranhão à posição de terceiro Estado com maior emissão bruta do Brasil, entrando pela primeira vez no ranking e ficando atrás apenas de Pará e Mato Grosso.

As mudanças de uso da terra - de floresta para pasto, por exemplo - seguem sendo as maiores poluidoras no País, responsáveis por 46% das emissões brutas de gases de efeito estufa, com 1,062 bilhão de toneladas de CO2 equivalente.

Todos os outros setores geradores de emissão analisados no relatório do Seeg - agropecuária, energia, indústria e resíduos - apresentaram aumento, o que já era esperado com o crescimento do PIB. Na agropecuária, que totaliza 28% das emissões brutas, a alta foi de 2,2%, chegando a 631 milhões de toneladas.

O aumento é atribuído ao crescimento do rebanho bovino, já que a maior parte das emissões vem do "arroto" do boi - a fermentação entérica emitiu 405 milhões de toneladas em 2023, volume maior do que o total de emissões da Itália, por exemplo.

Em 2023, o número de bovinos bateu recorde desde o início da série histórica, em 1974, com 238,6 milhões de cabeças, segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE.

Apesar de ser a maior queda porcentual nas emissões desde 2009, ano que o Brasil registrou menor emissão da série histórica iniciada em 1990, o País ainda não retornou ao patamar anterior a 2019 - menor do que o volume de emissões atual.

Nesta edição do relatório, um reajuste na metodologia mostrou que as emissões de 2022, divulgadas no ano passado, haviam sido subestimadas. Com o novo cálculo, as emissões brutas de 2022 ficaram em 2,6 bilhões de toneladas brutas de CO2 equivalente, o que resultou na redução de 12% das emissões de 2023 em relação ao ano anterior.

Ambição climática

O Brasil tem uma meta de redução de emissões a cumprir até 2025, fixada pela adesão do País ao Acordo de Paris. A atual ambição climática, ou Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) limita a emissão máxima a 1,32 bilhões de toneladas de CO2 equivalente até o próximo ano, quando todos os países devem apresentar novas metas.

A cifra corresponde ao volume de emissões líquidas, ou seja, o balanço entre tudo que o País emite e a quantidade de CO2e capturado por atividades como reflorestamento e práticas agrícolas sustentáveis.

Em 2023, as emissões líquidas ficaram em 1,65 bilhão de toneladas de CO2e. Para atingir a meta, o Brasil ainda precisa reduzir as emissões em mais de 20% em dois anos, até o fim de 2025.

Mantendo nesse ano e no próximo o mesmo nível de redução de 2023 em relação a 2022, é possível conseguir alcançar a meta, segundo calcula o coordenador do levantamento, David Tsai.

Sem questionar a importância de continuar diminuindo o desmateo, Tsai considera que apostar apenas na Amazônia para reduzir as emissões não é uma boa estratégia. "A gente precisa descarbonizar todos os setores", disse ao Estadão.

Por que queimadas não contam?

O relatório do Seeg reporta as emissões geradas por queimadas, mas até o momento elas não entram na conta das emissões brutas e líquidas anuais do País.

Essas emissões são monitoradas pelo Observatório do Clima desde 2018, mas afirma calculá-las separadamente para "manter a comparabilidade com as metas brasileiras", uma vez que o inventário oficial de emissões do governo federal não contabiliza as emissões por queimadas.

Os valores são significativos: em 2023, somente as emissões por queimadas não associadas a desmatamento chegaram a 90 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

Em 2024, o Brasil bateu recordes de incêndios florestais mesmo na Amazônia, onde a floresta não pega fogo naturalmente e os incêndios costumam estar associados ao desmatamento, atualmente em queda.

Na avaliação do Observatório do Clima, o fogo tende a ser um fator cada vez mais importante no balanço de carbono do Brasil à medida que a crise climática se agrava.

"Achamos que o governo deve passar a contabilizar essas emissões, inclusive porque é uma recomendação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas)", afirmou o coordenador do Seeg David Tsai.

Neste ano, o OC monitorou pela primeira vez as emissões de metano e de óxido nitroso por queima de pastagens. Os dois são gases mais potentes no aquecimento do planeta do que o CO2.

A Prefeitura de São Paulo segue cortando árvores na Rua Sena Madureira, Vila Mariana, zona sul de São Paulo, nesta sexta-feira, 8, mesmo após o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) recomendar, na quinta, 7, a paralisação imediata da obra e cobrar mais estudos técnicos para a construção de dois túneis na região. A gestão de Ricardo Nunes (MDB) alega que "aguarda decisão do Judiciário sobre o assunto".

Ativistas e moradores do bairro estão no local pelo terceiro dia consecutivo. A situação é de tensão com os Guardas Civis Metropolitanos (GCM). Na quinta-feira, 7, uma pessoa foi detida por entrar no canteiro de obras e abraçar uma árvore, e tentar impedir a remoção. Os guardas usaram spray de pimenta contra os manifestantes.

A população questiona a efetividade da solução para o trânsito e defende que remoção de árvores para realização de obra viária em meio à crise climática é inaceitável- ao todo, 172 árvores serão cortadas para viabilizar a obra, segundo a Prefeitura.

Em reportagem do Estadão, o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli USP), Claudio Barbieri da Cunha, apontou que construir túneis para melhorar congestionamentos é "solução ultrapassada" e não resolve congestionamentos no médio e longo prazo.

Em nota enviada à reportagem nesta sexta-feira, 8, a Prefeitura manteve seu posicionamento inicial, de que "a obra respeita todas as exigências relativas a questões ambientais" e "foi autorizada pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente", da própria Prefeitura.

A gestão promete replantar 266 mudas na região após a conclusão da obra e oferecer indenização ou outra moradia definitiva à população que hoje vive na comunidade da Rua Sousa Ramos, na Chácara Klabin, que precisará ser removida. Enquanto não há decisão judicial sobre o caso, a obra segue seu cronograma.

A justificativa do Município para realizar a obra é melhorar o trânsito no cruzamento da Rua Sena Madureira com a Rua Domingos de Moraes, facilitando o acesso à Avenida Ricardo Jafet e à Rodovia dos Imigrantes. O custo previsto é de R$ 531 milhões e o prazo de entrega, setembro de 2025.

"A intervenção prevê melhor fluidez do trânsito, comportando ônibus e veículos utilitários e garantindo a interligação entre a Vila Mariana, Ipiranga, Itaim Bibi e Morumbi", afirma a gestão Ricardo Nunes (MDB). "Beneficiará mais de 800 mil pessoas que circulam na região diariamente."

Descompromissos socioambientais e contratuais

No documento de recomendação de paralisação da obra, os promotores do MP-SP apresentaram uma série de considerações que justificam o pedido. Eles citam possíveis descompromissos socioambientais e contratuais do empreendimento, além de riscos que as obras do complexo viário podem causar à população e à cidade. A promotoria pede que estudos técnicos mais profundos sejam feitos antes de seguir ou decidir por cancelar a obra.

A recomendação menciona ainda que Ministério Público já vem investigando as obras do complexo por supostos danos ambientais, causados por uma "derrubada indiscriminada de árvores e no desmatamento de áreas de preservação permanente", e que estariam afetando o córrego Emboaçu, uma nascente importante para a região da Vila Mariana. A construção já é alvo de três inquéritos do MP-SP (leia mais abaixo).

O MP-SP também cita o Termo de Compromisso Ambiental (TCA) firmado com a empresa contratada para executar a obra omite a informação de que o lugar onde o complexo viário está sendo construído é uma área de preservação permanente. Isso, conforme os promotores, é "motivo suficiente para a suspensão imediata das obras e reavaliação dos estudos de impacto ambiental".

"Estão ignorando a recomendação do MP. No desespero de cortar rápido (as árvores), uma quase caiu em cima de um carro", diz Flavio Matunga, empresário e parte do movimento Salvem a Sena Madureira.

"Estamos falando de árvores centenárias que serão retiradas para uma obra que foi projetada há mais de dez anos, em outro contexto, distante da crise climática que vivemos hoje", diz Marco Martins, arquiteto urbanista, morador da Vila Mariana e autor da representação no Ministério Público.

Há tensão entre os manifestantes e a Guarda Civil Municipal (GCM). Os ativistas acompanham desde quarta-feira, 6, a derrubada das árvores na Rua Sena Madureira e a Prefeitura diz que a GCM monitora a manifestação para orientar as pessoas "a se afastarem do local onde acontece o corte de árvores".

Nesta quinta-feira, 7, "houve resistência e pela manhã uma mulher foi encaminhada pela GCM ao Distrito Policial por desacato", disse a GCM. "Apesar dos alertas sobre o risco devido ao uso de uma motosserra, a manifestante abraçou uma árvore e resistiu à remoção, sendo necessário o uso de algemas", afirmou a Secretaria de Segurança Pública (SSP). O caso foi registrado com a natureza não criminal no 16º DP (Vila Clementino).

O que é a obra que está sendo realizada na Rua Sena Madureira?

A obra, que diz respeito a dois túneis de duas faixas cada, em sentidos contrários, servirá para desviar parte do fluxo do cruzamento das ruas Sena Madureira com a Domingos de Morais. Para a construção, a Prefeitura pretende retirar cerca de 200 famílias que vivem em uma comunidade na Vila Mariana e derrubar 172 árvores.

O objetivo seria facilitar o acesso à Avenida Ricardo Jafet e, consequentemente, à Rodovia dos Imigrantes, que liga a capital ao litoral sul. A conexão com a avenida ocorrerá pelas ruas Vergueiro e Embuaçu, que devem receber "adequações viárias de sinalização". Os túneis terminam a cerca de 1,2 quilômetros da avenida:

Um deles terá início na Rua Souza Ramos e desemboque na Rua Sena Madureira, na altura da Rua Botucatu, totalizando 977 metros de túnel, intervenções de emboque e desemboque e galerias;

Já o outro sairá da Rua Sena Madureira, próximo à Rua Mairinque, e desembocará na área pública municipal próximo à rua Souza Ramos, onde fica a comunidade. São 674 metros no total.

Interdições já começaram a ser feitas na região da obra na Sena Madureira, com uma faixa de rolamento interditada em cada sentido da via.

Quais são as investigações do MP-SP e o que diz a Prefeitura?

Três inquéritos estão abertos hoje no MP-SP para investigar a obra. Um pediu esclarecimentos à Prefeitura sobre a motivação para ter seguido o projeto, que foi anunciado inicialmente na gestão Gilberto Kassab (2006-2012) e embargado durante a Lava Jato, com a mesma construtora, a antiga Queiroz Galvão, hoje rebatizada como Áyla.

A promotoria destaca que a empresa já foi demandada em ação civil de improbidade administrativa do Ministério Público Federal e ação civil pública do MP-SP "em razão de fraude na licitação relacionada ao Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo, bem como pagamento de propina".

Sobre isso, a Prefeitura afirmou, em nota, via Secretaria de Mobilidade e Trânsito, que "os esclarecimentos serão prestados" no prazo estipulado pelo MP-SP.

A Áyla diz que "o Consórcio Expresso Sena Madureira está executando as obras do complexo viário nos termos do contrato administrativo e de acordo com os projetos de engenharia. A construção do empreendimento envolve diversas etapas construtivas, dentre elas a criação de caminhos de serviço para o acesso às obras. As obras e intervenções estão sendo executadas de acordo com as melhores práticas de engenharia e de segurança".

O segundo inquérito do MPSP investiga a derrubada de árvores e poluição sonora causada pela obra. E o terceiro calcula se haverá ganhos significativos de mobilidade urbana e se a população que vive na comunidade Sousa Ramos será devidamente realocada.

A Prefeitura alega a obra trará benefícios de fluidez do trânsito, beneficiando "mais de 800 mil pessoas que circulam na região diariamente", mas não informou dados de congestionamento no local. A gestão diz que tem licenças para realizar a obra e remover 172 árvores na região, e ressalta que vai fazer replantio de 266 mudas arbóreas nos entornos das obras, assim como indenizar e prestar assistência às famílias removidas da comunidade.

O reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Pasqual Barretti, fechou mais um contrato sem licitação com um advogado privado, mesmo tendo à sua disposição um serviço de assessoria jurídica formado por procuradores comissionados e concursados. A contratação vai custar R$ 230 mil aos cofres da universidade.

Procurada pelo Estadão, a universidade informou que a constituição de advogados externos em "situações pontuais não contraria qualquer questão de cunho ético ou legal" (leia a íntegra da nota ao final da matéria).

Desta vez, o advogado Luiz Antonio Alves de Souza foi chamado para fazer a defesa do reitor em uma ação de improbidade administrativa por suspeita de nepotismo. A universidade não é parte no processo.

A ação de improbidade gira em torno da nomeação da advogada Cristiane Gomes Carrijo Andrade, filha do assessor especial José Afonso Carrijo Andrade, que trabalhou no gabinete da reitoria, como procuradora jurídica da universidade.

O Ministério Público de São Paulo pede que o reitor seja condenado a devolver à Unesp salários que teriam sido pagos indevidamente à Cristiane. Ela chegou a receber mais que servidores concursados na mesma função.

Ao enviar a defesa do reitor no processo, o advogado afirma que o ressarcimento é "impossível" e que o reitor não é "o encarregado ou o responsável pelo pagamento dos vencimentos dos servidores da universidade". "Esta sim, como pessoa jurídica, que admite e mantém todos os seus servidores".

O processo é desdobramento de uma investigação sobre o regime de contratação dos procuradores jurídicos na Unesp. Embora exerçam função técnica, eles vinham sendo nomeados para cargos de confiança ao invés de serem selecionados via concurso público e recebiam remunerações brutas acima do teto do funcionalismo. O valor excedente do teto, segundo a universidade, fica retido.

É o segundo contrato fechado pelo reitor, sem licitação e com verbas da Unesp, com Luiz Antonio Alves de Souza. O advogado já tinha sido contratado por R$ 100 mil para entrar com uma representação disciplinar no Conselho Nacional do Ministério Público contra o promotor de Justiça que move a ação de improbidade.

O primeiro pacote de serviços também incluiu o patrocínio de uma representação na seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) contra uma advogada concursada que denunciou irregularidades na contratação de funcionários comissionados na universidade. Ela chegou a ser demitida por justa causa, mas foi reintegrada após ordem judicial.

COM A PALAVRA, A UNESP

"A Unesp gostaria de esclarecer que, apesar de contar com uma equipe interna de consultores jurídicos, a constituição de advogados externos à universidade em situações pontuais não contraria qualquer questão de cunho ético ou legal. A contratação foi devidamente fundamentada nos permissivos legais, expostos nos processos administrativos pertinentes. A Unesp acrescenta ainda que a qualidade do trabalho técnico-jurídico apresentado pesou significativamente na escolha do profissional.