Morre Evandro Teixeira, um dos maiores fotojornalistas do Brasil, aos 88 anos

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Nesta segunda-feira, 4, morreu aos 88 anos Evandro Teixeira, um dos maiores fotojornalistas do Brasil. O fotógrafo estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro, e morreu em decorrência de falência múltipla de órgãos após complicações de uma pneumonia. Evandro deixa a mulher, Marli, com quem foi casado por 60 anos, além de duas filhas e três netas.

 

O velório será realizado na terça-feira, 5, em uma cerimônia aberta ao público na Câmara dos Vereadores, no Centro do Rio.

 

O Legado de Evandro Teixeira

 

Nascido em 1935, em Irajuba, um pequeno povoado a 307 quilômetros de Salvador, na Bahia, Evandro Teixeira deixou sua cidade natal para capturar o Brasil através de suas lentes. Ainda jovem, ele fez um curso de fotografia a distância e, reconhecido pelo talento, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1957, onde passou a trabalhar no Diário da Noite.

 

Em suas imagens em preto e branco, Evandro registrou momentos icônicos da história brasileira, consolidando-se como um dos grandes nomes do fotojornalismo. Passou 47 anos no Jornal do Brasil, onde documentou episódios marcantes, como o golpe militar e a ocupação do Forte de Copacabana em 1º de abril de 1964. Para fazer o registro, ele se disfarçou de oficial, escondendo uma câmera ao lado de um amigo militar. "Ele bateu continência, eu bati também e disse que era o capitão tal - já não lembro o nome (risos)", relembrou em entrevista ao G1 em setembro de 2023.

 

A foto tornou-se capa do Jornal do Brasil, destacando os militares em contraste com a chuva que caía. "Tirei o filme da câmera e escondi na meia. Na saída, tive que mostrar a câmera, mas o filme já estava seguro", contou.

 

A marcha de cem mil pessoas protestou contra as arbitrariedades do regime militar. Como resposta, Costa e Silva decretou, em dezembro de 1968, o Ato Institucional número 5 (AI 5), que suspendia garantias constitucionais e concedia enormes poderes ao governo federal

 

Evandro transformou seu trabalho em uma forma de resistência, documentando para que os horrores da ditadura no Brasil não fossem esquecidos. Ele também registrou a histórica Passeata dos 100 Mil em 1968, na Cinelândia, no Centro do Rio, capturando cenas como a de um estudante caindo enquanto era perseguido por policiais. Em entrevista ao Estadão em 2014, refletiu sobre a cobertura desses momentos tensos: "É a própria sociedade que se manifesta de uma forma diferente. E, infelizmente, o 'inimigo' pode estar ao seu lado".

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O perito forense Ricardo Molina de Figueiredo, de 73 anos, conhecido pela sua atuação no caso PC Farias, foi levado para uma delegacia na noite de sábado, 8, após uma briga com sua atual esposa. Durante a confusão, ele teria colocado fogo em pertences pessoais, causando um princípio de incêndio na residência do casal, no bairro Caminhos de São Conrado, em Campinas, interior de São Paulo.

Molina foi liberado após prestar depoimento. O caso é investigado pela Polícia Civil. A reportagem não conseguiu falar com Molina e ainda tenta contato com a sua defesa.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a Polícia Militar foi acionada pelos seguranças do condomínio onde o perito e sua mulher moram para averiguar um suposto caso de violência doméstica. O relato dos seguranças dava conta de que o casal brigava e o homem estava com uma arma branca em uma das mãos.

Ao entrarem na casa, os policiais deram socorro à mulher, que estava isolada em um cômodo da casa. No atendimento, eles sentiram cheiro de queimado e viram que o perito estava ateando fogo em pertences pessoais, como roupas e papéis, em outro cômodo. Os policiais fizeram o controle das chamas e apreenderam um canivete que estava com o perito. Eles verificaram também que Molina estava com ferimentos no pé, após pisar em cacos de vidro, espalhados pelo chão.

Os dois receberam atendimento médico em unidades hospitalares e, depois de serem liberados, foram levados para a delegacia da Polícia Civil, onde foram ouvidos. O caso foi registrado como violência doméstica e contravenções penais pela Delegacia da Defesa da Mulher de Campinas, que investiga o ocorrido por meio de inquérito. Conforme a SSP, as diligências seguem para elucidar os fatos.

Histórico de violência doméstica

Em abril de 2023, Ricardo Molina foi acusado publicamente pela então esposa, Janine Jansen, de violência doméstica, psicológica e patrimonial. Na época o casal estava em processo de separação. Vídeos postados pela mulher registram o momento em que o perito quebra vidros de uma porta, urina em cima de uma Bíblia e joga roupas e maquiagens pela janela. Ela é chamada de 'piranha', 'vagabunda', 'interesseira' e 'traidora'.

Na ocasião, o perito disse ao Estadão que a discussão começou em um momento em que eles tentavam reatar o casamento, mas Molina teria descoberto uma traição da ex-mulher, o que ela nega. A versão dela é que o ex-marido manteve casos extraconjugais ao longo do casamento. Molina negou as traições e também as agressões.

Ricardo Molina, que é ex-professor da Universidade de Campinas (Unicamp), ficou conhecido nacionalmente por ter atuado em casos emblemáticos, como no assassinato do empresário Paulo César Farias, o PC Farias, morto em 1966. Farias foi tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor, que deixou o Palácio do Planalto em 1992, quando sofreu um processo de impeachment. Molina atuou também no acidente de avião que matou os integrantes da banda Mamonas Assassinas, em 1996.

A aeronave que caiu em Itanhaém, litoral sul paulista, perto de uma aldeia indígena, era um modelo Cessna 152, com inscrição PT-AKY, do Aeroclube de Itanhaém, de acordo com a assessoria de imprensa da Rede Voa e da Defesa Civil do Estado de São Paulo. Uma pessoa morreu no acidente e a outra foi resgatada com vida, de acordo com o órgão estadual.

No Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) consta que o proprietário do avião é Jefferson dos Santos Morales e o operador é o Aeroclube de Itanhaém. A data de compra que aparece no documento é 13 de junho de 2022.

A aeronave está registrada na categoria de instrução privada. Segundo informações do RAB, no entanto, ela não tinha autorização para fazer táxi aéreo.

O Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) estava com validade até 19 de novembro deste ano.

Logo após o acidente, investigadores do órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), em São Paulo, foram acionados para realizar uma ação inicial para investigar o ocorrido.

A Rede Voa, concessionária de aeroportos pelo Estado de São Paulo, entre eles o Aeroporto Antônio Ribeiro Nogueira Jr, em Itanhaém, confirmou que o avião realizava um voo de instrução, com decolagem às 17h16, e emitiu alerta às 17h42.

A cada quatro casos de violência sofridos por mulheres de 16 anos ou mais no ano passado no Brasil, ao menos um menos um foi cometido diante do filho da própria vítima, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 10, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Datafolha.

O estudo aponta ainda que, entre as mulheres que responderam ter sofrido violência no último ano, a grande maioria (91,8%) disse ter sofrido violência na presença de terceiros.

Em 47,3% dos casos, quem presenciou foram amigos ou conhecidos; em 27%, os filhos; e em 12,4%, outros parentes. Apenas em 7,7% as violências foram testemunhadas por pessoas desconhecidas.

Os dados estão presentes na quinta edição da pesquisa "Visível e Invisível: Vitimização de Meninas e Mulheres", que é realizada de dois em dois anos. O principal objetivo do survey de vitimização é entender a violência contra mulher para além dos registros policiais.

Foram realizadas entrevistas em 126 municípios, entre 10 e 14 do mês passado. Ao todo, 793 mulheres com 16 anos ou mais responderam a um questionário, de forma presencial, sobre formas de violência que possam ter experimentado ou presenciado ao longo dos 12 meses anteriores à coleta de dados - ou seja, entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025.

A pergunta sobre a presença de terceiros foi incluída pela primeira vez. "Este dado chama atenção não apenas por indicar que a esmagadora maioria dos casos contou com testemunhas, mas principalmente porque 86,7% das mulheres afirmaram ter sofrido violência na presença de um conhecido", diz o estudo.

Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o dado mostra uma "certa conivência" em relação à violência contra mulher, que em grande parte dos casos ocorre dentro da casa da vítima e tem companheiros ou ex-companheiros como os agressores.

"As pessoas no entorno sabem que essa mulher está sofrendo violência. Muitas vezes, enquanto sociedade, ainda somos coniventes com muitas formas de violência, é o famoso 'em briga de marido e mulher não se mete a colher'", afirma.

A pesquisadora aponta que, em parte dos casos, essa conivência se dá porque muita gente não entende a gravidade dessas práticas de violência quando elas não são tão explícitas. "Você sabe que aquela mulher tem uma relação abusiva, está vendo que ela é abusiva, mas não vê o homem bater nela explicitamente, então não faz nada", exemplifica.

O ponto, segundo ela, é que, além de essas formas de agressão já serem danosas às vítimas, as formas mais graves de violência contra mulher costumam se dar justamente pela escalada de tipos de agressão considerados mais brandos. "Muitas vezes, o tempo entre um caso de agressão até um feminicídio é muito rápido", afirma. "Não tem como prever em quanto tempo isso vai escalar."

A pesquisa divulgada nesta segunda destaca, além disso, que estudos mostram que a exposição à violência doméstica na infância está relacionada a "diversos impactos negativos, como baixa autoestima, retraimento social, depressão e ansiedade, além de outros desfechos psicossociais e comportamentais adversos".

"O quanto isso, de algum modo, alimenta essa máquina que se reproduz?", questiona Samira. "Como a gente muda essa cultura se tem filhos nesses ambientes que estão assistindo a esses comportamentos e que muitas vezes os naturalizam?"

A análise do perfil das vítimas de violência no último ano indica que mulheres de 25 a 34 anos (43,6%), de 35 a 44 anos (39,5%) e de 45 a 59 anos (38,2%) são os grupos etários mais afetados pelas diferentes formas de violência apuradas na pesquisa. Ainda assim, há elevada prevalência da violência em todas as faixas etárias, especialmente entre mulheres com idades entre 16 e 59 anos.

Entre outros achados, a pesquisa apontou que ao menos 21,4 milhões de mulheres brasileiras, ou 37,5% da população feminina com 16 anos ou mais, foram vítimas de algum tipo de violência no último ano. Entre as formas mais frequentes, estão humilhações verbais e agressões físicas, como batidas, chutes ou empurrões.