Único dia esgotado do evento, que acontece entre os dias 5 e 8 de dezembro, o sábado começou na CCXP com um painel transbordando brasilidade. Foi a exibição especial de O Auto da Compadecida 2, filme que chega aos cinemas do País apenas em 25 de dezembro.Antes da exibição do longa, em um auditório cheio, com capacidade para cerca de 3 mil pessoas, parte do elenco subiu ao palco. Foi grande a ovação para a dupla de protagonistas, Matheus Nachtergaele e Selton Mello - coisa de astro do rock, de grandes estrelas, como são. Do lado de lá, de atores e diretores, havia emoção genuína na voz.
"É muito emocionante", resume Selton. "Foi emocionante quando a gente teve a ideia de fazer essa continuação com roteiro de craques. Craques! E, quando eles contaram a história, a ideia que eles tinham, a gente entendeu que tudo isso fazia muito sentido."
Guel Arraes, diretor do longa ao lado de Flávia Lacerda, conta como surgiu a ideia do novo filme. "Quando a gente começou a cogitar em contar essa nova história, fizemos um exercício mental de como seria reencontrar esses personagens", disse, no painel. "É um filme de comédia, mas sentimos uma emoção muito forte. Aí vimos que é como reencontrar velhos amigos. Essa é a inspiração do filme. É o reencontro de João Grilo e Chicó, com novas aventuras e histórias."
O longa, que Estadão já assistiu, traz uma aura de mistério: Chicó (Mello) está sozinho, vivendo em Taperoá, lembrando do amor por Rosinha (Virginia Cavendish) e da amizade por João Grilo (Nachtergaele). Até que o amigo retorna para a cidadezinha e vira, de uma hora para outra, cabo eleitoral e até santo - é ele que aparece numa estátua com a santa.
"É um filme arrojado por um lado e arcaico por outro", diz Matheus. "É um elenco divino. E a gente, só de se olhar como João Grilo e Chicó, a gente já tem meio caminho andado."
Reencontros
Obviamente, desde 2000, quando O Auto da Compadecida estreou nos cinemas, muita coisa mudou: a forma que o nordestino é retratado, a transformação da história e, acima de tudo, a morte de pessoas importantes, desde o autor da peça original, Ariano Suassuna, até alguns atores, como Paulo Goulart e Rogério Cardoso.
Assim, na apresentação feita na CCXP, havia uma preocupação de todos ali em mostrar que, mesmo com mudanças, há um desejo em trazer a essência do que é essa história.
"Em 1955, meu avô escreveu O Auto da Compadecida e ele tinha 28 anos de idade. Hoje, é a peça mais encenada do teatro brasileiro, traduzida para o inglês, para o alemão, para o polonês", diz João Suassuna, neto do autor da obra. "Por isso, eu estou aqui para deixar vocês tranquilos: estamos trabalhando nesse projeto há quase cinco anos. Por esse tempo, já dá para ver o respeito pela obra do meu avô. Agora, eu sinto ele cada vez mais vivo e mais atual."
No final do painel, o elenco tentou trazer dois sentimentos: nostalgia e a dimensão histórica do momento. "Vocês são as primeiras pessoas a receberem o carinho que guardamos por 25 anos para devolver ao público brasileiro", disse Matheus, emocionado.
Selton, para fechar a conversa, se prontificou a tentar verbalizar o tamanho do filme. "Não é à toa que é no 25 de dezembro: é o maior presente de Natal que o público brasileiro podia receber da nossa cultura, do nosso cinema brasileiro, que é muito potente e que está vivendo um momento extraordinário, lotando as salas de cinema. Acredito que vocês vão ficar encantados, porque é isso, encontrar velhos amigos é sempre muito emocionante."
Elenco de 'O Auto da Compadecida' reafirma elemento nostálgico da história na CCXP 2024
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