Fernanda Torres revela bastidores de 'Ainda Estou Aqui': 'Descobri o poder da restrição'

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A atriz Fernanda Torres foi entrevistada pelo Los Angeles Times nesta terça-feira, 17, sobre sua atuação como Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles. O longa, que se tornou a maior bilheteria pós-pandêmica do Brasil, vem sendo indicado a inúmeras premiações internacionais e deve ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional.

"Foi maravilhoso descobrir o poder da restrição", revelou a brasileira ao jornal norte-americano. "Normalmente, como atriz, você quer mostrar o quão bem pode chorar, gritar ou ser engraçada. Mas essa personagem não gosta de se exibir. Ela esconde o que sente", afirmou a atriz.

No longa, Fernanda Torres interpreta a mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva. A trama, baseada no livro homônimo, conta a história real de como a família Paiva lidou com o desaparecimento do pai, Rubens Paiva, durante a Ditadura Militar. Ao longo do filme, Eunice tem de se manter firme perante as incertezas do seu futuro e dos seus filhos.

"Imagine que seu marido foi torturado, morto, cortado em pedaços ou jogado no oceano. E você não tem permissão para sentar, chorar ou sentir autopiedade. Ela tinha filhos e decidiu não contar a eles o que aconteceu. Como você pode dizer isso para uma criança? Ela queria salvar a inocência deles, a fé na humanidade."

Nos últimos meses, a artista brasileira vem participando de uma longa campanha para ser indicada ao prêmio de Melhor Atriz Principal. A atuação vem sendo bastante elogiada pela crítica ao redor do mundo e as chances de Fernanda são consideradas realistas pela imprensa especializada.

"Ela sempre era gentil e tinha um sorriso no rosto, mas, ao mesmo tempo, era tão inteligente, racional, persuasiva, muito feminina, mas poderosa. E essa mistura de feminilidade, delicadeza e força era algo que eu estava tentando alcançar", disse a brasileira. "Suportar algo com o qual é impossível lidar, seguir em frente, sorrir, lutar, não se quebrar - isso criou dentro de mim um fogo tão poderoso, algo que eu nunca experimentei antes", finalizou a atriz.

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A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira, 16, um homem suspeito de chefiar um grupo criminoso que extorquia e matava comerciantes chineses das ruas 25 de Março e Santa Ifigênia, na região central de São Paulo. O suspeito havia conseguido escapar de uma grande operação contra supostos integrantes da máfia chinesa, realizada em 2017, pela Polícia Civil de São Paulo.

Ele ficou ao menos três anos escondido na Venezuela e foi preso em Pacaraima, cidade de Roraima, no lado brasileiro da fronteira entre os dois países. O suspeito não teve o nome divulgado, o que impossibilitou o contato com sua defesa.

O homem preso tinha três mandados de prisão em aberto, expedidos pela Justiça paulista. Ele era procurado pelos crimes de homicídio, roubo qualificado, extorsão mediante sequestro e organização criminosa. O suspeito vinha sendo monitorado pela PF e foi preso quando tentava se estabelecer em Pacaraima, cidade de 22 mil habitantes, conhecida por ser a porta de entrada de imigrantes venezuelanos no Brasil.

Segundo a PF, o investigado liderava a organização criminosa chinesa que foi alvo da operação da Polícia Civil de São Paulo, em 2017. Na ocasião, 14 chineses foram presos, mas o líder conseguiu fugir. Ele teria viajado por terra até a Venezuela e se escondia próximo à fronteira.

De acordo com as investigações, o grupo criminoso era originário da província de Fujian, na China, e desenvolveu em São Paulo um esquema de extorsão de seus compatriotas estabelecidos no comércio paulistano, nas regiões da Rua 25 de Março e da Santa Ifigênia. A organização cobrava entre R$ 5 mil e R$ 10 mil mensais de suas vítimas. O grupo é investigado pela morte de três comerciantes que teriam se negado a fazer os pagamentos.

A Polícia Civil de São Paulo prendeu 20 pessoas suspeitas de fabricar e vender metanfetamina na região central da capital paulista. Ao menos 60 brasileiros e estrangeiros foram alvos da operação, realizada nesta terça-feira, 17. A ação também resgatou sete mulheres de nacionalidade chinesa que supostamente faziam parte de um esquema de exploração sexual.

Denominada Heisenberg em alusão ao personagem da série Breaking Bad, o professor de química que, na ficção, criou um império de metanfetamina, a operação mobilizou cerca de 280 policiais civis para o cumprimento de 60 mandados de prisão e 101 de busca e apreensão.

Entre os investigados estão 32 chineses, 4 nigerianos, 4 mexicanos, 2 portugueses e um colombiano, além de 17 brasileiros. A operação apreendeu porções de metanfetamina, droga conhecida como 'cristal', além de outras drogas, como maconha e cocaína, armas de fogo, utensílios usados para a fabricação de drogas e veículos de luxo. Os estrangeiros são todos residentes no país.

Conforme o Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), até então a metanfetamina não era produzida no Brasil, apenas importada e comercializada. As investigações tiveram início em junho deste ano, quando a polícia prendeu seis pessoas e apreendeu dois quilos de metanfetamina.

Segundo os investigadores, a droga começou a ser trazida por traficantes mexicanos ao País em estado líquido e era transformada em cristal em São Paulo para abastecer as máfias chinesa e nigeriana na cidade. Estes começaram a fabricar na capital paulista o entorpecente, o que barateou o seu custo. Mas produziam uma droga de qualidade inferior à mexicana. Acabaram sendo seguidos pelos chineses e pelos mexicanos.

Os três grupos passaram a produzir o entorpecente em apartamentos alugados na Liberdade, na Bela Vista e no Jardim Paulista - um desses imóveis pegou fogo durante a produção. Os mafiosos usavam uma rede de garotas e garotos de programa para vender a droga. Muitos dos usuários compravam dessas pessoas ao mesmo tempo que as contratavam para fins sexuais.

Parte dos envolvidos presos nesta terça-feira operava laboratórios para a produção da droga sintética. Outra parte do grupo era responsável pela distribuição e venda do cristal. Eles vão responder pelos crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa, além de outros delitos.

A polícia pediu apoio a um intérprete do Consulado da China em São Paulo para ouvir as sete mulheres apontadas como vítimas de tráfico de pessoas para fins sexuais.

A metanfetamina é uma substância química potente e com forte potencial para viciar o usuário. A droga causa dependência extrema de forma rápida e devastadora. Sua ação no organismo se assemelha a de outras drogas, como a heroína e a cocaína. Seu uso inicial no Brasil está relacionado às raves e festas universitárias, mas as apreensões recentes indicam que a droga se popularizou. Atualmente, a metanfetamina consta na lista de substâncias proibidas pela Anvisa.

O Ministério da Saúde publicou o novo boletim epidemiológico sobre HIV e Aids no Brasil, abrangendo dados de 2023 até junho de 2024. Segundo o relatório, no ano passado, houve um aumento de 4,5% no número de casos de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana em relação a 2022.

Ao todo, foram registrados 46.495 novos casos de HIV em 2023. Em relação à Aids, no mesmo período, os casos chegaram a 38 mil, uma alta de 2,5% em comparação com o ano anterior.

Já em 2024, até junho, houve 19.928 novos casos de infecção por HIV e 17.889 novas pessoas diagnosticadas com Aids.

O boletim também revelou que o País registrou a menor taxa de mortalidade por Aids dos últimos dez anos, com uma queda de 32,9% entre 2013 e 2023. A taxa passou de 5,7 óbitos por 100 mil habitantes em 2013 para 3,9 em 2023.

Perfil

Quanto ao perfil das pessoas diagnosticadas com HIV no ano passado:

- 70,7% são do sexo masculino;

- 63% dos casos foram registrados em pessoas pretas e pardas;

- homens que fazem sexo com homens representaram 53% das infecções;

- a faixa etária mais afetada foi a de 20 a 29 anos, responsável por 37,1% das notificações.

Distribuição regional

Os 46.495 casos registrados em 2023 estão distribuídos da seguinte forma:

- Sudeste: 16.134 casos (34,7%)

- Nordeste: 12.486 casos (26,9%)

- Sul: 7.619 casos (16,4%)

- Norte: 5.952 casos (12,8%)

- Centro-Oeste: 4.304 casos (9,3%)

Sudeste e Sul, porém, concentram a maioria dos casos historicamente - 49,2% e 19,6%, respectivamente. Nos últimos cinco anos, a média anual de casos foi de 13,2 mil no Sudeste, 8,6 mil no Nordeste, 6,4 mil no Sul, 4,7 mil no Norte e 3 mil no Centro-Oeste.

Por que os casos aumentaram e a mortalidade caiu?

De acordo com o Ministério da Saúde, o crescimento dos registros está associado à intensificação da testagem, uma vez que o exame é obrigatório para a oferta da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), cujo acesso foi ampliado.

"Isso é uma ótima notícia", disse ao Estadão o médico Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do ministério. Segundo ele, o aumento nos casos de HIV reflete a melhoria no rastreamento da infecção, enquanto a queda na mortalidade é um reflexo do sucesso no tratamento da doença.

Infectologistas afirmam, contudo, que a justificativa da pasta não é suficiente para explicar a alta. Segundo Alexandre Naime Barbosa, professor da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a ampliação da PrEP deveria levar à redução dos casos.

"Isso é um paradoxo. De fato, quanto mais testes, mais casos serão descobertos. No entanto, se a PrEP foi ampliada, o número de casos deveria cair e não estar subindo", diz.

Para Henrique Valle, infectologista do Hospital Brasília, o aumento das testagens é uma explicação plausível e positiva, mas outros fatores, como a diminuição do uso de preservativos e a falta de educação sexual, também podem estar influenciando os dados.

Barbosa também argumenta que, embora a redução das taxas de mortalidade na última década tenha sido ressaltada, a diminuição ainda é baixa no comparativo anual. Por exemplo: em 2022, foram registrados 11.062 óbitos por Aids (uma taxa de 4,1 mortos por 100 mil habitantes), enquanto em 2023 foram 10.338 (taxa de 3,1). Antes da pandemia, em 2019, ocorreram 10.634 mortes.

"Ou seja, o número não caiu. Se você olhar para antes da pandemia, verá que está praticamente igual", diz. Para Barbosa, isso assusta considerando os muitos avanços em relação ao diagnóstico, prevenção e tratamento da condição. O esperado era que os números fossem mais animadores.

Uma justificativa, pondera o professor, pode estar no acesso a essas novas tecnologias; os avanços não chegam de forma igualitária para todo mundo, o que demanda uma atuação conjunta dos órgãos públicos, especialmente dos estados e municípios, para ampliação da oferta.

Segundo Barreira, a queda pequena já era esperada. De acordo com o diretor do Dathi, para qualquer condição, as taxas de mortalidade se estabilizam e deixam de cair ou subir drasticamente à medida em que há melhorias nas condições de vida. "No caso da Aids, o tratamento já está espalhado, com cerca de 96% das pessoas detectadas se tratando, então a queda da mortalidade passa a ser mais lenta", afirma.

De maneira geral, Valle resume que a a coexistência desses fenômenos reflete diferentes questões: "Tanto os desafios atuais, quanto a prevenção primária e os sucessos na assistência às pessoas vivendo com HIV".