Phil Collins reivindica legado como baterista em documentário

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É difícil não se compadecer com Phil Collins. Cada vez mais frágil por causa de cirurgias na coluna que afetaram sua mobilidade, ele está aposentado aos 73 anos - uma lástima, haja vista que Paul McCartney, aos 82, ou Mick Jagger, aos 81, por exemplo, seguem na ativa.

 

Em sua aparição mais recente, o mais improvável popstar de todos, dono de hits como Sussudio e Easy Lover, é o centro do novo documentário Phil Collins: Drummer First, de Brandon Toews, que reafirma uma frase repetida pelo astro ao longo da carreira: "Eu não sou um cantor que toca um pouco de bateria. Estou mais para um baterista que canta um pouco".

 

No longa também é revelado que o músico sofre de pé pendente, a incapacidade de flexionar o tornozelo para levantar a ponta do pé, tornando quase impossível tocar bateria.

 

O filme de duas horas, disponível gratuitamente no YouTube, tem como missão corrigir uma injustiça histórica, já que Collins nunca é lembrado no rol dos grandes bateristas - ao contrário de nomes recorrentemente reverenciados como John Bonham (Led Zeppelin), Keith Moon (The Who) e Neil Peart (Rush).

 

Ao longo do documentário, inúmeros bateristas explicam como Collins influenciou a música pop com seu groove encorpado, marca registrada dos anos 1980, além das composições virtuosas que serviam aos temas complexos do Genesis, banda essencial do rock progressivo nos anos 1970.

 

Collins eternizou sua batida em discos emblemáticos como Selling England by the Pound (1973) e The Lamb Lies Down on Broadway (1974). Seu maior desafio, no entanto, foi assumir os vocais após a saída de Peter Gabriel, cuja verve teatral era canalizada por meio de fantasias bizarras. Tímido e baixinho, ele conseguiu superar essa mudança e depois foi capaz de modernizar completamente o som do grupo em uma guinada ao pop no álbum Duke (1980), transformação central para a nova e mais bem-sucedida fase do Gênesis.

 

Em uma das partes mais curiosas do longa, Collins afirma não morrer de amores pelo conjunto de sucessos como Invisible Touch e Supper's Ready. "Não sou o maior fã do Genesis, sabe? Há coisas de que eu gosto, outras das quais tenho orgulho, mas também algumas que não aprecio. Há canções que gosto de voltar no tempo e ouvir, mas outras não", diz.

 

Herdeiro

 

Alguns dos nomes entrevistados no projeto são Chad Smith (Red Hot Chili Peppers), Mike Portnoy (Dream Theater), Jonathan Moffett (Michael Jackson) e até mesmo o brasileiro Eloy Casagrande (Sepultura), entre outros. Mas quem assume posição de destaque é o filho Nic Collins, de 23 anos, que herdou as baquetas do pai em 2017 ao integrar a turnê de despedida Not Dead Yet, que passou pelo Brasil com shows antológicos em São Paulo, no Rio e em Porto Alegre.

 

De forma intercalada aos depoimentos dos convidados, Nic assume papel de fã ao repassar com minúcia a discografia de Phil, que ele entrevista em um suntuoso château suíço. Na conversa gravada em 2022, testemunhamos a fragilidade do cantor, de voz arrastada e andando devagar, apoiado em uma bengala. Seu humor irônico, pelo contrário, segue ágil e torna o papo ainda mais divertido.

 

Em certa hora, Nic aponta um detalhe que pode ter acentuado os problemas físicos do pai: a posição da bateria que Phil usava lhe exigia uma errônea postura inclinada. Atualmente, o músico mal consegue segurar a baqueta. Mesmo assim, ele volta ao kit para dar algumas batucadas e relembrar os velhos tempos - momento emocionante.

 

"Passei a vida inteira tocando bateria. De repente, não conseguir mais fazer isso é um choque. Se eu não puder fazer o que eu fazia tão bem quanto eu fazia, prefiro descansar e não fazer nada. Se eu acordar um dia e conseguir segurar um par de baquetas, então vou tentar. Mas sinto que já fiz tudo que já tinha de fazer", diz ele.

 

Propósito

 

Em essência, o filme salienta que Collins usava o instrumento para servir ao propósito das canções, em detrimento de solos mirabolantes e exibidos. O britânico atingiu o estrelato com o disco de estreia, Face Value (1981), eternizado pelo clássico In the Air Tonight e sua famosa virada de bateria, criada de maneira espontânea, segundo ele confessa.

 

Na década dos anos 1980, havia a sensação na indústria musical de que Phil era uma espécie de Rei Midas (tudo em que encostava virava ouro). Não à toa, ele foi chamado para produzir álbuns de Robert Plant e Eric Clapton ou tocar em singles como Woman in Chains, do Tears For Fears.

 

Após emendar outros trabalhos de sucesso, Phil compôs a trilha da animação Tarzan (1999), cuja canção You'll Be in My Heart lhe rendeu um Oscar, e se aventurou no jazz com uma big band no elegante álbum A Hot Night in Paris (1999), no qual materializou seu amor por Buddy Rich - considerado por muitos o melhor baterista a caminhar sobre a Terra.

 

Drummer First vai agradar a qualquer um que se interesse por bateria, foco integral do documentário. Logo, aos que procuram uma aproximação mais íntima de Phil Collins, é fundamental a leitura da autobiografia Ainda Estou Vivo (Ed. BestSeller), na qual ele aborda a infância como ator mirim e o alcoolismo, além de compartilhar comentários sarcásticos sobre sua trajetória inigualável no show business.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A cidade de São Paulo não deve ter fortes chuvas na noite deste sábado, 8, segundo boletim divulgado pelo Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da Prefeitura. As chances de rajadas de vento, porém, se mantêm.

No Paraná, ao menos seis pessoas morreram e 750 ficaram feridas após a passagem de um tornado na tarde de sexta-feira, 7, na região centro-oeste do Estado.

A previsão era de que a chuva seguisse em direção a São Paulo, segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).

Até houve registros de fortes chuvas na capital durante a madrugada deste sábado, mas a situação não se prolongou. No fim da tarde, os termômetros marcavam 25°C, com umidade relativa em torno dos 73%, segundo o CGE.

O boletim divulgado no meio da tarde, às 15h, apontou que as instabilidades que atingiram a capital e a região metropolitana durante a madrugada já se afastaram em direção ao Sul de Minas e do Rio de Janeiro.

"Não são mais esperadas chuvas significativas ao longo do dia, mas ainda há potencial para a ocorrência de rajadas de vento de até 80km/h durante todo o dia e noite, o que vai favorecer a acentuada queda da temperatura", diz o CGE.

Climatempo alertou para ventania em São Paulo

Na sexta-feira, 7, a Climatempo alertou para o risco de ventos fortes inicialmente na Região Sul e, ao longo deste sábado, no Sudeste.

"No decorrer da tarde do sábado, o ciclone se desloca pelo oceano, indo em direção à costa de São Paulo e do Rio de Janeiro", afirmou, em nota.

Na madrugada e manhã de domingo, 9, a previsão é de que o ciclone se afaste em alto mar, na altura do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

Defesa Civil emitiu alerta para os riscos de ciclone

Desde quinta-feira, 6, a Defesa Civil do Estado de São Paulo alerta para os riscos do ciclone extratropical, seguido por uma frente fria, que começou a se formar na sexta sobre o Sul.

O ciclone e a frente fria começaram a se formar a partir de uma área de baixa pressão atmosférica e ganharam força entre o Norte da Argentina e o Paraguai durante a tarde e a noite de quinta.

Os estados do Sul do País são os mais afetados, mas o fenômeno também fez o tempo ficar instável em São Paulo e outras regiões.

O Paraná viveu, nesta sexta-feira, 7, um dos eventos meteorológicos mais severos de sua história recente. Ao menos seis pessoas morreram e 773 ficaram feridas após a passagem de um tornado na região centro-oeste do Estado. Os fortes ventos deixaram um rastro de destruição na cidade de Rio Bonito do Iguaçu, município de cerca de 14 mil habitantes localizado a aproximadamente 380 quilômetros de Curitiba.

O Estadão conversou com Sheila Paz, meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), que detalhou as causas, a dimensão e as implicações climáticas do tornado. Ela explicou que a passagem de uma frente fria associada à formação de um ciclone na costa do Rio Grande do Sul deu origem a supercélulas de tempestade que levaram à formação do tornado.

O Simepar ainda investiga a ocorrência exata, mas a meteorologista confirma que três tornados foram registrados no Estado entre as 18h e as 20h de sexta-feira. O mais intenso atingiu Rio Bonito do Iguaçu, com ventos estimados em 250 km/h, o que corresponde à categoria F3 na escala Fujita, usada para medir a intensidade de tornados.

"É um tornado extremamente violento e devastador, o pior evento de tempestade da história recente do Paraná", afirmou Sheila, acrescentando que cerca de 80% da cidade foi afetada. Registros mostram que as rajadas provocaram destelhamento de residências, além de quedas de árvores e postes.

Apesar do impacto, Sheila explicou que tornados não são fenômenos desconhecidos na região. "Eles fazem parte da nossa climatologia. O que aconteceu foi que esse passou exatamente sobre uma cidade pequena, o que fez o estrago ser amplamente sentido", disse. Ela destacou que muitos eventos semelhantes ocorrem em áreas rurais, sem deixar registros visíveis ou danos significativos.

Segundo a meteorologista, a primavera é uma estação especialmente crítica, marcada pela passagem de frentes frias e tempestades intensas. "Nos últimos dois meses, tivemos várias tempestades severas no Paraná e em toda a região Sul. Estamos vivendo uma temporada muito movimentada", afirmou.

O que causou a formação do tornado?

Conforme o Simepar, os temporais na região estão associados a uma combinação de fenômenos que incluem o deslocamento de uma frente fria impulsionada por um sistema de baixa pressão atmosférica formado entre o Paraguai e o sul do Brasil, ao mesmo tempo que um ciclone extratropical se desloca do continente para o oceano.

"Observamos o avanço de uma frente fria associada a um ciclone bem estruturado entre o litoral gaúcho e o Atlântico. À frente dessa frente fria, se formaram células de tempestade que evoluíram para supercélulas. Dentro delas, houve a formação dos tornados", explicou Sheila.

O evento desta semana foi agravado por um ambiente atmosférico altamente instável, com "grande corredor de umidade e temperaturas elevadas" no interior do Estado, favorecendo o surgimento de supercélulas. "O ciclone trouxe umidade e energia em excesso e, quando encontrou calor no interior, criou as condições ideais para a formação desses sistemas", explicou.

Diferença entre tornado, ciclone e furacão

Um dos principais pontos de confusão entre o público é a diferença entre tornado, ciclone e furacão. Sheila explica que são fenômenos distintos, tanto em escala quanto em duração.

"O furacão é um sistema gigantesco, com centenas de quilômetros de extensão, formado sobre oceanos tropicais. Ele mantém ventos muito fortes por horas ou dias, como o furacão Melissa, que passou pela Jamaica recentemente", afirmou.

"Já o tornado tem dezenas de metros de diâmetro, forma-se dentro de uma supercélula e dura poucos segundos ou minutos. No caso do Paraná, a destruição observada ocorreu em cerca de 30 segundos."

O ciclone, por sua vez, é uma área de baixa pressão atmosférica, e pode ser o ponto de partida para uma frente fria e tempestades severas, como as que atingiram o Paraná. "O ciclone que se formou na costa do Rio Grande do Sul ajudou a organizar a frente fria, que por sua vez criou o ambiente propício às supercélulas. Dentro delas, surgiram os tornados", explicou.

Sheila lembra que o Brasil só registrou um furacão verdadeiro em sua história: o Furacão Catarina, em 2004, que atingiu o litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. "Furacões não pertencem à nossa climatologia, mas supercélulas e tornados sim", explicou.

Mudanças climáticas

Embora tornados façam parte da climatologia do Sul, Sheila reconhece que há sinais de mudança. "Os estudos mais recentes indicam aumento da intensidade e da frequência. Esses fenômenos sempre existiram, mas hoje acontecem com mais força e são registrados com mais facilidade. Essa chavinha já virou."

Para a meteorologista, a situação observada no Paraná se soma a um quadro mais amplo de eventos extremos na região. "O que vimos no Rio Grande do Sul no ano passado mostra que o clima está mudando. Temos tempestades mais severas, mais destrutivas, e isso exige preparo e investimento em monitoramento", disse.

A meteorologista reforça que, diante de um cenário climático mais severo, a educação da população e o fortalecimento dos sistemas de alerta são fundamentais. "É essencial que as pessoas saibam como agir diante de uma tempestade. Alertas precisam chegar com antecedência e a população precisa entender a gravidade desses eventos. Só assim conseguiremos reduzir o impacto humano e material."

O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), assinou neste sábado, 8, um acordo de cooperação técnica com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, para realizar um intercâmbio de projetos de sustentabilidade e urbanismo em meio aos trabalhos da Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP30, na capital paraense.

A cerimônia foi realizada na sede da prefeitura de Belém. Depois da assinatura, a prefeita de Paris foi levada para conhecer um museu que funciona no local.

"A prefeita é uma referência no que diz respeito a cidades caminháveis, cidades arborizadas e resilientes, e uma referência também em urbanismo sustentável, então para nós é um motivo de satisfação e um momento em que Belém dá uma grande virada de chave e entra no mapa do planeta, tendo hoje essa oportunidade de assinar esse termo de cooperação técnica que vai fazer com que nossa cidade possa se capacitar ainda mais para os desafios pós Cop30", afirmou o prefeito.

Anne Hidalgo lembrou que Belém era conhecida como a Paris da América Latina e ressaltou a arquitetura e a riqueza cultural da cidade. No final do século 19, em uma época de prosperidade econômica por causa do ciclo da borracha, Belém ganhou esse apelido devido à realização de reformas inspiradas na capital francesa.