Produção iraniana é alerta sobre a opressão

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O longa A Semente do Fruto Sagrado, de Mohammad Rasoulof, apresentado pela primeira vez no Festival de Cannes e cotado para o Oscar na categoria de filmes internacionais (na qual pode concorrer com o brasileiro Ainda Estou Aqui), transpira política. Não apenas pela história, mas também pela perseguição do governo iraniano ao diretor.

 

O filme mergulha no seio de uma família iraniana. O pai acabou de ser promovido a juiz de instrução, julgando algumas dezenas (ou até centenas) de presos políticos todos os dias. A mãe comemora o novo momento - afinal, devem passar a morar em residência oficial e ter uma vida mais tranquila. As duas filhas, mesmo felizes, veem o mundo de outra forma, preocupadas pela forte onda de repressão do governo.

 

Em pequenos detalhes, o clima da casa vai se transformando. Por exemplo: com o novo posto, o pai passa a ter uma arma: onde ela será guardada? As filhas saberão disso? Lembra o momento em que a casa da família Paiva, em Ainda Estou Aqui, passa a ser mais fechada, mais escura. Os militares levam Rubens Paiva e Eunice fica sem chão, mas precisando manter a estrutura da família viva.

 

No longa de Rasoulof, mesmo que não haja agentes do governo entrando na casa e prendendo, a opressão se desenha. No jeito como a mãe olha pela janela; nos gritos de protestos e tiros (e na maneira como chegam ao apartamento); na forma como o pai é o centro das atenções; nos vídeos nos celulares das filhas. Tudo isso contribui, aos poucos, para uma atmosfera mais densa, escura e pesada.

 

Poder

 

O diretor trabalha durante mais de duas horas para chegar aos últimos 30 minutos e mostrar que a opressão no Irã tem rosto, barba, nome e sobrenome. É alguém. O último ato de seu filme é uma espécie de releitura, iraniana e mais contemporânea, da frase atribuída ao ex-vice-presidente Pedro Aleixo na assinatura do AI-5 - de que não desconfiava das "mãos honradas do presidente Costa e Silva", mas, sim, "do guarda da esquina". É a síndrome do pequeno poder que mostra como o sistema de opressão pode ser contagiante.

 

Rasoulof, quase caindo na armadilha de fazer um thriller ao final, busca não apenas perguntas, mas também uma resposta sobre o que deve ser feito com opressores. Em coletiva de imprensa em Cannes, Rasoulof disse que não se deve ter medo. "Eles querem nos desencorajar - mas não se deixe intimidar. Eles não têm outra arma além do medo", explicou, antes de voltar para a Alemanha, onde se refugia até hoje.

 

No final, A Semente do Fruto Sagrado se transforma em alerta. Com melancolia, Rasoulof vê que não apenas seu país passa por um momento de opressão, mas que isso contamina o povo - o que é pior. Em inglês, o filme tem o título de The Seed of the Sacred Fig. A semente do figo sagrado. É uma referência a uma planta que age como parasita, controlando a hospedeira. Cai no topo da árvore e logo toma conta. Assim como o pai, que não existe mais. Para Rasoulof, agora ele é o Estado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A prefeitura de Niterói (RJ) pagou R$ 55 mil pelo traslado do corpo de Juliana Marins da Indonésia ao Brasil. O valor foi repassado à família da publicitária de 26 anos na quinta-feira, 26.

Juliana fazia uma trilha no Monte Rinjani, na Ilha de Lombok, na Indonésia, no sábado passado, dia 21, quando caiu na cratera do vulcão. Quando as equipes de socorro chegaram até ela, dias depois, constataram que já havia morrido.

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), recebeu na quinta-feira a família de Juliana, que mora na cidade. Neves firmou na ocasião compromisso de arcar com o traslado do corpo e anunciou batizar o mirante e a trilha da Praia do Sossego, em Camboinhas, com em homenagem à publicitária.

"Ontem a gente encontrou com o prefeito Rodrigo Neves. Para quem tem dúvida, a prefeitura de Niterói vai pagar o traslado do corpo da Juliana para o Brasil. Niterói está fazendo questão muito grande pela Juliana. Ela amava Niterói, ela apaixonada pelas praias. Ela amava de paixão. Então é muito bonito ver essa atitude da prefeitura", declarou a irmã de Juliana, Mariana Marins, numa publicação nas redes sociais.

No mesmo dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha afirmado que vai substituir o decreto que impede que o governo brasileiro custeie o traslado do corpo de Juliana Marins por uma nova norma que autorize a operação.

Durante evento na Favela do Moinho, em São Paulo, o presidente esclareceu que um decreto de 2017 proíbe que o Ministério das Relações Exteriores pague o traslado de brasileiros mortos no exterior. Diante disso, ele afirmou que vai revogar o texto, além de editar um novo decreto permitindo o custeio.

"Vou revogar esse decreto e vou fazer outro decreto para que o governo brasileiro possa custear a vinda dessa jovem. Hoje pela manhã eu falei com o pai dela", disse Lula. "Sei que muita gente está acompanhando pela internet o sofrimento dessa moça e o sofrimento da família. Portanto, nós vamos cuidar de todos os brasileiros, esteja ele onde estiver", completou.

Para além da comoção do caso Juliana Marins, o risco de enfrentar mais uma crise de popularidade foi um fator que pesou na decisão do presidente Lula para mudar as regras.

Nas redes sociais, adversários do petista questionavam por que o governo havia usado a Força Aérea Brasileira "para importar corrupto" mas não podia arcar com gastos para trazer a turista que morreu tragicamente na Indonésia. O tema ganhou tração no debate virtual nos últimos dois dias.

A indagação era uma referência ao fato de o governo ter autorizado, em abril, o transporte da ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia, condenada por lavagem de dinheiro. A mulher do ex-presidente Ollanta Humala conseguiu asilo político no Brasil.

A região Sul do País deve ter um final de semana chuvoso, com a formação de um sistema de baixa pressão, aponta a Climatempo em boletim meteorológico.

O destaque é para a faixa que vai do centro do Rio Grande do Sul, especialmente na região das Missões, norte e centro, além da Região Metropolitana de Porto Alegre, onde a chuva deve ser mais volumosa.

Por outro lado, as duas áreas que devem ficar fora da rota da chuva são o oeste e a Campanha, sul do Rio Grande do Sul, além do norte do Paraná.

Há previsão de frio na área da Campanha Gaúcha, onde há possibilidade de geada devido ao avanço da massa de ar polar e rajadas de vento entre 51 e 70 quilômetros (km) por hora entre o centro do Rio Grande do Sul e o oeste do Paraná, e alcançando todo o Estado de Santa Catarina.

Para domingo, 29, a previsão é que a chuva siga intensa sobre o norte do Rio Grande do Sul, com volumes elevados no litoral e no norte do Estado, e a Grande Porto Alegre segue em estado de alerta para temporais ao longo do dia. As pancadas de chuva continuam no oeste catarinense e no sudoeste paranaense, mas perdem força em todo o Estado e em Curitiba.

Um ato em homenagem às vítimas do acidente de balão do último sábado, 21, em Praia Grande, Santa Catarina, no qual morreram oito pessoas, ocorreu neste sábado, 28, no campo de decolagem Três Irmãos, localizado na cidade.

O evento foi organizado pela Associação de Pilotos e Empresas de Balonismo (Avibaq), com apoio da secretaria de turismo da prefeitura local. Houve a presença de um pastor chamado Giovani, que disse palavras de conforto para os presentes. Os participantes, de mãos dadas, soltaram oito balões brancos, cada um com o nome de uma das vítimas fatais.

Segundo informações da Prefeitura de Praia Grande, participaram do ato "balonistas, empresários do setor e representantes do trade turístico".

O acidente

Um balão de ar quente com 21 pessoas a bordo pegou fogo durante um voo turístico. Segundo o depoimento feito pelo piloto à Polícia Civil, ao perceber o início das chamas, houve uma descida de emergência, com passageiros sendo ordenados a pular para se salvar.

Além do piloto, outras 12 pessoas conseguiram saltar quando o balão ainda estava próximo ao solo. Com menos peso, ele passou a ganhar altitude e depois se incendiou, e os oito ocupantes restantes morreram.