Ricardo Lísias vai recorrer da decisão de Moraes de recolher livro 'Diário da cadeia'

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Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou o recolhimento do livro Diário da Cadeia, de Ricardo Lísias, publicado sob o pseudônimo de Eduardo Cunha. O livro saiu pela Editora Record, em 2017 e já está esgotado na editora.

 

Nesta terça-feira, 21, o escritor constituiu advogados que vão recorrer da decisão. Em nota, o escritório Flora, Matheus e Mangabeira, do Rio de Janeiro, informou que apresentará recurso nos próximos dias.

 

"Comunicamos que, a partir dessa data, assumimos a defesa do escritor Ricardo Lísias no âmbito do processo judicial onde se discute a possível censura da obra ficcional Diário da cadeia. Estamos certos da importância do caso para a consolidação da ampla liberdade de expressão e artística no Brasil", diz a nota.

 

Os advogados Lucas Mourão, André Matheus e Diogo Flora, que assinam o comunicado, informam que, no recurso, vão se basear "nos mais consolidados parâmetros de proteção à liberdade de expressão e liberdade artística consagrados tanto internacionalmente quanto pela jurisprudência do próprio Supremo Tribunal Federal, a fim de proteger não só o direito do nosso cliente, mas também toda sorte de trabalhos artísticos controversos, experimentais e satíricos, sobretudo quando dizem respeito a assuntos de interesse público".

 

Entenda o caso

 

Quando Lísias publicou Diário da Cadeia, o ex-deputado Eduardo Cunha estava preso preventivamente, acusado de exigir e receber US$ 5 milhões em propina em contratos de construção de navios-sonda da Petrobras.

 

Na época, o ex-parlamentar entrou na Justiça pedindo o recolhimento do livro, sob o argumento de que o título e a assinatura levariam o público ao erro, ao dar a impressão de que ele seria o verdadeiro autor da obra.

 

Em 2020, Cunha venceu em primeira instância, mas a decisão foi revista pelos desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que entenderam se tratar de uma criação artística, portanto, não podendo ser censurada.

 

O caso foi, então, parar no STF. Na última quinta-feira, 16, Alexandre de Moraes decidiu reformar a decisão de primeira instância e determinar o recolhimento do livro e a retirada, do site da editora, de qualquer ligação ao nome do ex-deputado, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. A Record deverá ainda dar direito de resposta a Cunha em sua página na internet e os réus (o autor, a editora Record e diretor editorial do Grupo Record na época, Carlos Andreazza) devem pagar indenização de R$ 30 mil a Cunha.

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A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou o YouTube, Instagram, TikTok, Enjoei e Mercado Livre para que removam conteúdos que promovam ou vendam cigarros eletrônicos e outros produtos derivados de tabaco com a comercialização proibida no Brasil.

A notificação, datada de terça-feira, 29, dá 48 horas para as empresas retirarem os materiais do ar.

Um levantamento do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP), que motivou a notificação, identificou 1.822 páginas ou anúncios ilegais sobre cigarros eletrônicos nas plataformas.

O Instagram lidera o ranking, com 1.637 anúncios (88,5%), seguido pelo YouTube, com 123 (6,6%), e pelo Mercado Livre, com 44 (2,4%). TikTok e Enjoei tiveram menos páginas identificadas, mas também foram notificados.

Somados, os perfis de vendedores e de influenciadores que fazem propaganda dos produtos chegam a quase 1,5 milhão de seguidores, de acordo com o levantamento.

No começo do mês, o Senacon já havia notificado a plataforma Nuvemshop para remover lojas virtuais que comercializavam ilegalmente Snus, sachês de nicotina que também são proibidos no Brasil.

"Estamos atuando firmemente para garantir que as plataformas digitais não sejam cúmplices na disseminação desses produtos que colocam em risco especialmente os jovens", destaca Wadih Damous, titular da Senacon, em comunicado à imprensa.

A comercialização dos produtos é proibida pelas resoluções RDC nº 46/2009 e RDC nº 855/2024 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que vetam a fabricação, a importação, a propaganda e a venda de cigarros eletrônicos em todo o País.

A legislação brasileira, além disso, prevê como crime o fornecimento de substâncias nocivas à saúde (Art. 278 do Código Penal) e classifica como contrabando a importação ou comercialização de produtos proibidos (Art. 334-A).

A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta semana que vai usar o WhatsApp para confirmar consultas e exames médicos a partir do dia 5 de maio.

A gestão avalia que a mudança no processo, atualmente feito pelo telefone, poderá aumentar a taxa de comparecimento: hoje, 50% dos pacientes não confirmam presença e 25% não comparecem às consultas.

O serviço será oferecido pelo número (11) 98889-0156. A orientação é que os usuários salvem o número na agenda do celular e mantenham os dados cadastrais atualizados na rede municipal de saúde, incluindo CPF, telefone fixo e celular.

Caso os dados estejam certo, a Prefeitura afirma que os pacientes receberão as informações referentes à consulta ou ao exame, como data, horário, especialidade, procedimento, unidade e endereço, seguidas da mensagem: "Para confirmar, clique em SIM. Para cancelar e disponibilizar a vaga a outro cidadão, clique em NÃO".

Qualidade do atendimento

O governo estadual também anunciou o uso de novas plataformas juntos aos pacientes, porém para a avaliação de suas experiências no Sistema único de Saúde (SUS).

Logo após receber alta, o paciente receberá uma mensagem por e-mail ou WhatsApp para a confirmação de dados como nome e unidade de atendimento. Confirmadas as informações, ele vai poder dar uma nota de 0 a 10 e relatar eventuais cobranças indevidas.

Caso o paciente registre uma nota inferior a 6, será automaticamente direcionado ao site da Ouvidoria da SES-SP para registrar uma manifestação formal. Os hospitais também disponibilizarão cartazes com QR Codes para avaliações espontâneas do serviço.

A ferramenta já foi incorporada no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, e será implantada gradualmente em todas as unidades estaduais de saúde nos próximos meses. A expectativa é que, além de internações, no futuro ela englobe outros tipos de atendimento.

A OpenAI decidiu reverter uma atualização no modelo GPT-4o do ChatGPT depois que usuários relataram que o chatbot havia se tornado excessivamente submisso, concordando com qualquer afirmação, mesmo as potencialmente perigosas.

A mudança foi anunciada pelo CEO e cofundador da OpenAI, Sam Altman, no último domingo, 27, por meio da rede social X (ex-Twitter). Segundo ele, a atualização havia deixado o ChatGPT "irritante" e "extremamente sicofante", termo que define alguém bajulador.

Durante a última semana, a empresa refez parte do código do modelo e reintroduziu a atualização com ajustes na terça-feira, 28. Ainda assim, Altman afirmou que novas correções estão em andamento e devem ser implementadas nos próximos dias.

A mudança de comportamento do chatbot não passou despercebida. Diversos usuários relataram nas redes sociais que o ChatGPT respondia com elogios exagerados mesmo a ideias perigosas ou irresponsáveis.

Além do comportamento submisso, o ChatGPT deixou de apresentar argumentos contrários ou de alertar usuários sobre atitudes imprudentes. Em fóruns como Reddit e no próprio X, usuários passaram a chamar o GPT-4o de "modelo mais desalinhado de todos os tempos".

De acordo com a própria OpenAI, o comportamento excessivamente complacente acontece por conta de um desequilíbrio nos ajustes do modelo, que passou a priorizar demais o feedback positivo de curto prazo. Ou seja, para agradar, a inteligência artificial (IA) deixou de cumprir uma das premissas básicas: questionar, ponderar e oferecer alternativas.

A empresa explicou que o desenvolvimento do modelo é guiado por uma "Especificação do modelo", conjunto de princípios e instruções para nortear a conduta da IA. No entanto, a ênfase exagerada em agradar usuários levou a um desalinhamento prático com esses princípios, algo que agora está sendo reavaliado.

Essa não é a única controvérsia recente envolvendo a OpenAI. Na mesma semana, a empresa teve de ajustar filtros no modelo para impedir que o chatbot iniciasse conversas de cunho sexual com menores de idade, após a publicação de uma denúncia pública.

Outra frente de mudança inclui o estudo de marcação ("watermark") em imagens criadas por IA, para identificar automaticamente conteúdos gerados artificialmente e evitar confusões com obras humanas. O recurso deve acompanhar a liberação do gerador de imagens para todos os usuários do ChatGPT.

Ainda nas palavras de Altman, até frases simples como "por favor" e "obrigado", se repetidas em grande escala, podem aumentar o consumo de energia da plataforma, um detalhe que reacendeu o debate sobre a sustentabilidade do uso massivo de IA.