Ministério da Cultura publica nota de repúdio ao Grammy por tratamento a Milton Nascimento

Variedades
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O Ministério da Cultura divulgou, nesta terça-feira, 4, uma nota de repúdio ao Grammy por tratamento dado a Milton Nascimento na cerimônia do último domingo, 2. O cantor se ausentou do evento após perceber que não teria direito de sentar nas mesas principais.

"O Ministério da Cultura (MinC) manifesta repúdio ao tratamento dispensado ao cantor, compositor e multi-instrumentista brasileiro, Milton Nascimento, na cerimônia do Grammy 2025. A decisão da Academia de posicioná-lo em um local incompatível com sua trajetória, prestígio internacional e necessidades físicas demonstra falta de sensibilidade e respeito a um dos maiores nomes da música brasileira", diz nota enviada ao Estadão.

O comunicado ainda chama o brasileiro de "ícone da cultura nacional" e mencionou os prêmios e reconhecimentos do artista. "Sua obra influenciou artistas em todo o mundo, elevando a música brasileira a patamares de excelência."

Por fim, o Ministério da Cultura elogia a voz e composição de Milton Nascimento, ressaltando que ele seguirá sendo celebrado por aqueles que o compreendem e respeitam sua contribuição à música.

Entenda o que aconteceu

A cantora Esperanza Spalding, indicada ao prêmio de Melhor Álbum de Jazz Vocal do Grammy ao lado de Milton Nascimento, criticou a premiação por negar um lugar na cerimônia ao cantor brasileiro. "Então, Milton não pôde se sentar nas mesas para a cerimônia deste ano. Isso não me agradou", escreveu a cantora de jazz em seu perfil no Instagram na madrugada desta segunda-feira, 3.

Os dois artistas disputaram a estatueta por seu trabalho em conjunto no álbum Milton + Esperanza. Eles, no entanto, foram derrotados por Samara Joy, responsável pelo disco Portrait. Na postagem, a cantora explicou que não está brava pela derrota, mas sim pelo desrespeito demonstrado pela premiação.

"Estou brava porque essa lenda viva não foi considerada importante o suficiente para sentar entre os principais artistas, ou como quer que as mesas no andar principal sejam organizadas", comentou. Como forma de protesto, Esperanza trouxe uma grande foto de Milton para o evento. No papel, lia-se: "Essa lenda viva deveria estar sentada aqui!". Durante a transmissão, foi possível enxergar o cartaz de Esperanza em inúmeras ocasiões.

O evento ocorreu em Los Angeles, nos Estados Unidos, na Crypto.com Arena. Milton, que está com 82 anos, se deslocou até a cidade californiana para acompanhar a premiação. Ele, que se aposentou dos palcos em 2022, confessou ao The New York Times que esse deve ter sido o seu último álbum.

O cantor brasileiro chegou a ir até a cerimônia, com Esperanza. Um post em seu Instagram mostra o momento do tapete vermelho.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Em outra categoria

Um homem morreu no começo da noite desta terça-feira, 11, depois de entrar em confronto com policiais militares na Avenida Nove de Julho, nos Jardins, em São Paulo.

Informações preliminares apontam que a vítima, que não foi identificada, era suspeita de furtar uma residência do bairro Itaim Bibi, que fica nas proximidades da ocorrência.

A Polícia Militar foi acionada por conta deste furto e conseguiu localizar o suspeito em um veículo próximo ao cruzamento da avenida Nove de Julho com a Rua Estados Unidos. O homem estaria dirigindo o carro e acompanhado de outras duas pessoas.

Durante a abordagem, o suspeito tentou atropelar os agentes da Polícia Militar, que abriram fogo. O homem não resistiu e morreu no local, antes da chegada do socorro.

A diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Ivalda Aleixo, estava perto do local da ocorrência. À reportagem, ela comentou que presenciou a cena e que a polícia realizou a detenção dos outros dois suspeitos.

"Estava na viatura com investigadores e vimos a Rocam (Programa Policiamento com Motocicletas) fazendo a abordagem. O condutor saiu do carro, ficou com a cabeça meio baixa. Mas, depois, ele volta para o carro e tenta acelerar", relatou. "Os agentes atiraram e um dos tiros acertou o condutor."

Ivalda disse que a polícia deteve os outros dois integrantes do trio, também suspeitos de terem praticado o furto na residência. "Estamos investigando para ter mais detalhes deste crime, saber a origem do carro, se era clonado, o que os suspeitos estavam levando da casa", disse a diretora.

"O Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi acionado. A ocorrência está em andamento e mais detalhes serão fornecidos ao término do registro do boletim de ocorrência", informou a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta terça-feira, 11, que "não tem como garantir" que até 2028 metade da frota de ônibus da capital seja movida a eletricidade, como prevê lei municipal de 2018, porque a indústria não conseguiria produzir a quantidade necessária de veículos elétricos e porque a Enel, concessionária distribuidora de energia na capital, não teria condições de garantir o abastecimento desses veículos.

Em nota, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico afirmou que "a indústria brasileira de ônibus elétricos e componentes tem total condição tecnológica e operacional de produzir os ônibus elétricos requeridos pelas metas anuais de descarbonização da frota da cidade de São Paulo". Procurada pela reportagem, a concessionária Enel não se manifestou até a publicação deste texto.

Em decisão emitida no dia 6 e divulgada na segunda-feira, 10, a Justiça de São Paulo suspendeu de forma liminar (provisória) uma lei aprovada pela Câmara Municipal paulistana em 15 de janeiro que extinguiu a exigência prevista naquela outra lei, de 2018. A nova lei manteve o prazo para que todos os veículos da frota sejam movidos a eletricidade: 2038. Mas, o prazo intermediário, que era de ter 50% da frota movida a eletricidade até 2028, foi excluído. Hoje circulam na cidade 428 ônibus elétricos, que fazem parte da frota de aproximadamente 12 mil coletivos.

A ação que originou essa decisão foi proposta pelo Diretório Estadual do PSOL em São Paulo e defende que a mudança é inconstitucional. "É possível entrever a plausibilidade do alegado no tocante à violação das normas constitucionais (...), bem como inferir o grave risco de sobrevirem danos ao meio ambiente, irreparáveis ou de difícil reparação, com inegáveis prejuízo à vida, saúde e segurança da população", afirmou o desembargador Mário Devienne Ferraz, autor da decisão.

"São Paulo precisa dar o exemplo e investir em soluções que reduzam a poluição e protejam a saúde da nossa gente", afirmou o vereador Toninho Vespoli (PSOL) nas redes sociais.

Nesta terça-feira, o prefeito afirmou que o Município vai recorrer da decisão judicial e que "está fazendo tudo aquilo que é necessário" para avançar na substituição dos ônibus. "A gente não tem como garantir que vai ser possível fazer 50% (da frota movida a eletricidade) até 2028 por conta das realidades, da atualidade. Quais são? Falta de ônibus por parte da produção da indústria e também falta de infraestrutura por parte da Enel", disse Nunes.

"Não adianta a gente imaginar que vai conseguir algo até 2028 se ainda não existe uma condição adequada, tanto do fornecimento de ônibus pela indústria quanto pela infraestrutura, por parte da Enel", seguiu o prefeito. "O que que a gente vai responder pra Justiça? Que a gente precisa ter propostas plausíveis. Vamos recorrer, a gente vai explicar isso. Da nossa parte, tudo aquilo que é necessário fazer para poder ter um avanço na questão da substituição dos ônibus a gente está fazendo. A gente tem consciência e desejamos fazer essa substituição", concluiu.

Em nota, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico, que se manifestou em nome das empresas BYD, Eletra, Giaffone, Higer e Marcopolo, declarou que, com a capacidade produtiva já instalada, é possível produzir até 9.920 ônibus elétricos por ano, e essa produção anual pode chegar a 25 mil ônibus elétricos com os investimentos previstos pelas empresas até 2028.

"Os gargalos na implementação do cronograma de transição de frota paulistana não se encontram na capacidade produtiva da indústria, e sim nas deficiências de planejamento da infraestrutura de recarga elétrica e em eventuais desajustes nos modelos de financiamento das operadoras de transporte - problemas alheios às empresas de ônibus elétricos", conclui a nota.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 11, por 297 votos a favor e 107 contra projeto de lei que estabelece punições para escolas que recusarem matrícula de estudantes de forma injustificada. Agora, o texto segue para análise do Senado.

De acordo com a legislação aprovada, a escola que se negar a matricular um estudante deverá apresentar justificativa por escrito. A regra vale para todos os níveis de ensino e todas as modalidades. Caso não haja justificativa para a recusa, a escola estará suscetível a sanções, que serão feitas de forma gradativa:

- Primeiro, a escola é submetida a uma advertência;

- Caso o problema persista, a escola será alvo de suspensão temporária de admissão de novos alunos;

- Em último caso, haverá suspensão do ato autorizativo de funcionamento ou de credenciamento da instituição de ensino.

O texto proposto em 2017 pelo deputado Helder Salomão (PT-ES) tem como principal objetivo impedir que estudantes com algum tipo de deficiência sofram discriminação e tenham seu acesso à educação impedido.

Atualmente, as escolas já são proibidas de negar matrícula de quaisquer alunos, mas não são submetidas a sanções caso desrespeitem a regra. Em seu relatório, a deputada Adriana Accorsi (PT-GO) afirmou que a implementação de sanções para escolas que promovam essa prática contribuirá para garantir o direito dos estudantes.

"Muitas instituições de ensino ainda obstaculizam a matrícula de estudantes, especialmente aqueles com deficiência, sob alegação de que não dispõem de condições ideais para atendimentos desses estudantes ou de que já possuem outros alunos na mesma condição e que a instituição já atingiu sua 'cota' de matrículas desses estudantes", apontou.

Durante a discussão do texto, alguns parlamentares questionaram uma suposta interferência na iniciativa privada em decorrência da nova legislação. O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) defendeu que o texto restringisse as punições à negativa de matrícula às pessoas com deficiência.

"Há uma interferência indevida na iniciativa privada que vai fazer com que escolas tenham que aceitar qualquer tipo de aluno. (Como) aluno que o pai está no SPC, aluno que tem problemas pretéritos em outras escolas", disse.

Apesar das discordâncias, o texto acabou sendo aceito pela maioria. Após a aprovação, o autor da proposta, deputado Helder Salomão (PT-ES), elogiou a decisão.

"O que foi votado não foi para punir escola, é para garantir direito ao acesso à educação. E todo estabelecimento vai poder justificar caso negue uma matrícula", disse.