Lady Gaga: show no Rio tem pedidos de desculpas e espetáculo de luzes e dança para 2,1 milhões

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O aguardado show de Lady Gaga na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, reuniu cerca de 2,1 milhões de pessoas neste sábado, 3, segundo informações da Riotur. Previsto para começar às 21h45, contou com um atraso: a cantora apareceu, primeiro por vídeo, por volta de 22h10, e subiu ao palco três minutos depois.

Houve uma grande variedade de figurinos e danças por parte da cantora e de seus vários dançarinos, embalados por um espetáculo de luzes que mudou de cor diversas vezes ao longo da apresentação, que tinha um ar teatral em diversos pontos.

Entre os destaques, os vários pedidos de desculpa por parte da cantora, que reconheceu ter decepcionado fãs pela longa espera (seu último show no Brasil havia sido em 2012; ela voltaria em 2017, mas desmarcou em cima da hora) e discursos motivacionais. Lady Gaga também desceu para perto do público e interagiu com alguns espectadores - sempre acompanhada de perto pela equipe de produção.

Quantas pessoas tinham no show de Lady Gaga no Rio?

A previsão original da Riotur era de 1,6 milhão de pessoas em Copacabana. Mas findo o espetáculo, a prefeitura, a Polícia Militar e a produção do show reviram os números, indicando que foram 2,1 milhões de pessoas nas areias da praia. Mais do que o esperado originalmente, mas ainda não tanto quanto o número anunciado por Lady Gaga no palco - 2,5 milhões.

Um comunicado da prefeitura do Rio de Janeiro também afirmou que cerca de 500 mil turistas [a previsão era de 240 mil] foram à cidade entre o feriado do 1.º de maio e o sábado, 3, e que a apresentação de Lady Gaga teria injetado "mais de R$ 600 milhões na economia carioca" englobando os setores de hotelaria, gastronomia, transporte e comércio.

O show também foi transmitido pela TV.

Confira abaixo os principais destaques do show de Lady Gaga em Copacabana, no Rio de Janeiro, que foi dividido em cinco atos.

Ato 1 - Of Velvet and Vice

Apesar do atraso, o começo foi em grande estilo: ao som de uma sinfonia de milhares de leques batendo em sincronia nas mãos dos fãs que lotavam a praia, a artista entrou no palco declamando o "manifesto do caos".

Gaga começou com a apresentação com Bloody Mary, parte do primeiro ato do show, De veludo e vício, emendando com o grande sucesso Abracadabra. O show está dividido em cinco atos, com direito a diversas trocas de roupa e um cenário que lembra o de uma peça de teatro - a cantora chama de "ópera gótica".

Entre as primeiras quatro músicas, por exemplo, seu figurino variou entre um vestido vermelho, um verde com uma faixa azul, amarelo e uma roupa toda preta. As luzes transformavam o palco num local predominantemente rubro-negro.

Ao término de Garden of Eden foi possível ouvir o público gritando "Gaga eu te amo!" em coro. A cantora interagiu diretamente com a plateia pela primeira vez: "Brazil! I missed you. I missed you so much. Are you ready for the night?!" ("Brasil! Senti a sua falta! Senti muito. Vocês estão prontos para a noite?!"). Na sequência veio Poker Face, um de seus sucessos mais antigos.

Ao fim da música, a cantora pegou uma bengala e saiu de cena. O enfoque ficou a cargo de seus dançarinos, que realizaram o 'enterro' de uma das personagens, além de uma apresentação de dança em levada eletrônica, numa pista quadrada que lembrava códigos de barras em movimento. Sua banda comandou a transição para uma iluminação azul com um arranjo instrumental.

Ato 2: And She Fell Into a Gothic Dream

Na segunda parte do show, a cantora surgiu cantando em meio à areia ao lado de diversos crânios e um esqueleto parcialmente enterrado - bailarinos que, pouco depois, se 'levantaram'. Vieram, em sequência, Perfect Celebrity Disease e Paparazzi.

Depois de desfraldar uma bandeira do Brasil e acompanhada de um intérprete, apresentado com Nicolas, Lady Gaga fez um discurso especial para o público brasileiro.

A carta de Lady Gaga ao Brasil no show de Copacabana

"Estou muito honrada de estar aqui com vocês esta noite, meu coração está transbordando, me sinto sortuda, orgulhosa e profundamente grata, esta noite estamos fazendo história, mas ninguém faz história sozinho, sem vocês, o público maravilhoso do Brasil, eu não teria este momento, obrigada por fazerem história comigo."

"O povo do Brasil é o motivo pelo qual eu posso brilhar, vocês estão lindos como a lua surgindo sobre o oceano, bem aqui na praia de Copacabana. Mas, de todas as coisas pelas quais eu poderia agradecer, vocês esperaram por mim, vocês esperaram por mais de dez anos."

"Vocês podem se perguntar por que demorou tanto, mas eu estava me fortalecendo, me curando, e vocês continuaram me colocando para cima, pedindo pra eu voltar, quando estivesse pronta. Brasil, eu estou pronta!"

"Eu amo vocês, obrigada por esperarem, obrigada por me receberem com tanta gentileza e de braços abertos. Esta noite estou dando tudo que eu tenho. vamos fazer deste show o maior show que poderíamos compartilhar, amei vocês há dez anos, e amo vocês esta noite, obrigada Brasil, te amo para sempre."

Lady Gaga retornou com Alejandro e The Beast, encerrando o ato.

Ato 3: O belo pesadelo que sabe seu nome

Killah foi a primeira canção do ato que marcou o meio do show em tons azulados, esverdeados e rosas. Em seguida, cantou Zombieboy dançando com um esqueleto enganchado ao cinto que usava. Depois, tocando um teclado cercado por crânios cenográficos e vestida de amarelo, cantou Die With a Smile, sua parceria com Bruno Mars.

Foi também durante o terceiro ato que Lady Gaga se apresentou ao lado de diversas pessoas usando a camisa amarela da seleção brasileira, em How Bad Do U Want Me.

Ato 4: Acordá-la é perdê-la

A abertura do ato veio com Shadow of a Man. Depois, um discurso motivacional: "Vocês acreditam em si mesmos? Espero que acreditem em vocês. Espero que façam isso todos os dias. Eu não sabia acreditar em mim mesma. Por muito tempo, não acreditei em mim."

"E, mesmo assim, em alguns dias, quando acordo, eu não acredito. Mas vocês têm que acreditar em si mesmos, todos os dias, se tentarem. Vocês são tão bonitos, e amo vocês por tanto tempo. Obrigada por nos trazer de volta aqui, estou tão feliz", discursou a cantora antes de cantar Born This Way.

Tocando seu teclado na parte mais próxima ao público, sobre um girassol exibido em telas no chão, Lady Gaga apresentou Blade of Grass diante de uma plateia cujas mãos balançavam as luzes de seus celulares no ritmo da música.

Mais um discurso motivacional, destacando a importância de fatores como a música e a comunidade na vida das pessoas. "Da ultima vez que estive aqui, nos tornamos amigos. agora, somos família", disse Lady Gaga, antes de começar a cantar Shallow, sua música mais baixada nas plataformas de streaming no Brasil.

Ao cantar Vanish Into You, a artista desceu para perto do público e interagiu com os espectadores, carregando uma bandeira de arco-íris, uma referência LGBT. Em seguida, pegou algumas rosas pretas envoltas numa bandeira do Brasil que um fã segurava. Encerrou seu 'passeio' arremessando algumas das flores para trás, como na tradição matrimonial de jogar o buquê, e voltou ao palco.

O ato final de Lady Gaga no Rio

Após o intervalo de alguns minutos, a cantora ressurgiu em uma maca, num visual amedrontador com mãos gigantes. Voltou após ouvir a frase "Monsters never die" ("Monstros nunca morrem" - a cantora é conhecida por chamar seus fãs de "little monsters"/"monstrinhos"). Bad Romance, um de seus principais sucessos, foi a escolhida para fechar a noite.

Ao término do show no Rio, a cantora posou junto aos seus diversos dançarinos, todos vestidos com roupas brancas, e assistiu a alguns dos fogos de artifício disparados em Copacabana, enquanto agradecia ao público. Entoou um trecho do refrão junto com o público, finalizando com "I love you, Brazil" ("Eu te amo, Brasil"). Com sua figura envolvida por luzes avermelhadas, ainda se curvou para agradecer aos presentes antes de ir embora, por volta de 0h18.

Os preparativos para o show de Lady Gaga no Rio

Quem passou por Copacabana ou acessou as redes sociais nos últimos dias provavelmente se deparou com imagens de fãs da cantora com os mais variados visuais se preparando para curtir a apresentação ou à espera da artista na porta do hotel Copacabana Palace.

Na quinta, 1.º, por exemplo, pediu para que funcionários distribuíssem pizzas para os entusiastas que estavam no local. Na sexta-feira, ela subiu ao palco para fazer um ensaio e a passagem de som.

Ao longo do sábado, dia do show, os fãs recorreram à criatividade para garantir um bom lugar - houve até quem comprasse sacos de areia para chegar a uma altura com melhor visibilidade do palco.

Filas extensas, em que se esperava por mais de uma hora, foram vistas na região. O Metrô do Rio de Janeiro também se pronunciou justificando a demora no serviço por conta do excesso de usuários em direção ao show de Lady Gaga em Copacabana.

Desde o fim da tarde, DJs se apresentaram para agitar quem chegou cedo. Entre eles, a artista Pabllo Vittar, com uma seleção de músicas eletrônicas.

A previsão era de que o espetáculo teria 2h30 de duração, ao longo das quais Gaga conta a história de seu próprio "caos pessoal" ao lutar com sua própria persona, derrotar fantasmas e conseguir renascer.

A cantora se apresentou pela última vez no País, em 2012. Uma apresentação marcada para 2017 foi cancelada de última hora por conta de uma crise de fibromialgia.

Setlist de Lady Gaga no Rio

Sucessos como Bloody Mary, Abracadabra, Judas, Poker Face, Paparazzi, Alejandro, Born This Way e Bad Romance estiveram presentes no setlist, que deixou de fora seu primeiro hit nas rádios brasileiras, Just Dance.

Confira abaixo as músicas do setlist que Lady Gaga cantou no show de hoje no Rio:

Act 1 - Of Velvet and Vice (Ato 1 - Do veludo ao vício)

Bloody Mary

Abracadabra

Judas

Scheiße

Garden of Eden

Poker Face

Act 2: And she fell into a gothic dream (Ato 2: E ela caiu em um sonho gótico)

Perfect Celebrity

Disease

Paparazzi

Alejandro

The Beast

Act 3: The Beautiful Nightmare That Knows Her Name (Ato 3: O belo pesadelo que sabe seu nome)

Killah

Zombieboy

Die With a Smile

How Bad Do U Want Me

Act 4: To wake her is to lose her (Ato 4: Acordá-la é perdê-la)

Shadow of a Man

Born This Way

Blade of Grass

Shallow

Vanish Into You

Finale: Eternal Aria of the Monster Heart Ato (Final: Aura eterna do coração de monstro)

Bad Romance

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O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, realizado neste domingo, 9, foi marcado por temas sociais e culturais. As provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Ciências Humanas trouxeram questões sobre variação linguística, representatividade negra, mitologia grega e pressão estética sobre mulheres. O tema da redação foi "Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira".

Em coletiva de imprensa, o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou que o exame ocorreu "sem ocorrências significativas" e elogiou o trabalho das equipes envolvidas. "Tivemos aplicação em todo o País sem ocorrências significativas. Foi um dia tranquilo. Todos os malotes foram entregues 100% em todos os locais de aplicação", afirmou.

O gabarito oficial do primeiro dia será divulgado na quinta-feira, 13 de novembro, e o resultado final, em janeiro de 2026.

Santana informou que 4,8 milhões de estudantes tiveram a inscrição confirmada nesta edição, e 73% compareceram ao primeiro dia de prova, enquanto a abstenção foi de 27%, índice próximo ao registrado em 2024. O exame foi aplicado em 1.805 municípios, com 11.791 locais de prova e 164.906 salas, mobilizando mais de 300 mil pessoas.

Entre as novidades deste ano, o ministro destacou o retorno da certificação do ensino médio pelo Enem, que permite obter o diploma com nota mínima de 5.450 pontos. "Mais de 98 mil solicitaram a certificação na sua inscrição", disse. Outra mudança foi a inscrição pré-preenchida para estudantes do terceiro ano do ensino médio e o uso do sistema que agrupa questões a partir de um mesmo texto.

O ministro também informou que 3.240 participantes foram eliminados por motivos diversos, como portar equipamentos eletrônicos, deixar o local com o caderno de questões antes do tempo permitido ou descumprir orientações dos fiscais.

O ministro informou que a reaplicação do Enem está marcada para os dias 16 e 17 de dezembro. O novo exame será destinado a participantes que enfrentaram problemas logísticos durante a aplicação, a estudantes com doenças previstas em edital e aos alunos do Paraná afetados pelas fortes chuvas no município de Rio Bonito do Iguaçu (PR).

O ministro lembrou que, embora não houvesse provas programadas na cidade atingida, o MEC colocou equipes à disposição do governo local.

"Todos aqueles que quiserem fazer a reaplicação terão o direito de participar. Nosso prazo para solicitar vai de 17 a 21 de novembro, na página do participante", destacou Camilo Santana, que também expressou solidariedade ao estado.

Nas cidades de Belém, Ananindeua e Marituba, no Pará, as provas serão aplicadas nos dias 30 de novembro e 7 de dezembro, em razão da realização da COP-30. Já a reaplicação do Enem ocorrerá nos dias 16 e 17 de dezembro, e o resultado final está previsto para janeiro de 2026.

O presidente do Inep, Manuel Palacios, também ressaltou o êxito da operação. "Foi um Enem fantástico, pouquíssimas ocorrências, a aplicação ocorreu em todos os locais sem problemas. [...] A participação de mais de 300 mil colaboradores que atuaram diretamente na aplicação nos locais, fora as equipes de segurança e transporte, foi uma grande operação, talvez uma das maiores do país", afirmou. Palacios afirmou que houve uma prisão, mas não deu detalhes sobre a ocorrência.

Ele ainda elogiou o conteúdo da prova e seu alinhamento às diretrizes da educação básica: "Eu peço a vocês que olhem bem a prova, a prova está linda, maravilhosa, trabalhando com as habilidades e conhecimentos previstos nas nossas referências curriculares."

O segundo dia de aplicação do Enem 2025 será no próximo domingo, 16 de novembro, com as provas de Matemática e Ciências da Natureza.

O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, realizado neste domingo, 9, foi marcado por temas sociais e culturais. As provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Ciências Humanas apresentaram questões que discutiram variação linguística, representatividade negra, mitologia grega e pressão estética sobre mulheres.

O tema da redação foi "Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira", segundo informou o Ministério da Educação (MEC). Mais de 4,8 milhões de alunos estão inscritos para esta edição, aplicada também no próximo domingo, 16.

Pressão estética e representatividade

Entre as questões mais comentadas da prova de Linguagens, uma chamou atenção ao tratar da pressão estética sobre mulheres, citando comentários feitos à atriz Margot Robbie e à brasileira Paolla Oliveira.

"A questão trouxe à tona um debate importante sobre o controle social exercido sobre os corpos femininos", afirmou a professora de Linguagens do Elite Rede de Ensino, Thatiane Hecht.

A prova também destacou a diversidade cultural e linguística do país, com uma questão sobre o uso da palavra "canjica" em diferentes regiões do Brasil. "Esta temática, por sua natureza, pode despertar o interesse dos estudante", avaliou Arturo Chiong, professor de Linguagens do Curso Anglo.

Segundo ele, o exame manteve o perfil de discutir questões sociais e de valorizar a pluralidade do português brasileiro.

Outro item explorou a obra do artista Dalton Paula, exposta no Museu de Arte de São Paulo (MASP), que retrata pessoas negras. "Os quadros de Paula retratam pessoas negras nomeadas, conferindo-lhes protagonismo e identidade, em contraste com representações anteriores que as omitiam ou as retratavam de forma genérica", observou Chiong.

Ainda na prova de Linguagens, uma questão comparou os doze trabalhos de Hércules, da mitologia grega, à realidade do trabalhador brasileiro contemporâneo, que muitas vezes precisa conciliar múltiplas atividades para sobreviver. "Essa analogia, que compara as dificuldades enfrentadas pelo herói com a situação socioeconômica de muitos brasileiros, pode sensibilizar o estudante para as questões sociais", completou o professor.

Chiong destacou ainda que o nível de dificuldade correspondeu às expectativas. "A seção de Língua Portuguesa incluiu 11 questões que exploraram textos verbais e não verbais, com ênfase no gênero crônica. Além disso, foram abordados o simbolismo, características do Romantismo e o emprego de sonetos", avaliou.

"Os temas propostos nesta edição foram relevantes e atuais, englobando questões de gênero, preconceito étnico e saúde emocional, aspecto de grande importância para a juventude contemporânea", concluiu.

Humanas teve destaque para História e Sociologia

Na área de Ciências Humanas, a percepção foi de uma prova com interpretação de texto predominante, mas com questões mais exigentes em História e Sociologia.

"Muito interessante, mas muito frágil também, olhando agora a prova de Humanas", avaliou Raphael Kapa, orientador pedagógico do Colégio Andrews. "Você tinha ali, literalmente, algumas questões que caberiam muito mais à interpretação plena de texto, própria da prova de Linguagens, do que à prova de Humanas. Algumas de Paulinho da Viola, algumas de Clarice Lispector, cujo desenho estava mais estruturado para Linguagens."

Ainda assim, segundo ele, História voltou a exigir conteúdo de sala de aula. "Foi preciso ter realmente uma boa base. Inclusive, havia algumas questões que os alunos podem achar 'pegadinhas', mas não são. Eu destaco uma sobre Getúlio Vargas e Carlos Lacerda", disse.

Kapa também destacou o aparecimento de temas clássicos, como as grandes navegações. "Além disso, apareceram temas de grandes navegações, sem parecer que eram grandes navegações, e alguns autores sobre os quais as pessoas costumam ter uma visão superficial, o que não deveriam ter. Por exemplo, Adam Smith falando de empatia, né? Então, foi uma prova mais robusta na área de História."

De acordo com o professor de História da Escola SEB Lafaiete, Pedro Zonta, a edição deste ano teve "presença maior de História do que no ano passado", com forte interdisciplinaridade entre História, Sociologia, Filosofia e Geografia. Ele destacou a abordagem de temas raciais, culturais e religiosos, apontando que o Enem "trouxe um certo assunto que não aparece muito, que é religião", com três questões que trataram de cristianismo, judaísmo e islã, além de uma sobre religiões de matriz africana e suas relações com o racismo no Brasil.

Segundo Camila Feitosa, professora e coordenadora de História do Elite Rede de Ensino, o item exigia interpretação mais elaborada. "Essa foi uma questão um pouco mais complexa de ser trabalhada. Ela vem muito sob a perspectiva do conhecimento, trazendo um processo de construção de habilidades a partir disso - a ligação entre os textos sagrados, a dimensão religiosa, a ciência e o poder", explicou.

A docente destacou ainda que a proposta "trabalha não apenas o conhecimento em si, mas também o seu uso como forma de controle". De acordo com ela, "são três textos: o último é do Alcorão, há uma menção a Moisés e também a outro personagem bíblico. A ideia central é justamente essa relação entre religião, ciência e poder."

Zonta observou ainda que, embora o conteúdo tenha sido diversificado, "não é uma prova com muita novidade". Segundo o professor, História do Brasil teve pouca presença, com apenas uma questão sobre a passagem da monarquia para a república, algumas sobre história colonial e uma sobre Era Vargas, sem menções à ditadura militar.

Para Kapa, a prova de Filosofia manteve a tradição de relacionar pensadores clássicos a dilemas atuais. "Continuaram os pensadores clássicos, trazendo alguns paralelos contemporâneos, sempre uma prova bem dialógica", observou.

Já Geografia teve "bastante peso na geografia física, com questões bem técnicas e boas", e Sociologia foi a disciplina "que mais apareceu mesmo, em relação ao resto do ano", completou Kapa.

Entre os itens mais comentados do Enem 2025, uma questão de Ciências Humanas gerou debate ao tratar da desapropriação da fazenda Cabaceiras, no sul do Pará, por casos de trabalho análogo à escravidão, crimes ambientais e por ferir a função social da propriedade privada, prevista na Constituição de 1988.

Para a professora de Filosofia e Sociologia do Elite Rede de Ensino, Larissa Vitória, o tema "é um pouco polêmico". "Também poderíamos falar que a questão sobre a desapropriação da fazenda Cabaceiras no sul do Pará por situações de trabalho análogo à escravidão, somada a crimes ambientais e por ferir a função social da propriedade privada garantida em constituição de 1988 é um pouco polêmica", avaliou.

A coordenadora de Geografia do Elite Rede de Ensino, Juliana Przybysz, acrescentou que o assunto costuma gerar divergências. "Essa questão traz uma coisa que falamos sempre em sala de aula: desapropriação é uma questão legal, pois tem relação com a função social da terra. Ela se torna polêmica porque envolve toda uma questão agrária", afirmou.

A professora também destacou que a prova estava contextualizada com a COP30, trazendo "muitas questões relacionadas a fontes de energia, impactos ambientais e sustentabilidade". Segundo ela, o exame apresentou "uma coisa muito forte de fontes de energia e de impactos ambientais, sustentabilidade, muito ligada ao conceito que nós estamos trabalhando agora de ter toda essa questão relacionada à COP30".

A proposta de redação, "Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira", levou os candidatos a discutir temas como qualidade de vida, políticas públicas e preconceito etário. O segundo dia de provas do Enem será aplicado no próximo domingo, 16, com questões de Matemática e Ciências da Natureza.

O potencial de captação de recursos do investidor privado pelo Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) é de bilhões e bilhões de dólares. O prognóstico é de Dyogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg).

"O TFFF oferece três pontos importantes para o investidor. Tem risco baixo. Tem rentabilidade. É verdade que o retorno não é uma 'Brastemp', mas é rentável. E ainda oferece liquidez", disse o ex-ministro do Planejamento.

"Ao ter essas três condições, o fundo tem potencial de atrair muitos bilhões globalmente", afirmou.

O presidente da CNSeg pontuou que muitas seguradoras têm encontrado dificuldade de encontrar ativos "verdes" para compor suas carteiras de investimentos. "A CNSeg tem pedido para o Tesouro Nacional a emissão de 'green bonds' no Brasil. O Tesouro já fez duas emissões de 'green bonds', mas só no exterior", disse Dyogo.

O ex-ministro disse que ficou "realmente muito otimista" com o fundo, que classificou como sofisticado e criativo e que parece oferecer as garantias de liquidez, retorno e risco controlado.

"O mais difícil o Brasil já fez, que é trazer o dinheiro soberano", afirmou Lucca Rizzo, especialista em financiamento do Instituto Clima e Sociedade (iCS). "O Brasil lançou a ideia do fundo em Dubai, na COP30, e em dois anos conseguiu tirar do papel", elogiou Rizzo.

O especialista do iCS pontuou que o instrumento é um ganha-ganha porque remunera o país em desenvolvimento e realmente conserva a floresta tropical. "É um instrumento de pagamento por resultado", disse Rizzo.