Festival tem filmes sobre fim da dominação japonesa na Coreia

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A 14.ª edição da Mostra de Cinema Coreano no Brasil, promovida pelo Centro Cultural Coreano no Brasil, ocorre até quinta, 19, no Cine Reag Belas Artes. Ao todo, a programação conta com 15 longas e 7 curtas-metragens.

A seleção tem filmes inéditos no Brasil e obras que fazem referência à libertação da Coreia do domínio colonial japonês, que completa 80 anos. É o caso de A Era da Escuridão, de Kim Jee-woon, em que um grupo de agentes secretos da resistência coreana embarca em uma missão para contrabandear explosivos com o objetivo de destruir parte do exército japonês. Outro filme do diretor na mostra é Na Teia da Aranha, sobre cineasta que sonha com um final diferente para seu novo projeto e insiste em ter mais dias de gravação, para transformar o filme em obra-prima.

A Batalha: Em Busca da Vitória, de Won Si-yeon, também aborda a dominação colonial. Nele, um guerrilheiro recebe a missão de transportar fundos para o governo provisório coreano, enfrentando forças militares japonesas na Mandchúria.

Os Galãs, de Nam Dong-hyop, é uma comédia de terror em que um casal desperta acidentalmente um espírito na casa para a qual se mudam - o que, claro, lança uma aura sinistra sobre o lar.

Em Sobre Minha Filha, de Lee Mi-rang, Green, uma professora em relacionamento estável com a namorada Rein, passa por dificuldades financeiras e precisa voltar a morar com a mãe, enfrentado antigos problemas na relação.

Kim Tae-yang narra, em Uma Dança Que Fala, a história de uma professora de dança que prepara uma apresentação com seus alunos iniciantes e investiga a relação de cada um com a dança.

SERVIÇO

O que: Mostra Cinema Coreano no Brasil

Onde: Cine Reag Belas Artes. Rua da Consolação, 2.423.

Quando: Até 19/6

Quanto: R$ 24

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje uma espécie de "mapa do caminho" com estratégias para alcançar a independência econômica em relação aos combustíveis fósseis. Repetindo o discurso diplomático tradicional, ele voltou a defender uma transição "justa e planejada" para a superação da dependência do petróleo e derivados.

A fala sugere que qualquer caminho neste sentido será no longo prazo, sendo que no curto prazo o Brasil e outros países continuarão dependentes desses insumos. Esse é o argumento defendido, inclusive, pelos defensores da exploração de petróleo na Margem Equatorial. Isto é, enquanto houver demanda, a oferta desses itens continuará existindo.

"Espero que a serenidade da floresta inspire em todos nós a clareza de pensamento necessária para ver o que precisa ser feito", declarou Lula em seu discurso de abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).

Lula também comentou sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) - iniciativa financeira que buscará a conservação e restauração de florestas tropicais em diversos países. O presidente ressaltou que o mecanismo angariou em um só dia cerca de US$ 5,5 bilhões

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu há pouco um dos argumentos centrais na defesa do financiamento climático, ao defender o desvio do fluxo de recursos para ações socioambientais, em detrimento de gastos com guerras. Lula participa neste momento da cerimônia de abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).

"Se os homens que fazem guerra estivessem aqui, eles veriam que é mais barato ajudar o clima do que fazer guerra", declarou. Antes da fala do presidente brasileiro, o secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Simon Stiell, usou seu discurso de abertura para traçar as vantagens econômicas para a transição para o desenvolvimento sustentável.

Lula reconheceu que seria mais fácil realizar a COP em uma cidade sem problemas do ponto de vista logístico, mas alegou que a Conferência em Belém estaria sendo proeza. Lula pediu ainda para os delegados e outros participantes aproveitarem a cultura da cidade. "Trazer a COP para o coração da Amazônia foi uma tarefa árdua, mas necessária", declarou.

O governo está refutando os argumentos sobre a possível falta de estrutura da capital paraense para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. "Quando se tem disposição política, compromisso com a verdade, não tem nada impossível para o homem", afirmou Lula.

Os países reunidos a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) precisam antecipar a meta do Acordo de Paris de net zero (saldo zero entre emissões e captações de gases de efeito estufa) "Tem que mudar a meta do Acordo de Paris", afirmou Carlos Nobre, professor da cátedra clima e sustentabilidade e copresidente do Painel Científico para a Amazônia, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

"Estamos muito perto de chegar ao 1,5º grau Celsius de aquecimento global. Se mantivermos a direção de zerar as emissões líquidas só em 2050, vamos passar de 2º graus Celsius", afirmou, acrescentando que alguns estudos mostram o risco de a temperatura média global do planeta aumentar em 2,5º graus Celsius.

Além do derretimento de geleiras, extinção de 18% a 25% da biodiversidade dos oceanos, um aquecimento mais alto vai aumentar o já "risco gigantesco de epidemias, como já vimos na Amazônia em 2024", segundo Nobre. "Se continuarmos a perturbar a natureza desse jeito, vamos ver mais epidemias e pandemias. No ano passado, a região da Amazônia já viu epidemias da febre mayaro e da febre oropouche", afirmou Nobre, único cientista brasileiro a participar da coalizão de universidades e organizações científicas chamada Planetary Science. A coalizão tem um estande na zona azul da COP30 com uma programação de painéis nas duas semanas.

O cientista afirmou também que ele participou de um estudo que mostra que o Brasil tem total condição de zerar as emissões líquidas dez anos antes da meta, em 2040. O estudo foi lançado na Academia Brasileira de Ciências na última quarta-feira e vai ser apresentado no estande da Planetary Science na COP30. "O Brasil tem um plano geral para reduzir desmatamento, tem condições de fazer a transição energética para não usar mais combustível fóssil depois de 2040 e também de migrar para uma agropecuária com menos emissões, que chamamos de regenerativa", afirmou Nobre.

O cientista também destacou a oportunidade que o Brasil em restauração florestal. Ele citou que há iniciativas públicas e privadas nessa área e apontou a importância das empresas nessa frente. "O setor privado tem que acelerar os projetos de restauração florestal", afirmou Nobre. Ele pontuou que há dois problemas nesse setor. Um deles é o desafio gigante de produzir ou coletar as 20 bilhões de mudas e sementes para restaurar 240.000 quilômetros quadrados.

O outro problema é financiamento. Nesse ponto, Nobre elogiou a iniciativa do Fundo Florestas Para Sempre (TFFF), mecanismo financeiro proposto na COP28 em Dubai e lançado oficialmente na cúpula de líderes em Belém, na semana passada. O fundo, que já conta com mais de US$ 5,5 bilhões, irá remunerar os países em desenvolvimento que comprovarem a conservação das suas florestas tropicais úmidas. "O TFFF é ideia muito boa e a primeira vez que vai se pagar por serviço ecossistêmico na história", afirmou Nobre.

O cientista defendeu o aumento do financiamento da adaptação, um tema que perpassa o conceito da justiça climática. "O tema da justiça climática é de total urgência. Temos mais de 2 bilhões de pessoas muito vulneráveis a todos esses eventos extremos que já estão acontecendo. Elas não estão preparadas para esses eventos extremos. Então, é preciso megainvestimento em adaptação, é preciso retirar essas pessoas das áreas de risco. No Brasil, são milhões de pessoas", disse Nobre.

Esperança

Nobre demonstrou grande preocupação com o fato de o número de países que apresentaram as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) ainda estar baixo. No domingo, o número estava em 109.

Ele lembrou que, nas últimas quatro COPs, mais de 190 países submeteram as metas nacionais. "É uma preocupação se o número de países que apresentaram NDC não chegar a 190", disse.

"Temos de ter uma esperança enorme que a COP30 seja tão importante quanto a COP que fechou o Acordo de Paris. Os países aqui presentes precisam entender a gravidade da situação, acelerar as ações e parar com os combustíveis fósseis o mais rapidamente possível", comentou Nobre.

Ele destacou que os preços da energia renovável caíram e, em alguns casos, chegam a ser mais baratos que os fósseis. "A transição energética é totalmente factível", disse.